Críticas ao capitalismo
argumentos contra o sistema econômico do capitalismo / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
As críticas ao capitalismo compreendem, de modo geral, posicionamento e críticas direcionadas a aspectos particulares ou gerais acerca do sistema capitalista; os opositores dirigem críticas sobretudo aos modos de produção e efeitos do sistema na sociedade. Os principais posicionamentos contrários ao capitalismo se diferenciam nas propostas que eventualmente aparecem como alternativas ao sistema, como um processo revolucionário (v.g. o socialismo revolucionário) ou reformistas (v.g. a social-democracia), em assuntos particulares a economia política, algumas propostas de economia social de mercado ou de intervenção também se apresentam.
Segundo a crítica contemporânea do capitalismo, a rápida industrialização na Europa desde meados do século XVIII criou condições de trabalho consideradas injustas, que incluíam jornadas de trabalho de quatorze horas, trabalho infantil e favelização.[1] Perante esta situação, alguns economistas otimistas argumentaram que as condições de vida tinham sido mesmo piores no passado e que, baseando-se numa evidência empírica, era possível observar como a revolução industrial tinha melhorado o nível de vida e a esperança de vida. Os economistas pessimistas da época, ao contrário, consideravam que as condições não melhoraram ou que apenas melhoraram paulatinamente depois de 1840.[2]
Alguns pensadores proto-socialistas tentaram criar comunidades socialistas livres das injustiças consideradas próprias do capitalismo inicial. Entre estes "socialistas utópicos" estavam Charles Fourier e Robert Owen. O socialismo é dividido em duas partes o socialismo positivo e o socialismo negativo.
À margem do socialismo utópico também surgiu um socialismo científico que via a revolução industrial como um novo sistema que podia potencialmente produzir suficientes bens de consumo para a população humana inteira, mas era obstaculizado pelo seu método ineficiente de distribuir os bens produzidos. Entre estes socialistas científicos destacaram-se inicialmente Karl Marx e Friedrich Engels, que em 1848 publicaram um panfleto intitulado Manifesto Comunista que incluía uma crítica política e económica do capitalismo baseada no materialismo histórico. Desde então, o seu manifesto converteu-se num dos livros mais influentes da crítica ao capitalismo.
Contudo, desde a publicação do Manifesto Comunista, um grande número de autores tem adaptado as ideias do socialismo científico às mudanças produzidas nas sociedades capitalistas e, ao mesmo tempo, originado diferentes "respostas científicas" aos problemas considerados inerentes ao capitalismo: anarcossindicalismo, social-democracia, comunismo de conselhos, bolchevismo, sindicalismo, etc. Os próprios governos identificaram alguns desses problemas e, em maior ou menor medida, trataram de corrigi-los através do intervencionismo do Estado, onde se destacaram o keynesianismo e o New Deal. Em alguns países, as revoluções socialistas conseguiram reduzir o capitalismo e substitui-lo por estados socialistas que, porém, só parcialmente conseguiram sobreviver além da década de 1980, quando se produziu a queda da União Soviética e doutros países da sua órbita.
Na atualidade persistem as críticas ao capitalismo, concretamente contra a sua nova forma de economia global. Os críticos têm demandado um maior intervencionismo estatal contra os efeitos do livre mercado como o aquecimento global, a exploração da cidadania sob um modelo de capitalismo altamente consumista, a destruição das economias produtivas e a sua substituição pela economia especulativa e o imperialismo económico numa época de globalização. Contudo, também há quem considere que a problemática capitalista se deve tratar dum ponto de vista holístico, entendendo que se trata de problemas sistémicos que não podem ser facilmente reconduzíveis (v.g. ecologistas sociais ou economistas participativos). Segundo Bertrand Russell, o capitalismo propiciou condições para o surgimento do pensamento marxista.[3]