África do Sul
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África do Sul, oficialmente República da África do Sul e mais raramente referida como Suláfrica,[8][9] é um país localizado no extremo sul da África, entre os oceanos Atlântico e Índico,[10] com 2 798 quilômetros de litoral.[11][12] É limitado pela Namíbia, Botsuana e Zimbábue ao norte; Moçambique e Essuatíni a leste; e com o Lesoto, um enclave totalmente rodeado pelo território sul-africano.[13] O país é conhecido por sua biodiversidade e pela grande variedade de culturas, idiomas e crenças religiosas. A Constituição reconhece 11 línguas oficiais.[10] Duas dessas línguas são de origem europeia: o africâner, uma língua que se originou principalmente a partir do neerlandês e que é falado pela maioria dos brancos e mestiços sul-africanos, e o inglês sul-africano, que é a língua mais falada na vida pública oficial e comercial, mas é apenas o quinto idioma mais falado em casa.[10]
República da África do Sul Republic of South Africa (inglês) Republiek van Suid-Afrika (africâner) | |||||
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Lema: !ke e: ǀxarra ǁke (ǀXam) Verskillende mense verenig (Africâner) Português: Diversos povos se unem. | |||||
Hino nacional: Hino nacional da África do Sul | |||||
Gentílico: sul-africano(a) austro-africano(a)[1] sulafricano(a)[2] | |||||
Localização da África do Sul. | |||||
Capital | Pretória (executiva) Cidade do Cabo (legislativa) Bloemfontein (judiciária) 25°44′42″S 28°11′25″E | ||||
Cidade mais populosa | Joanesburgo | ||||
Língua oficial | |||||
Governo | República parlamentarista unitária de partido dominante | ||||
• Presidente | Cyril Ramaphosa | ||||
• Vice-presidente | David Mabuza | ||||
• Presidente do Conselho Nacional de Províncias | M. J. Mahlangu | ||||
• Presidente da Assembleia Nacional | Max Sisulu | ||||
• Presidente do Tribunal Constitucional | Mogoeng Mogoeng | ||||
Independência | do Reino Unido | ||||
• União Sul-Africana | 31 de maio de 1910 | ||||
• Estatuto de Westminster | 11 de dezembro de 1931 | ||||
• República | 31 de maio de 1961 | ||||
Área | |||||
• Total | 1 221 037 km² (25.º) | ||||
Fronteira | Namíbia, Botsuana, Zimbábue, Moçambique, Essuatíni e Lesoto | ||||
População | |||||
• Estimativa para 2023 | 60 414 495 [3] hab. (25.º) | ||||
• Censo 2022 | 62 027 503[4] hab. | ||||
• Densidade | 42,4 hab./km² (169.º) | ||||
PIB (base PPC) | Estimativa de 2023 | ||||
• Total | US$ 997,4 bilhões[5] (33.º) | ||||
• Per capita | US$ 16 211[5] (97.º) | ||||
PIB (nominal) | Estimativa de 2023 | ||||
• Total | US$ 380,9 bilhões*[5] (39.º) | ||||
• Per capita | US$ 6 190[5] (88.º) | ||||
IDH (2021) | 0,713 (109.º) – alto[6] | ||||
Gini (2014) | 63,0[7] | ||||
Moeda | Rand (ZAR ) | ||||
Fuso horário | Tempo do Sul da África (UTC+2) | ||||
Cód. ISO | ZA | ||||
Cód. Internet | .za | ||||
Cód. telef. | +27 | ||||
Website governamental | www |
Considerado uma economia de renda média alta pelo Banco Mundial, o país é considerado um mercado emergente. A economia sul-africana é a segunda maior do continente (atrás apenas da Nigéria) e a 25ª maior do mundo (PPC). Multiétnico, o país possui as maiores comunidades de europeus, indianos e mestiços da África. Apesar de 70% da população sul-africana ser composta por negros,[14] este grupo é bastante diversificado e abrange várias etnias que falam línguas bantas, um dos idiomas que têm estatuto oficial.[10] No entanto, cerca de um quarto da população está desempregada[15] e vive com menos de 1,25 dólar por dia.[16]
A África do Sul é uma democracia constitucional, na forma de uma república parlamentar; ao contrário da maioria das repúblicas parlamentares, os cargos de chefe de Estado e chefe de governo são mesclados em um presidente dependente do parlamento. É um dos poucos países africanos que nunca passaram por um golpe de Estado ou entraram em uma guerra civil depois do processo de descolonização, além de ter eleições regulares sendo realizadas por quase um século. A grande maioria dos negros sul-africanos, no entanto, foram completamente emancipados apenas depois de 1994, após o fim do regime do apartheid. Durante o século XX, a maioria negra lutou para recuperar os seus direitos, que foram suprimidos durante décadas pela minoria branca, dominante política e economicamente, uma luta que teve um grande papel na história e recente do país.
O país é um dos membros fundadores da União Africana, da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Nova Parceria para o Desenvolvimento da África (NEPAD), além de ser membro do Tratado da Antártida, do Grupo dos 77, da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul, da União Aduaneira da África Austral, da Organização Mundial do Comércio (OMC), do Fundo Monetário Internacional (FMI), do G20, do G8+5 e é uma das nações BRICS. Tem ainda a melhor infraestrutura e a segunda maior economia do continente.[17][18]
Mzansi, derivado do xossa substantivo umzantsi que significa "sul", é um nome coloquial para a África do Sul,[19][20] enquanto alguns partidos políticos panafricanistas preferem o termo "Azania".[21]
Pré-história
A África do Sul contém alguns dos mais antigos sítios arqueológicos e fósseis humanos do mundo.[22][23][24] Vários restos de fósseis foram recuperados a partir de uma série de cavernas na província de Gautengue. A área é um Patrimônio Mundial pela UNESCO e foi denominada o Berço da Humanidade. Os locais incluem Sterkfontein, que é um dos mais ricos territórios de fósseis hominídeos no mundo. Outros locais incluem Swartkrans, Caverna de Gondolin, Kromdraai, Caverna Coopers e Malapa. O primeiro fóssil de hominídeo descoberto na África, a Criança de Taung, foi encontrado perto da cidade de Taung, na província Noroeste, em 1924. Outros restos de hominídeos foram recuperados a partir de sítios de Makapansgat em Limpopo, Cornelia e Florisbad no Estado Livre, Caverna Border em Cuazulo-Natal, na embocadura do rio Klasies no Cabo Oriental e Pinnacle Point, Elandsfontein e na Caverna Die Kelders em Cabo Ocidental. Esses sítios indicam que várias espécies de hominídeos viviam na África do Sul há cerca de três milhões de anos, entre eles o Australopithecus africanus.[25]
Expansão banta
Os assentamentos de povos de língua banta, que eram agricultores e pastores que manejavam ferro, já estavam presentes ao sul do rio Limpopo (agora a fronteira norte com Botsuana e Zimbábue) nos séculos IV e V. Eles deslocaram-se, conquistaram e absorveram os povos coissãs, cóis e sãs. Os bantus se moveram lentamente em direção ao sul ao longo do tempo. Os primeiros sinais de siderurgia na atual província Cuazulo-Natal datam de cerca de 1050.[26]
O grupo meridional era o povo xossa, cuja linguagem incorpora certos traços linguísticos dos povos coissãs anteriores. Os xossa chegaram ao rio Great Fish, na atual província do Cabo Oriental. Como eles migravam, essas populações maiores da Idade do Ferro deslocavam ou assimilavam os povos anteriores. Em Mepumalanga, vários círculos de pedra foram encontrados junto a arranjos de pedras que tem sido chamado Calendário de Adão.[27][28]
Contato português
Na época do contato europeu, o grupo étnico dominante eram os povos bantus que migraram de outras partes da África cerca de mil anos antes. Os dois principais grupos eram os xossas e os zulus. Em 1487, o explorador português Bartolomeu Dias liderou a primeira viagem europeia a desembarcar em território que atualmente faz parte da África do Sul.[29]
Em 4 de dezembro, Dias desembarcou em Walfisch Bay (agora conhecido como Walvis Bay, na atual Namíbia). Antes disto, em 1485, Diogo Cão tinha chegado a Cabo Cross, 160 km a norte de Walvis bay.[29]
Depois de 8 de janeiro de 1488, impedido de prosseguir ao longo da costa por conta de tempestades, Dias navegou em alto mar e passou o ponto mais meridional da África sem vê-lo. Ele chegou até a costa oriental de África, no que chamou de Rio do Infante, provavelmente o atual rio Groot, em maio de 1488, mas em seu retorno, viu o Cabo, que chamou de primeira Cabo das Tormentas.[30]
Mais tarde, o rei João II de Portugal rebatizou o ponto para Cabo da Boa Esperança, uma vez que levava às riquezas das Índias Orientais. A façanha de Dias foi posteriormente imortalizada por Luís de Camões no poema épico Os Lusíadas (1572).[30]
Colonização europeia
Em 1652, um século e meio após a descoberta da Rota Marítima do Cabo, a Companhia Holandesa das Índias Orientais fundou uma estação de abastecimento que mais tarde viria ser a Cidade do Cabo. A Cidade do Cabo tornou-se uma colônia britânica em 1806.[31] A colonização europeia expandiu-se na década de 1820 com os bôeres (colonos de origem neerlandesa, flamenga, francesa e alemã) enquanto os colonos britânicos se assentaram no norte e no leste do país. Nesse período, conflitos surgiram entre os grupos xossa, zulu e africâners que competiam por território.[32]
Durante a década de 1830, cerca de doze mil bôeres (mais tarde conhecido como Voortrekkers) partiram da Colônia do Cabo, onde tinham sidos submetidos ao controle britânico. Eles migraram para as regiões que mais tarde se tornariam Natal, Estado Livre de Orange e Transvaal.[33] Os bôeres fundaram a República Sul-Africana (atual Gautengue, Limpopo, Mepumalanga e províncias do oeste e do norte) e o Estado Livre de Orange (Free State).[34]
A descoberta de diamantes, em 1867, e de ouro, em 1884, no interior do país, iniciou a "Revolução Mineral" e o aumento do crescimento econômico e da imigração. Isto intensificou a subjugação dos povos indígenas pelos sul-africanos europeus. A luta para controlar esses importantes recursos econômicos foi um fator decisivo nas relações entre os europeus e os nativos e também entre os bôeres e os britânicos.[35]
Guerra dos Bôeres
As repúblicas bôeres resistiram com sucesso às invasões britânicas durante a Primeira Guerra dos Bôeres (1880–1881) usando táticas de guerrilha, que foram bem adaptados às condições locais. Os britânicos voltaram com um número maior de homens, com mais experiência e com uma nova estratégia na Segunda Guerra dos Bôeres (1899–1902), mas sofreram pesadas perdas durante os conflitos, apesar de terem sido os vencedores.[36]
Dentro do país, as políticas antibritânicas entre brancos sul-africanos focavam na independência. Durante os períodos coloniais neerlandês e britânico, a segregação racial era majoritariamente informal, apesar de algumas legislações terem sido promulgadas para controlar o estabelecimento e a livre circulação de povos nativos.[37][38]
Oito anos após o fim da Segunda Guerra dos Bôeres e após quatro anos de negociação, uma lei do parlamento britânico (Ato da África do Sul de 1909) criou a União Sul-Africana em 31 de maio de 1910. A União era um domínio britânico que incluía as antigas colônias neerlandesas do Cabo e de Natal, bem como as repúblicas do Estado Livre de Orange e de Transvaal.[39]
A Lei das Terras dos Nativos de 1913 restringiu severamente a propriedade de terra por negros; nessa época os nativos controlavam apenas 7% do território do país. A quantidade de terra reservada para os povos indígenas foi mais tarde ligeiramente aumentada.[40]
Independência, república e regime segregacionista
Em 1931, a União tornou-se efetivamente independente do Reino Unido, com a promulgação do Estatuto de Westminster. Em 1934, o Partido Sul-Africano e o Partido Nacional se fundem para formar o Partido Unido, buscando a reconciliação entre os africânderes e os brancos anglófonos. Em 1939, o partido se divide sobre a entrada da União na Segunda Guerra Mundial como uma aliada do Reino Unido, uma decisão que os seguidores do Partido Nacional se opuseram.[41]
Em 1948, o Partido Nacional foi eleito e chegou ao poder. Esse grupo político, sob a liderança do pastor e primeiro-ministro Daniel François Malan, reforçou a segregação racial, que já tinha começado sob o domínio colonial neerlandês e britânico. O Governo Nacionalista classificou todos os povos em três raças, com direitos e limitações desenvolvidas para cada uma. A minoria branca controlava a muito maior maioria negra. A segregação legalmente institucionalizada ficou conhecida como apartheid. Enquanto a minoria branca sul-africana usufruía do mais alto padrão de vida de toda a África (comparável aos de nações de países desenvolvidos ocidentais), a maioria negra ficou em desvantagem em quase todos os aspectos, como renda, educação, habitação e expectativa de vida. A Carta da Liberdade, adotada em 1955 pela Aliança do Congresso, exigiu uma sociedade não racial e o fim da discriminação.[42]
A África do Sul abandonou a Commonwealth em 1961, na sequência de um referendo (onde, obviamente, só pôde participar a comunidade branca) que ditou a proclamação da república. Apesar da oposição dentro e fora do país, o governo manteve o regime do apartheid. No início do século XX alguns países e instituições ocidentais começaram a boicotar os negócios com o país por causa das suas políticas de opressão racial e de direitos civis. Após anos de protestos internos, ativismo e revolta de sul-africanos negros e de seus aliados, finalmente, em 1990, o governo sul-africano iniciou negociações que levaram ao desmantelamento das leis de discriminação e às eleições democráticas de 1994. O país então aderiu à Comunidade das Nações.[41]
Em 1983, é adotada uma nova constituição que garante uma política de direitos limitados às minorias asiáticas, mas continua a excluir os negros do exercício dos direitos políticos e civis. A maioria negra, portanto, não tinha direito de voto nem representação parlamentar. O partido branco dominante, durante a era do apartheid, foi o Partido Nacional, enquanto a principal organização política negra era o Congresso Nacional Africano (ANC), que durante quase cinquenta anos foi considerado ilegal.[41]
Era pós-apartheid
Mais tarde, em 1990, sob a liderança do presidente F. W. de Klerk, o governo sul-africano começa a desmantelar o sistema do apartheid, libertando Nelson Mandela, líder do ANC, e aceitando legalizar esta organização, bem como outras anti-apartheid. Os passos seguintes no sentido da união nacional são dados em 1991. A abertura das negociações entre os representantes de todas as comunidades, com o objetivo de elaborar uma Constituição democrática, marca o fim de uma época perturbada na África do Sul que iniciou-se em 1948 e teve seu fim em 1990, 42 anos, época esta chamada de apartheid, que numa tradução para o português seria "segregação racial".[41]
No dia 10 de abril de 1993, um dos principais líderes do movimento negro da África do Sul, Chris Hani, morreu vítima de dois tiros, diante da própria residência. O que seus assassinos não previram é que essa morte acabaria por acelerar o fim do apartheid. No mesmo ano, o governo e a oposição negra acordam nos mecanismos que garantam a transição para um sistema político não discriminatório. É criado um comitê executivo intermediário, com maioria negra, para supervisionar as primeiras eleições multipartidárias e multirraciais, e é criado, também, um organismo que fica encarregado de elaborar uma Constituição que garanta o fim do apartheid. Em abril de 1994 são realizadas as primeiras eleições multirraciais da história sul-africana. O ANC ganha as eleições e Nelson Mandela, formando um Governo de unidade nacional, torna-se o primeiro presidente sul-africano negro.[43]
No período pós-apartheid, o desemprego tem sido extremamente alto quanto o país tem lutado para lidar com as muitas mudanças. Enquanto muitos negros subiram para as classes média e alta, a taxa global de desemprego de negros piorou entre 1994 e 2003.[44] A pobreza entre os brancos, antes rara, aumentou.[45] Além disso, o atual governo tem se esforçado para alcançar uma disciplina monetária e fiscal para garantir tanto a redistribuição da riqueza quanto o crescimento econômico. Desde o governo liderado pelo ANC ter assumido o poder, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país diminuiu, apesar de ter aumentado progressivamente até meados da década de 1990. Alguns atribuem isto à pandemia de HIV/AIDS e ao fracasso do governo em tomar medidas para enfrentar o problema nos primeiros anos.[46]
Em maio de 2008, motins deixaram mais de sessenta pessoas mortas.[47] O Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos estimou que mais de cem mil pessoas foram expulsas de suas casas.[48] Os migrantes e refugiados que procuram asilo no país eram os principais alvos, mas um terço das vítimas era de cidadãos sul-africanos.[47] Em uma pesquisa de 2006, o Projeto de Migração Sul-Africano concluiu que os sul-africanos são os que mais se opõem à imigração em todo o mundo.[49] Em 2008, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados estimou mais de duzentos mil refugiados que receberam asilo na África do Sul, quase quatro vezes mais do que no ano anterior. Essas pessoas vieram principalmente do Zimbábue, embora muitos também venham do Burundi, República Democrática do Congo, Ruanda, Eritreia, Etiópia e Somália. A concorrência em empregos, oportunidades de negócios, serviços públicos e habitação levou a uma tensão entre refugiados e as comunidades que os acolheram. Apesar da xenofobia ainda é um problema no país, a violência recente não tem sido tão generalizada como foi inicialmente temido.[50]
A África do Sul está localizada no extremo sul do continente africano, com uma região costeira que se estende por mais de 2 500 km, sendo também banhada por dois oceanos (Atlântico e Índico). Com uma extensão territorial de 1 219 912 km², o país é o 25.º maior do mundo em área.[51]
A África do Sul tem uma paisagem variada. Na parte ocidental, estende-se um grande planalto composto em parte por deserto e em parte por pastagens e savanas, cortado pelo curso do rio Orange e do seu principal afluente, o Vaal. A sul, erguem-se as cordilheiras do Carru e, a leste, o Drakensberg, a maior cadeia montanhosa da África meridional, onde situa-se o ponto mais elevado do país no Mafadi com 3450 metros, na fronteira África do Sul-Lesoto. A norte, o curso do rio Limpopo serve de fronteira com o Botsuana e o Zimbábue. O clima varia entre uma pequena zona de clima mediterrânico, no extremo sul, na região do Cabo, a desértico a noroeste. No Drakensberg há áreas com clima de montanha e neve nos pontos mais elevados, comumente no inverno.[51]
Em 1998, através da Lei n.º 118, foi criado o Conselho Sul-africano de Nomes Geográficos, com o objetivo de propor a mudança dos nomes de cidades, províncias e acidentes geográficos, substituindo nomes em inglês e em africâner por nomes baseados em línguas africanas. Muitas alterações já foram aprovadas, outras estão em estudo. Em breve, as grandes cidades do país poderão ser conhecidas como Tsuane (Pretória), Guquebera (Porto Elizabeth),[52][53][54] Ethekwini (Durban),[55] Mangaung (Bloemfontein),[56] Emonti (East London), Ambombela (Nelspruit)[57] e Polokwane (Pietersburg), dentre outras.[51]
Clima
A África do Sul tem, em geral, um clima temperado, em parte por estar rodeada pelos oceanos Atlântico e Índico em três lados, pela sua localização climática mais leve no hemisfério sul e devido à altitude média, que sobe de forma constante em direção ao norte (em direção ao equador) e mais para o interior. Devido a esta topografia variada e pela influência oceânica, o país tem uma grande variedade de zonas climáticas.[51]
As zonas climáticas variam desde o deserto do Namibe, no noroeste, ao clima subtropical, no leste, ao longo da fronteira com Moçambique e com o Oceano Índico. Do leste, a terra sobe rapidamente sobre uma escarpa de montanha em direção ao planalto interior conhecida como Highveld. Embora a África do Sul seja classificada como semiárida, há uma variação considerável no clima, bem como na topografia.[51]
O extremo sudoeste tem um clima muito semelhante ao do Mediterrâneo, com invernos chuvosos e verões quentes e secos, que acolhe o famoso bioma Fynbos de pastagem e florestas. Essa área também produz a maior parte do vinho na África do Sul. Esta região também é particularmente conhecida por seu vento, que sopra intermitente por quase todo o ano. A força deste vento torna o Cabo da Boa Esperança especialmente traiçoeiro para os marinheiros, causando muitos naufrágios. Mais a leste, na costa sul, a precipitação é distribuída mais uniformemente ao longo do ano, produzindo uma paisagem verde. Esta área é conhecida popularmente como a Rota dos Jardins.[51]
A província de Estado Livre é particularmente plana devido ao fato de estar centralizada no planalto. No norte do rio Vaal, o Highveld torna-se melhor regado e não experimenta extremos de calor subtropical. Joanesburgo, no centro do Highveld, está em 1 740 metros e recebe uma precipitação anual de 760 milímetros. Os invernos nesta região são frios, embora a neve seja rara.[51]
As altas montanhas Drakensberg, que formam a escarpa sudeste do Highveld, oferecem oportunidades limitadas de esqui no inverno. O lugar mais frio na África do Sul é Sutherland, no oeste das montanhas Roggeveld, onde as temperaturas de inverno podem alcançar -15 °C. O interior profundo tem as temperaturas mais elevadas: a temperatura de 51,7 °C foi registrada em 1948 perto de Upington, localizada na zona de influência do Calaári, no Cabo Setentrional.[58]
- Flores da primavera em Namaqualândia.
- Praia de Camps Bay, na Cidade do Cabo.
- Drakensberg, a mais alta cordilheira do país.
- Savana perto de Pietermaritzburg.
Biodiversidade
A África do Sul assinou a Convenção sobre Diversidade Biológica em 4 de junho de 1994 e ratificou a convenção em 2 de novembro de 1995.[59] O país produziu posteriormente uma Estratégia Nacional de Biodiversidade e um Plano de Ação, que foi recebido pela convenção em 7 de junho de 2006.[60] O país está em sexto lugar entre os dezessete países megadiversos do mundo.[61]
Inúmeros mamíferos são encontrados na região das savanas, como leões, leopardos, rinocerontes-brancos, gnus-azuis, cudos, impalas, hienas, hipopótamos e girafas. A maior parte da área de savana localiza-se no nordeste do país, como no Parque Nacional Kruger e na Reserva Mala Mala, bem como no extremo norte da Biosfera Waterberg. A África do Sul abriga muitas espécies endêmicas, como o criticamente ameaçado coelho-bosquímano (Bunolagus monticularis), do Carru.[60]
Não há nenhuma estimativa recente sobre o número de espécies de fungos registradas na África do Sul. Até 1945, mais de 4 900 espécies de fungos (incluindo as espécies formadoras de líquen) tinham sido registradas[62] e, após mais de sessenta anos de exploração adicional, esse número tende a ser muito mais elevado. Em 2006, o número total de tipos de fungos que existem na África do Sul foi conservadoramente estimado em cerca de duzentas mil espécies, mas essa estimativa não levou em conta fungos associados a insetos.[63] Se estiver correta, então o número de fungos da África do Sul supera o de espécies de plantas. Pelo menos em alguns dos principais ecossistemas sul-africanos, um percentual extremamente elevado de fungos são altamente específicos das plantas nas quais ocorrem.[64] O número de fungos sul-africanos que são endêmicos e o número dos que estão em perigo devem, portanto, ser muito mais elevado que o número de plantas ameaçadas. A estratégia de biodiversidade do país e o plano de ação não mencionam os fungos.[60]
Com mais de vinte mil espécies de plantas diferentes, ou cerca de 10% de todas as espécies vegetais conhecidas na Terra, a África do Sul é particularmente rica em diversidade de plantas. O bioma predominante na África do Sul é a pradaria, onde a cobertura vegetal é dominada por diferentes gramíneas, arbustos baixos e árvores de acácia. A vegetação torna-se ainda mais escassa no noroeste, devido à baixa pluviosidade. Existem várias espécies de suculentas que armazenam água, como as aloes e euphorbias na área seca de Namaqualândia. As pradarias lentamente se transformam em um mato alto de cerrado no nordeste do país, com um crescimento mais denso. Há um número significativo de baobás nesta área, perto da extremidade norte do Parque Nacional Kruger.[65]