Revolução Egípcia de 2011
revolta política no Egito, levando à deposição do presidente Hosni Mubarak / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Revolução no Egito em 2011, também conhecida como Dias de Fúria, Revolução de Lótus e Revolução do Nilo,[18][19] foi uma série de manifestações de rua, protestos e atos de desobediência civil que ocorreram no Egito de 25 de janeiro até 11 de fevereiro de 2011. Os organizadores das manifestações contaram com a recente revolta da Tunísia para inspirar as multidões egípcias a se mobilizarem, assim como ocorreu em grande parte do mundo árabe, sendo conhecido como Primavera Árabe. Os principais motivos para o início das manifestações e tumultos foram a violência policial, leis de estado de exceção, o desemprego, o desejo de aumentar o salário mínimo, falta de moradia, inflação, corrupção, falta de liberdade de expressão, más condições de vida[20] e fatores demográficos estruturais.[21] O principal objetivo dos protestos era derrubar o regime do presidente Hosni Mubarak, que esteve no poder durante trinta anos.[22]
Revolução no Egito em 2011 | |||||||||||
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Parte de Primavera Árabe e Crise Egípcia (2011-2014) | |||||||||||
Mais de 1 milhão de pessoas na Praça Tahrir exigindo a renúncia do regime e de Mubarak em 8 de fevereiro de 2011. | |||||||||||
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Mortes: |
(Durante a revolução) (Pós-revolução) | ||||||||||
Feridos | 6 467 pessoas[16] | ||||||||||
Presos | 12 000[17] |
Enquanto protestos localizados já eram comuns em anos anteriores, grandes protestos e revoltas eclodiram por todo o país a partir do dia 25 de janeiro, que ficou conhecido como o "Dia da Ira", a data estabelecida por grupos de oposição do Egito e outros para uma grande manifestação popular.[20] Os protestos de 2011 foram chamados de "sem precedentes" para o Egito[23] e "a maior exposição de insatisfação popular na memória recente" no país,[24] sendo que o Cairo está sendo descrito como "uma zona de guerra"[25] por um correspondente local do jornal The Guardian. Pela primeira vez, os egípcios de todas as esferas sociais, com diferentes condições socioeconômicas se juntaram aos protestos.[24][26] Estas foram as maiores manifestações já vistas no Egito desde 1977.[24]
Mubarak dissolveu seu governo e nomeou o militar e ex-chefe da Direção Geral de Inteligência Egípcia, Omar Suleiman, como vice-presidente, na tentativa de sufocar a dissidência. Mubarak pediu ao ministro da aviação e ex-chefe da Força Aérea do Egito, Ahmed Shafiq, para formar um novo governo. A oposição ao regime de Mubarak se aglutinou em torno de Mohamed ElBaradei, com todos os principais grupos de oposição apoiando o seu papel de negociador de alguma forma de governo transitório.[27] Muitos estrangeiros procuraram sair do país, enquanto os egípcios realizaram manifestos ainda maiores.[28] Em resposta à crescente pressão Mubarak anunciou que não vai tentar a reeleição em setembro.[29]
O objetivo principal dos protestos, enfim, foi atingido no dia 11 de fevereiro de 2011, quando o vice-presidente egípcio Omar Suleiman anunciou, pela emissora estatal de televisão, a renúncia do presidente Hosni Mubarak, o que causou a comemoração da população na Praça Tahrir, no centro do Cairo, e em várias outras cidades do Egito.[30] O poder passou para o Conselho Supremo das Forças Armadas.[31] Em 24 de maio, Mubarak foi obrigado a ir a julgamento sob a acusação de assassinato premeditado de manifestantes pacíficos e, se condenado, poderá enfrentar a pena de morte.[12]
A junta militar, chefiada pelo chefe de Estado efetivo, Mohamed Hussein Tantawi, anunciou em 13 de fevereiro que a Constituição seria suspensa, ambas as câmaras do parlamento dissolvidas, e que as forças armadas governariam por seis meses até as eleições pudessem ser realizadas. O gabinete anterior, incluindo o primeiro-ministro Ahmed Shafik, continuaria a servir como um governo interino até que um novo fosse formado.[32] Shafik renunciou em 3 de março, um dia antes de grandes protestos para levá-lo a renunciar. Foi substituído por Essam Sharaf, o ex-ministro dos Transportes.[33]
Embora Mubarak tenha renunciado, os protestos continuaram em meio a preocupações sobre quanto tempo a junta militar durará no Egito, alguns receiam que os militares vão governar o país por tempo indeterminado.[34] A revolução egípcia, juntamente com os acontecimentos na Tunísia, tem influenciado as manifestações em outros países árabes, incluindo no Iêmen, Bahrein, Jordânia, Síria e Líbia.