Escravatura no mundo muçulmano
História da escravidão no mundo islâmico / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A escravatura no mundo muçulmano desenvolveu-se a partir das práticas escravagistas da Arábia pré-islâmica,[1] e foi por vezes radicalmente diferente, dependendo de factores sócio-políticos, tais como o comércio árabe de escravos.
Ao longo da história islâmica, os escravos desempenharam vários papéis sociais e económicos, desde poderosos emires a trabalhadores manuais duramente tratados. No início da história muçulmana foram utilizados na agricultura, mas este modo foi abandonado após o tratamento cruel levar a revoltas destrutivas de escravos, sendo a mais notável a Rebelião Zanje de 869-883.[2]
Os escravos eram amplamente empregados na irrigação, mineração e criação de animais, mas os usos mais comuns eram como soldados, guardas, trabalhadores domésticos, e concubinas. Muitos governadores dependiam de escravos militares, frequentemente em enormes exércitos permanentes, e escravos na administração a tal ponto que os escravos se encontravam por vezes em posição de tomar o poder.
Várias estimativas do número de escravos detidos ao longo de doze séculos no mundo muçulmano são 12,8 milhões[3] 11 milhões ou 14 milhões;[4] outras estimativas indicam um número entre 12 e 15 milhões de escravos antes do século XX - estes números referindo-se apenas a escravos africanos, que constituíam a maior parte do comércio, no qual participavam também activamente líderes africanos.[5]
O Alcorão recomenda, embora não obrigue, a libertação dos escravos como forma de expiar os pecados ou simples acto de humanidade, embora o conselho não fosse muito seguido.[6][7][8] Bernard Lewis sustenta que, em tempos mais recentes, parece que embora os escravos sofressem frequentemente terríveis privações desde a captura até à sua chegada ao seu destino final, uma vez colocados numa família eram razoavelmente bem tratados e aceites, em certo grau, como membros do grupo familiar.[9] Piores condições aguardavam aqueles empregues nas minas, drenagem de pântanos e outros trabalhos esgotantes; nas minas de sal do Saara nenhum escravo teria uma esperança de vida de mais de cinco anos, e viviam e morriam na miséria.[10]
O comércio árabe de escravos foi mais activo na Ásia Ocidental, Norte de África, e Sudeste de África. No início do século XX (após a Primeira Guerra Mundial), a escravatura foi gradualmente banida e suprimida em terras muçulmanas, em grande parte devido à pressão exercida por nações ocidentais como a Grã-Bretanha e a França.[11]
Entre os últimos Estados a abolir oficialmente a escravatura encontram-se a Arábia Saudita e o Iémen, que aboliram a escravatura em 1962 sob pressão da Grã-Bretanha; Omã em 1970; e a Mauritânia em 1905, 1981, e de novo em Agosto de 2007.[12] Contudo, a escravatura que reivindica a aprovação do Islão está actualmente documentada nos países predominantemente islâmicos do Sahel e é também praticada em territórios controlados pelos grupos jiadistas islâmicos[13][14] e em países como a Líbia e a Mauritânia,[15] apesar de ser proibida.[16] O tratamento actual dos trabalhadores estrangeiros na Arábia Saudita é extremamente próximo da escravidão; a própria condição das mulheres sauditas é comparada á escravatura.[17][18]