Lista sucessória dos patriarcas ecumênicos de Constantinopla
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A Igreja que peregrina em Bizâncio (em grego: Βυζάντιον; romaniz.:Byzántion) remonta ao tempo dos Doze Apóstolos quando, segundo a tradição, Santo André a erigiu.
A importância da "Sede Constantinopolitana" e de seu bispo foi fortemente marcada pela ascensão da cidade a capital do Império Romano, a "Nova Roma". Por esse tempo, seu bispo era o segundo em importância, após o Papa, mas o IV Sínodo Eumênico conferiu a ele as mesmas honras de sua contraparte romana.
A relação da Sé de Constantinopla com a Sé de Roma foi sempre muito conturbada. Entre o ano de 323 e Fócio, em 852, foram 203 anos em cisma em 529 anos no totalː[1]
- 55 anos durante a controvérsia ariana
- 11 anos durante a deposição de São João Crisóstomo
- 35 anos durante o cisma acaciano
- 41 anos durante a controvérsia monotelita
- 61 anos durante o iconoclasma
Até o Concílio de Calcedônia, em 451, a comunidade cristã local foi liderada por um bispo até que a capital imperial se mudou para lá, quando passou a ter um arcebispo. No concílio, a sede foi elevada ao status de patriarcado.[2]
Número | Nome | Período | Observações | Ref. | |
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Bispos de Bizâncio | |||||
01 | Santo André, apóstolo | ? - 38 | De acordo com Hipólito de Roma, ele pregou na Trácia e sua presença em Bizâncio também é mencionada no apócrifo "Atos de André", escrito no século II. Esta diocese se desenvolverá e acabará por se tornar o Patriarcado de Constantinopla. André é, por isso, considerado como seu fundador. | [3][4][5] | |
02 | Estácio | 38-54 | Discípulo de André, foi ordenado bispo de Bizâncio por ele. É um dos Setenta Discípulos. | [6] | |
03 | Santo Onésimo | 54-68 | Após um hiato de três anos, o ex-escravo de Filémon foi ordenado bispo. Sua história é contada em Filemom 1:10–16. Mártir. | [7][8] | |
04 | Policarpo I | 71-89 | Seu episcopado coincidiu com o reinado do imperador romano Domiciano. | [9] | |
05 | Plutarco | 89-105 | Seu episcopado coincidiu com o reinado do imperador romano Trajano (r. 98–117) e sua perseguição aos cristãos. | [10] | |
06 | Sedecião | 105-114 | Seu episcopado coincidiu com o reinado do imperador romano Trajano e sua perseguição aos cristãos. | [11] | |
07 | Diógenes | 114-129 | Seu episcopado coincidiu com os reinados dos imperadores romanos Trajano e Adriano (r. 117–138). | [12] | |
08 | Eleutério | 129-136 | Seu episcopado coincidiu com o reinado do imperador romano Adriano | [13] | |
09 | Félix | 136-141 | Seu episcopado coincidiu com os reinados dos imperadores romanos Adriano e Antonino Pio. | [14] | |
10 | Policarpo II | 141-144 | Teria reinado por 17 anos segundo fontes antigas. Nicéforo Calisto afirma que foram apenas três e é este o período aceito pelo Patriarcado Ecumênico de Constantinopla. | [15] | |
11 | Atenodoro | 144-148 | Mudou a sede da diocese para Elaia, hoje um subúrbio de Constantinopla, onde construiu uma catedral dedicada ao Martírio de Eleazar. | [16] | |
12 | Euzois | 148-154 | Durante seu episcopado houve outra perseguição aos cristãos, patrocinada pelo imperador Antonino Pio (r. 138–161). | [17] | |
13 | Laurêncio | 154-166 | Seu episcopado coincidiu com o reinado dos imperadores romanos Antonino Pio e Marco Aurélio (r. 161–180). | [18] | |
14 | Alípio | 166-169 | Todas as datas sobre o seu episcopado são incertas. Há fontes que falam em 13 anos. O número aceito pelo Patriarcado Ecumênico de Constantinopla é 3 anos. | [19] | |
15 | Pertinaz | 169-187 | Um soldado romano convertido ao cristianismo após ter sido curado milagrosamente de uma doença que o afligia. | [20] | |
16 | Olimpiano | 187-198 | Bizâncio foi ocupada por Sétimo Severo (r. 193–211), que estava em conflito com o usurpador Níger (r. 193–194). | [21] | |
17 | Marcos I | 198-211 | A perseguição aos cristãos iniciada por Sétimo Severo foi tão forte que acredita-se que ele tenha fugido e deixado a sé de Bizâncio nas mãos de um padre por oito anos. | [22][23] | |
18 | Filadelfo | 211-214/217 | Reinou por seis anos após o hiato em que a diocese ficou nas mãos de um padre por conta das perseguições aos cristãos. | [23] | |
19 | Ciríaco I | 214/217-230 | Não se sabe com certeza quando começou o seu episcopado e terminou o de Filadelfo. | [24] | |
20 | São Castino | 230-237 | Ele foi certamente o primeiro bispo a se mudar para cidade de Bizâncio propriamente dita. Há controvérsia se foi ele quem construiu a famosa igreja de Santa Eufêmia, a terceira sede episcopal. Algumas fontes atribuem o feito ao 23º bispo, Domécio. É considerado um santo. | [25][26] | |
21 | Eugênio I | 240-265 ou 237 - 242 |
Seu episcopado parece ter coincido com o de Tito e ocorreu durante o reinado do imperador romano Gordiano III (r. 238–244). | [27] | |
22 | Tito | 242-272 | Reinou por trinta anos, período no qual ocorreram as perseguições de Décio e de Valeriano. | [28] | |
23 | Domécio | 272-284 | Parece ter sido um irmão do imperador romano Probo (r. 276–282). Disputa com Castino a honra de ter construído a nova sede do episcopado, a igreja de Santa Eufêmia. Foi pai de pelo menos um outro bispo de Bizâncio, Probo, e possivelmente de Metrófanes, de quem pode ser avô. | [25][26][29] | |
24 | Rufino I | 284-293 | Reinou entre Domécio e Probo, pai e filho. | [30] | |
25 | Probo | 293-306/315 | Filho de Domécio e irmão (ou filho) de Metrófanes. | [31] | |
26 | São Metrófanes | 306-314 | Ele parece ter se aposentado antes de morrer, pois ele estaria vivo durante o primeiro concílio de Niceia, do qual não pôde participar por conta da idade avançada (teria 117 anos). É considerado um santo. | [25][32] | |
27 | Santo Alexandre | 314-337 | Durante o seu episcopado, a capital do Império Romano se mudou para Bizâncio e a cidade foi rebatizada como Constantinopla, em homenagem ao primeiro imperador cristão, Constantino I (r. 306–337), que promoveu a mudança. Alexandre esteve no primeiro concílio de Niceia e foi um dos primeiros adversários de Ário durante a controvérsia ariana. Na luta contra o arianismo, se envolveu em muitas disputas contra os partidários de Eusébio de Nicomédia. | [33] | |
Arcebispos de Constantinopla | |||||
28 | São Paulo, o Confessor | 337-339 | No auge da controvérsia ariana, o episcopado de Paulo foi um dos mais conturbados da história da cidade. Ele foi deposto e reconduzido ao cargo por três vezes e em todas elas o seu adversário era um ariano. No seu primeiro período, foi banido pelo imperador romano Constâncio II (r. 337–361), um ferrenho ariano, que trouxe o líder dos eusebianos, Eusébio de Nicomédia, para ser o arcebispo da cidade. É considerado um santo. | [34] | |
29 | Eusébio de Nicomédia | 339-341 | Discípulo de Ário e de Luciano de Antioquia, era um dos mais proeminentes defensores do arianismo. Com a ajuda de Constâncio II, foi nomeado arcebispo de Constantinopla, posição que só deixou na morte. | [35] | |
28* | Paulo I, restaurado | 341-342 | Com a morte de Eusébio, Paulo foi reconduzido à posição. Porém, os arianos da cidade elegeram Macedônio como bispo alternativo. A disputa só se resolveu com nova interferência de Constâncio II, que foi pessoalmente à cidade para expulsar Paulo e oficializar o episcopado de Macedônio. | [34] | |
30 | Macedônio I | 342-346 | Apesar de ter sido acusado pelo imperador Constâncio II de ter parte nos distúrbios que precederam à derrubada de Paulo, Macedônio conseguiu permanecer na posição. Por causa da disputa com Constante I, Macedônio acabou deposto. | [36] | |
28* | Paulo I, restaurado | 346-351 | Depois de ter ido a Roma com o também deposto Atanásio de Alexandria pedir ajuda ao Papa Júlio I, Paulo conseguiu novamente sua sede. E, pela última vez, foi deposto e exilado por ordens de Constâncio II cinco anos depois. | [34] | |
30* | Macedônio I, restaurado | 351-360 | Reconduzido ao cargo, Macedônio agora ficou famosos por seus ensinamentos, diferentes tanto dos arianos quanto dos cristãos ortodoxos, o chamado macedonianismo. Ele acreditava que o Espírito Santo era criado e inferior às demais pessoas da Trindade. Ele acabou exilado também por um erro que foi aproveitado pelos seus inimigos, principalmente os semi-arianos Eudóxio de Antioquia e Acácio de Cesareia: tentar remover os restos mortais de um ortodoxo de local, algo considerado um sacrilégio. | [36] | |
31 | Eudóxio de Antioquia | 360-370 | Um semi-ariano, Eudóxio participou de quase todos os concílios realizados durante a controvérsia ariana. Antes de se tornar arcebispo de Constantinopla, foi também bispo de Antioquia e da Germanícia. | [37] | |
32 | Demófilo | 370-379 | Eleito pelos arianos, Demófilo conseguiu se manter no posto com a ajuda do imperador Valente (r. 364–378), também ariano. Os ortodoxos da cidade elegeram Evágrio e conseguiram Eustácio de Antioquia, que tinha sido deposto pelos arianos, o consagrasse. Após a morte de Demófilo, mais dois outros bispos arianos continuaram a "linha sucessória" em paralelo com os ortodoxos, Marino (ca. 379 - ca. 388) e Doroteu de Antioquia (ca. 388 - ca. 407). | [38][39] | |
33 | Evágrio | 370-379 | Ortodoxo, não conseguiu reinar por conta do apoio do imperador Valente ao seu adversário, Demófilo. Ele foi preso e deportado. | [40] | |
34 | Gregório I Nazianzeno, o Teólogo | 379-381 | Provavelmente o mais famoso ocupante da posição, Gregório é considerado um dos grandes teólogos da antiguidade. O seu episcopado marcou o retorno da Igreja de Constantinopla para as mãos ortodoxas, depois de mais de quarenta anos de bispos arianos, apoiado pelo imperador romano Teodósio II (r. 408–450). Para tentar acabar de vez com a controvérsia ariana, o imperador convocou o primeiro concílio de Constantinopla, que Gregório acabou presidindo após a morte de Melécio de Antioquia. Porém, ele se mostrou incapaz de lidar com a política na corte imperial e acabou renunciando, voltando para Nazianzo. Seu curto episcopado também foi disputado por Máximo, o Cínico, um antigo aliado. | [41] | |
35 | Máximo, o Cínico | 380 | Eleito bispo com o apoio do arcebispo de Alexandria, Pedro II, Máximo tentou se aproveitar de uma doença de Gregório para se colocar como arcebispo de Constantinopla. Expulso pela população, ele tentou o apoio do imperador Teodósio II e do Papa Dâmaso II, sem sucesso. A renúncia de Gregório e a morte de Pedro acabaram com suas chances de recuperar a sé episcopal. Apesar de ter recebido algum apoio, suas reivindicações só foram definitivamente recusadas em 382 | [42] | |
36 | São Nectário | 381-397 | Um catecúmeno, sucedeu a Gregório após sua renúncia. Como presidente, conduziu o primeiro concílio de Constantinopla até o final, apesar da polêmica por conta de não ter sido batizado. Ele era irmão de Arsácio de Tarso, que também seria arcebispo de Constantinopla. É considerado um santo. | [43] | |
37 | João I Crisóstomo | 398-404 | Outro famoso ocupante do cargo, é um Doutor da Igreja. Foi eleito contra a sua vontade e acabou provocando a ira da esposa do imperador Arcádio (r. 395–408), Élia Eudóxia. Teófilo, arcebispo de Alexandria, querendo aumentar sua influência o acusava de ser um origenista. Os dois convocaram o Sínodo do Carvalho, que acabou por depô-lo e bani-lo. Chamado de volta para acalmar a população, furiosa com a deposição, Crisóstomo foi novamente expulso por denunciar uma estátua de prata da imperatriz como herética. Ele morreu a caminho do desterro. | [44][45][46] | |
38 | Arsácio de Tarso | 404-405 | Seu curto episcopado, patrocinado pelo imperador Arcádio e sua esposa, Élia Eudóxia, nunca foi aceito completamente, nem pelo clero e nem pela população de Constantinopla. Ferozes perseguições aos seguidores de Crisóstomo foram realizadas no período, além de deposições e expulsões. O Papa Inocêncio I interveio condenando o já idoso arcebispo, que acabou a controvérsia ao morrer em 405 | [47] | |
39 | Santo Ático | 406-425 | Também um adversário de Crisóstomo, continuou o trabalho de Arsácio. Perseguiu os seguidores do antigo arcebispo, forçando-os ao exílio ou à clandestinidade. A disputa só terminou em 407, quando Crisóstomo morreu. Ele foi um zeloso adversário de heréticos (principalmente o pelagianismo) e trabalhou incansavelmente para reforçar o poder da Igreja de Constantinopla. É considerado um santo. | [48] | |
40 | Sisínio I | 426-427 | Quase nada se sabe sobre ele. | [49] | |
41 | Nestório | 428-431 | Fundador do nestorianismo, crença que pregava na separação completa das "pessoas" de Deus Pai e Deus Filho. Além disso, pregava contra o título de "Mãe de Deus" (Teótoco) para Maria. Foi condenado e deposto pelo primeiro concílio de Éfeso. A controvérsia nestoriana se estendeu ainda por alguns anos, terminando em 433, quando Nestório foi anatemizado e excomungado. | [50] | |
42 | Maximiano | 431-434 | Pego na confusão em que a cidade de Constantinopla foi atirada após a deposição de Nestório, Maximiano fez o que pôde para restaurar a unidade da igreja, dividida por conta dos anátemas de Cirilo de Alexandria contra os nestorianos. | [51] | |
43 | Proclo | 434-446 | Um bispo muito admirado por seu tato diplomático, conseguiu apaziguar os ânimos no oriente, ainda acesos pela controvérsia nestoriana e pelos questionamentos dos armênios sobre a doutrina de Teodoro de Mopsuéstia. É venerado como santo. | [52] | |
44 | Flaviano | 446-449 | Durante o seu episcopado, Eutiques, proponente do monofisismo, foi condenado e, logo em seguida, com o apoio do patriarca de Alexandria, Dióscoro, foi reabilitado no infame "Latrocínio de Éfeso", que também depôs Flaviano. O já idoso arcebispo foi em seguida brutalmente atacado e acabou morrendo por causa dos ferimentos. A controvérsia monofisista só terminaria no Concílio de Calcedônia, em 451. É venerado como santo. | [53] | |
45 | Anatólio | 449-458 | Um monofisista, foi eleito por imposição de Dióscoro de Alexandria. Por influência de Élia Pulquéria, irmã do imperador romano Teodósio II, que queria boas relações com o bispo de Roma, anatemizou Eutiques e Nestório. Durante o seu episcopado se realizou o Concílio de Calcedônia, que efetivamente terminou a controvérsia monofisista, mas à custa de um cisma na Igreja de Alexandria, que permanece "miafisista" (uma forma do monofisismo) até hoje (Igreja Ortodoxa Copta de Alexandria). É venerado como santo. Anatólio foi elevado ao status de patriarca em Calcedônia. | [54] | |