Almançor
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Almançor[1] (em árabe: المنصور; romaniz.:al-Manṣūr; (Turruxe, c. 939 – Medinaceli, 9 de agosto de 1002),[2][lower-alpha 1] foi um militar e político do Alandalus (Hispânia muçulmana)[4] que, como hájibe (camareiro-mor)[lower-alpha 2] do débil califa Hixame II, foi o governante de facto durante o apogeu do Califado de Córdova.
Almançor | |
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Estátua de Almançor em Algeciras | |
Outros nomes | Abu Amir Maomé ibne Abedalá ibne Abu Amir Alhájibe Almançor
Abu ʿAmir Muhammad ben Abi ʿAmir al-Maʿafiri أبو عامر محمد بن أبي عامر ابن عبد الله المعافري al-Manṣūr • المنصور |
Nascimento | c. 939 Turruxe |
Morte | 9 de agosto de 1002 (63 anos) Medinaceli |
Residência | Medina Alzahira |
Nacionalidade | Califado de Córdova |
Filho(a)(s) | Abedal Maleque Almuzafar Abderramão Sanchuelo |
Ocupação | político e militar |
Período de atividade | 967-1002 |
Título | hájibe (978-1002) |
Religião | islão sunita |
Nascido numa alcaria (pequena vila) nos arredores de Turruxe, no seio duma família de origem iemenita com alguns antepassados jurisconsultos, na juventude foi para Córdova para se formar como alfaqui.[6] Depois de um começo humilde, ingressou na administração do califado e rapidamente ganhou a confiança de Subh, a favorita do califa Aláqueme II[lower-alpha 3] e mãe do herdeiro do trono.[7] Graças à proteção de Subh e à sua competência, em pouco tempo acumulou vários cargos.[8]
Durante o reinado de Aláqueme II (961–976) ocupou vários cargos administrativos importantes, como o de diretor da casa da moeda (967), administrador da favorita do califa e dos seus filhos, das heranças intestadas e do intendente do exército de Galibe ibne Abderramão (973).[9][10] A morte de Aláqueme II em 976 marcou o começo da época califal dominada por Almançor, que perdurou depois da sua morte, até 1009, com o governo dos seus filhos, primeiro Abedal Maleque Almuzafar e depois Abderramão Sanchuelo. Como hájibe do califado (desde 978), teve um poder extraordinário no Estado andalusino, quer em toda a Península Ibérica como em parte do Magrebe, relegando o califa Hixame II para um papel praticamente apenas figurativo.[11]
Alguns historiadores atribuem a sua impressionante ascensão ao poder a uma insaciável "sede de domínio", mas Eduardo Manzano Moreno adverte que «deve entender-se no contexto das complexas lutas internas que se desenvolviam no seio da administração omíada».[lower-alpha 4] Profundamente religioso, o seu controlo do poder político teve o apoio pragmático das autoridades religiosas muçulmanas, o que não evitou tensões periódicas entre o caudilho e essas autoridades.[13] Na base do seu poder esteve a sua defesa da jiade[14] que, por não ser califa, proclamava em nome deste.[15] A sua imagem de paladino do islão serviu para justificar a sua autoridade governamental.[14] Ao conquistar o domínio político no califado, realizou profundas reformas na política externa e interna.[16]
Levou a cabo numerosas campanhas militares vitoriosas, tanto na Península Ibérica como no Magrebe.[17] Apesar do sucesso das incursões contra os reinos cristãos peninsulares, conhecidas como aceifas, elas só conseguiram deter provisoriamente o avanço cristão em direção a sul, e apenas recuperou territórios que já tinham sido do califado.[17]