Esticometria
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Esticometria é a prática de contar linhas em textos: romanos e gregos antigos mediam o comprimento de seus livros em quantidade de linhas exatamente como se mede hoje contando páginas. Esta prática foi redescoberta por estudiosos alemães e franceses no século XIX. "Stichos" é a palavra grega para "linha", de prosa ou verso, e o sufixo "-metria" é derivado da palavra grega para "medida".
O comprimento de cada linha na "Ilíada" e na "Odisseia", que podem ter sido os primeiros textos gregos longos escritos, tornou-se a unidade de medida padrão para a antiga esticometria. Por isso, linha padrão (em alemão: normalzeile) antigo tinha o mesmo tamanho do hexâmetro épico e continha cerca de 15 sílabas ou 35 letras gregas.[1]
A prática existia por diversas razões práticas. Os escribas eram pagos por linha e seu pagamento por linha era, muitas vezes, fixado por decreto legal. Autores posteriores citavam passagens de obras de outros autores fazendo referência ao número da linha aproximado. Os compradores de livros utilizavam a quantidade total de linhas para conferir se os textos copiados estavam completos. E, finalmente, os catálogos das bibliotecas listavam o total de linhas de cada obra juntamente com o título e o nome do autor.[2]
Estudiosos acreditam que a esticometria se estabeleceu em Atenas durante o século V a.C., quando a cópia de obras em prosa se tornou comum. A prática foi mencionada de relance em "Leis" (c. 347 a.C.), de Platão,[3] diversas vezes por Isócrates (início do século IV a.C.)[4] e em Teopompo (c. 380 – c. 315 a.C.)[lower-alpha 1], mas estas referências casuais sugerem que a prática já era rotineira. A mesma linha padrão foi utilizada por gregos e romanos por cerca de mil anos até a esticometria aparentemente cair em desuso entre os bizantinos já na Idade Média, especialmente pelo avanço da prática de numerar as páginas.[6]
A obra padrão para o estudo da esticometria é "Stichometrische Untersuchungen" (1928), de Kurt Ohly,[7] na qual estão publicados os resultados de cinquenta anos debates e pesquisas acadêmicas sobre o assunto. Atualmente, a esticometria tem um papel modesto, mas útil, na pesquisa de campos tão diversos como a história de um livro antigo, na papirologia e na hermenêutica cristã.