Arquitetura de Madagáscar
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A arquitetura de Madagáscar (português europeu) ou Madagascar (português brasileiro) é única na África, tendo forte semelhança com as normas e métodos construtivos do sul de Bornéu, do qual se acredita que os primeiros habitantes de Madagascar tenham imigrado. Ao longo de Madagascar e da região de Calimantã, em Bornéu, a maioria das casas tradicionais segue uma forma retangular em vez de redonda, e apresenta um telhado pontiagudo inclinado, apoiado por um pilar central.
As diferenças nos materiais de construção tradicionais predominantes utilizados servem de base para muito da diversidade na arquitetura malgaxe. Os vegetais disponíveis na ilha foram os materiais mais antigos utilizados e continuam sendo os mais comuns entre as comunidades tradicionais. Em zonas intermediárias entre o Planalto Central e áreas costeiras úmidas, desenvolveram-se variações mistas que usam cob. A construção de madeira, outrora comum em toda a ilha, diminuiu à medida que uma população humana em crescimento destruía as maiores áreas de floresta tropical virgem para a agricultura e pastagem de gado. As comunidades Zafimaniry das florestas montanhosas do Planalto Central são o único grupo étnico malgaxe que preservou as tradições arquitetônicas de madeira originais da ilha; seu ofício foi adicionado à lista do patrimônio cultural imaterial da UNESCO em 2003. Como a madeira tornou-se escassa ao longo do tempo, as casas de madeira tornaram-se privilégio da classe nobre em certas comunidades, como exemplificado pelas casas da aristrocacia Merina, realeza do então Reino de Madagascar. O uso da pedra como material de construção era tradicionalmente limitado à construção de túmulos, uma característica significativa da paisagem cultural em Madagascar, devido à posição proeminente ocupada pelos ancestrais nas tradições malgaxes. A ilha produziu várias tradições distintas na arquitetura funerária: entre os Mahafaly da costa sudoeste, o topo dos túmulos pode ser empilhado com os crânios de zebu sacrificado e cravado com aloalo, com túmulos esculpidos com mensagens e desenhos, enquanto os Merina constroem uma pequena casa de madeira em cima da tumba para simbolizar seu status de andriana e fornecer um espaço terrestre para abrigar os espíritos de seus ancestrais.
Os estilos tradicionais de arquitetura em Madagascar foram impactados nos últimos duzentos anos pela crescente influência dos estilos europeus. Uma mudança para a construção de tijolos no Planalto Central começou durante o reinado da Rainha Ranavalona II (1868–1883) com base em modelos introduzidos por missionários da Sociedade Missionária de Londres e contatos com outros estrangeiros. A influência estrangeira expandiu-se após o colapso da monarquia e da colonização francesa da ilha em 1896. A modernização ao longo das últimas décadas levou cada vez mais ao abandono de certas normas tradicionais relacionadas à orientação externa e ao layout interno das casas e ao uso de certas materiais de construção mais comuns no resto do mundo, particularmente no Planalto Central. Entre os mais ricos, materiais e técnicas de construção estrangeiros - ou seja, concreto importado, vidro e ferro forjado - ganharam popularidade, em detrimento das práticas tradicionais.