História das mulheres (campo de estudos)
esse artigo fala sobre as mulheres e a questão de gênero com uma construção social, cultura e poder / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
História das mulheres (em inglês women's studies) é um campo interdisciplinar de estudo acadêmico que examina a questão de gênero como uma construção social e cultural, o estatuto social e as contribuições das mulheres, e as relações entre poder e gênero.[1]
Metodologias populares dentro do campo de estudos sobre as mulheres incluem a teoria do ponto de vista, a intersecionalidade, multiculturalismo, feminismo transnacional, e práticas de leitura, associadas à teoria crítica, ao pós-estruturalismo e à teoria queer. O campo pesquisa e critica normas sociais de gênero, raça, classe, sexualidade, e outras desigualdades sociais. Ele está relacionado com o - mais amplo - campo dos estudos de gênero. Estudos sobre as mulheres precederam os estudos de gênero como uma campo de estudo estabelecido. Nos Estados Unidos, o primeiro Doutoramento em estudos sobre as mulheres foi criado em 1990 e o primeiro Doutoramento em estudos de gênero, em 2005. A história das mulheres é o campo de estudos que visa resgatar a participação feminina ao longo do tempo, quebrando a lógica da História como algo predominantemente masculino, já que durante muito tempo houve um silêncio historiográfico em relação às mulheres.[2] Inserido na perspectiva da Nova História,[3] esse campo surge como definível nos Estados Unidos e Grã-Bretanha na década de 1960 e na França cerca de uma década depois, em meio a ascensão da segunda onda do feminismo. Alguns fatores contribuíram diretamente para o surgimento desse ramo, dentre eles: o Movimento de Libertação das Mulheres, desenvolvido a partir dos anos 1970; a presença significativa das mulheres nas universidades, e uma mudança na perspectiva histórica, na qual vários sujeitos passaram a reivindicar seu lugar na “escrita da História”, dentre eles as mulheres.[4] A partir de 1980 a História das mulheres se aproxima de categorias de análise de gênero, para explicar as relações de poder entre e mulheres e a invisibilidade feminina na História.[5] A categoria gênero, como por exemplo a elaborada por Joan Scott, considera que a questão da diferença sexual não é determinada pela natureza, mas sim construída social e politicamente, remodelada durante a História e perpassada por relações de poder. Ou seja, estudar sob a categoria de gênero não é analisar o feminino isoladamente, mas sim as diferenças e relações entre homens e mulheres através da História.[6]
Na década 1990 esse campo da historiografia já estava sendo consolidado, com números crescentes de trabalhos e estudos. A História das mulheres hoje inclui os estudos sobre os direitos das mulheres, dos feminismos, das mulheres que subverteram a ordem como militantes, entre outros diversos temas.
Na década de 1940, em torno da opressão da mulher, Mary Nash debate seu papel na história, e a historiadora Mary Beard, em Woman as force in history, questiona a marginalização da mulher nos estudos históricos, onde os historiadores homens a ignoravam sistematicamente.
Para o historiador J.M. Hexter a ausência das mulheres se deve ao fato de elas não terem participado dos grandes acontecimentos políticos e sociais. Simone de Beauvoir em sua pioneira obra, "O segundo sexo", assume postura similar à de Hexter, ao argumentar que a mulher, ao viver em função do outro, não tem projeto de vida própria; atuando a serviço do patriarcado, sujeitando-se ao protagonista e agente da história: o homem. A historiadora Branca Moreira Alves, igualmente, focaliza em estudo de 1980, e, instigada pelo movimento em que militava na década de 1970.[7]