A Ideologia Alemã
livro de Karl Marx / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Ideologia Alemã: crítica da mais recente filosofia alemã em seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão em seus diferentes profetas (em alemão: Die deutsche Ideologie. Kritik der neuesten deutschen Philosophie in ihren Repräsentanten Feuerbach, B. Bauer und Stirner, und des deutschen Sozialismus in seinen verschiedenen Propheten) é um conjunto de manuscritos que foram redigidos por Karl Marx e Friedrich Engels entre os anos de 1845 e 1846. Trata-se de artigos críticos direcionados aos jovens hegelianos, grupo de intelectuais alemães que realiza críticas à religião e à política, do qual Marx e Engels fizeram parte, e aos socialistas verdadeiros, vertente alemã do movimento socialista.
Em vida, Marx e Engels chegaram a publicar apenas partes de sua crítica ao jovem hegeliano Bruno Bauer, em 1846, e seus artigos críticos de Karl Beck e de Karl Grün, em 1847. Depois da morte de Marx e Engels, muitos dos manuscritos foram deixados por Engels a Bernstein, que chegou a publicar seções da crítica a Max Stirner e o capítulo sobre Karl Grün.[1]
Foi apenas em 1923 (em russo, e 1926 na língua alemã) que partes dos manuscritos sobre Ludwig Feuerbach foram publicadas por David Riazanov como um capítulo sob o título de "Marx e Engels sobre Feuerbach. A primeira parte de A ideologia alemã", seguindo o nome que Franz Mehring atribuiu aos manuscritos, com base em uma anotação de Marx de 3 de abril de 1847 na qual o autor faz alusão a um:
"escrito sobre ‘a ideologia alemã’". Como Marx pontua, tratava-se de uma "crítica à moderna filosofia alemã como exposta por seus representantes Feuerbach, B. Bauer e Stirner, e do socialismo alemão como exposto por seus vários profetas. [2]
Nesta publicação, Riazanov unificou em um só capítulo as diversas tentativas de Marx e Engels de escrita de uma crítica a Feuerbach, com a justificativa de encontrar neles “a primeira apresentação da concepção materialista da história”.[1] Em 1931, Riazanov é preso por ter apoiado vítimas de perseguição política feita por Stalin, não tendo conseguido realizar seu plano de publicar as obras completas de Marx e Engels, a chamada MEGA¹ (Marx-Engels-Gesamtausgabe). A segunda publicação dos textos como um livro finalizado ocorreu em 1932, com Vladimir Adoratskii, no volume 5 das obras completas. Neste momento, a intenção de publicar as obras completas de Marx e Engels não atendia apenas ao interesse acadêmico pelos escritos dos autores, mas tinham que servir às diretrizes políticas do Partido Comunista da União Soviética, sob o comando de Stalin. A edição de Adoratskii inseriu títulos em seções não intituladas pelos autores e redigiu trechos inacabados dos textos, alegando que:
Era importante trabalhar a conexão dialética entre os grupos individuais de material de acordo com a forma de apresentação dos autores.[3]
A partir de 1966, com a publicação de A ideologia alemã organizada pelos estudiosos Inge Taubert e Georgi Bagaturiia, iniciou-se um trabalho filológico que buscou apresentar os manuscritos na sua incompletude, ao mostrar que foram escritos em momentos diferentes, ao retirar os subtítulos conferidos por Adoratskii e ao inserir corretamente páginas faltantes.[4] Essa publicação, na esteira da reabilitação do projeto MEGA, agora chamada de MEGA², dá origem a uma longa pesquisa sobre como os manuscritos foram deixados por Marx e Engels e a uma série de publicações sobre o tema. [1]
Em 2004, A ideologia alemã tem os manuscritos críticos a Feuerbach publicados em alemão como um conjunto de textos fragmentados, com a apresentação das anotações dos autores nas margens dos textos, rascunhos e trechos riscados.[5] Em 2017, tem-se a primeira publicação completa dos manuscritos, realizada por Ulrich Pagel, Gerald Hubmann e Christine Weckwerth, sob o nome de Deutsche Ideologie: Manuskripte und Drucke (Ideologia alemã: manuscritos e esboços).[6]