Confederação Abolicionista
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A Confederação Abolicionista brasileira foi uma organização política criada em 9 de maio de 1883, com o objetivo de pressionar o governo brasileiro para que pusesse fim na escravidão. A Confederação Abolicionista foi capaz de coligar sociedades antiescravistas de todo o Império. Seus meios de ativismos se deram principalmente na imprensa, no teatro, na organização de reuniões e conferências e nos fundos de emancipação locais. Dentre seus membros estavam alguns dos mais ilustres líderes do Movimento Abolicionista brasileiro, tais como: José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, André Rebouças, Luiz Gama e João Clapp.
A institucionalização da Confederação Abolicionista aconteceu dentro de um contexto político e econômico marcado por uma forte pressão internacional para o fim da escravidão no Brasil. Embora o ideal abolicionista já estivesse em voga desde o final da década de 1860 é só a partir do ano de 1880 que o Movimento Abolicionista ganha força. Nesse momento há um aumento na circulação de ativistas, retóricas e estratégias através de navios a vapor e a tecnologia dos telégrafos. Essas novas tecnologias possibilitaram a circulação de debates e experiências políticas em escala internacional, o que impulsionou que vários ativistas de diferentes países construíssem alianças, ou redes de sociabilidade. A partir dessa conjuntura surgiram grupos de sujeitos que partilhavam os mesmos interesses, e ao longo dos anos esses grupos passaram a se articular para manter a comunicação, resultando no surgimento de várias associações politicas nacionais. Tal modelo de agrupamento devidamente estruturado se evidenciou originalmente em países europeus, tais como Inglaterra e França e ficou conhecido como associativismo. Porém, essa referência forneceu aos antiescravistas brasileiros o protótipo ideal para a construção de um ativismo local. A partir desse protótipo os abolicionistas brasileiros fizeram uma apropriação adaptada, de acordo com as subjetividades encontradas no contexto nacional e na tradição política do Brasil.[1] Temos como exemplo de adaptação o fato de que no Brasil os locais de agrupamento dos abolicionistas foram em grande maioria composto por teatros, o que trouxe uma característica peculiar ao movimento que é seu envolvimento com as artes, a dramatização da escravidão e a teatralização da política. Essa especificidade o difere muito dos modelos estrangeiros, que se agrupavam em igrejas. Contudo, o associativismo foi o modelo de ativismo adaptado e seguido pelos abolicionistas brasileiros como estratégia política. Cláudia Regina Andrade dos Santos(2016)[2] demonstra, de acordo com o levantamento feito no Almanak Laemmert, a expansão da vida associativa no Rio de Janeiro durante a década de 1880. Segundo ela, o aumento do número dessas instituições teve uma estreita vinculação com a intensificação dos debates políticos e com o ativismo político dos setores populares abolicionistas brasileiros. Assim, ela afirma que o Movimento Abolicionista Nacional transformou o campo da política através do associativismo, criando clubes, sociedades, grêmios e escolas de diferentes matizes ideológicos, sociais e políticos. Dessa forma, em 1883 o Movimento Abolicionista conseguiu através da articulação entre várias organizações, reuni-las em um programa em comum, a Confederação Abolicionista.
A Confederação Abolicionista brasileira foi criada às 18 horas do dia 9 de maio de 1883, em uma reunião organizada na sede da Gazeta da Tarde do Rio de Janeiro. A entidade surgiu dentro do contexto mais ativo do Movimento Abolicionista no Brasil. Foi responsável pela coordenação de diversas associações antiescravistas, e pelo desenvolvimento do Movimento Abolicionista entre as províncias do Império. Além disso, foi capaz de nacionalizar a campanha com a sua forma de fácil reprodução dos acontecimentos e decisões, utilizando as sessões públicas, conferências e festivais. Suas atuações em jornais que divulgavam artigos, panfletos, ensaios, produções artísticas, traduções e manifestos; foram responsáveis por viabilizar o contato a nível nacional entre os que estavam na liderança das províncias e os demais que participavam do movimento. Antes de sua criação houve duas outras instituições que lutavam contra a escravidão no Brasil, a primeira foi a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão e em seguida foi criada a Associação Central Emancipadora.[3] As sociedades que inicialmente formaram a Confederação Abolicionista foram em sua maioria associações estudantis, mas também havia uma variedade social, em que se incluíam associações de tipógrafos, empregados do comércio e ex-escravizados. Grande parte das sociedades estavam localizadas nas províncias do Rio de Janeiro, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, mas com o passar do tempo elas foram ganhando maior extensão territorial no Império. Dentre os grupos antiescravistas que estavam coligados a Confederação Abolicionista havia várias figuras históricas que se destacaram com suas atuações no Movimento Abolicionista, dentre elas estavam Joaquim Nabuco, André Rebouças, Abílio Borges e Luiz Gama. Os três últimos citados recebem menos prestígio quando se toca no assunto da abolição, entretanto suas participações, mesmo que independentes, foram fundamentais para que fossem elaboradas estratégias de desenvolvimento político no Movimento Abolicionista.