Operação Chumbo Fundido
conflito armado entre Israel e grupos militantes palestinos na Faixa de Gaza entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009 / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Operação Chumbo Fundido (em hebraico: מבצע עופרת יצוקה; trans.: Mivtza Oferet Yetsuká, "chumbo fundido",[1] também chamada, incorretamente, de "Operação Chumbo Grosso") é uma grande ofensiva militar das Forças de Defesa de Israel, realizada na Faixa de Gaza, partir do dia 27 de dezembro de 2008, sexto dia da festa judaica de Hanucá.[2] Todavia, na maior parte do mundo árabe, a ação israelense é referida como Massacre de Gaza (em árabe: مجزرة غزة).[3][4][5][6][7][8][9][10][11][12]
Operação Chumbo Fundido | |||
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história do Conflito israelo-palestino | |||
Área do conflito | |||
Data | 27 de dezembro de 2008–18 de janeiro de 2009 | ||
Local | Mapa da Faixa de Gaza indicando área urbana, campos de refugiados e pontos de passagem. | ||
Desfecho | Vitória militar israelense
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Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Baixas | |||
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O ataque israelense ocorreu dias após o fim de um cessar-fogo, que vigorou por seis meses,[13][13][14][15] conforme havia sido acordado entre o governo de Israel e representantes do Hamas, partido majoritário no Conselho Legislativo da Palestina e que controla a Faixa de Gaza.[16][17] Como Israel não suspendeu o bloqueio à Faixa de Gaza e não cessou os ataques ao território palestino,[18][19][20][21] militantes do Hamas anunciaram o encerramento oficial da trégua[22][23][24] e passaram a lançar foguetes caseiros, tipo Qassam, em direção ao sul do território israelense.[25][26][27] Dias depois do anúncio do fim do cessar-fogo, o próprio grupo palestino ofereceu uma proposta para renovar a trégua, condicionando-a ao fim do bloqueio israelense ao território palestino.[28][29][30] Todavia, já em 27 de dezembro de 2008, as Forças de Defesa de Israel iniciaram a sua mais intensa operação militar contra um território palestino desde a Guerra dos Seis Dias (1967). Oficialmente, o objetivo da operação era interromper os ataques de foguetes do Hamas contra o território israelense.[31][32][33][34]
No primeiro dia da ofensiva militar, a força aérea israelense lançou, em um intervalo de quatro minutos, mais de cem bombas contra bases, escritórios e campos de treinamento do Hamas[35][36] nas principais cidades da Faixa de Gaza, entre as quais Cidade de Gaza, Beit Hanoun, Khan Younis e Rafah.[37][38][39][40][41][42][43][44] Também foram alvos de ataques a infraestrutura civil, incluindo casas, escolas e mesquitas; Israel disse que destes locais são disparados muitos dos foguetes palestinos ou servem para esconder munição, e portanto não seriam alvos civis.[45][46][47][48][49][50][51] A marinha israelense também reforçou o bloqueio e bombardeou alvos na Faixa de Gaza, o que resultou em um incidente com o barco de uma organização pacifista, que trazia ajuda médica para a população de Gaza.[52][53][54][55][56][57] Militantes do Hamas intensificaram os ataques de foguetes e morteiros em direção ao sul de Israel,[58] atingindo cidades como Bersebá e Asdode.[58][59][60]
Na noite de 3 de janeiro de 2009, começou a ofensiva por terra, com tropas e tanques israelenses entrando no território palestino.[61] Em 17 de janeiro, o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert anunciou uma trégua unilateral, a vigorar a partir da madrugada do dia seguinte.[62] O Hamas também anunciou um cessar-fogo imediato na Faixa de Gaza. O representante do grupo, Ayman Taha, afirmou que a trégua valeria por uma semana, para que os israelenses pudessem retirar suas tropas da região.[63] O Exército de Israel declarou que retiraria suas tropas da Faixa de Gaza até a posse de Barack Obama na presidência dos Estados Unidos, no dia 20 de janeiro.[64]
Em 21 de janeiro, Israel completou a retirada de suas tropas da Faixa de Gaza.[65] Em 1.º de junho uma comissão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, chefiada pelo juiz sul-africano Richard Goldstone, chegou à Faixa de Gaza, para investigar possíveis violações dos direitos humanos durante a ofensiva israelense. Em 15 de setembro de 2009, a comissão apresentou seu relatório, concluindo que Israel "cometeu crimes de guerra e, possivelmente, contra a humanidade", e que "o plano visava, pelo menos em parte, a população de Gaza como um todo".[66] O mesmo relatório reconheceu que o lançamento de foguetes pelos insurgentes palestinos também configura crime de guerra. Segundo a ONG israelense de direitos humanos B'Tselem, a Operação Chumbo Fundido resultou na morte de 1 387 palestinos, mais da metade deles civis. 773 deles não participaram nos combates, incluindo 320 jovens ou crianças (252 com menos de 16 anos) e 111 mulheres.[67] Do lado de Israel, houve 13 mortos, sendo três deles por "fogo amigo".[68]