América Latina
subdivisão do continente americano / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A América Latina (em castelhano: América Latina ou Latinoamérica; em francês: Amérique latine) é uma região do continente americano que engloba os países onde são faladas, primordialmente, línguas românicas (derivadas do latim) — no caso, o espanhol, o português e o francês — visto que, historicamente, a região foi maioritariamente dominada pelos impérios coloniais europeus Espanhol e Português.[1] A América Latina tem uma área de cerca de 21 069 501 km², o equivalente a cerca de 3,9% da superfície da Terra (ou 14,1% de sua superfície emersa terrestre).[2] Em 2008, a sua população foi estimada em mais de 569 milhões de pessoas.[2] Os países do restante do continente americano tiveram uma colonização majoritariamente realizada por povos europeus de cultura anglo-saxônica ou neerlandesa (ver América Anglo-Saxônica).[3] Vale ressaltar algumas exceções, como Québec, que não é um país independente, mas uma província de maioria francófona que pertence ao Canadá;[4] o estado da Luisiana, que também foi colonizado por franceses, mas pertence aos Estados Unidos[5] e os estados do sudoeste estadunidense, que tiveram colonização espanhola.[6]
América Latina | |
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Localização da América Latina no globo terrestre. | |
Gentílico | latino-americano |
Vizinhos | Ásia, África, América Anglo-Saxônica, Antártida, Europa e Oceania |
Divisões | |
- Países | 20 |
- Dependências | 10 |
Área | |
- Total | 21 069 501 km² |
- Maior país | Brasil (8 514 876,599 km²) |
- Menor país | El Salvador (21 041 km²) |
Extremos de elevação | |
- Ponto mais alto | Aconcágua, Argentina (6 962 m nmm) |
- Ponto mais baixo | Laguna del Carbón, Argentina (-105 m nmm) |
População | |
- Total | 569 milhões habitantes |
- Densidade | 27 hab./km² |
Idiomas | Principais: espanhol e português Outros: francês, quíchua, aimará, náuatle, Línguas maias, guarani, Crioulo haitiano, papiamento, Línguas tupis. |
A América Latina compreende a quase totalidade das Américas do Sul e Central: as exceções são os países sul-americanos da Guiana e do Suriname e a nação centro-americana de Belize e da Jamaica, que são países de línguas germânicas. Também engloba alguns países da América Central Insular (países compostos de ilhas e arquipélagos banhados pelo Mar do Caribe), como Cuba, República Dominicana e Haiti. Da América do Norte, apenas o México é considerado como parte da América Latina.[7] A região engloba 20 países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela.[8]
A expressão "América Latina" foi utilizada pela primeira vez em 1856 pelo filósofo chileno Francisco Bilbao[9] e, no mesmo ano, pelo escritor colombiano José María Torres Caicedo;[10] e aproveitada pelo imperador francês Napoleão III durante sua invasão francesa no México como forma de incluir a França — e excluir os anglo-saxões — entre os países com influência na América, citando também a Indochina como área de expansão da França na segunda metade do século XIX.[11] Deve-se também observar que na mesma época foi criado o conceito de Europa Latina, que englobaria as regiões de predomínio de línguas românicas.[12] Pesquisas sobre a origem da expressão conduzem, ainda, a Michel Chevalier, que mencionou o termo "América Latina" em 1836, durante uma missão diplomática feita aos Estados Unidos e ao México.[13] Nos Estados Unidos, o termo não foi usado até o final do século XIX tornando-se comum para designar a região ao sul daquele país já no início do século XX.[14] Ao final da Segunda Guerra Mundial, a criação da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe consolidou o uso da expressão como sinônimo dos países menos desenvolvidos dos continentes americanos, e tem, em consequência, um significado mais próximo da economia e dos assuntos sociais.[14]
Convém observar que a Organização das Nações Unidas reconhece a existência de dois continentes: América do Sul e América do Norte, sendo que esta última se subdivide em Caribe, América Central e América do Norte propriamente dita, englobando México, Estados Unidos e Canadá, além das ilhas de São Pedro e Miquelão, Bermudas e a Groenlândia.[14] As antigas colônias neerlandesas (e, atualmente, países constituintes do Reino dos Países Baixos) Curaçao, Aruba e São Martinho não são habitualmente consideradas partes da América Latina, embora sua língua mais falada seja o papiamento, língua de influência ibérica (embora não considerada latina).[14]
O termo foi utilizado pela primeira vez em 1856, numa conferência do filósofo chileno Francisco Bilbao[9] e, no mesmo ano, pelo escritor colombiano José María Torres Caicedo em seu poema Las dos Américas ("As duas Américas", em português).[10]
O termo "América Latina" foi usado pelo Império Francês de Napoleão III da França durante sua invasão francesa no México (1863-1867) como forma de incluir a França entre os países com influência na América e excluir os anglo-saxões. Desde sua aparição, o termo evoluiu para designar e compreender um conjunto de características culturais, étnicas, políticas, sociais e econômicas.[15]
Primeiros povos
É provável que os primeiros povos vieram da Ásia para a América, cerca de 20 mil anos anteriores à chegada de Cristóvão Colombo ao hemisfério ocidental.[16] Esses habitantes primitivos possivelmente vieram da Ásia à América, passando por uma ponte feita de terra, na era glacial, ou passando de barco pelo Estreito de Bering, ou, então, atravessando ilha por ilha, nas Aleutas.[17] Dirigindo-se para o sul, se espalharam progressivamente pela América.[17]
Esses habitantes de origem asiática, denominados, hoje, de índios americanos, ou ameríndios, vagueavam pela terra, perseguindo os animais para matar e tirando os peixes da água.[18] Depois de uma grande quantidade de gerações na América, novos modos de vida foram desenvolvidos por certas tribos.[19] Ao invés de vaguear, ergueram comunidades agrícolas.[19] Foram os primeiros habitantes que plantaram cacau, milho, feijão, favas, batatas, abóbora e tabaco.[20] Nas regiões em que ótimas colheitas foram conseguidas pelos agricultores que viviam tranquilamente, o crescimento populacional foi acelerado.[19]
A cultura maia foi a mais antiga civilização de alto desenvolvimento no ocidente.[19] Teve início na América Central mais de cem anos antes da época em Jesus Cristo nasceu.[21] Por volta de 600 a.C., os maias criaram um calendário e um alfabeto de ideogramas.[22] Haviam criado, também, estilos arquitetônicos, esculturais, e trabalhos metálicos.[23] Tiveram uma boa estrutura de governo[24] e conheciam muito bem astronomia[25] e agricultura.[26]
Durante a invasão espanhola da América Latina, no século XVI, aí prosperavam três grandes civilizações ameríndias: a maia, na América Central (a qual era influenciada pela tolteca, do México, a partir do século X d.C.); a asteca, no México, e a inca no Equador, no Peru e na Bolívia. Essas civilizações exerceram muita influência na prosperidade latino-americana que veio depois dessa contribuição dada pelos primeiros povos da região.[19] O ouro e prata existiam em suas minas, e isso fez com que os dominadores espanhóis conquistassem os povos indígenas na maior rapidez possível.[19]
Exploração e colonização
A Espanha reclamou para o seu império colonial da maioria do território latino-americana,[27] logo após a chegada de Cristóvão Colombo a essa área, em 1492. Terras no hemisfério ocidental eram reivindicadas por Portugal. Em uma grande quantidade de vezes, ambos os países desejavam as mesmas terras.[27] Para estes conflitos que fossem resolvidos, uma linha demarcadora foi traçada pelo papa Alexandre VI (1431-1503), em 1493.[28] Essa linha imaginária, a qual percorria de norte a sul, ultrapassava mais de 400 km a oeste das ilhas dos Açores e de Cabo Verde.[29] Os espanhóis e os portugueses exploravam uma diminuta porção do hemisfério ocidental.[30] Estavam de acordo que a Coroa de Castela poderia ter o total das terras das terras a oeste desta linha e o Reino de Portugal o total das terras a leste.[31] Esse acordo fazia referência somente a terras que não fossem governadas por um adepto do cristianismo.[30]
Porém, os portugueses não gostaram da ideia da linha, por acreditar que a bula Inter cætera concedia à Coroa de Castela uma área territorialmente muito extensa.[30] Em 1494, o Tratado de Tordesilhas,[32] pela qual a linha era deslocada a mais de 1 500 km a oeste, foi assinado pelo Reino de Portugal e pela Coroa de Castela. Ao Reino de Portugal competia a parte leste do continente, pela qual, hoje, boa porção do território brasileiro é representada.[32] As terras das Espanha localizavam-se a oeste, e estendiam-se entre a Vice-Reino da Nova Espanha, atuais regiões sudoeste, norte, centro e sul dos EUA, e o ponto mais ao sul da América do Sul, na Terra do Fogo.[32]
De 1492 até 1502, Cristóvão Colombo (1451-1506) viajou quatro vezes à América e criou uma grande variedade de colônias menores nas Antilhas.[33] Pedro Álvares Cabral (1467-1520), navegador português, atingiu o litoral brasileiro em 1500.[34] Cabral achou ter descoberto uma ilha e a reclamou para sua pátria.[35] O navegador italiano Américo Vespúcio, que denominou a América, viajou em uma grande variedade de vezes entre 1497 e 1503, perante as bandeiras da Coroa de Castela e do Reino de Portugal.[36] Os litorais brasileiro, uruguaio e argentino foram explorados por Vespúcio,[35] além da exploração de quase o total do litoral argentino por Fernão de Magalhães, em 1520.[37]
Nos primeiros anos do século XVI, os conquistadores dentre os quais eram encontrados Hernán Cortés (1485-1547) e Francisco Pizarro (1478?-1541), auxiliaram na consolidação do domínio da Coroa de Castela sobre a América Latina.[35] Cortés chegou no litoral do México em 1519.[38] Dois anos depois, tinha uma força de guerra com mais de mil espanhóis, uma grande quantidade de aliados ameríndios, certa artilharia leve e poucos cavalos.[35] Com essa força, em 1521, havia dominado Tenochtitlán (atual Cidade do México), antiga sede de governo do Império Asteca.[39] Nos últimos dias daquele ano, a maioria do território mexicano já foi conquistada por Cortés.[35] Em 1523, um de seus oficiais, Pedro de Alvarado, saiu do México em direção ao sul, até a América Central.[40] Naquele mesmo ano, foi encontrado com tropas que dirigiam-se para o norte, as quais vieram da colônia pertencente à Coroa de Castela que Vasco Núñez de Balboa (1475?-1519) fundou no Panamá e Pedro de Alvarado assegurou para a Coroa de Castela a América Central inteira.[35]
Em 1531, Pizarro saiu do Panamá, velejando em direção ao sul, com mais de 180 homens e 27 cavalos.[41] Chegou no Peru e, em torno de 1533, depois que venceu facilmente os indígenas, já conquistou a maioria do território do Império Inca. Pedro de Valdivia (1500-1553), um dos oficiais de Pizarro, havia conquistado o norte do Chile e criou Santiago em 1541.[42] As regiões dominadas do litoral oeste da América do Sul, do Panamá até o centro do Chile foram dadas por essa conquista à Coroa de Castela.[35] No Chile, o tempo de sobrevivência contínua dos araucanos foi de cerca de 300 anos.[43]
Colonização
Entre 1500 e 1800, os colonizadores que vieram da Coroa de Castela e do Reino de Portugal acorreram em grande número para as novas terras.[44] Os proprietários de terras plantavam algodão, frutas e cana-de-açúcar na maioria do território que ocuparam, principalmente na Região Nordeste do Brasil, nas ilhas das Antilhas e na América Central.[45] Grupos de homens agitados que procuravam ouro e prata passavam pela grande área do México até a Bolívia dos dias de hoje.[45]
Por onde percorriam, os europeus obrigavam que boa parte dos nativos trabalhassem para eles, nos campos, nas florestas e nas minas.[46] Trouxeram os primeiros escravos que vieram da África para a América nos primeiros anos do século XVI.[47] Principalmente, o litoral leste da América do Sul fornecia uma pequena quantidade de atrativos para os colonizadores.[45] Uma pequena quantidade de indígenas habitavam a região e nada restou ouro e prata.[45] Por isso, o litoral leste continuou quase sem exploração até o início do século XVII, na época em que a fertilidade do solo para a lavoura e a pecuária foi verificada pelos europeus.[45]
Já se colonizou boa parte do território da América Latina[48] numa época anterior à chegada definitiva dos colonizadores ingleses na América do Norte, mais precisamente onde é hoje o estado mais antigo dos Estados Unidos, a Virgínia em 1607.[49][50] A maior parte dos espanhóis e portugueses vindos para a América Latina queria se enriquecer com rapidez e retornar aos países de onde vieram.[51] Porém, em suas expedições existiam, também, artesãos e camponeses, os quais queriam iniciar um novo tipo de vida.[46]
Movimentos de independência
As colônias da América Latina ficaram sendo dominadas pela Europa por aproximadamente 300 anos.[52] Entre 1791 e 1824, a maior parte das colônias que batalharam em guerras, foram libertadas do domínio europeu por esses conflitos.[53] Todo o país possuía seus próprios heróis revolucionários, porém, ambos os homens mereceram destaque como líderes da América Latina independente.[35] Um dos dois é general venezuelano Simón Bolívar (1783-1830) que venceu libertando a Venezuela, a Colômbia, o Equador, o Peru e a Bolívia.[54] O outro é José de San Martín (1778-1850), general argentino e líder de um exército, que saiu da Argentina, e auxiliou para que o Chile se tornasse independente da Espanha.[55] Contribuiu, também, para que o Peru fosse libertado.[55]
A maior parte das colônias possuía quatro motivos de base para batalhar pela independência:[35]
- Muitos mestiços enriquecidos que tinham fazendas, pensavam que era obrigatório participar ativamente no governo de seus países. Em geral, os espanhóis encaravam menosprezadamente os mestiços, que não eram nada socialmente prestigiados. Sendo dessa forma, os mestiços que influenciaram em cima dos nativos, foram líderes de rebeliões que destituíram os senhores europeus;[35]
- Os crioulos (descendentes de espanhóis que nasceram nas Américas) não admitiram a ocupação exclusiva de cargos da administração pública por funcionários espanhóis. Os crioulos, do mesmo modo que os mestiços, desejavam possuir representantes ou políticos que defendessem os seus direitos no governo;[35]
- O comércio entre as colônias na América Latina foi proibido pelos reinos da Espanha e de Portugal, que obrigavam-na a comerciar com as metrópoles.[56] Os governos da Espanha e de Portugal aboliram uma grande quantidade de restrições durante o século XIX, porém, o sentimento de injustiça econômica motivou as colônias a agirem;[35]
- Aumentou nas colônias um sentimento de patriotismo, e o povo de classes diferenciadas da sociedade juntou-se para que fosse exigido o direito de governar a si mesmo.[35]
O Haiti se revoltou contra a França, em 1791.[57] Em 1804, o Haiti foi proclamado independente e elevado à categoria de república negra mais antiga das Américas e do mundo.[58] Um antigo escravo negro, Toussaint l'Ouverture (1743-1803) foi o mais importante líder haitiano que lutou pela liberdade de seu povo.[53]
A ocorrência de incidentes na Europa foi a causa das batalhas independentistas nas colônias localizadas na América Latina.[59] Os reinos da Espanha e de Portugal passavam a entrar em decadência como potências mundiais.[59] Em 1808, a derrubada franco-napoleônica de Fernando VII da Espanha, substituído por seu irmão, José Bonaparte[60] levou os hispano-americanos a reagirem violentamente.[59] Em 1810, exemplificando, a revolta dos mexicanos foi contrária aos governantes espanhóis de José Bonaparte.[61] Os dois líderes da revolta mexicana foram ambos os padres Miguel Hidalgo y Costilla (1753-1811) e José Maria Morelos y Pavón (1765-1815).[61] Também em 1810, Chile foi declarado independente do Reino da Espanha pelos grandes fazendeiros do país andino.[62] Mas perderam das forças espanholas.[59] O Chile foi declarado finalmente independente em 1818, com as forças cujos líderes foram o herói chileno foi Bernardo O'Higgins (1778-1842) e por San Martin.[63]
A tentativa de libertação do país de nascimento de Francisco de Miranda (1750-1816), revoltoso venezuelano, foi infrutífera em 1806 e pela segunda vez em 1811.[64] Simón Bolívar, que seguia Miranda, havia empreendido um novo tipo de campanha em 1813.[54] A luta de seus exércitos, que finalmente venceram no atual distrito peruano de Ayacucho em 1824, foi contrária às forças espanholas por mais de 10 anos.[54] Esta glória libertou o total das colônias do Reino da Espanha na América do Sul.[54]
O Brasil proclamou sua independência de Portugal sem declarar guerra. Em 1808, João VI de Portugal (1767-1826) encontrou refúgio durante a invasão napoleônica em seu país.[65] Voltou a Lisboa 14 anos depois que Napoleão Bonaparte foi derrotado.[59] Seu filho Pedro (1798-1834) foi deixado pelo então rei de Portugal para que governasse o Brasil como regente.[59] Porém, o povo brasileiro, do mesmo modo que os povos que habitavam as colônias do Reino da Espanha, não desejava que os europeus os governassem.[59] Desejava que o Brasil fosse libertado de Portugal.[59] No dia 7 de setembro de 1822, proclamou a independência do Império do Brasil e ascendeu ao trono como Pedro I do Brasil.
Em 1821, a autoridade do Reino da Espanha foi repudiada pelos cidadãos nascidos na América Central.[59] Os rebeldes não resistiram muito, já que as forças do Reino da Espanha eram reduzidas e o partido dos revolucionários foi tomado pelo governador espanhol.[59]
Conflitos regionais
As relações internacionais entre os países fronteiriços latino-americanos foram pontilhadas por uma grande quantidade de lutas menos importantes, além de uma grande variedade de guerras.[66] O maior desses conflitos foi a Guerra do Paraguai, pela qual os três países da Tríplice Aliança (Brasil, Argentina e Uruguai) e o vilão Paraguai estiveram envolvidos. Seu tempo de duração foi entre 1864 e 1870.[67] O Paraguai alargou suas fronteiras, e isso provocou principalmente as lutas, ainda nos tempos atuais se discutem certas fronteiras do país e esses limites geopolíticos são controversos.[66]
Nos primeiros anos do século XIX, os problemas que existiam dentre ambas as potências de maior dimensão geopolítica da América do Sul — a Argentina e o Brasil — foram centralizados na área de ocupação do atual Uruguai.[66] Em 1825, desenvolveu-se a guerra entre Brasil e Argentina. Três anos depois o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio da Prata reconheceram a área em disputa como país independente, o Uruguai.[66][68]
Em 1932, a Bolívia e o Paraguai guerrearam porque um dos dois países queria se apossar do Gran Chaco.[69] As negociações de paz iniciaram-se em 1935 e, em 1938, um acordo final dava 237 800 km² de extensão territorial em litígio para o Paraguai.[66] Ambos os lados não se satisfizeram.[66]
O Chile batalhou contra a Bolívia e o Peru entre 1879 e 1883, porque o Chile desejava discutir sobre nitratos.[70] A guerra foi vencida pelo Chile, que tomou posse da região a qual era enriquecida de nitrato e que obrigou a Bolívia a deixar o seu litoral antes banhado pelo Pacífico.[70] A partir de então, a Bolívia não é mais banhada por litoral marítimo.[70] O Chile e o Peru debateram por questões limítrofes até o acerto finalizado de sua situação geográfica, em 1929.[66]
Equador e Peru batalharam porque um dos dois países queria se apossar de uma área agreste, não disponível nos mapas, que se estendia do Equador até a região oeste do Brasil.[66] De 1940 até 1941, ambos os países batalharam porque essa região era litigiada.[66][71] O Peru venceu o Equador, que havia anexado quase o território inteiro aos peruanos.[71]
Era contemporânea e integração
A economia da maior parte dos países da América Latina é dependente, em sua maioria, de produtos agrícolas e minerais exportados para a Europa e os Estados Unidos.[72] Ao contrário, os produtos de importação latino-americanos vindos da Europa e dos EUA são em sua maioria os artigos manufaturados necessários para fins educativos, culturais, midiáticos, medicinais, tecnológicos, etc.[73] Há uma pequena quantidade de intercâmbio comercial entre os países da América Latina, especialmente devido à produção de matérias-primas pela maior parte deles.[71] Mas, depois da Segunda Guerra Mundial, o desenvolvimento da indústria manufatureira foi rápido em uma grande variedade de países, principalmente na Argentina, no Brasil, no Chile, no México e na Venezuela.[71][74]
A industrialização cresceu muito, e isso motivou que diversas conferências fossem realizadas, nos anos 1950, as quais objetivavam ao incremento do intercâmbio comercial dentre os países latino-americanos.[73] Enfim, em fevereiro de 1960, numa reunião que se realizou em Montevidéu, Uruguai, formou-se a Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC).[75] O acordo da ALALC foi assinado por sete países, a saber: Argentina, Brasil, Chile, México, Paraguai, Peru e Uruguai.[76] Em 1961, Colômbia e Equador entraram para a ALALC.[76] A Venezuela aderiu à ALALC em 1966, e a Bolívia em 1967.[76] Os países signatários permitiram que fosse eliminada a maioria das restrições comerciais dentre eles, incluindo restrições alfandegárias e tarifárias, até 1980.[76] A Associação Latino-Americana de Integração (ALADI) substituiu o sistema em 1980.[77]
Em dezembro de 1960, quatro países da América Central constituíram uma organização parecida. Um tratado de Integração Econômica Centro-Americana foi assinado por El Salvador, Guatemala, Honduras e Nicarágua. Em 1963, a Costa Rica aderiu a esta organização denominada, em geral, de Mercado Comum Centro-Americano.[78]
Embora exista uma grande quantidade de problemas, o comércio entre os países da América Latina havia aumentado, sendo influenciado por dois ou três acordos.[71] Exemplificando, o algodão mexicano ou brasileiro está sendo importado pelo Chile, em contrapartida ao algodão que antes seria comprado nos Estados Unidos.[71] O México exporta aço para uma grande variedade de países da América do Sul, e produtos industrializados no Brasil, como máquinas de escrever e computadores, são exportados para o Chile e o Paraguai.[71] Em 1969, um acordo econômico denominado Pacto Andino foi assinado por Bolívia, Chile, Colômbia, Equador e Peru.[79] Os países haviam convencionado que acabassem, até 1980, com as barreiras comerciais dentre eles.[71]
No século XXI houve a guinada à esquerda, que foi um aumento no número de governos de esquerda pelo continente.[80] Pouco depois, em meados dos anos 2010, houve a onda conservadora, caracterizada pela ascensão, desta vez, de governos de centro-direita e direita.[81]