Campeonato Brasileiro de Futebol - Série D
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O Campeonato Brasileiro de Futebol - Série D, ou simplesmente Brasileirão - Série D, é uma competição equivalente à quarta divisão do Campeonato Brasileiro de Futebol. É por meio dela que os clubes conseguem acesso para a Série C.[1]
Campeonato Brasileiro de Futebol - Série D | |||||||||
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Brasileirão Série D | |||||||||
Logotipo oficial da competição. | |||||||||
Dados gerais | |||||||||
Organização | CBF | ||||||||
Edições | 15 | ||||||||
Outros nomes | Brasileirão Série D Série D Quarta Divisão | ||||||||
Local de disputa | Brasil | ||||||||
Número de equipes | 64 | ||||||||
Sistema | Sistema misto | ||||||||
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Divisões | |||||||||
Série A • Série B • Série C • Série D | |||||||||
Edição atual | |||||||||
editar |
Ao contrário de outros países onde o futebol é um esporte popular e tradicional, como a Inglaterra, que possui 24 divisões nacionais,[2] o sistema de ligas nacionais no Brasil por muitos anos chegava apenas à Série C, equivalente à terceira divisão. A primeira edição da Série D foi realizada em 2009, após confirmação da CBF no ano anterior promovendo o decréscimo de participantes da Série C de 64 para 20 clubes. Inicialmente, o regulamento previa a participação de 40 equipes selecionadas através das competições estaduais, mas o Acre desistiu de enviar representantes e a disputa ficou com 39 times. O primeiro campeão foi o São Raimundo-PA.
De 2010 a 2015, o torneio contou com 40 clubes participantes, exceção feita à edição de 2014, que teve 41 times. De 2016 a 2021, passou a abrigar 68 equipes,[3] reduzindo para 64 a partir de 2022. Apesar da variação na quantidade de participantes e de pequenas mudanças no formato, disputado em sistema misto, a competição mantinha sua extensão inalterada, variando entre 16 e 18 datas no calendário nacional, a maior parte geralmente no segundo semestre.[4][5] Tal cenário só se modificou a partir da temporada de 2020, quando a CBF prolongou o torneio para durar por pelo menos seis meses, ocupando 26 datas.
No Ranking da CBF, a Série D atribui 100 pontos ao campeão. O vice-campeão recebe 80 pontos, o terceiro recebe 75 e o quarto 70. A partir do quinto colocado, cada posição perde um ponto em relação ao colocado imediatamente anterior. Deste modo, o quinto colocado recebe 69 pontos, o sexto 68 pontos, reduzindo até 51 pontos para o 23º colocado em diante (pontuação mínima em Campeonatos Brasileiros).[6]
Em março de 2008, o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Francisco Noveletto, afirmou que a CBF criaria, pela primeira vez na história, a quarta divisão do Campeonato Brasileiro, denominada Série D, pois, com a diminuição do número de clubes participantes da Série C, muitas equipes do país não disputariam nenhuma competição nacional.[7] No início de abril, a entidade confirmou a implementação da nova competição no calendário de 2009, ainda sem detalhar formato e regulamento, mas estipulando um total de 40 participantes a serem selecionados através dos campeonatos e das copas estaduais.[8]
Excepcionalmente, a primeira edição do torneio contou com 39 equipes, uma vez que nenhum clube do Acre demonstrou interesse em participar da competição.[9] Dessa forma, as equipes foram divididas em dez grupos regionalizados, com os dois primeiros colocados de cada chave avançando ao mata-mata que levaria até a final. O primeiro campeão da Série D foi o São Raimundo-PA, que superou o Macaé na decisão.[10] Os dois finalistas e os semifinalistas Alecrim e Chapecoense foram as primeiras equipes na história a obter o acesso para a Série C.[11]
No ano seguinte, logo na segunda edição, a Série D teve sua primeira grande polêmica: mesmo chegando até à final do torneio e ficando, inicialmente, com o vice-campeonato, o América-AM não ficou com a segunda colocação na classificação final, tampouco obteve o acesso, uma vez que foi punido com a perda de seis pontos por escalar o atleta Amaral Capixaba de forma irregular nas quartas de final, contra o Joinville. Dessa forma, o clube manauara ficou em oitavo lugar, enquanto o time catarinense tomou a quarta colocação e a vaga na Série C de 2011.[12][13]
Em 2011, pequena mudança no formato e mais disputa nos tribunais: a competição passou a contar com oito grupos, ao invés de dez, e a fase eliminatória começou a partir das oitavas de final.[14] No âmbito extracampo, após um longo imbróglio judicial, o Treze conquistou o acesso para a Série C mesmo sem chegar às semifinais da Série D: o clube paraibano herdou a vaga do Rio Branco-AC, que foi excluído da Série C de 2012 por acionar a justiça comum contra a interdição da Arena da Floresta.[15][16] O curioso é que o Treze também acionou a justiça comum para garantir a vaga na terceira divisão e, assim, ficou suscetível a uma punição. Em 2013, para finalmente encerrar a briga jurídica, os dois clubes e a CBF entraram em um acordo no Supremo Tribunal Federal, garantindo a participação das duas equipes na Série C daquele ano, que contou com 21 clubes.[17] Por conta disso, a Série D de 2014 teve 41 participantes, uma vez que cinco times foram rebaixados da terceira divisão do ano anterior a fim de retornar ao número de participantes padrão.[18]
Também em 2014, uma nova mecânica foi introduzida à competição: os cruzamentos na fase de mata-mata deixaram de ser regionalizados e passaram a levar em consideração a campanha das equipes ao longo das etapas anteriores.[19] Em 2016, a CBF ampliou a Série D inicialmente para 48 clubes e, após pressão das federações estaduais, confirmou a participação de 68 equipes.[20][3] Sob o novo cenário, o torneio passou a contar com 17 grupos na fase inicial e ganhou mais uma etapa de mata-mata antes das oitavas de final.[3] Na edição de 2020, foi criada uma fase preliminar com oito clubes em formato mata-mata, enquanto 60 clubes entraram direto na fase de grupos: com isso, o total de 64 equipes passou a ser dividido em oito grupos com oito participantes cada, aumentando o número de partidas de cada equipe.[21] De 2022 em diante, a fase preliminar foi extinta e a competição passou a iniciar diretamente na fase de grupos, com 64 participantes.[22]
O Ferroviário é o maior campeão da Série D, com dois títulos.[23] Consequentemente, o estado do Ceará é a unidade federativa com mais conquistas na quarta divisão: além do bicampeonato do Tubarão da Barra, o Guarany de Sobral também possui um título, somando três taças para o estado nordestino.[24] Além do maior número de títulos,[25] o Nordeste também possui a hegemonia em relação ao acesso: em todas as temporadas, a região teve pelo menos um representante comemorando a entrada na Série C, além de ser a única a promover três equipes juntas em uma mesma edição, em 2018 e em 2021.[26][27][28][29] Já o estado de São Paulo lidera o ranking de acessos por federação e é o único que conseguiu promover dois representantes em uma mesma temporada.[30]
Seis times conseguiram a façanha de jogar a Série D e, posteriormente, conquistar o acesso em todas as divisões do futebol brasileiro para chegar à Série A: a Chapecoense (que subiu na Série D de 2009 e chegou à elite em 2014);[31] o Joinville (que depois do acesso na quarta divisão, em 2010, conquistou os títulos das Séries C e B);[32] o Santa Cruz (promovido na última divisão em 2011 e que retornou à Série A em 2016);[33], o CSA (o único da lista a conseguir três acessos consecutivos, jogando a Série D em 2016 e chegando à Série A em 2019);[34] o Cuiabá (que conquistou o acesso na Série D de 2011 e, nove anos depois, foi promovido para a Série A de 2021);[35] e o Juventude (vice-campeão da Série D de 2013, navegou entre as Séries B e C até retornar à elite em 2021).[36]
Na edição de 2022, a CBF definiu pela primeira vez na história uma premiação financeira aos clubes pelo desempenho no torneio. Na ocasião, foi estabelecido o valor mínimo de R$ 120 mil para todos os integrantes da fase de grupos, com quantias adicionais para os times que conquistassem o acesso, variando de acordo com a colocação final.[37] Cerca de cinco meses depois, após as agremiações solicitarem apoio à CBF em reunião com os 64 participantes da Série D, a entidade definiu novas quantias como premiação a cada passagem de fase. Com isso, a equipe campeã embolsou R$ 650 mil como premiação total.[38]
Para 2023, a CBF aumentou o valor total de premiação em 50%, distribuindo R$ 25,4 milhões em cotas de participação. Dessa vez, todos os integrantes da fase de grupos receberam R$ 300 mil, com novos valores a serem pagos conforme continuidade na competição. Assim, campeão e vice angariaram uma cota de R$ 800 mil ao final da disputa.[39] Em 2024, o valor total em premiações aos clubes participantes aumentou para R$ 35 milhões, com os integrantes da fase de grupos ganhando R$ 400 mil e, mais uma vez, as quantias aumentando conforme o avanço de fase. Dessa vez, campeão e vice embolsam R$ 1,2 milhão.[40]
No dia 2 de julho de 2015, o Esporte Interativo adquiriu junto à CBF os direitos de transmissão da Série D de 2015 para canais fechados. Foi a primeira vez que a competição teve transmissão na televisão.[41] No mesmo ano, a partir das oitavas de final, a TV Brasil obteve os direitos da competição para transmissão em sinal aberto.[42] A rede de televisão pública transmitiu o torneio até 2016, mas abdicou de fazê-lo a partir de 2017, alegando cortes orçamentários.[43]
Em 9 agosto de 2018, o grupo Turner anunciou o fim imediato dos canais de TV Esporte Interativo.[44] Como a Série D de 2018 teve seu jogo decisivo cinco dias antes, a competição não chegou a ter sua transmissão interrompida abruptamente. Alguns conteúdos da emissora, como a Liga dos Campeões, passaram a ser transmitidos por outros canais da Turner, como por exemplo TNT e Space.[45] No entanto, a Série C não foi repassada a nenhuma parceira e simplesmente deixou de ser televisionada no decorrer do torneio, colocando em xeque a transmissão da Série D a partir de 2019 em algum canal de televisão.[46][47][48]
Contudo, no dia 3 de maio de 2019, um dia antes do início da 11ª edição, a CBF confirmou um acordo com a plataforma de streaming MyCujoo (atual Eleven Sports) para a transmissão de 700 partidas ao vivo organizadas pela entidade, o que incluiu torneios de base, como o Campeonato Brasileiro de Aspirantes e a Copa do Brasil Sub-20; as duas divisões do Campeonato Brasileiro Feminino; e a Série D.[49][50] Em 2020, a plataforma renovou a parceria com a CBF para transmitir todas as partidas.[51] Em setembro do mesmo ano, a TV Brasil anunciou o retorno do torneio com transmissões nacionais tanto na TV aberta quanto no sinal fechado por assinatura, assim como via streaming na internet. O acordo com a CBF englobou 42 partidas a partir da terceira rodada da Série D de 2020, totalizando dois jogos por rodada. A Empresa Brasil de Comunicação era a responsável pela geração de imagens.[52]
Em 2022, apenas a dois dias do início da Série D, a plataforma russa de streaming InStat TV fechou um acordo de três anos com a CBF para exibir a competição com exclusividade, encerrando assim as transmissões na Eleven Sports e na TV Brasil. A princípio, as quatro primeiras rodadas da edição de 2022 seriam transmitidas gratuitamente. No entanto, devido a uma série de problemas ocorridos na 1ª rodada, o serviço não ofereceu garantias de que todos os jogos seriam exibidos. Ainda assim, a plataforma explicitou a intenção de implementar o serviço de pay-per-view a partir da 5ª rodada da fase de grupos, sem transmissão gratuita do torneio, o que aconteceu de fato da 7ª rodada em diante.[53][54][55] Em abril de 2023, a InStat TV (que passou a se chamar InSports TV) alegou "obstáculos insuperáveis" e desistiu de transmitir a competição, que inicialmente ficou sem exibição em nenhuma emissora ou plataforma.[56][57] Em maio, a CBF fechou um acordo com a plataforma de streaming F.Sports TV, que também negociou a cessão gratuita da transmissão dos jogos para emissoras públicas, como a TV Brasil,[58] e em junho, o BandSports adquiriu os direitos de exibir a competição.[59]
Os participantes são selecionados através dos campeões ou melhores colocados dos campeonatos e copas estaduais que não participam das outras divisões do Campeonato Brasileiro (Séries A, B e C), além dos rebaixados da Série C do ano anterior.
- Em 2009
- Os quatro primeiros estados do RNF (Ranking Nacional das Federações), divulgado pela CBF, tiveram direito a três representantes cada;
- Do quinto ao nono tiveram direito a dois representantes cada;
- Os demais tiveram um representante cada. O estado do Acre desistiu de enviar representantes.
- Total: 39 vagas[9]
- Os quatro rebaixados da Série C do ano anterior;
- Os nove primeiros estados do RNF (Ranking Nacional das Federações) tiveram direito a dois representantes cada;
- Os demais estados tiveram um representante cada.
- Em 2014
- Os cinco rebaixados da Série C do ano anterior;
- Os nove primeiros estados do RNF (Ranking Nacional das Federações) tiveram direito a dois representantes cada;
- Os demais estados tiveram um representante cada.
- Total: 41 vagas[18]
- Os quatro rebaixados da Série C do ano anterior;
- O primeiro estado do RNF (Ranking Nacional das Federações) tem direito a quatro representantes;
- Do segundo ao nono estado do RNF (Ranking Nacional das Federações) têm direito a três representantes cada;
- Os demais estados têm dois representantes cada.
- Total: 68 vagas[3]
- A partir de 2022
- Os quatro rebaixados da Série C do ano anterior;
- O primeiro estado do RNF (Ranking Nacional das Federações) tem direito a quatro representantes;
- Do segundo ao nono estado do RNF (Ranking Nacional das Federações) têm direito a três representantes cada;
- Do décimo ao vigésimo terceiro estado do RNF (Ranking Nacional das Federações) têm direito a dois representantes cada;
- Os demais estados têm um representante cada.
- Total: 64 vagas[65]
A primeira edição da história da Série D teve como vencedor o São Raimundo-PA, até hoje o único título da região Norte na quarta divisão.[10] Após a temporada inaugural, deu-se início à hegemonia das regiões Nordeste e Sudeste, primeiramente com vantagem para os clubes nordestinos: em 2010, o Guarany de Sobral tornou-se o primeiro clube cearense a ser campeão nacional.[67] Na edição seguinte, o Tupi empatou a contagem para as equipes do Sudeste.[68]
Em 2012, foi a vez do Sampaio Corrêa celebrar o campeonato da Série D, obtendo duas marcas históricas: além de ser o primeiro time a vencer a competição de forma invicta,[69] a Bolívia Querida também se tornou a primeira (e até hoje única) equipe do país a ter conquistado o título de três divisões nacionais, uma vez que foi campeã da Série B em 1972 e da Série C em 1997.[70]
No ano seguinte, foi o Botafogo-PB quem ergueu a taça, a primeira conquista a nível nacional de um clube paraibano, aumentando a vantagem dos nordestinos na Série D.[71] Contudo, nas três temporadas subsequentes, os clubes do sudeste pularam à frente graças aos títulos do Tombense em 2014 (tornando o estado de Minas Gerais o primeiro a ter dois vencedores da Série D);[72] do Botafogo-SP em 2015;[73] e do Volta Redonda em 2016 (de forma invicta).[74]
Já a região Sul conquistou seu primeiro triunfo na Série D em 2017, com o título do Operário-PR.[75] Nos três anos seguintes, o troféu ficou com Ferroviário, Brusque e Mirassol.[76][77][78] Em 2021, a Aparecidense sagrou-se campeã e garantiu o primeiro troféu para a região Centro-Oeste.[79] Na edição seguinte, o América de Natal ficou com a taça, voltando a empatar a disputa entre Nordeste e Sudeste no total de títulos.[80]
Em 2023, o título ficou mais uma vez com o Ferroviário, que estabeleceu algumas marcas históricas: o Ferrão tornou-se o primeiro time bicampeão da quarta divisão, sendo o terceiro a conquistar o certame de forma invicta e a primeira equipe cearense a levantar um troféu nacional por duas vezes. O Tubarão também se tornou o clube campeão nacional com a maior sequência invicta na história do futebol brasileiro, com 24 jogos.[24] De quebra, a conquista ainda devolveu ao Nordeste a liderança isolada no ranking de títulos por região.[25]
Ao contrário das divisões superiores do Campeonato Brasileiro, o predomínio na Série D é de equipes do interior do país: apenas em cinco ocasiões o torneio foi conquistado por times sediados em capitais, todas do Nordeste: São Luís, João Pessoa, Fortaleza (duas vezes) e Natal.[69][71][76][81][24] No âmbito das federações, a competição é a mais democrática dentre todas as divisões do Brasil: ao todo, 21 estados já tiveram representantes nas semifinais de Série D.[82]