Algarve
sub-região NUTS 3 de Portugal / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Região do Algarve ou Algarve é uma região portuguesa situada no sul do país, com a capital localizada na cidade de Faro, tendo uma área de 4 997 km2 e uma população de 469 983 habitantes,[4] registando uma densidade populacional de 94 habitantes por km2. sendo a quinta região mais populosa de Portugal e a quarta região mais extensa.
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Região | ||||
Praia de D. Ana, perto de Lagos | ||||
Localização | ||||
Localização da Região do Algarve em Portugal | ||||
Administração | ||||
Capital | Faro | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 4 997 km² | |||
População total (2021) [1] | 467 343 hab. | |||
Densidade | 93,5 hab./km² | |||
Clima | Mediterrânico (Csa e Csb) | |||
Fuso horário | UTC+0 (WET) | |||
Horário de verão | UTC+1 (WEST) | |||
NUTS II | PT15 | |||
Indicadores | ||||
IDH (2019) [2] | 0,847 — muito alto | |||
• Posição | 4.º entre 7 | |||
PIB (2018) [3] | € 9,6 biliões | |||
PIB per capita (2018) | € 26 400 (PPC) | |||
Estatísticas do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Gabinete de Estatísticas da União Europeia (Eurostat) |
É uma das sete regiões de Portugal, constituída por apenas uma sub-região com o mesmo nome e 16 municípios, que se dividem em 67 freguesias.[5] Limita a norte com a região do Alentejo, a leste com a região espanhola da Andaluzia e a sul e a oeste com o Oceano Atlântico.
A economia algarvia registou um Produto interno bruto (PIB) de 9,2 mil milhões de euros em 2021, correspondendo cerca de 4,3 % do PIB nacional. Em comparação com as outras seis regiões portuguesas dispõe da 5° maior economia regional, à frente da Madeira e atrás do Alentejo.[6] Já no PIB per capita, a região dispõe do segundo maior valor de todas as regiões, registando 21 173 € em 2021, à frente do Alentejo e atrás da Área Metropolitana de Lisboa,[7]
A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR-ALG) é a agência que coordena as políticas ambientais, o ordenamento do território, as cidades e o desenvolvimento global desta região, apoiando os governos e associações locais.[8]
O Algarve transformou-se numa das regiões portuguesas com maior número de residentes estrangeiros, oriundos principalmente de outros países europeus. Em 2018, 69 mil dos habitantes não eram portugueses, tendo sido os cidadãos oriundos de França, Itália e Suécia os que mais cresceram naquele ano. Os cidadãos de nacionalidade britânica continuam a ser os mais representativos entre a população estrangeira residente no Algarve.[9]
Na época romana a região era denominada de Cinético (Cyneticum) devido ao nome do povo indo-europeu nativo, os cinetes ou cônio (cynetes ou conii em latim).[10]
O topónimo Algarve (pronúncia [aɫˈɡaɾv(ɨ)) tem origem na expressão árabe الغرب (Algarbe) que significa "o oeste", "o ocidente". De facto, a expressão completa era Algarbe Alandalus (Gharb al-Ândalus ou Algarbe Andalusino (Al-Gharb Al-Àndalusi) nome atribuído ao actual Algarve e ao Baixo Alentejo durante o domínio muçulmano, significando "Andaluz Ocidental", pois era a parte ocidental da Andaluzia mourisca.
Época pré-romana
Na época pré-romana era habitado pelos cónios, cúneos ou cinetes,[10] um povo (formado por várias tribos) de filiação linguística e étnica possivelmente celta ou ibera, cujo território incluía toda a atual região e ainda o sul do atual distrito de Beja. Esse antigo território dos cónios ia da foz do rio Mira à foz do Guadiana, pelo litoral, e da foz do rio Mira passando pela área das nascentes do rio Sado e pelas ribeiras de Terges e de Cobres até à confluência desta última com o Guadiana e descendo pela margem direita ou oeste desse rio novamente até à sua foz, pelo interior, abrangendo assim toda a área da Serra do Caldeirão (também denominada Serra de Mu) e seu planalto.
Segundo José Hermano Saraiva, os conii ou cynetes (cónios, em latim, ou cinetes, em grego), conforme atestam os topónimos Conímbriga e Coina, haviam-se deslocado para o sul por conta da pressão exercida por outros povos e, como os lusitanos, eram celtas.[11] O território deste povo situava-se muito próximo de uma antiga civilização nativa da Península Ibérica, a de Tartessos[10] (que se desenvolveu no oeste da atual Andaluzia), na bacia do rio Guadalquivir (antigo Betis). Devido a isso, os cónios foram muito influenciados por esta antiga cultura ou fizeram mesmo parte dessa civilização. Além disso, é possível que fossem relacionados com os tartessos,[10] embora alguns autores da Antiguidade clássica, tal como Estrabão e Plínio, o Velho, neguem isso. Também foram influenciados pelas civilizações mediterrânicas (grega, romana, cartaginesa) ainda antes da época romana e eram um dos povos culturalmente mais avançados do atual território de Portugal e mesmo da Península Ibérica de então, pois já tinham conhecimento da linguagem escrita, tendo mesmo criado e desenvolvido uma escrita própria, a escrita do sudoeste, que também pode ser designada escrita cónia.
Época romana
Antes da integração definitiva dos cónios no Império Romano, durante o período que vai de cerca de 200 a.C. a 141 a.C., estes encontravam-se sob forte influência romana mas gozavam de elevado grau de autonomia. Devido, em parte, ao relacionamento favorável com os romanos, os cónios haviam tido alguns conflitos com os lusitanos que, sob a liderança de Cauceno (Kaukenos), o chefe lusitano anterior a Viriato, tinham conquistado durante algum tempo o seu território, incluindo a capital, Conistorgis (de localização ainda desconhecida, num monte a norte de Ossonoba, atual Faro, ou talvez Castro Marim) no ano 153 a.C.[10] Devido a esse conflito com os lusitanos, por um lado, e por outro devido à influência cultural das civilizações mediterrânicas, ao contrário de muitos dos povos pré-romanos de Portugal, foram aliados dos romanos durante algum tempo e não seus adversários, diferindo da atitude de outros povos tais como os lusitanos, os célticos e os galaicos, que foram fortes opositores à conquista romana.[10]
Apesar disso, um pouco mais tarde, no contexto das guerras lusitânicas, no ano 141 a.C., os cónios revoltaram-se contra os romanos, juntamente com os túrdulos da Betúria (também denominados betures), mas foram derrotados por Fábio Máximo Serviliano, procônsul romano, e integrados definitivamente no Império Romano.
Nos séculos que se seguiram, a população nativa (cónios) foi fortemente romanizada, adotando o latim como língua, e integrada em termos culturais, políticos e económicos na civilização romana e no seu império. O Algarve, então denominado Cyneticum (Cinético), fez parte do Império Romano, integrado primeiro na província da Hispânia Ulterior e, mais tarde, na província da Lusitânia, durante mais de 600 anos, desde cerca de 200 a.C. até ao ano 410 d.C., ostentando cidades relevantes tais como Baesuris (atual Castro Marim), Balsa (próxima de Tavira), Ossonoba (atual Faro), Cilpes (atual Silves), Lacobriga (atual Lagos) e Myrtilis (atual Mértola)) pois, nessa época, também pertencia ao Cyneticum.[10]
Durante a época romana, teve um desenvolvimento cultural e económico significativo (agricultura, pesca e transformação), baseado principalmente na sua forte produção agrícola. Nessa época, a região exportava principalmente azeite e garum (um condimento feito a partir de peixe), produtos muito apreciados no Império Romano. A sua localização geográfica também era importante em termos de apoio às rotas de navegação marítima entre os portos romanos do mar Mediterrâneo e os do oceano Atlântico, na Hispânia, Gália e Britânia.
Os rios Guadiana (Anas) e Arade (Aradus) serviam de rotas de navegação fluvial de contato com o interior e continuariam a sê-lo durante muitos séculos. Também, em termos de localização geográfica, foi importante o facto da região estar logo a oeste da Bética (que corresponde, em grande parte, ao território da atual Andaluzia), uma das províncias cultural e economicamente mais desenvolvidas da Hispânia e do Império Romano (região de origem de importantes figuras tais como o erudito e filósofo Séneca, o agrónomo Columela e dos imperadores Trajano e Adriano).
Todos estes factores contribuíram para a prosperidade do Algarve durante muitos séculos. Em termos culturais, a época romana também assistiu à difusão do cristianismo na Hispânia, incluindo a Lusitânia e atual Algarve a partir de meados do século I, mas seria a partir do IV, com a publicação do Édito de Milão, no ano 313 d.C. pelo imperador Constantino (que concedia liberdade de culto aos cristãos), que o cristianismo se difundiria mais e ganharia importância significativa na região com a conversão de muita da população nativa, embora as religiões animistas ou pagãs tenham permanecido durante mais alguns séculos.
Reino Visigótico
Apesar da Península Ibérica ter sido conquistada pelos chamados povos bárbaros (vândalos, alanos, suevos e depois visigodos) na época das invasões bárbaras, a cultura romana e o cristianismo permaneceram. Em 511 os visigodos e os ostrogodos foram forçados a deslocar-se para Castela.[12] Em 531, após a morte de Amalarico, filho de Alarico II, a antiga estrutura visigótica desintegrou-se e, com a fusão dos elementos romanos e germanos, uma nova cultura começou a surgir na parte central e setentrional da Hispânia, antiga província romana. No ano 552, a região do Algarve foi reconquistada pelo Império Bizantino (então governado pelo imperador Justiniano I) aos visigodos, governo esse que durou até 624, quando o rei Suíntila o conquistou novamente para o Reino Visigótico.
Com a aniquilação do Reino Suevo e o abandono do arianismo e a adoção do catolicismo, conversão essa que visava assegurar o poder e domínio dos visigodos na Península Ibérica, assim como a destruição de redutos bizantinos em Cádiz e o combate ao separatismo basco, Recaredo e os seus sucessores conseguiram forjar uma nova identidade hispânica.[12] A importância da presença visigótica, não obstante a sua curta duração, tanto a nível de legado genético como literário e linguístico, foi tal que, segundo Ramón Menéndez Pidal na sua A Epopeia Castelhana através das Idades, «Os louros aristocratas do reino de Toledo, os Godos, estarão na origem da literatura nacional». O Reino Visigótico dissolveu-se efectivamente em 713, como resultado da invasão muçulmana.[12]
Do período visigótico existem várias fontes e indícios (quer de escritores cristãos quer árabes) que referem uma magnifica catedral em Ossonoba (actual Faro), mas cujos vestígios nunca foram encontrados . Da ocupação bizantina (Império Bizantino) destacam-se as torres bizantinas de Ossonoba .
Escavações arqueológicas em Silves desterraram vários utensílios de olaria, assim como fragmentos de panelas, taças e frigideiras com acabamentos visigóticos. Também na mesma cidade foi encontrado, estando agora exposto no Museu Municipal de Arqueologia de Silves, um capitel visigótico. Outro capitel visigótico foi descoberto na Ermida da Nossa Senhora da Rocha (em Porches, perto de Lagoa). Pelo Algarve foram descobertas algumas necrópoles visigóticas, como a do Poço dos Mouros, em Silves e outras menos conhecidas na Vila do Bispo, Lagos, Albufeira, São Bartolomeu de Messines e Loulé.[13] Diversos objectos, desde aqueles destinados a práticas de culto (cristão e pagão) a utensílios de higiene pessoal, decorativos (brincos e jóias) e armas foram encontrados pela região. Segundo o arqueólogo Mário Varela Gomes, acreditava-se que a escassez de descobertas arqueológicas se devesse à curta presença visigótica na região e às circunstâncias geográficas e geológicas que mantiveram o Algarve isolado por boa parte da sua história, mas recentes pesquisas demonstram que muito se desconhece por conta de insuficientes esforços arqueológicos que visem ampliar escavações, assim como devido a um desinteresse geral pelo estudo da presença de povos germânicos no território, desinteresse esse partilhado pelas autarquias. É, não obstante o pouco material disponível para análise, na opinião de Gomes, inquestionável que estes povos tiveram um impacto considerável na região, deixando um legado que deveria ser melhor compreendido.[14]
Período islâmico
Nas décadas que antecederam a invasão muçulmana, diversos concílios, fruto da aliança entre a Igreja e o Estado, haviam dado início a uma série de perseguições que tinham a comunidade judaica como alvo. Em 654, o rei Recesvinto adoptou diversas disposições austeras contra os judeus. Em 681, Ervígio forçou-os a optar entre a conversão ao cristianismo ou o exílio. Em 693, Égica impôs a proibição do comércio com cristãos, atitude essa que, segundo o historiador sírio Ali Nasrah, prejudicou enormemente a comunidade judaica que, então, era consideravelmente numerosa e bem estabelecida na Península Ibérica.[15] Ainda segundo Nasrah, que se apoiava numa ampla variedade de documentos e provas que corroboravam o seu raciocínio, tais acontecimentos impeliram os judeus a urdir, em começos do século VIII, juntamente com os seus correligionários norte africanos, um plano que tinha como intuito a expulsão dos visigodos.[15] Em efeito, os invasores árabes incumbiram aos judeus a tarefa de vigilância da guarda das cidades que caíam em poder muçulmano, enquanto que os seus exércitos avançavam.[15]
No ano 711, um exército muçulmano, chefiado por Tárique, parte à conquista da Península Ibérica. Rodrigo, o último soberano visigodo, de uma dinastia que remontava a 476 d.C., levanta uma resistência mas as suas forças provam-se incapazes de suster o avanço das tropas árabes. No ano seguinte, em 712, o governador de Ifríquia, Mussa ibn Nossair, com o objectivo de finalizar a conquista, reforça o exército de Tárique que fora, a princípio, pouco numeroso. Segundo Ignácio Olagüe, professor da Universidade de Madrid, a ocupação de boa parte da Península Ibérica pelos muçulmanos não demorou mais que três anos a se concretizar.[15]
Após o sucesso da invasão, facilitada também pelas constantes disputas que ocorriam no seio da nobreza e realeza visigodas,[12] os muçulmanos mantiveram a estrutura territorial de 'províncias-ducados' e 'províncias-condados' sob uma denominação diferente, as Coras, do árabe kūrah. No Algarve situava-se a Cora de Ocsonoba, circunscrita a norte pela de Beja.[15] Ulteriormente à ocupação, os muçulmanos adoptaram diversas tradições e costumes ibéricos, romanos e romano-helénicos, assimilando também múltiplos aspectos da arte visigoda, arte já orientalizada por conta de influências bizantinas.[15] Após o ano de 715 e até 1249, a região esteve sob o domínio de povos islâmicos, desde árabes e berberes a populações nativas convertidas ao islão, embora o cristianismo continuasse a ser praticado pelos moçárabes — cristãos que, a troco de um imposto, tinham o direito de praticar a sua religião sob o governo muçulmano. Os berberes, que habitavam nas mesetas de cada lado dos rios Guadiana e Tejo, constituíam, entre os muçulmanos, a população mais numerosa. Composta principalmente por cultivadores, alguns exerciam nas cidades ofícios mais humildes, enquanto que outros ocupavam posições sociais elevadas.[15]
O Algarve, assim como a restante Península Ibérica ocupada pelos mouros, atravessou por períodos de conflito, mas passou igualmente por fases de elevado desenvolvimento cultural, artístico e económico, em continuidade com as características herdadas da época romana. Silves tornou-se na capital de um reino taifa muçulmano após a fragmentação do Califado de Córdova.[10]
As regiões espanholas e portuguesas outrora conhecidas por Algarbe Alandalus (em árabe: الغرب الأندلس) eram o mais importante centro muçulmano da época da "Hispânia Islâmica", sendo assim o núcleo islâmico da cultura, ciência e tecnologia.[15] Nessa altura, a cidade mais proeminente da região era Silves. O historiador Alexandre Herculano comentou que «comparada com Lisboa, Silves era muito mais forte, e em opulência e sumptuosidade de edifícios dez vezes mais notável.».[16]
O Algarve foi a última porção de território de Portugal a ser definitivamente conquistada aos mouros, no reinado de D. Afonso III, no ano de 1249.
A ocupação de Portugal por parte de povos muçulmanos deixou um legado arquitectónico, linguístico (em diversas palavras árabes que foram introduzidas na língua portuguesa e no vocabulário regional algarvio), gastronómico e cultural notável, sendo tal influência mais visível no Algarve e Alentejo, onde a presença foi mais ampla e duradoura,[17] presença essa compartilhada com a região espanhola de Andaluzia, com a qual, devido a uma herança quase idêntica, em comparação com outras regiões portuguesas mais distantes e culturalmente díspares, o Algarve partilha maiores similaridades.[18] Existem, como remanescentes desta ocupação, diversas fortificações, como o Castelo de Silves, o Castelo de Aljezur, o Castelo Belinho, o Castelo de Paderne, o Castelo de Loulé, entre outros.[17] Não obstante significativa, a longa presença de povos muçulmanos no Algarve não foi suficiente para mudar o tipo dominante da população ou alterar a sua etnia. A influência linguística, apesar de considerável, não deixou vestígios na sintaxe. Linguistas estimam entre trezentas a seiscentas o número de palavras que os povos berberes, árabes e congéneres deixaram no idioma, nomeadamente para designar vegetais, produtos hortícolas, sistemas de aproveitamento de água e rega, assim como alguns termos associados ao comércio.[19]
Reconquista - Época portuguesa
Segundo alguns documentos históricos, a conquista definitiva do Algarve e a expulsão dos mouros no reinado de D. Afonso III, nomeadamente a tomada da cidade de Faro, foi feita de forma relativamente pacífica. D. Sancho I, já tinha anteriormente conquistado partes da região algarvia, quando cercou a cidade de Silves em 1189 e com o auxílio de uma frota de outros cruzados europeus, conquistou a mesma,[20] inclusive o seu pai D. Afonso Henriques, tinha derrotado os mouros ali perto na Batalha de Ourique.
Dom Paio Peres Correia mestre da ordem de Santiago, foi responsável pela reconquista final do Algarve, sobretudo dos castelos de Silves, Paderne e Faro. No entanto, apenas em 1267 — no Tratado de Badajoz — foi reconhecida a posse do Algarve como sendo território português, devido a pretensões do Reino de Castela.
Curiosamente, o nome oficial do reino resultante seria frequentemente designado de Reino de Portugal e do Algarve, mas nunca foram constituídos dois reinos separados.
Terminada a reconquista da região durante o reinado de D. Afonso III, o Algarve foi incluído no reino cristão de Portugal, foram concedidos forais importantes, assim como incentivos ao povoamento região vindos sobretudo do norte do país, mas também de além Pirenéus. A região foi bastante relevante, nos séculos seguintes, sobretudo a partir do século XV pela odisseia da exploração marítima portuguesa, da exploração da costa africana e da conquista das praças marroquinas, sob o comando do Infante D. Henrique. Este assentou na região e parte da organização das descobertas foi efectuada no Algarve. O território, devido às condições favoráveis à navegação, foi uma das primeiras bases da expansão marítima portuguesa nos séculos XV e XVI, do qual partiram algumas expedições, sendo o porto de Lagos um dos mais importantes dessa época.[10]
Com o fim da presença portuguesa nas praças africanas, a região entrou novamente numa certa decadência, acentuada pela destruição imposta pelo terremoto de 1 de Novembro de 1755.
O primeiro-ministro do rei D. José I, o Marquês de Pombal tentou efectuar uma divisão, nunca reconhecida pelo Papado Romano, da diocese de Faro em dois bispados: Faro e Vila Nova de Portimão. O limite entre eles era a ribeira de Quarteira e o seu prolongamento em linha reta até ao Alentejo.
No período das invasões franceses, o Algarve foi foco de revoltas em defesa da soberania nacional portuguesa, como a revolta de Olhão(em 1808).
O Algarve foi palco de várias reações contra as forças ocupantes, sendo célebre o episódio a reação dos populares da Luz de Tavira contra os saqueadores franceses quando estes tentaram levar o ouro da Igreja da localidade.[21]
Durante as Guerras Liberais que começaram com a tomada do poder por D. Miguel I e a reação das forças liberais lideradas pelo duque da Terceira, elegeram a região da Manta Rota como lugar de desembarque das forças militares que depois se moveram a caminho de Lisboa.
O Reino do Algarve foi dissolvido em 1834, com a extinção do posto de Governador Militar do Reino do Algarve e o distrito de Faro instituído no ano seguinte, apesar do título de Rei dos Algarves se conservar na titulatura régia pelo menos até 1910.
Posteriormente, o Algarve iniciou o século XX como uma região rural, periférica, com uma economia baseada na cultura de frutos secos, na pesca e na indústria conserveira. Contudo, a partir da década de 1960, dá-se a explosão da indústria do turismo, mudando assim por completo a sua estrutura social e económica.
Desde os alvores do reino, constituiu uma região bem delimitada e individualizada, não só em termos geográficos mas também do ponto de vista identitário, com características históricas, climáticas, etnográficas, arquitetónicas, gastronómicas e económicas muito próprias.
Actualmente, o turismo constitui o motor económico do Algarve. A antiga província tradicional possui algumas das melhores praias do Sul da Europa, e condições excepcionais para a prática de actividades e desportos ao ar livre.
O Algarve é a terceira região mais rica do país, com um PIB per capita de 87% (média Europeia). Ocupa uma área de 4 996 km2 e nela residem 467 495 habitantes (2021).[22]
O Algarve confina a norte com a região do Alentejo (sub-regiões do Alentejo Litoral e Baixo Alentejo), a sul e oeste com o oceano Atlântico, e a leste o Rio Guadiana marca a fronteira com Espanha. O ponto mais alto situa-se na serra de Monchique, com uma altitude máxima de 902 m (Pico da Foia).
Além de Faro, têm também categoria de cidade os aglomerados populacionais de Albufeira, Lagoa, Lagos, Loulé, Olhão, Portimão, Quarteira, Silves, Tavira e Vila Real de Santo António. Destas, todas são sede de concelho à excepção de Quarteira.
A zona ocidental do Algarve é designada por Barlavento e a oriental por Sotavento. A designação deve-se com certeza ao vento predominante na costa sul do Algarve, sendo a origem histórica desta divisão incerta e bastante remota. Na Antiguidade, os Romanos consideravam no sudoeste da Península Ibérica a região do cabo Cúneo — que ia desde Mértola por Vila Real de Santo António até à enseada de Armação de Pêra — e a região do Promontório Sacro — que abrangia o restante do Algarve.
Internamente, a região é subdividida em duas zonas, uma a Ocidente (o Barlavento) e outra a Leste (o Sotavento). Com esta divisão podemos registar um claro efeito de espelho entre as duas zonas. Cada uma destas zonas tem 8 municípios e uma cidade dita principal: Faro está para o Sotavento como Portimão está para o Barlavento. De igual modo possui cada uma delas uma serra importante (a Foia, no Barlavento, e o Caldeirão, no Sotavento). Rios com semelhante importância (o Arade no Barlavento e o Guadiana no Sotavento).
Um hospital principal em cada uma das zonas garante os cuidados de saúde em todo o Algarve. Em termos de infraestruturas, o Aeroporto Internacional está numa zona e o Autódromo Internacional noutra. Finalmente, a nível desportivo, os históricos do futebol algarvio Sporting Clube Olhanense (representante do Sotavento) e o Portimonense Sporting Clube (representante do Barlavento) encontram-se regularmente na Primeira Liga do futebol português. A equipa do Olhanense ascendeu à 1.ª Liga em 2009, enquanto que por sua vez a equipa de Portimão ascendeu um ano depois, em 2010.
Clima
Um dos principais traços distintivos da região algarvia constitui o seu clima. As condições climáticas que o senso-comum atribui geralmente ao clima algarvio podem ser encontradas em todo o seu esplendor no barrocal e no litoral sul, especialmente na região central e no sotavento algarvio. Um conjunto de características base resumem o clima da região, em especial do barrocal e do litoral sul: verões longos e quentes, invernos amenos e curtos, precipitação concentrada no Outono e no Inverno, reduzido número anual de dias com precipitação e elevado número de horas de sol por ano. A temperatura média anual do litoral do sotavento e da região central do Algarve é mais elevada de Portugal Continental e uma das mais elevadas da Península Ibérica, rondando os 18 °C, atendendo às normais climatológicas 1961/90. A precipitação encontra-se essencialmente concentrada entre Outubro e Fevereiro, e assume com frequência um carácter torrencial. As médias anuais são inferiores a 600 mm em grande parte do litoral e no vale do Guadiana, e superam os 800 mm na serra do Caldeirão e os 1 000 mm na serra de Monchique. Na região litoral existem 5 meses secos, e entre Junho e Setembro a queda de precipitação é muito pouco frequente.
O clima do Algarve, segundo a classificação de Köppen, divide-se em duas regiões: uma de clima temperado com inverno chuvoso e verão seco e quente (Csa) e outra de clima temperado com inverno chuvoso e verão seco e pouco quente (Csb). Com excepção da Costa Vicentina e das serras de Monchique e de Espinhaço de Cão, toda a região algarvia possui um clima temperado mediterrânico do tipo Csa. No litoral do sotavento algarvio as noites tropicais (noites com temperatura mínima igual ou superior a 20 °C) são frequentes durante o período estival. De facto, a temperatura mínima mais alta de sempre registada em Portugal pertence à estação meteorológica de Faro: 32,2 °C, a 26 de Julho de 2004. A queda de neve na região algarvia é muito rara e é mais susceptível de ocorrer na Foia. A última vez que ocorreu queda de neve no litoral algarvio foi em fevereiro de 1954. Na madrugada de 1 de Fevereiro de 2006 nevou na serra do Caldeirão, e na manhã de 10 de Janeiro de 2009 nevou na serra de Monchique.
A primavera algarvia é uma estação inconstante: alguns anos é fugaz, curta, noutros mais longa, roubando espaço ao Estio ou ao Inverno; por vezes chuvosa e fresca, ou então quente e seca, ou ainda soalheira, mas ventosa. Em Março e Abril as temperaturas sobem lentamente, transitando para os valores estivais; durante o dia estas oscilam entre os 9/12 °C e os 19/22 °C. Em ambas os meses a precipitação média ronda os 40 mm, num total para ambos os meses de cerca de 20 dias com precipitação igual ou superior a 0,1 mm.
Uma das características climáticas de referência da região algarvia é a existência de verões longos, quentes e secos. A partir de meados de Maio, a queda de precipitação no litoral e barrocal sul começa a ser um evento raro, e as temperaturas máximas e mínimas abandonam a amenidade primaveril para atingirem valores estivais. Junho é um mês seco, com precipitações médias inferiores a 10 mm e temperaturas médias que oscilam entre os 16 °C e os 26 °C. Julho e Agosto são os dois meses mais quentes e secos do ano. A queda de precipitação é um evento pouco frequente, podendo suceder-se vários anos sem que ocorra queda de precipitação durante estes dois meses. As temperaturas médias oscilam entre os 17/19 °C e os 28/30 °C. A temperatura mais alta registada no Verão é de 44,3 °C na estação Faro/Aeroporto no dia 26 de Julho de 2004. Setembro ainda apresenta características estivais bem marcadas. As temperaturas oscilam entre os 16/18 °C e os 26/29 °C. Por vezes, as primeiras chuvas de Outono podem ocorrer no final de Setembro; por esse motivo, a precipitação média deste mês ronda os 15 mm.
As primeiras chuvas após o verão, que ocorrem regularmente durante o mês de Outubro, caracterizam o início do outono. Após a queda das primeiras chuvas, os dias ainda poderão permanecer quentes, mas as noites começam gradualmente a ficar mais frescas. Por vezes, sucedem-se semanas de dias soalheiros, banhados por uma luz doce e inconfundível: é o chamado Verão de São Martinho. Ocasionalmente, as condições estivais prolongam-se durante parte do mês de Outubro. Em Outubro, as temperaturas oscilam entre os 13/16 °C e os 23/25 °C. As chuvas que caem durante este mês assumem com frequência um carácter torrencial: durante apenas um dia pode ser acumulada uma parte substancial da precipitação total do mês, seguindo-se vários dias de sol e céu limpo. A precipitação média de Outubro ronda os 45/70 mm. Novembro é o segundo mês mais chuvoso do ano, com uma precipitação média que ronda os 75/90 mm, concentrada geralmente num reduzido número de dias. As temperaturas baixam ligeiramente durante este mês, variando entre os 10/12 °C e os 18/21 °C.
O inconfundível inverno algarvio pode ser resumidamente caracterizado por três adjetivos: curto, chuvoso e suave. Dezembro é o mês mais chuvoso do ano. Dias tempestuosos, marcados pela chuva intensa e trovoada alternam com dias amenos, soalheiros e de céu limpo, óptimos para a prática de atividades ao ar livre. A precipitação média ronda os 90 a 120 mm, e as temperaturas médias oscilam entre os 8/10 °C e os 16/18 °C. Janeiro é o mês com temperaturas menos altas do ano: regra geral, estas variam entre os 6/8 °C e os 15/17 °C. A precipitação média ronda os 70/80 mm. Já em Fevereiro, as temperaturas começam paulatinamente a subir, e no final deste mês as condições primaveris começam a fazer-se sentir. As temperaturas oscilam os 7/9 °C e os 16/18 °C, e a precipitação média ronda os 45 a 70 mm. Ocasionalmente, durante o inverno a região algarvia é assolada por curtos períodos mais frios, nos quais as temperaturas mínimas atingem valores próximos dos 0 °C e as máximas não ultrapassam os 10 °C. Contudo, estes eventos meteorológicos são raros.
O cabo de São Vicente está situado numa rota de migração de aves, permitindo a observação sazonal de variedade de avifauna. A vegetação predominante no barrocal Algarvio é o matagal mediterrânico, caracterizado pela abundância de plantas resistentes à falta de água.
O subsolo do Algarve é habitado por várias espécies endémicas, únicas do Algarve, algumas delas descobertas recentemente.[23][24][25] As espécies mais emblemáticas da fauna subterrânea do Algarve são o pseudoescorpião gigante das grutas do Algarve (Titanobochica magna)[23] e o maior inseto cavernícola terrestre da Europa, a Squamatinia algharbica.[26]
Outras espécies de plantas, endémicas rigorosas ou não, levam o nome do Algarveː[27]
- Cistus algarvensis Sims, Bot. Mag. 17: t. 627 (1803).
- Helianthemum algarvense Dunal, Prodr. [A. P. de Candolle] 1: 268 (1824).
- Herniaria algarvica Chaudhri, Rev. Paronychiinae 346 (1968).
- Limonium algarvense Erben, Mitt. Bot. Staatssamml. München 14: 503 (1978).
- Linaria algarviana Chav., Monogr. Antirrh. 142 (1833).
- Ophrys algarvensis D.Tyteca, Benito & M.Walravens, J. Eur. Orch. 35(1): 65 (2003). Syn.: O. omegaifera subsp. algarvensis (D.Tyteca, Benito & M.Walravens) Kreutz, Kompend. Eur. Orchid. 110 (2004).
- Rhododendron algarvense Page, Prod. Southhampt. Gard. 38.
- Sideritis algarviensis D.Rivera & Obón, Anales Jard. Bot. Madrid 47(2): 500 (1990).
- Stegitris algarviensis Raf., Sylva Tellur. 132 (1838).
População
No ano de 2021 o Algarve registou 467 343 habitantes[1], concentrando 4,5% da população residente em Portugal, que compreende apenas uma subregião, constituída por 16 municípios e dividido entre 67 freguesias. O centro populacional da região encontra-se em Faro, tendo mais de 67 mil habitantes e uma densidade populacional de 334 habitantes por km2, sendo o segundo município mais populoso e o segundo município com a densidade populacional mais alta da região.
População residente (2021) | De 0 a 14 anos (2021) | De 15 a 24 anos (2021) | De 25 a 64 anos (2021) | De 65 ou mais anos (2021) |
---|---|---|---|---|
467 343 | 62 781 | 45 829 | 247 784 | 110 949 |
Ano | 2001 | 2008 | 2009 | 2010 | 2011 | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 | 2017 | 2018 | 2019 | 2020 | 2021 |
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
População | 400.937 | 440.088 | 445.824 | 451.304 | 446.140 | 444.390 | 442.358 | 441.468 | 441.929 | 441.469 | 439.617 | 438.864 | 438.406 | 437.970 | 467.343 |
A população do Algarve aumentou em 6,7% desde do ano de 2020, cerca de 30 mil habitantes mais comparado com o ano de 2020, aonde se registou através das estimativas uma população de 437 970 habitantes. Comparado com os censos de 2011, aonde se registou 446.140 habitantes, a população da região diminuiu em cerca de 4,7%. Por causa da crise financeira a região registou entre 2009 e 2020 um saldo negativo, passando de 445.824 habitantes em 2009 para 437 970 habitantes em 2020, reduzindo em 2,8% da população em onze anos. A partir de 2020 o número de habitantes conseguiu aumentar na região, situando-se nos 467343 habitantes em 2021.[28]
Municípios
O Algarve é constituído por 16 municípios, sendo Loulé o município mais populoso da região, com mais de 72 mil habitantes, seguido pelo muncípio de Faro com mais de 67 mil habitantes, o muncípio de Portimão com pouco menos de 60 mil habitantes, o município de Olhão e o município de Albufeira com ambas mais de 44 mil habitantes.
Os dez municípios mais populosos do Algarve encontram-se todos no litoral. Os dez municípios contabilizam perto de de 430 mil habitantes. Quanto à densidade populacional, o município de Olhão tem a densidade populacional mais alta de toda a região, com 341 habitantes por km2, seguido pelo muncípio de Faro com 334 habitantes por km2, Portimão com 328 habitantes por km2, Albufeira com 313 habitantes por km2 e Vila Real de Santo António com 308 habitantes por km2.[29]
Posição | Município | População
(2021) |
Densidade
populacional por km2 |
Área
(km2) |
---|---|---|---|---|
1° | Loulé | 72 348 | 94 | 763,67 |
2° | Faro | 67 650 | 334 | 202,57 |
3° | Portimão | 59 867 | 328 | 182,06 |
4° | Olhão | 44 643 | 341 | 130,86 |
5° | Albufeira | 44 168 | 313 | 140,66 |
6° | Silves | 37 776 | 55 | 680,06 |
7° | Lagos | 33 500 | 157 | 212,99 |
8° | Tavira | 27 230 | 45 | 606,97 |
9° | Lagoa | 23 734 | 268 | 88,25 |
10° | Vila Real de Santo António | 18 825 | 308 | 61,25 |
Cidades
O Algarve tem 11 cidades oficiais.
A maior cidade da região é Portimão, com pouco menos de 50 mil habitantes e uma densidade populacional de 651 habitantes por km2, seguida por Faro, com mais de 46 mil habitantes e uma densidade populacional de 619 habitantes por km2, e Albufeira, com mais de 28 mil habitantes e uma densidade populacional de 649 habitantes por km2.
Posição | Cidade | Município | População
(2021) |
Densidade
populacional por km2 |
Área
(km2) |
---|---|---|---|---|---|
1° | Portimão | 49 263 | 651 | 75,69 | |
2° | Faro | 46 310 | 619 | 74,75 | |
3° | Albufeira | 28 640 | 649 | 41.17 | |
4° | Loulé | 24 739 | 227 | 108,90 | |
5° | Quarteira | Loulé | 24 421 | 640 | 38,16 |
6° | Lagos | 23 653 | 811 | 29,15 | |
7° | Tavira | 15 434 | 104 | 147,99 | |
8° | Olhão | 14 207 | 1506 | 9,43 | |
9° | Vila Real de Santo António | 11 754 | 192 | 61,25 | |
10° | Silves | 10 663 | 60 | 177,45 | |
11° | Lagoa | 10 145 | 259 | 39,13 |
Freguesias
O Algarve, através dos 16 municípios, é constituida por 67 freguesias. A seguinte lista demostra todas as freguesias, listadas e ordenadas:
- Lista de Freguesias do Algarve
Serra de Monchique
A Serra de Monchique localiza-se na zona oeste do Algarve, onde se situa o ponto mais alto da região — a Fóia — que está a 902 m de altitude. Este é também um dos pontos mais proeminentes de Portugal. O cume-pai chama-se Picota e está a 774 m acima do nível do mar.
Serra do Caldeirão
A serra do Caldeirão faz a fronteira entre o litoral e barrocal algarvios e as planícies do Baixo Alentejo. Faz parte do maciço antigo, sendo constituída por xisto-grauvaque, rocha que origina solos finos e pouco fertéis. O seu ponto mais alto localiza-se no Baixo Alentejo, próximo da fronteira com o Algarve, onde atinge os 580 m de altitude; nos concelhos de Tavira e de Loulé possui diversos pontos em que ultrapassa os 500 m.
Rio Guadiana
O rio Guadiana é a fronteira natural entre o Algarve e a Andaluzia e, portanto, entre Portugal e Espanha. O rio nasce a uma altitude de cerca de 1 700 m, nas lagoas de Ruidera, na província espanhola de Ciudad Real, tendo uma extensão total de 829 km.
A bacia hidrográfica tem uma área de 68 200 km², situada, em grande parte, em Espanha (cerca de 55 000 km²).
Este rio é navegável até à vila alentejana de Mértola, constituindo um atrativo turístico relevante.
Rio Arade
Nasce na Serra do Caldeirão e passa por Silves, Portimão e Lagoa indo desaguar no oceano Atlântico, em Portimão, imediatamente a leste da Praia da Rocha.
No tempo dos descobrimentos portugueses era navegável até Silves, onde existia um importante porto. Hoje, devido ao enorme assoreamento, apenas pequenos barcos aí podem chegar.
Ria Formosa
É um sapal que se estende pelos concelhos de Loulé, Faro, Olhão, Tavira e Vila Real de Santo António, abrangendo uma área de cerca de 18 400 hectares ao longo de 60 km desde o rio Ancão até à praia da Manta Rota.
Trata-se de uma área protegida pelo estatuto de Parque Natural, atribuído pelo Decreto-lei 373/87 de 9 de dezembro de 1987. Anteriormente, a Ria Formosa tinha estatuto de Reserva Natural, instituído em 1978.