Congo ou quicongo (em quicongo: kikongo)[1] é uma língua africana falada pelo povo congo nas províncias de Cabinda, do Uíge e do Zaire, no norte de Angola; e na região do baixo Congo, na República Democrática do Congo e nas regiões limítrofes da República do Congo. A língua quicongo tem o estatuto de língua nacional em Angola. Conta com diversos dialetos. Era a língua falada no antigo Reino do Congo.[1]
Língua quicongo (Kikongo) | ||
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Outros nomes: | Quicongo, Kikongo, kikoongo, congo, kongo | |
Falado(a) em: | Angola República Democrática do Congo República do Congo | |
Total de falantes: | 7 milhões | |
Família: | Nigero-congolesa Atlântico-congolesa Volta-congolesa Benue-congolesa Bantoide Meridional Banta Central H Língua quicongo (Kikongo) | |
Escrita: | alfabeto latino escrita mandombe | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | kg | |
ISO 639-2: | kon | |
ISO 639-3: | kon
| |
É uma língua tonal. Era falada por muitos dos que foram levados como escravos para as Américas. Por essa razão, formas crioulas suas são adotadas na linguagem ritual de religiões afro-americanas. Também influenciou na formação da língua gullah nos Estados Unidos e do palenquero na Colômbia. Existem atualmente aproximadamente 7 000 000 de falantes nativos e 2 000 000 de pessoas que a usam como segunda língua. Serviu de base para a formação do kituba.
Escrita
Atualmente, não existe um padrão de ortografia para o quicongo. São usados vários estilos diferentes, principalmente em jornais, panfletos e alguns livros.
O quicongo foi a primeira das línguas bantas a ser escrita em caracteres latinos e foi a primeira língua banta a possuir um dicionário. Foi escrito um catecismo em quicongo sob a autoridade de Diogo Gomes, um jesuíta nascido no Congo de pais portugueses em 1557, mas nenhuma versão dele existe nos dias atuais.
Em 1624, Mateus Cardoso, outro jesuíta português, editou e publicou uma tradução para o quicongo do catecismo de Marcos Jorge. Seu prefácio diz que a tradução foi feita por professores congoleses de São Salvador (Mabanza Congo), provavelmente parcialmente por obra do congolês Félix do Espírito Santo.[2]
O dicionário foi escrito por volta de 1648 para uso de missionários capuchinhos e o principal autor foi Manuel Robredo, um padre secular do Congo que se tornaria capuchinho sob o nome de Francisco de São Salvador. Nas costas do dicionário, existe um sermão de duas páginas escritas somente em quicongo. O dicionário tem aproximadamente 10 000 palavras.
Dicionários adicionais foram criados por missionários franceses na costa do reino de Loango na década de 1780, e uma lista de palavras foi publicada por Bernardo da Canecattim em 1805.
Missionários batistas que chegaram ao Congo em 1879 desenvolveram uma ortografia moderna para a língua.
O "Dicionário e Gramática da Língua Congo", de W. Holman Bentley, foi publicado em 1887. No prefácio, Bentley creditou Nlemvo, um africano, por sua assistência, e descreveu "os métodos que usou para compilar o dicionário, que incluíram organizar e corrigir 25 000 folhas de papel contendo palavras e suas definições."[3] Eventualmente, Bentley, com a assistência especial de João Lemvo, produziu uma Bíblia completa em 1905.
Classificação linguística
O quicongo pertence à família de línguas bantas. De acordo com Malcolm Guthrie, o quicongo pertence ao grupo linguístico H10, o grupo das línguas congos. Outra língua do grupo é o bembe. O Ethnologue 16 inclui o ndingi (H14) e o mboka (H15) como dialetos do Congo, embora reconheça que eles podem ser considerados línguas distintas.
De acordo com a classificação de Bastin, Coupez e Man (Tervuren), que é mais recente e precisa que a de Guthrie, a língua tem os seguintes dialetosː
- grupo quicongo H16
- quicongo do sul H16a
- quicongo central H16b
- Yombe H16c
- Fiote H16d
- quicongo ocidental H16d
- Bwende H16e
- Ladi (Lari) H16f
- quicongo oriental H16g
- quicongo do sudeste H16h
Fonologia
Existe uma contrastante quantidade vocálica. /m/ and /n/ também têm variantes silábicas, que contrastam com consoantes pré-nasalizadas.
Influência nas Américas
Muitos escravos africanos transportados para a América falavam quicongo, e sua influência pode ser vista em muitas línguas crioulas na diáspora africana, como o palenquero (falado por descendentes de escravos negros fugidos na Colômbia), o habla congo (a língua litúrgica da religião afro-cubana palo) e a língua crioula haitiana. Algumas palavras do inglês americano também são derivadas do quicongo, comoː goober (amendoim), do quicongo nguba; zombie (zumbi), do quicongo nzombie, "morto"; e funk, do quicongo lu-fuki.[4][5] O nome da dança cubana mambo deriva de um termo quicongo que significa "conversa com os deuses".
Ver também
Referências
- «Quicongo». Michaelis On-Line. Consultado em 4 de dezembro de 2016
- BONTINCK, F., NSASI, D. N. Le catéchisme kikongo de 1624. Reédition critique. (Brussels, 1978)
- World Digital Library. Disponível em https://www.wdl.org/en/item/2533/. Acesso em 15 de novembro de 2017.
- Farris Thompson, in his work Flash Of The Spirit: African & Afro-American Art & Philosophy
- English language and usage. Disponível em https://english.stackexchange.com/questions/17228/where-does-funk-and-or-funky-come-from-and-why-the-musical-reference. Acesso em 15 de novembro de 2017.
Ligações externas
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