Götz von Berlichingen da mão de ferro
De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Götz von Berlichingen da mão de ferro (título original: Götz von Berlichingen mit der eisernen Hand) é uma peça teatral alemã em cinco atos publicada em 1773 por Johann Wolfgang Goethe. O protagonista foi retratado a partir do cavaleiro suábio Gottfried von Berlichingen de Hornburg ("Götz da mão de ferro" é alcunha pela qual foi popularmente conhecido).[1]
![Thumb image](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/4/45/Goetz-eiserne-hand.jpg/220px-Goetz-eiserne-hand.jpg)
A peça vale como obra central do Sturm und Drang, inaugurando uma estética de transgressão de valores classicistas do teatro europeu. Daí seu papel crucial dentro da dramaturgia europeia em prol do surgimento de um teatro mais livre e espontâneo, insubordinado às três unidades aristotélicas (isto é, as unidades de lugar, tempo e ação sistematizadas por leitores neoclassicistas de Aristóteles como Nicolas Boileaux). Ao passo que no teatro neoclássico um roteiro teatral devia se realizar de forma clara, capaz de ser abarcado por seus espectadores tal qual uma ação única e coerente, a peça de Goethe traz um enredo duplo, cerca de cinquenta cenários distintos e cenas vagamente encadeadas entre si. Igualmente, regras de decoro e decência observadas por dramaturgos na época (as tais regras de bienséance) foram intencionalmente quebradas por Goethe: em duas ocasiões suas personagens se valem de baixo calão (como o camponês Sievers no ato I, cena 1, e o próprio protagonista Götz no ato III, cena 3).
No lugar das convenções neoclássicas, Goethe criou um sistema de ação dramática prospectiva; "o que é anunciado pelos cavaleiros em uma cena já está feito na próxima. [...] praticamente a cada cena ocorre uma mudança de cenários, eventos importantes ocorrem abruptamente ou são informados de forma retrospectiva — é de se imaginar o motivo de uma geração acostumada com dramas neoclássicos não conseguir atribuir coerência a algo tão ousado. O registro dramático do Sturm und Drang como um todo parece ter voltado a ser apreciado por gerações educadas pelas técnicas de corte da cinematografia; talvez um espectador dos tempos atuais consiga se encontrar melhor na multiplicidade vertiginosa de cenários que compõe o universo ficcional habitado por Berlichingen" [2]