São Paulo (couraçado)
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São Paulo foi um couraçado dreadnought operado pela Marinha do Brasil entre os anos de 1910 e 1947. A embarcação foi construída nos estaleiros de Vickers Sons and Maxim em Barrow-in-Furness, na Inglaterra. Foi o segundo navio construído da classe Minas Geraes e o segundo da marinha brasileira a ostentar este nome em homenagem à cidade de São Paulo e o estado de São Paulo. Foi encomendado em 1906, com a quilha batida em 30 de abril de 1907, lançado ao mar em 19 de abril de 1909 e incorporado à armada em 12 de julho de 1910. O desenvolvimento e a construção deste navio deveram-se à necessidade da Marinha do Brasil de adquirir novos navios para solucionar o grave problema de sua defasagem perante outras potências estrangeiras.
São Paulo | |
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O encouraçado São Paulo. | |
Brasil | |
Operador | Marinha do Brasil[1] |
Fabricante | Vickers Sons and Maxim[1] |
Data de encomenda | 1906[2] |
Estaleiro | Barrow-in-Furness[1] |
Batimento de quilha | 30 de abril de 1907[3] |
Lançamento | 19 de abril de 1909[3] |
Comissionamento | 12 de julho de 1910[3] |
Viagem inaugural | 16 de setembro de 1910[4] |
Descomissionamento | 2 de agosto de 1947[5] |
Número de registro | 83[3] |
Quantidade de conveses |
3[6] |
Período de serviço | 1910-1947 |
Destino | Afundou em 6 de novembro de 1951[5] |
Características gerais | |
Tipo de navio | Encouraçado |
Classe | Minas Geraes |
Deslocamento | 21,500 t (47 400 lb)[7] |
Comprimento | 165,61 m (543 ft)[7] |
Boca | 23,31 m (76,5 ft)[6] |
Pontal | 12,81 m (42,0 ft)[6] |
Calado | 8,54 m (28,0 ft)[6] |
Propulsão | 18 caldeiras a carvão[6] 2 maquinas à vapor de triplice expansão[6] |
- | 23,500 cv (17,3 kW) |
Velocidade | 21 nós (36,29 km/h)[8] |
Autonomia | 3.600 milhas náuticas à 19 nós ou 10.000 milhas náuticas à 10 nós.[3] |
Armamento | 12x canhões Armstrong de 12 pol/45 cal. (305 mm) em seis torres duplas[3] 22x canhões Armstrong de 4.7 pol. (120 mm)[3] 8x canhões Armstrong de 47 mm[3] |
Blindagem | Casco - 229 mm à meia nau e 152 mm na proa e na popa[3] Torres principais - 229 mm na parte da frente e 203 mm nas laterais[3] Convés - 51 mm.[3] |
Sensores | 5 estações radio transmissores.[3] |
Tripulação | 1.173 homens, dos quais 48 oficiais, 90 suboficiais e primeiros-sargentos e 1.035 praças.[3] |
Naquele tempo, dois planos foram propostos: do almirante Júlio César de Noronha, que propôs a construção de couraçados baseados no pré-dreadnought britânico HMS Triumph, de 13 mil toneladas e canhões de 254 mm, e do almirante Alexandrino Faria de Alencar, que defendeu a construção de couraçados com base no revolucionário HMS Dreadnought, também britânico, com maior tonelagem, porém mais rápido e com canhões de 305 mm, muito maiores. O governo decidiu por este último. Quando terminado, era considerado um dos navios de guerra mais poderosos do mundo. A construção do navio desencadeou certa animosidade com a Argentina, temerosa do poder de fogo de que a sua classe era capaz. Tal temor chegou ao ponto da ameaça de guerra quando o Brasil se negou a concordar com a sugestão argentina de que dividisse seus navios com ela.
Após terminado, o São Paulo viajou para a França a fim de buscar o recém-eleito presidente brasileiro Hermes da Fonseca e levá-lo a Portugal, cujo rei, Manuel II, o havia convidado para visitá-lo. Nesse episódio, o São Paulo e sua comitiva presenciaram uma insurreição no país que levou à queda do Rei e da monarquia. Quando atracou no Brasil, envolveu-se na Revolta da Chibata, na qual as tripulações de quatro navios de guerra, incluindo o São Paulo, se amotinaram devido aos maus tratos que sofriam, às vezes por situações mínimas, e ao pouco soldo que recebiam. Após entrar na Primeira Guerra Mundial, o Brasil se ofereceu para enviar o São Paulo e seu irmão Minas Geraes para a Grã-Bretanha para servirem na Grande Frota, mas os britânicos recusaram, pois os dois navios estavam em más condições e careciam de uma tecnologia de controle de tiros mais recente. Em junho de 1918, o Brasil enviou o São Paulo aos Estados Unidos para uma reforma completa, que não foi concluída até novembro de 1919 após o fim da guerra.
Em 6 de julho de 1922, o São Paulo disparou contra um alvo militar pela primeira vez, ao atacar um forte que havia sido tomado durante a Revolta Tenentista. Dois anos depois, amotinados assumiram o controle do navio na tentativa de usarem-no para obrigar o governo a libertar os rebeldes de 1922 e leva-los para Montevidéu, no Uruguai, onde obtiveram asilo. Na década de 1930, o São Paulo foi preterido para a modernização, devido ao seu péssimo estado – só conseguia atingir a velocidade máxima de 10 nós (18,52 quilômetros por hora), menos da metade da velocidade projetada. Ao longo de sua carreira, o navio foi reduzido à função de defesa costeira de reserva. Quando o Brasil entrou na Segunda Guerra Mundial, o São Paulo navegou para Recife e lá permaneceu como principal defesa do porto durante a guerra. Incapacitado em 1947, o couraçado permaneceu como navio de treinamento até 1951, quando foi rebocado para ser sucateado no Reino Unido. Os cabos de reboque quebraram durante um forte vendaval, em 6 de novembro, quando os navios estavam próximo dos Açores, permitindo que o São Paulo afundasse para sempre.