Lepra
infeção crónica causada pelas bactérias Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Lepra,[nota 1] doença de Hansen ou hanseníase é uma infeção crónica causada pelas bactérias Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis.[2][3] A infeção geralmente não manifesta sintomas durante os primeiros 5 a 20 anos.[2] Gradualmente, vão-se desenvolvendo granulomas nos nervos, trato respiratório, pele e olhos.[2] Isto pode resultar na diminuição da capacidade de sentir dor, o que por sua vez pode levar à perda de partes das extremidades devido a lesões ou infeções sucessivas que passam despercebidas ao portador.[1] Estes sintomas podem também ser acompanhados por diminuição da visão e fraqueza.[1]
Lepra | |
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Perna com lesões de lepra limítrofe (borderline) | |
Sinónimos | Hanseníase, doença de Hansen |
Especialidade | Infectologia |
Sintomas | Diminuição da sensibilidade (térmica, dolorosa e tátil) [1] |
Causas | Mycobacterium leprae ou Mycobacterium lepromatosis[2][3] |
Fatores de risco | Proximidade com pessoas infetadas, pobreza[1][4] |
Tratamento | Terapia multidrogas[2] |
Medicação | Rifampicina, dapsona, clofazimina[1] |
Frequência | 514 000 (2015)[5] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | A30, A30.9 |
CID-9 | 030, 030.9 |
CID-11 | 149072669 |
OMIM | 607572, 609888, 613407 |
DiseasesDB | 8478 |
MedlinePlus | 001347 |
eMedicine | 220455, 1104977, 1165419 |
MeSH | D007918 |
Leia o aviso médico |
A lepra é transmitida entre pessoas e possivelmente a partir de tatus (dasipodídeos, clamiforídeos).[7] Pensa-se que a transmissão se dê através da tosse ou pelo contacto com o muco nasal de uma pessoa infetada.[7] A lepra é mais comum em contextos de pobreza.[1] Contrariamente à crença popular, não é uma doença altamente contagiosa.[1] A doença é classificada em dois tipos principais: lepra paucibacilar e lepra multibacilar.[1] Os dois tipos distinguem-se pelo número de manchas de pele hipopigmentada e dormente – a lepra paucibacilar possui cinco ou menos e a multibacilar mais de cinco.[1] O diagnóstico é confirmado com a análise de uma biópsia.[1]
A lepra pode ser curada com um tratamento multidrogas.[2] O tratamento da lepra paucibacilar consiste na administração de dapsona e rifampicina durante seis meses.[1] O tratamento de lepra multibacilar consiste na administração de rifampicina, dapsona e clofazimina durante doze meses.[1] Podem também ser usados outros antibóticos.[1] A Organização Mundial de Saúde disponibiliza estes medicamentos de forma gratuita.[2] Em 2012, havia em todo o mundo 189 000 casos crónicos de lepra, uma diminuição acentuada em relação aos 5,2 milhões na década de 1980.[2][8][9] No mesmo ano registaram-se 230 000 novos casos.[2] Em 2022 foram notificados 174.087 novos casos da doença no mundo. A Índia é o país com o maior número de doentes e registrou 103.819 novos casos da doença em 2022. [10] O Brasil é o segundo país em número de casos de hanseníase com 19.635 casos notificados em 2022. [10] A maior parte dos novos casos ocorre em apenas 16 países, dos quais a Índia contabiliza mais de metade.[2][1] Nos últimos vinte anos foram curadas da lepra 16 milhões de pessoas em todo o mundo.[2]
A lepra afetou a Humanidade durante milhares de anos.[1] O nome da doença tem origem no termo grego λέπρᾱ (léprā), derivado de λεπῐ́ς (lepís; "escama"). O termo "hanseníase" é dado em homenagem ao médico norueguês Gerhard Armauer Hansen, que descobriu a causa da doença em 1873.[1] Isolar os portadores da doença em leprosarias, outrora comum em todo o mundo, ainda ocorre na Índia,[11] China,[12] e África.[13] No entanto, a maior parte das leprosarias foi encerrada, dado que a doença não é significativamente contagiosa.[13] Durante grande parte da História, os leprosos foram vítimas de estigma social, o que ainda continua a ser uma barreira para a procura de tratamento.[2] Devido a este estigma, muitas pessoas consideram o termo "leproso" ofensivo.[14] A condição está classificada como doença tropical negligenciada.[15]