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movimento nativista Da Wikipédia, a enciclopédia livre
A aclamação de Amador Bueno ou Revolta de Amador Bueno foi, supostamente, uma revolta nativista arquitetada por colonos espanhóis[1] ocorrida em São Paulo dos Campos de Piratininga, no ano de 1641, logo após a Aclamação real de João IV. É tida como o primeiro movimento nativista ou o primeiro gesto de autonomia do Brasil Colônia e, não por acaso, ocorreu em São Paulo, então de limitado contato com Portugal e ampla miscigenação entre portugueses, indígenas e estrangeiros.[2]
Aclamação de Amador Bueno | |
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Aclamação de Amador Bueno (1909), óleo de Oscar Pereira da Silva. | |
Participantes | Amador Bueno |
Localização | São Paulo dos Campos de Piratininga |
Data | 1641 |
Resultado | Revolta fracassada |
Durante a União Ibérica, os moradores da Capitania de São Vicente, principalmente de São Paulo dos Campos de Piratininga, puderam ampliar para dentro da América Espanhola (de acordo com o Tratado de Tordesilhas) o território de livre atuação das entradas de apresamento, que inclusive atacavam missões jesuíticas. Nesse período também floresceu o comércio e o contrabando com a região do Rio da Prata.
Em dezembro de 1640, com a coroação de D. João, Duque de Bragança, que marcou a Restauração da Independência portuguesa, os colonos temiam que Portugal destruísse essa fonte de riqueza, impedindo o trânsito livre de mercadorias e proibindo o aprisionamento e a venda de índios capturados em incursões no sertão, uma vez que, era Portugal que obtinha lucros com a exploração do tráfico humano africano. A aclamação do duque de Bragança como novo rei de Portugal e sua nova política representava um potencial duro golpe para os comerciantes da colônia e castelhanos estabelecidos há muito em São Paulo, cuja economia assentava então na mão de obra escrava indígena.[3]
Querendo manter a autonomia da cidade, algumas elites locais auto-proposeram-se a escolher um rei local, convencendo demais potenciais revoltantes de que poder-se-iam recusar a reconhecer o novo rei português, já que ainda não lhe haviam jurado obediência, e que os da colônia ali sediados tinham qualidades pessoais que os habilitavam para maiores impérios, que a vantajosa localização da cidade e o controle que tinham sobre milhares de indígenas os manteriam a salvo.[3]
Escolheram para rei Amador Bueno da Ribeira (que provavelmente viveu entre 1584 e 1649), filho de pai espanhol sevilhano e Maria, uma brasileira de pai portuense e mãe tupi-portuguesa. Amador era um próspero local, proprietário de terras, Capitão-mor e Ouvidor.[1][4]
Amador Bueno, com ligações pessoais tanto à fidalguia espanhola como portuguesa,[3] segundo Gaspar da Madre de Deus terá contraposto à sua aclamação dizendo "viva o Senhor D. João IV, nosso Rei e Senhor", sendo o certo é que terá rejeitado a proposta, temente das suas consequências. Dizem que foi até ameaçado de morte caso não quisesse empunhar o cetro, tendo que sair de casa fugido para esconder-se no Mosteiro de São Bento.[carece de fontes] Porém, depois de intensas negociações os castelhanos e apoiadores da proposta tiveram garantias de que seus negócios não seriam afetados por Portugal, e assim declararam e prestaram juramento ao rei D. João IV.[3]
O gesto acabou não tendo consequências sérias, pois São Paulo era uma região marginalizada economicamente e os castelhanos não tinham condições de iniciar uma luta contra Portugal sem apoio de Madrid. O episódio histórico serviu, entretanto, para demonstrar o descontentamento de certos grupos paulistas com a dominação portuguesa.
Há poucas fontes relativas ao episódio.[5] O principal relato conhecido é o de Frei Gaspar da Madre de Deus, "Memórias para a História da Capitania de São Vicente".[6] Para Monteiro, a questão indígena foi o motivo básico das ações do movimento.[7] Entretanto, outros historiadores têm interpretação distinta. Afonso d'Escragnolle Taunay, nos Ensaios Paulistas, diz à página 631:
“ | Quando D. João IV de Bragança assumiu o trono de Portugal em 1640, no ano seguinte Amador foi aclamado rei em São Paulo pelo poderoso partido de influentes e ricos castelhanos, liderados pelos irmãos Rendon de Quevedo, Juan e Francisco Rendón de Quevedo y Luna naturais de Coria, partido ao qual ainda pertenciam D. Francisco de Lemos, da cidade de Orens; D. Gabriel Ponce de León, de Guaira; D. Bartolomeu de Torales, de Vila Rica do Paraguai, D. André de Zúñega e seu irmão D. Bartolomeu de Contreras y Torales, D. João de Espíndola e Gusmão, da província do Paraguai, e outros que subscreveram o termo de aclamação, a 1º de abril de 1641. Como os espanhóis não queriam ser súditos de D. João IV, que reputavam vassalo rebelde a seu soberano, resolveram provocar a secessão da região paulista do resto do Brasil, esperando talvez anexá-la às colônias espanholas limítrofes. (…) Oferecem o trono ao sogro, ele próprio filho de espanhol e homem do maior prol em sua república pela inteligência, a fortuna, o passado de bandeirante, o casamento, os cargos ocupados. | ” |
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