Vincent van Gogh
pintor pós-impressionista neerlandês (1853–1890) / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Vincent Willem van Gogh (holandês: [ˈvɪnsɛnt ˈʋɪləm vɑn ˈɣɔx] ( ouça); Zundert, 30 de março de 1853 – Auvers-sur-Oise, 29 de julho de 1890) foi um pintor pós-impressionista neerlandês. Considerado uma das figuras mais famosas e influentes da história da arte ocidental, criou mais de dois mil trabalhos ao longo de pouco mais de uma década, incluindo 860 pinturas a óleo, grande parte das quais, concluídas nos seus últimos dois anos de vida. As suas obras incluem paisagens, natureza-morta, retratos e autorretratos, caracterizados por cores dramáticas e vibrantes, além de pinceladas impulsivas e expressivas, que contribuíram para as fundações da arte moderna e trouxeram distinção para o estilo do pintor.
Vincent van Gogh | |
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Autorretrato, 1887 | |
Nome completo | Vincent Willem van Gogh |
Nascimento | 30 de março de 1853 Zundert, Brabante do Norte, Países Baixos |
Morte | 29 de julho de 1890 (37 anos) Auvers-sur-Oise, França |
Progenitores | Mãe: Anna Cornelia Carbentus Pai: Theodorus van Gogh |
Ocupação | Pintor |
Treinamento | Anton Mauve |
Movimento estético | Pós-impressionismo |
Nascido numa família de classe média alta, Van Gogh começou a desenhar ainda criança, sendo descrito como uma pessoa séria, quieta e pensativa. Trabalhou como vendedor de arte quando jovem e viajava frequentemente. Porém, entrou em depressão depois de ser transferido para Londres. Eventualmente, Van Gogh acabou por se voltar para a religião, tendo passado algum tempo como missionário protestante na Bélgica. Ao longo dos anos enfrentou problemas de saúde e solidão, até começar a pintar em 1881, tendo-se mudado para casa dos seus pais. O seu irmão mais novo, Theo, apoiou-o financeiramente e os dois mantiveram uma duradoura e prolífica correspondência ao longo da vida de ambos. Os seus primeiros trabalhos exploravam o tema da natureza-morta e retratos da vida no campo. Em 1886, Van Gogh mudou-se para Paris onde se encontrou com vanguardistas como Émile Bernard e Paul Gauguin, que se opunham à sensibilidade impressionista. Lá, à medida que produzia suas obras, criou uma nova abordagem às naturezas-mortas e às paisagens, com suas pinturas a assumir cores mais vivas enquanto desenvolvia um estilo que se estabeleceu por completo em 1888, durante a sua estadia em Arles. Durante esse período, o pintor também ampliou seus temas que passaram a incluir oliveiras, ciprestes, campos de trigo e girassóis.
Durante a sua vida, Vincent teve episódios psicóticos e delírios, temendo pela sua estabilidade mental e negligenciando frequentemente a sua saúde física, por um lado, ao não manter uma alimentação regular e, por outro lado, bebendo muito. Sua amizade com Gauguin terminou numa briga que culminou com um ataque de fúria de Van Gogh, durante o qual, cortou parte de sua própria orelha esquerda com uma lâmina. Acabou por passar algum tempo internado em vários hospitais psiquiátricos, incluindo o período passado no Saint-Rémy-de-Provence. Depois de ter recebido alta, ficou sob os cuidados do médico homeopata Paul Gachet, mudando-se para o vilarejo de Auvers-sur-Oise.
Não tendo obtido sucesso nem reconhecimento durante sua vida, Van Gogh era encarado como um louco e um fracassado, conquistando alguma fama apenas após seu suicídio. O agravamento do seu estado de depressão, levou o pintor a disparar um revólver contra o seu próprio peito no dia 27 de julho de 1890, vindo a falecer na sequência dos ferimentos causados apenas dois dias depois. Com o passar do tempo, Van Gogh passou a existir na imaginação pública como a essência do génio incompreendido, o artista no qual "os discursos sobre loucura e criatividade convergem".[1] A sua reputação começou a crescer no início do século XX, enquanto elementos de seu estilo de pintura passaram a ser incorporados pelos fauvistas e expressionistas alemães. Van Gogh alcançou grande sucesso comercial, popular e de crítica nas décadas seguintes, sendo lembrado atualmente como um pintor importante e trágico, cuja personalidade problemática tipifica os ideais românticos do artista torturado.
A principal fonte de informação, a qual ainda hoje nos permite ter uma maior compreensão sobre a vida e obra de Vincent van Gogh, é a correspondência trocada entre Vincent e Theo van Gogh, seu irmão mais novo. As centenas de cartas trocadas entre os dois no período compreendido entre 1872 a 1890 revelam, não só a sua duradoura amizade, como são também a única fonte documental através da qual conseguimos aceder aos pensamentos e teorias de arte de Van Gogh.[3] Theo trabalhava como comerciante de arte e foi sempre um importante suporte financeiro e emocional para o irmão, promovendo também o acesso a figuras influentes do mundo artístico da época.[4]
Theo guardou todas as correspondências que Van Gogh lhe enviou.[5] Este, por seu lado, manteve apenas algumas das cartas que recebeu. Johanna van Gogh-Bonger, a viúva de Theo, providenciou a publicação de algumas dessas cartas após a morte dos dois irmãos. Outras cartas foram publicadas em 1906 e 1913, mas a maioria veio a ser publicada em 1914.[6] As cartas de Van Gogh eram eloquentes e expressivas, tendo sido descritas também como carregadas de uma "intimidade de um diário" e semelhantes a uma autobiografia.[4] Segundo o tradutor Arnold Pomerans, a publicação da correspondência acrescenta uma "nova dimensão para o entendimento da realização artística de Van Gogh, uma compreensão concedida por praticamente nenhum outro pintor".[7]
Existem aproximadamente 600 cartas de Vincent para Theo e cerca de 40 de Theo para seu irmão mais velho. Há também 22 cartas escritas para a sua irmã mais nova, Wil van Gogh, 58 para o pintor Anthon van Rappard, 22 para o pintor Émile Bernard e cartas individuais para os pintores Paul Signac e Paul Gauguin e para o crítico Albert Aurier. Algumas são ilustradas com esboços.[4] Muitas não estão datadas, porém, os historiadores foram capazes de colocar a maioria em ordem cronológica. Ainda existem problemas de transcrição e datação, principalmente nas cartas enviadas de Arles. Lá, Van Gogh escreveu perto de 200 cartas em holandês, francês e inglês.[8] Há ainda uma lacuna nos registos, correspondente ao período em que Van Gogh viveu em Paris, já que nesta altura, os irmãos moravam juntos.[9]