Austrália
país da Oceania / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Austrália (em inglês: Australia, pronunciado: [ɒˈstreɪliə, ə-], coloquialmente: [-jə]), oficialmente Comunidade da Austrália (em inglês: Commonwealth of Australia), é um país do hemisfério sul, localizado na Oceania, que compreende a menor área continental do mundo[6][7] ("continente australiano"), a ilha da Tasmânia e várias ilhas adjacentes nos oceanos Índico e Pacífico. O continente-ilha, como a Austrália por vezes é chamada, é banhado pelo oceano Índico, ao sul, e a oeste pelo mar de Timor, mar de Arafura e Estreito de Torres, a norte, e pelo mar de Coral e mar da Tasmânia, a leste. Através destes mares, tem fronteira marítima com a Indonésia, Timor-Leste e Papua-Nova Guiné, a norte, e com o território francês da Nova Caledónia, a leste, e a Nova Zelândia a sudeste.
Durante cerca de 40 000 anos antes da colonização europeia iniciada no final do século XVIII, o continente australiano e a Tasmânia eram habitadas por cerca de 250 nações individuais de aborígenes.[8][9] Após visitas esporádicas de pescadores do norte e pela descoberta europeia por parte de exploradores holandeses em 1606,[10] a metade oriental da Austrália foi reivindicada pelos britânicos em 1770 e inicialmente colonizada por meio do transporte de presos para a colônia de Nova Gales do Sul, fundada em 26 de janeiro de 1788. Nas décadas seguintes, os britânicos exploraram e empreenderam a conquista colonial do resto da Austrália. A sua expansão levou ao conflito com os 300 000 a 1 milhão de australianos aborígenes, que tentaram resistir à sua despossessão.[11] A população aumentou de forma constante nos anos seguintes, o continente foi explorado e, durante o século XIX, outros cinco grandes territórios autogovernados foram estabelecidos.
Em 1 de janeiro de 1901, as seis colônias se tornaram uma federação e a Comunidade da Austrália foi formada. Desde a Federação, a Austrália tem mantido um sistema político democrático liberal estável e continua a ser um reino da Commonwealth. A população do país é de 23,4 milhões de habitantes, com cerca de 60% concentrados em torno das capitais continentais estaduais de Sydney, Melbourne, Brisbane, Perth e Adelaide. Sua capital é Camberra, localizada no Território da Capital Australiana.
Tecnologicamente avançada e industrializada, a Austrália é um próspero país multicultural e tem excelentes resultados em muitas comparações internacionais de desempenhos nacionais, tais como saúde, esperança de vida, qualidade de vida, desenvolvimento humano, educação pública, liberdade econômica, bem como a proteção de liberdades civis e direitos políticos.[12] As cidades australianas também rotineiramente situam-se entre as mais altas do mundo em termos de habitabilidade, oferta cultural e qualidade de vida. A Austrália é o país com o quinto maior índice de desenvolvimento humano do mundo (IDH). É membro da Organização das Nações Unidas (ONU), G20, Comunidade das Nações, ANZUS, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), bem como a Organização Mundial do Comércio (OMC).
Pronunciado em inglês australiano como [əˈstɹæɪljə, -liə],[13] o nome Austrália vem da palavra em latim australis, que significa "austral", ou seja, "do sul"; e sua origem data de lendas do século II sobre a "terra desconhecida do sul" (terra australis incognita). O país tem sido chamado coloquialmente como Oz desde o início do século XX.N2 Aussie é um termo comum e coloquial para "australiano".N3
Lendas de uma "terra desconhecida do sul" (terra australis incognita) remontam à época romana e eram comuns na geografia medieval, mas não eram baseadas em qualquer conhecimento documentado do continente. O primeiro uso da palavra na Australia em inglês foi em 1625, em "A note of Australia del Espíritu Santo, escrito por Master Hakluyt" e publicado por Samuel Purchas em Hakluytus Posthumus.[14] A forma adjetiva holandesa Australische foi usada pelos holandeses funcionários da Companhia Britânica das Índias Orientais, em Batavia (atual Jacarta, na Indonésia) para se referir à terra recém-descoberta no sul em 1638. O termo Austrália foi utilizado em 1693 uma tradução de Les Aventures de Jacques Sadeur dans la Découverte et le Voyage de la Terre Australe, um romance francês de 1676 de Gabriel de Foigny, sob o pseudônimo de Jacques-Sadeur.[15] Alexander Dalrymple utilizou o termo em An Historical Collection of Voyages and Discoveries in the South Pacific Ocean (1771), referindo-se a toda a região Sul do Pacífico. Em 1793, George Shaw e Sir James Smith publicaram Zoology and Botany of New Holland, na qual escreveram sobre "a ilha grande, ou melhor, os continentes, da Austrália, Australásia ou Nova Holanda".[16] A palavra também apareceu em um gráfico de 1799 de James Wilson.[17]
O nome Austrália foi popularizado por Matthew Flinders, que usou o nome que seria formalmente aprovado em 1804. Ao elaborar o seu manuscrito e as cartas para o seu A Voyage to Terra Australis de 1814, ele foi convencido por seu patrono, Sir Joseph Banks, a usar o termo Terra Australis pois este era o nome mais familiar ao público. Flinders fez isso, mas permitiu-se a uma nota de rodapé:
Se eu tivesse me permitido qualquer tipo de inovação no termo original, teria sido para convertê-lo para Austrália; como sendo mais agradável ao ouvido e uma assimilação com os nomes das outras porções grandes da terra.[18]
Esta é a única ocorrência da palavra Austrália no texto; mas no Apêndice III de General remarks, geographical and systematical, on the botany of Terra Australis, de Robert Brown, o autor faz uso da forma adjetiva australiano,[19] o primeiro uso dessa forma.[20] Apesar da concepção popular, o livro não foi determinante na adoção do nome: o nome veio gradualmente a ser aceito nos dez anos seguintes.[21] Lachlan Macquarie, um governador da Nova Gales do Sul, em seguida usou o termo em seus despachos para a Inglaterra, e em 12 de dezembro de 1817 recomendou ao Instituto Colonial que fosse formalmente adotado.[22] Em 1824, o Almirantado concordou que o continente deveria ser conhecido oficialmente como Austrália.[23]
Pré-história
A habitação humana da Austrália teve seu início estimado entre 48 000 e 42 000 anos atrás, possivelmente com a migração de pessoas por pontes de terra e por cruzamentos pelo mar de curta distância, no que é atualmente o sudeste da Ásia.[24]
Estes primeiros habitantes podem ter sido antepassados dos modernos indígenas australianos. Na época da colonização europeia no final do século XVIII, a maioria dos indígenas australianos eram caçadores-coletores, com uma complexa cultura oral e valores espirituais com base em reverência à terra e uma crença no Tempo do Sonho.[25]
Os habitantes das Ilhas do Estreito de Torres, etnicamente melanésios, foram originalmente horticultores e caçadores-coletores.[25]
Colonização europeia
Embora exista a teoria da descoberta da Austrália pelos portugueses,[26] há quem tenha como o primeiro avistamento europeu registrado do continente australiano e o primeiro desembarque europeu na sua costa foram atribuídos ao navegador holandês Willem Janszoon, que avistou a costa da Península do Cabo York em uma data desconhecida no começo de 1606: ele fez o desembarque em 26 de fevereiro no rio Pennefather na costa ocidental do Cabo York, perto da cidade moderna de Weipa.[27]
O holandês traçou todo o litoral oeste e norte da "Nova Holanda", durante o século XVII, mas não fez nenhuma tentativa de colonização.[27] Em 1770, James Cook navegou ao longo e mapeou a costa leste da Austrália, que chamou de Nova Gales do Sul e reivindicou para o Reino Unido.[28] As descobertas de Cook prepararam o caminho para a criação de uma nova colônia penal. A colônia da Coroa Britânica de Nova Gales do Sul foi formada em 26 de janeiro de 1788, quando o Capitão Arthur Phillip levou a Primeira Frota à Port Jackson.[29] Esta data tornou-se o Dia da Austrália, o principal feriado nacional do país. A Terra de Van Diemen, hoje conhecida como Tasmânia, foi colonizada em 1803 e tornou-se uma colônia separada em 1825.[30] O Reino Unido reclamou a parte ocidental da Austrália em 1828.[31]
Colônias separadas foram esculpidas a partir de partes de Nova Gales do Sul: Austrália Meridional em 1836, Vitória em 1851, e Queensland em 1859.[32] O Território do Norte foi fundado em 1911, quando ele foi retirado da Austrália Meridional.[33] A Austrália Meridional foi fundada como uma "província livre", que nunca foi uma colônia penal.[34] Vitória e Austrália Ocidental também foram fundadas como "livres", mas depois aceitaram transportar presos.[35][36] Uma campanha de colonos da Nova Gales do Sul levou ao fim o transporte de condenados para a colônia; o último navio com condenados chegou em 1848.[37]
A população nativa, estimada em 350 000 na época da colonização europeia,[38] diminuiu drasticamente 150 anos após a colonização, principalmente devido a doenças infecciosas.[39] As "gerações roubadas" (remoção de crianças aborígenes de suas famílias), que historiadores como Henry Reynolds alegam que poderia ser considerado um genocídio,[40] pode ter contribuído para o declínio da população indígena.[41]
Tais interpretações da história aborígenes são disputadas por comentaristas conservadores como o ex-primeiro-ministro John Howard como exageradas ou fabricadas por motivos políticos ou ideológicos.[42] Este debate é conhecido na Austrália como as Guerras da História.[43] O governo federal ganhou o poder de fazer leis com relação aos aborígines na sequência do referendo de 1967.[44] A propriedade das terras tradicionais (chamadas native title) não era reconhecida até 1992, quando a Suprema Corte da Austrália, durante o Caso Mabo contra Queensland (No 2), derrubou a noção da Austrália como terra nullius ("terra pertencem a ninguém") antes da ocupação europeia.[45]
A corrida do ouro começou na Austrália no início da década de 1850[46] e a rebelião de Eureka Stockade contra as taxas de licença de mineração em 1854 foi uma expressão inicial de desobediência civil.[47] Entre 1855 e 1890, as seis colônias individualmente adquiriram um governo responsável, gerindo a maioria dos seus próprios assuntos, enquanto parte restante do Império Britânico.[48] O Instituto Colonial em Londres manteve o controle de alguns assuntos, nomeadamente dos negócios estrangeiros,[49] defesa,[50] e de transporte marítimo internacional.
Século XX
Em 1 de janeiro de 1901, a federação das colônias foi realizada após uma década de planejamento, consulta e votação.[51] A Comunidade da Austrália foi criada e tornou-se um domínio do Império Britânico em 1907. O Território da Capital Federal (mais tarde rebatizado para Território da Capital da Austrália) foi formado em 1911 como a localização para a futura capital federal de Camberra. Melbourne foi a sede temporária do governo entre 1901 e 1927, enquanto Camberra era construída.[52] O Território do Norte foi transferido do controle do governo da Austrália Meridional para o parlamento federal, em 1911.[53]
Em 1914, a Austrália foi aliada do Reino Unido durante a Primeira Guerra Mundial, com o apoio do Partido Liberal e do Partido Trabalhista.[54] Os australianos participaram em muitas das grandes batalhas travadas na Frente Ocidental.[55] Dos cerca de 416 000 soldados que serviram, cerca de 60 000 foram mortos e outros 152 000 ficaram feridos.[56] Muitos australianos consideram a derrota da ANZAC (Forças Armadas da Austrália e Nova Zelândia) em Galípoli, atual Turquia, como o nascimento da nação, sua primeira grande ação militar.[57][58] A Campanha do Trilho de Kokoda é considerada por muitos como um evento definidor análogo da nação na Segunda Guerra Mundial.[59]
O Estatuto de Westminster (1931) terminou formalmente com a maioria das ligações constitucionais entre a Austrália e o Reino Unido. A Austrália adotou o estatuto em 1942,[60] mas com efeitos retroativos a 1939 para confirmar a validade da legislação aprovada pelo Parlamento australiano durante a Segunda Guerra Mundial.[61][62] O choque da derrota da Inglaterra na Ásia em 1942 e a ameaça da invasão japonesa fez com que a Austrália olhasse para os Estados Unidos como um novo aliado e protetor.[63] Desde 1951, a Austrália tem sido um aliado militar formal dos Estados Unidos, nos termos do tratado ANZUS.[64]
Após a Segunda Guerra Mundial, a Austrália encorajou a imigração da Europa. Desde os anos 1970 e após a abolição da política Austrália Branca, a imigração da Ásia e de outros lugares também foi promovida.[65] Como resultado, a demografia, cultura e autoimagem da Austrália foram transformadas.[66] Os laços constitucionais finais entre a Austrália e o Reino Unido foram cortados com a aprovação do Australia Act 1986, acabando com qualquer papel britânico no governo dos estados australianos e, fechando a possibilidade de recurso judicial para o Privy Council, em Londres.[67] Em um referendo de 1999, 55% dos eleitores australianos e uma maioria em cada estado australiano rejeitou a proposta do país se tornar uma república com um presidente nomeado pelo voto de dois terços de ambas as Casas do Parlamento Australiano. Desde a eleição do Governo Whitlam em 1972,[68] tem existido um foco crescente na política externa dos laços com outras nações do Pacífico, mantendo laços estreitos com os aliados tradicionais da Austrália e com parceiros comerciais.[69]
O território da Austrália tem 7 692 024 km²[71] e está sobre a placa indo-australiana. Rodeado pelos oceanos Pacífico e Índico,N4 o continente é separado da Ásia pelos mares de Arafura e Timor. Apesar de ser considerado o "menor continente do mundo"[7] a Austrália é o sexto maior país em área total,[6] (ficando atrás somente de Rússia, Canadá, China, Estados Unidos e Brasil), e devido ao seu tamanho e isolamento, é muitas vezes apelidada de "ilha continente".[72] É por vezes também considerada a "mais extensa ilha do mundo".[73] Tem 34 218 km de costa (excluindo todas as ilhas em alto-mar)[74] e reivindica uma extensa Zona Econômica Exclusiva de 8 148 250 km². Esta zona econômica exclusiva não inclui o Território Antártico Australiano.[75]
A Grande Barreira de Corais, o maior recife de coral do mundo,[76] encontra-se a uma curta distância da costa nordeste e estende-se por mais de 2 000 km. O Monte Augustus, reivindicado como o maior monólito do mundo,[77] situa-se na Austrália Ocidental. Com 2 228 m, o Monte Kosciuszko, na Grande Cordilheira Divisória, é a montanha mais alta do continente australiano, apesar de o Pico Mawson, localizado no remoto território australiano da Ilha Heard, ser mais alto, com 2 745 m de altura.[78]
O leste da Austrália é marcado pela Grande Cordilheira Divisória que corre paralela à costa de Queensland, Nova Gales do Sul e grande parte de Vitória — embora o nome não seja correto, visto que partes da cordilheira sejam constituídas por morros baixos e as terras mais altas geralmente não ultrapassem os 1 600 m de altura.[79] O planalto costeiro e o cinturão de pastagens Brigalow situam-se entre a costa e as montanhas, enquanto no interior da cordilheira divisória são grandes áreas de pastagens.[79][80] Estes incluem planícies do oeste de Nova Gales do Sul e do Planalto Einasleigh, Barkly e as terras Mulga do interior de Queensland. O ponto norte da costa leste é a tropical Península do Cabo York.[81][82][83][84]
As paisagens do norte do país, o Top End e o Golfo Country, atrás do Golfo de Carpentária, com seu clima tropical, são compostas por bosques, prados e o deserto.[85][86][87] No noroeste do continente existem rochedos de arenito e gargantas The Kimberley e abaixo a região de Pilbara, enquanto que o sul e o interior destes lugares se encontram mais áreas de pastagem.[88][89][90] O coração do país é constituído de desertos xéricos, enquanto as características proeminentes do centro e do sul incluem os desertos interiores de Simpson, Tirari-Sturt, Gibson, Great Sandy-Tanami e o Grande Deserto de Vitória com a famosa Planície de Nullarbor na costa sul.[91][92][93][94]
O clima da Austrália é significativamente influenciado pelas correntes oceânicas, incluindo o dipolo do Oceano Índico e o El Niño, que está correlacionado com a seca periódica e o sistema de baixa pressão tropical sazonal que produz ciclones no norte da Austrália.[95][96] Estes fatores induzem consideravelmente a variação de precipitação de ano para ano. Grande parte do norte do país tem uma chuva de verão tropical predominantemente (monção) climática.[97] A Austrália é o continente mais plano,[98] com os solos mais antigos e menos férteis;[99][100] o deserto ou terra semiárida conhecida como Outback compõe a maior parte de terra. É o continente habitado mais seco, tendo apenas as partes sudeste e sudoeste um clima temperado.[97] Pouco menos de três quartos da Austrália encontra-se dentro de um deserto ou em zonas semiáridas.[101] O sudoeste da Austrália Ocidental tem um clima mediterrâneo.[102] Grande parte do sudeste (incluindo Tasmânia) é temperado.[97]
Biodiversidade
Embora a maior parte da Austrália seja semiárida ou desértica, o país possui uma variada gama de habitats (de charnecas alpinas até florestas tropicais), sendo reconhecido como um país megadiverso. Devido à idade avançada do continente, os padrões de tempo são extremamente variáveis e o isolamento geográfico de longo prazo tornou a maior parte da biota da Austrália única e diversificada. Cerca de 85% das plantas com flores, 84% dos mamíferos, mais de 45% das aves e 89% dos peixes costeiros da zona temperada são endêmicos do país.[103] A Austrália tem o maior número de espécies répteis do mundo (755 espécies).[104]
As florestas australianas são maioritariamente constituídas por espécies perenes, particularmente árvores de eucalipto nas regiões mais áridas e acácias nas regiões mais secas e desérticas.[105] Entre os membros mais conhecidos da fauna australiana estão os monotremados (ornitorrinco e equidna-de-focinho-curto), vários marsupiais (como o canguru, coala e os vombates) e aves (como o emu e a kookaburra).[105] A Austrália é o lar de muitos animais perigosos, como algumas das cobras mais venenosas do mundo.[106] O dingo foi introduzido por povos austronésios que tiveram contato com os indígenas australianos por volta de 3000 a.C.[107] Muitas plantas e espécies animais se extinguiram logo após o primeiro povoamento humano,[108] incluindo a megafauna australiana, outros desapareceram com a colonização europeia, entre eles o tilacino.[109][110]
Problemas ambientais
Muitas das ecorregiões australianas (e as espécies encontradas nessas regiões) estão ameaçadas pelas atividades humanas e por espécies vegetais e animais invasoras.[111] O Environment Protection and Biodiversity Conservation Act 1999 é o marco legal para a proteção das espécies ameaçadas.[112] Várias áreas protegidas foram criadas no âmbito da "Estratégia Nacional para a Conservação da Diversidade Biológica da Austrália" para proteger e preservar ecossistemas únicos:[113][114] 65 zonas úmidas são listadas sob a Convenção de Ramsar[115] e 15 Patrimônios Mundiais naturais da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) foram estabelecidos.[116] A Austrália foi classificada em 51º lugar entre 163 países do mundo no Índice de Desempenho Ambiental de 2010.[117]
As mudanças climáticas tornaram-se uma preocupação crescente na Austrália nos últimos anos,[118] com muitos australianos considerando a proteção ao ambiente como a questão mais importante que o país enfrenta.[119] Os primeiros ministérios de Kevin Rudd iniciaram várias atividades de redução de emissões;[120] O primeiro ato oficial de Rudd, em seu primeiro dia no cargo, foi assinar o instrumento de ratificação do Protocolo de Quioto. No entanto, as emissões de dióxido de carbono per capita da Austrália estão entre as mais altas do mundo, inferiores apenas às de algumas nações industrializadas.[121] As chuvas na Austrália aumentaram ligeiramente ao longo do século passado a nível nacional,[122] enquanto as temperaturas médias anuais aumentaram significativamente nas últimas décadas.[123] As restrições do uso de água estão atualmente em vigor em muitas regiões e cidades da Austrália, em resposta à escassez crônica devido ao aumento da população urbana e às secas localizadas.[124]
Composição étnica
A Austrália tem uma população total de mais de 25,5 milhões de pessoas (2019), com quase 76% destes tendo ascendência europeia.[126] Por gerações, a grande maioria dos imigrantes vinha das Ilhas Britânicas, e os povos da Austrália ainda são principalmente de origem étnica britânica ou irlandesa. No censo australiano de 2006, a ascendência mais indicada foi australiana (37,13%),[127] seguida pela inglesa (31,65%), irlandesa (9,08%), escocesa (7,56%), italiana (4,29%), alemã (4,09%), chinesa (3,37%) e grega (1,84%).[128]
As populações indígenas dos aborígines e dos habitantes das Ilhas do Estreito de Torres foi estimada em 984 000 pessoas (3,8% da população total do país) em 2021[129]
, um aumento significativo de 115 953 habitantes no censo de 1976.[130] Um grande número de povos indígenas não são identificados no censo devido a contagem incompleta e casos em que a condição indígena não é registrada no formulário. Os indígenas australianos possuem taxas superiores à média de prisão e de desemprego, além de baixos níveis de escolaridade e expectativa de vida para homens e mulheres, que são de 11 a 17 anos inferiores aos índices dos australianos não indígenas.[131] Algumas comunidades indígenas remotas foram descritas como estando em condição similar à de um "Estado falhado".[132][133][134][135][136]
Em comum com muitos outros países desenvolvidos, a Austrália está passando por uma mudança demográfica para uma população mais velha, com mais aposentados e menos pessoas em idade ativa. Em 2004, a idade média da população civil era de 38,8 anos.[137] Um grande número de australianos (759 849 para o período 2002–03) vive fora do seu país de origem.[138]
Imigração
A população da Austrália quadruplicou desde o fim da Primeira Guerra Mundial,[139] estimulada por um programa ambicioso de imigração. Após a Segunda Guerra Mundial e até 2000, quase 5,9 milhões do total da população estabelecida no país eram novos imigrantes, o que significa que quase dois em cada sete australianos nasceram no exterior.[140] A maioria dos imigrantes são qualificados,[141] mas a quota de imigração inclui categorias de membros da família e dos refugiados.[141] O governo federal estima que o corte de imigração de 280 000 para sua meta de 180 000 irá resultar em uma população de 36 milhões em 2050.[142]
Em 2001, 23,1% dos australianos haviam nascido no estrangeiro: os cinco maiores grupos de imigrantes eram os do Reino Unido, Nova Zelândia, Itália, Vietnã e República Popular da China.[131][143] Após a abolição da política Austrália Branca em 1973, inúmeras iniciativas governamentais foram criadas para incentivar e promover a harmonia racial com base em uma política de multiculturalismo.[144] A meta de migração para julho de 2006 foi de 144 000 pessoas.[141][145] A quota de imigração total para setembro de 2008 foi de cerca de 300 mil, seu nível mais elevado desde que o Departamento de Imigração foi criado após a Segunda Guerra Mundial.[146]
Cidades mais populosas
A densidade populacional, de 2,8 hab,/km², está entre as mais baixas do mundo,[147] embora uma grande parte da população esteja concentrada no litoral temperado do sudeste.[148]
Religião
A Austrália não tem uma religião oficial, embora a Igreja Anglicana seja reconhecida como a igreja nacional dos australianos britânicos e durante muito tempo foi a maior igreja cristã do país.[151][152] O perfil religioso do país vem mudando nos últimos anos, com o aumento da secularização e da diversidade religiosa. Em 1991, 74% dos australianos identificavam-se como cristãos, percentagem que caiu para 52,1% em 2016. No mesmo período, a percentagem de pessoas sem religião cresceu de 12,9% para 30,1%. Seguidores de outras religiões, que somavam apenas 2,6% em 1991, cresceram para 8,2% em 2016.
No censo de 2016, 52,1% dos australianos declararam-se cristãos, sendo 22,6% católicos, 13,3% anglicanos e 14,3% protestantes de outras denominações. O segundo maior segmento religioso na Austrália é o islamismo (2,6%), seguido pelo budismo (2,4%), o hinduísmo (1,9%) e o siquismo (0,5%).
O comparecimento semanal em cultos da igreja, em 2004, foi de cerca de 1,5 milhão: cerca de 7,5% da população.[153] A religião não desempenha um papel central na vida de grande parte da população.[154]
Idioma
Embora a Austrália não tenha uma língua oficial, o inglês é tão arraigado que se tornou a língua nacional de facto.[155] O inglês australiano é uma variante da língua, com sotaque e léxico distintos. A gramática e a ortografia são semelhantes às do inglês britânico com algumas exceções notáveis.[156] Segundo o censo de 2006, o inglês é a única língua falada em casa por cerca de 79% da população. As outras línguas mais comumente faladas em casa são o italiano (1,6%), o grego (1,3%) e o cantonês (1,2%);[157] uma proporção considerável de imigrantes de primeira e de segunda geração são bilíngues.
Estima-se que existiam entre duzentas e trezentas línguas indígenas australianas na época do primeiro contato com os europeus, das quais apenas 70 sobreviveram até os dias atuais. Muitas destas são exclusivamente faladas por pessoas mais velhas, apenas 18 línguas indígenas ainda são faladas por todos os grupos etários.[158] Na época do censo 2006, 52 000 indígenas australianos, o que representa 12% da população indígena, relataram que falavam alguma língua indígena em casa.[159] A Austrália tem uma língua de sinais conhecida como Auslan, que é a língua principal de aproximadamente 5 500 pessoas surdas.[160]