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sexto livro da Bíblia, composto de 24 capítulos Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O Livro de Josué (em hebraico: ספר יהושע, Sefer Yehoshua) é o primeiro livro da história deuteronômica, o sexto livro da Bíblia hebraica e do Antigo Testamento cristão, sobre a história de Israel da conquista de Canaã até o exílio na Babilônia[1]. Ele narra as campanhas dos israelitas nas regiões norte, sul e central de Canaã, a destruição de seus inimigos e a divisão das terras conquistadas entre as doze tribos. O texto está emoldurado por dois discursos no começo e no fim, o primeiro de Deus ordenando a conquista da região e o segundo, de Josué alertando sobre a necessidade da observância fiel da lei revelada a Moisés.[2]
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Composto de |
Josué 1 (en) Josué 2 (en) Josué 3 (en) Josué 4 (en) Josué 5 (en) Josué 6 (en) Josué 7 (en) Josué 8 (en) Josué 9 (en) Josué 10 (en) Josué 11 (en) Josué 12 (en) Josué 13 (en) Josué 14 (en) Josué 15 (en) Josué 16 (en) Josué 17 (en) Josué 18 (en) Josué 19 (en) Josué 20 (en) Josué 21 (en) Josué 22 (en) Josué 23 (en) Josué 24 (en) |
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Quase todos os estudiosos concordam que o livro de Josué possui pouco valor histórico para os primeiros anos de Israel e provavelmente reflete eventos muito posteriores.[3] Embora a tradição rabínica defenda que o livro foi escrito por Josué, é provável que ele tenha tido múltiplos autores e editores, todos muito distantes no tempo dos eventos relatados.[4] As partes mais antigas do livro provavelmente são os capítulos 2 a 11, a história da conquista. Eles foram depois incorporados numa versão antiga escrita no final do governo do rei Josias (r. 640–609 a.C.). A versão final só foi completada depois da conquista de Jerusalém pelo Império Neobabilônico em 586 a.C., possivelmente só depois do final do exílio na Babilônia em 539 a.C.[5]
Na Antiguidade era conhecido também como Jesus Nave[6].
O capítulo 1 começa «depois da morte de Moisés» (Josué 1:1) e apresenta o primeiro dos três momentos fundamentais em Josué marcados por grandes discursos e reflexões pelos personagens principais. Neste capítulo, primeiro Deus e depois Josué discursos sobre o objetivo da conquista de Canaã, a Terra Prometida. No capítulo 12, o narrador relembra a conquista e, no capítulo 23, Josué discursa sobre o que precisa ser feito para que Israel possa viver em paz na nova terra.[7]
O escrito metodista Joseph Benson sugere que a revelação de Deus a Josué ocorreu "ou imediatamente depois [da morte de Moisés] ou quando o luto pela morte dele acabou".[8]
Deus ordena que Josué conquista o território e alerta para que ele se mantenha fiel à aliança. O discurso de Deus já adianta os principais temas do livro: a travessia do Jordão e a conquista da terra, sua distribuição e a necessidade imperativa de obediência à lei; a obediência imediata do próprio Josué aparece em seus discursos aos comandantes israelitas e às tribos transjordanianas; a afirmação da liderança de Josué pelas tribos transjordanianas ecoa as garantias de vitórias prometidas por Deus.[9]
Os israelitas atravessam o rio Jordão por intervenção de Deus e com a ajuda da Arca da Aliança e são circuncidados em Gibeath-Haaraloth (que significa "morro dos prepúcios"), rebatizado Gilgal ("círculo de pedras"). A conquista começa em Canaã com a Batalha de Jericó e a conquista de Ai, depois da qual Josué constrói um altar a Javé no monte Ebal e renova a aliança. Esta cerimônia revela elementos de uma cerimônia de concessão divina de terras similares às realizadas na época na Mesopotâmia.[10]
A narrativa então se volta para o sul. Os gibeonitas enganam os israelitas afirmando não ser cananeus, o que evita que eles sejam exterminados e somente escravizados. Uma aliança de reinos amoritas liderada pelo rei cananeu de Jerusalém é derrotada com a ajuda divina de Javé, que parou o sol e a lua no céu e fez chover enormes granizos (Josué 10:10–14). Os reis inimigos foram capturados e enforcados em árvores[lower-alpha 1].[11]
Com o sul conquistado, a narrativa volta para o norte. Uma poderosa coalização multi-étnica liderada pelo rei de Hazor, a mais importante cidade da região, é derrotada com a ajuda de Javé e a cidade é capturada e destruída. Josué 11:16–23 sumariza a conquista: Josué conquistou toda a terra, quase que inteiramente através de vitórias militares, com a única exceção da escravização dos gibeonitas. A conquista «levou muito tempo» (Josué 11:18), cinco anos segundo algumas versões da Bíblia.[12] O clérigo anglicano Charles Ellicott defende que "a guerra parece ter durado sete anos".[13]
O território então «cessou de ter guerra» (Josué 11:23), uma afirmação repetida em Josué 14:15. O capítulo 12 lista os reis derrotados em ambos os lados do Jordão: os dois reis a leste do Jordão que foram derrotados sob a liderança de Moisés (Josué 12:1–6 e Números 21:) e os 31 reis a oeste derrotados por Josué (Josué 12:7–24).
Estando «Josué já velho e mui avançado em anos» (Josué 13:1) — "cerca de noventa anos de idade" na estimativa da Cambridge Bible for Schools and Colleges.[14] Joseph Benson estima que ele tinha 83 anos,[15] enquanto Jamieson-Fausset-Brown defende que ele tinha "provavelmente mais de cem anos".[16]
Esta distribuição é a "concessão de terras da aliança": Javé, como rei, está entregando a cada uma das tribos de Israel seu território.[17] As "cidades-santuário" e as cidades levitas estão no final, pois é necessário que cada tribo receba sua concessão antes que cada uma delas destaque uma porção de seu território para elas. As tribos transjordanianas são dispensadas depois de reafirmarem sua lealdade a Javé. O livro reafirma a alocação de Moisés de terras a leste do Jordão ("transjordão") para as tribos de Rúben, Gade e metade de Manassés (Josué 13:8–32, seguindo Números 32:1–42) e depois descreve como Josué dividiu a recém-conquistada terra de Canaã em partes sorteadas entre tribos numa loteria.[18] Josué 14:1 também faz referência ao papel do sacerdote Eleazar, filho de Aarão, à frente de Josué no processo de distribuição[lower-alpha 2]. A descrição serve à função teológica de mostrar como a Terra Prometida se torna realidade na narrativa bíblica; sua origem é incerta, mas estas descrições podem ser o reflexo de relações geográficas entre os locais citados[20]:5.
A escolha de palavras em Josué 18:1–4 sugere que as tribos de Rúben, Gade, Judá, Efraim e Manassés receberam seus lotes de terra algum tempo antes das "sete tribos que ainda não haviam repartido a sua herança" e uma expedição de 21 membros (três de cada tribo) foi enviada para avaliar o restante da terra com o objetivo de organizar a divisão entre as tribos de Simeão, Benjamim, Aser, Naftali, Zebulom, Issacar e Dã. Logo depois, 48 cidades levitas e suas zonas rurais foram alocadas à tribo de Levi (Josué 21:1–41, seguindo Números 35:7).
Ausente no texto massorético hebraico, mas presente na Septuaginta grega, está a seguinte afirmação:
“ | Josué completou a divisão do território em suas fronteiras e os filhos deram uma porção a Josué a mando do Senhor. Eles deram-lhe a cidade que ele pediu, Timnate-Sera lhes deram no monte Efraim, e Josué construiu a cidade e habitou nela. E Josué tomou as facas de pedra com as quais ele havia circuncidado os filhos de Israel, que estavam no caminho no deserto, e ele as depositou em Timnate-Sera" | ” |
— Adição da Septuaginta em Josué 21:43[21]. |
No final do capítulo 21, a narrativa relata que o cumprimento da promessa de terras, descanso e supremacia sobre seus inimigos feita por Deus aos israelitas estava completa. O autor da Epístola aos Hebreus cita Josué e a promessa de descanso em Hebreus 4:8 ("Pois se Josué lhes houvesse dado descanso, não teria depois falado de outro dia"). As tribos as quais Moisés concedeu terras a leste do Jordão receberam permissão para voltar para casa em Gileade (utilizada no sentido mais amplo, significando toda a Transjordânia)[22] depois de terem mantido sua promessa de ajudarem na conquista de Canaã. Como recompensa, levaram consigo «muitíssimo gado, prata, ouro, cobre, ferro e muitíssimos vestidos» (Josué 22:8).
Josué, já idoso e ciente de que está «indo pelo caminho de toda a terra» (Josué 23:14) reúne os líderes dos israelitas, "talvez em Timnate-Sera ou, possivelmente, em Siló"[23] e relembra as grandes obras que Javé realizou por eles e reforça a necessidade de se amar Javé. Os israelitas são informados — exatamente como o próprio Josué havia sido informado em Josué 1:7 — de que devem «guardar e cumprir tudo o que está escrito no livro da lei de Moisés, para que dela não vos desvieis nem para a direita nem para a esquerda» (Josué 23:6), ou seja, se nada acrescentar ou remover da lei.[24] O povo deverá permanecer fiel a Javé e à aliança e Josué alerta que o julgamento virá se (ou quando) Israel deixá-lo para seguir outros deuses.
No capítulo 24, Josué se encontra novamente com os israelitas, desta vez em Siquém, e discursa novamente. Ele reconta a história da formação da nação israelita por Deus, começando com «Terá, pai de Abraão, e pai de Naor» (Josué 24:2), que viveram além do Eufrates e serviam a outros deuses. Ele convida os israelitas a escolherem entre servirem ao Senhor, que os libertou do Egito, ou aos deuses de seus ancestrais, ou aos deuses dos amoritas, em cujas terras eles viviam. O povo escolheu servir ao Senhor, uma decisão que Josué registou no «livro da lei de Deus» (Josué 24:26). Ele então mandou erigir um memorial de pedra "debaixo do carvalho que estava no santuário de Javé", geralmente ligado ao carvalho de Moré, onde Abraão acampou em suas viagens pela região (Gênesis 12:6). Assim, "Josué fez uma aliança com o povo, literalmente 'cortou uma aliança', uma frase comum ao hebraico, grego e latim e derivada do costume do sacrifício, no qual as vítimas eram cortadas em pedações e oferecidas à divindade invocada para ratificar a aliança".[25]
O livro de Josué acaba com três pontos finais (referidos na Bíblia de Jerusalém como "Duas Adições"):
Não há cidades levitas entregues aos descendentes de Aarão em Efraim e, por isso, os teólogos Keil & Delitzsch supõem que este local pode ter sido Geba, no território de Benjamim: "a situação, 'nas montanhas de Efraim', não está em discordância com esta tese, pois estas montanhas se estendiam, segundo Juízes 4:5 etc., até bem o interior do território de Benjamim".[26]
Em alguns manuscritos e edições da Septuaginta, existe um versículo adicional citando a apostasia dos israelitas depois da morte de Josué.[27]
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