Invasão da Polônia
invasão militar da Polônia pela Alemanha Nazi, fato que desencadeou o início da Segunda Guerra Mundial na Europa / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
A Invasão da Polônia (Campanha de Setembro, em polonês/polaco: Kampania wrześniowa; Guerra Defensiva de 1939, em polonês/polaco: Wojna obronna 1939 roku; Campanha da Polônia, em alemão: Überfall auf Polen) marcou o início da Segunda Guerra Mundial. A invasão alemã começou em 1 de setembro de 1939, sem declaração formal de guerra, uma semana após a assinatura do Pacto Molotov-Ribbentrop entre a Alemanha Nazista e a União Soviética, e um dia após o Soviete Supremo da União Soviética ter aprovado o pacto.[13] Os soviéticos invadiram a Polônia em 17 de setembro. A campanha terminou em 6 de outubro com a Alemanha e a União Soviética dividindo e anexando toda a Polônia sob os termos do Tratado Fronteiriço Alemão-Soviético.
Invasão da Polônia | |||
---|---|---|---|
Parte da Frente Oriental, Segunda Guerra Mundial | |||
Bombardeiros da Luftwaffe sobre a Polônia; SMS Schleswig-Holstein atacando o Westerplatte; Polícia de Danzigue destruindo o posto de fronteira polonês; Formação de blindados alemães; Tropas alemãs e soviéticas apertando as mãos; Bombardeio de Varsóvia. | |||
Data | 1 de setembro – 6 de outubro de 1939 (35 dias) | ||
Local | Polônia, Prússia Oriental e Cidade Livre de Danzigue (atual Gdańsk) | ||
Desfecho | Vitória Alemã-Soviética (consulte a seção Consequências) | ||
Mudanças territoriais |
| ||
Beligerantes | |||
| |||
Comandantes | |||
| |||
Forças | |||
Baixas | |||
|
As forças alemãs invadiram a Polônia pelo norte, sul e oeste na manhã após a operação de "bandeira falsa" de Gleiwitz.[14] As forças militares eslovacas avançaram ao lado dos alemães no norte da Eslováquia. À medida que a Wehrmacht avançava, as forças polonesas se retiravam de suas bases avançadas de operação perto da fronteira Alemanha-Polônia para linhas de defesa mais estabelecidas a leste. Após a derrota polonesa em meados de setembro na Batalha de Bzura, os alemães ganharam uma vantagem indiscutível. As forças polonesas então se retiraram para o sudeste, onde se prepararam para uma longa defesa da cabeça de ponte romena e aguardaram o apoio e alívio esperados da França e do Reino Unido.[15] Esses dois países tinham pactos com a Polônia e declararam guerra à Alemanha em 3 de setembro; no final, sua ajuda à Polônia foi muito limitada, porém a França invadiu uma pequena parte da Alemanha na Ofensiva do Sarre.
Em 17 de setembro, o Exército Vermelho Soviético invadiu a Polônia Oriental, o território além da Linha Curzon que caiu na "esfera de influência" soviética de acordo com o protocolo secreto do Pacto Molotov-Ribbentrop; isso tornou o plano de defesa polonês obsoleto.[16] Enfrentando uma segunda frente, o governo polonês concluiu que a defesa da cabeça de ponte romena não era mais viável e ordenou uma evacuação de emergência de todas as tropas para a Romênia neutra.[17] Em 6 de outubro, após a derrota polonesa na Batalha de Kock, as forças alemãs e soviéticas ganharam controle total sobre a Polônia. O sucesso da invasão marcou o fim da Segunda República Polonesa, embora a Polônia nunca tenha se rendido formalmente.
Um dos objetivos da invasão era repartir o território polaco no final da operação; a Polónia deveria deixar de existir como país e os polacos ("povo inferior") deveriam ser exterminados.[18][19][20][21] O apoio de empresas dos Estados Unidos no fornecimento de produtos petroquímicos a IG Farben, a partir de portos hispânicos também foi importante, segundo Albert Speer, viabilizando a própria blitzkrieg durante a maior parte da guerra que foi declarada como "humanitária" por Hitler.[22][23][24] Em 8 de outubro, após um período inicial de administração militar, a Alemanha anexou diretamente a Polônia Ocidental e a antiga Cidade Livre de Danzigue e colocou o bloco de território restante sob a administração do recém-estabelecido Governo Geral. A União Soviética incorporou suas áreas recém-adquiridas às repúblicas bielorussas e ucranianas constituintes e imediatamente iniciou uma campanha de sovietização. No rescaldo da invasão, um coletivo de organizações de resistência clandestina formou o Estado Secreto Polaco dentro do território do antigo Estado polonês. Muitos dos exilados militares que conseguiram escapar da Polônia posteriormente se juntaram às Forças Armadas polonesas no Ocidente, uma força armada leal ao Governo polonês no exílio.
Em 30 de janeiro de 1933, o Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, sob seu líder Adolf Hitler, chegou ao poder na Alemanha Nazista.[25] Embora a República de Weimar tenha procurado há muito tempo anexar territórios pertencentes à Polônia, foi ideia do próprio Hitler e não uma realização dos planos de Weimar para invadir e dividir a Polônia,[26] anexar a Boêmia e a Áustria e criar estados-satélite ou fantoches economicamente subordinados à Alemanha.[27]
Como parte dessa política de longo prazo, Hitler a princípio perseguiu uma política de reaproximação com a Polônia, tentando melhorar a opinião na Alemanha, culminando no Pacto de Não-Agressão Alemão-Polonês de 1934.[28] Anteriormente, a política externa de Hitler trabalhou para enfraquecer os laços entre a Polônia e a França, e tentou manobrar a Polônia no Pacto Anticomintern, formando uma frente cooperativa contra a União Soviética.[28][29] A Polônia receberia território a seu nordeste na Ucrânia e Bielorrússia se concordasse em travar uma guerra contra a União Soviética, mas as concessões que os poloneses deveriam fazer significavam que sua pátria se tornaria amplamente dependente da Alemanha, funcionando como pouco mais que um Estado cliente. Os poloneses temiam que sua independência acabasse sendo totalmente ameaçada;[29] historicamente, Hitler já havia denunciado o direito da Polônia à independência em 1930, escrevendo que poloneses e tchecos são uma "ralé que não vale um centavo a mais do que os habitantes do Sudão ou da Índia. Como eles podem exigir os direitos de estados independentes?".[30]
A população da Cidade Livre de Danzigue era fortemente a favor da anexação pela Alemanha, assim como muitos dos habitantes de etnia alemã do território polonês que separava o enclave alemão da Prússia Oriental do resto do Reich.[31] O Corredor Polonês constituía um terreno há muito disputado pela Polônia e Alemanha e era habitado por uma maioria polonesa. O corredor se tornou parte da Polônia após o Tratado de Versalhes. Muitos alemães também queriam que a cidade portuária urbana de Danzigue e seus arredores (incluindo a Cidade Livre de Danzigue) fossem reincorporados à Alemanha. A cidade de Danzigue tinha uma maioria alemã,[32] e foi separada da Alemanha depois do Tratado de Versalhes e transformada na Cidade Livre nominalmente independente. Hitler procurou usar isso como casus belli, um motivo de guerra, reverter as perdas territoriais pós-1918, e em muitas ocasiões apelou ao nacionalismo alemão, prometendo "libertar" a minoria alemã ainda no Corredor, assim como Danzigue.[33]
A invasão foi referida pela Alemanha como a Guerra Defensiva de 1939 (Verteidigungskrieg), uma vez que Hitler proclamou que a Polônia havia atacado a Alemanha e que "os alemães na Polônia são perseguidos com um terror sangrento e são expulsos de suas casas. A série de violações de fronteira, insuportáveis para uma grande potência, prova que os poloneses não estão mais dispostos a respeitar a fronteira alemã".[34]
A Polônia participou com a Alemanha na partição da Checoslováquia que se seguiu ao Acordo de Munique, embora não fizesse parte do acordo. Coagiu a Checoslováquia a render a região de Český Těšín, emitindo um ultimato nesse sentido em 30 de setembro de 1938, que foi aceito pela Checoslováquia em 1 de outubro.[35] Essa região tinha maioria polonesa e havia sido disputada entre a Checoslováquia e a Polônia após a Primeira Guerra Mundial.[36][37] A anexação polonesa do território eslovaco (várias aldeias nas regiões de Čadca, Orava e Spiš) mais tarde serviu de justificativa para o estado eslovaco aderir à invasão alemã.
Em 1937, a Alemanha começou a aumentar suas demandas por Danzigue, enquanto propunha que uma estrada extraterritorial, parte do sistema Reichsautobahn, fosse construída a fim de conectar a Prússia Oriental com a Alemanha, passando pelo Corredor Polonês.[38] A Polônia rejeitou essa proposta, temendo que, após aceitar essas demandas, ficaria cada vez mais sujeita à vontade da Alemanha e, eventualmente, perderia sua independência como os tchecos haviam feito.[39] Os líderes poloneses também não confiavam em Hitler.[39] Os britânicos também desconfiavam do aumento da força e da assertividade da Alemanha, que ameaçava sua estratégia de equilíbrio de poder.[40] Em 31 de março de 1939, a Polônia formou uma aliança militar com o Reino Unido e com a França, acreditando que a independência polonesa e a integridade territorial seriam defendidas com seu apoio se fosse ameaçada pela Alemanha.[41] Por outro lado, o primeiro-ministro britânico Neville Chamberlain e seu ministro das Relações Exteriores, Lord Halifax, ainda esperavam chegar a um acordo com Hitler sobre Danzigue (e possivelmente o Corredor Polonês). Chamberlain e seus apoiadores acreditavam que a guerra poderia ser evitada e esperavam que a Alemanha concordasse em deixar o resto da Polônia em paz. A hegemonia alemã sobre a Europa Central também estava em jogo. Em particular, Hitler disse em maio que Danzigue não era a questão importante para ele, mas a busca de Lebensraum para a Alemanha.[42]
Detalhamento das negociações
Com o aumento das tensões, a Alemanha Nazista se voltou para uma diplomacia agressiva. Em 28 de abril de 1939, Adolf Hitler se retirou unilateralmente do Pacto de Não-Agressão Alemão-Polonês de 1934 e do Acordo Naval Anglo-Germânico de 1935. As negociações sobre a Cidade Livre de Danzigue e o Corredor Polonês foram interrompidas e meses se passaram sem interação diplomática entre a Alemanha e a Polônia. Durante esse período intermediário, os alemães souberam que a França e o Reino Unido não conseguiram garantir uma aliança com a União Soviética contra a Alemanha e que a União Soviética estava interessada em uma aliança com a Alemanha contra a Polônia. Hitler já havia emitido ordens para se preparar para uma possível "solução do problema polonês por meios militares" por meio do cenário Fall Weiss.
Em maio, em um comunicado aos generais enquanto eles planejavam a invasão da Polônia, Hitler deixou claro que a invasão não viria sem resistência, como aconteceu na Checoslováquia:[43]
Com pequenas exceções, a unificação nacional alemã foi alcançada. Mais sucessos não podem ser alcançados sem derramamento de sangue. A Polônia estará sempre ao lado dos nossos adversários... Danzigue não é o objetivo. É uma questão de expandir o nosso espaço vital no Leste, de tornar seguro o nosso abastecimento alimentar e de resolver o problema dos Países Bálticos. Para fornecer comida suficiente, você deve ter áreas pouco povoadas. Portanto, não há como poupar a Polônia, e a decisão continua a ser atacar a Polônia na primeira oportunidade. Não podemos esperar uma repetição da Checoslováquia. Haverá luta.[43]
Em 22 de agosto, pouco mais de uma semana antes do início da guerra, Hitler fez um discurso para seus comandantes militares em Obersalzberg:
"O objetivo da guerra é (...) fisicamente destruir o inimigo. É por isso que preparei, para já apenas no Leste, as minhas formações SS-Totenkopfverbände ("os regimentos da caveira") com ordens para matar sem piedade nem misericórdia todos os homens, mulheres e crianças de ascendência ou língua polaca. Só assim poderemos obter o espaço vital de que necessitamos."[44]
Com a assinatura surpresa do Pacto Molotov-Ribbentrop em 23 de agosto, o resultado de conversas secretas nazistas-soviéticas mantidas em Moscou, a Alemanha neutralizou a possibilidade da oposição soviética a uma campanha contra a Polônia e a guerra se tornou iminente. Na verdade, os soviéticos concordaram em não ajudar a França ou o Reino Unido no caso de entrarem em guerra com a Alemanha pela Polônia e, em um protocolo secreto do pacto, os alemães e os soviéticos concordaram em dividir a Europa Oriental, incluindo a Polônia, em duas esferas de influência; um terço ocidental do país iria para a Alemanha e os dois terços do leste para a União Soviética.
O ataque alemão estava originalmente programado para começar às 04h00 da manhã de 26 de agosto. No entanto, em 25 de agosto, o Pacto de Defesa Comum Anglo-Polonês foi assinado como um anexo à Aliança Franco-Polonesa (1921). Nesse acordo, o Reino Unido se comprometeu com a defesa da Polônia, garantindo a preservação da independência polonesa. Ao mesmo tempo, os britânicos e os poloneses insinuavam a Berlim que estavam dispostos a retomar as discussões, de forma alguma como Hitler esperava enquadrar o conflito. Assim, ele hesitou e adiou seu ataque até 1 de setembro, conseguindo efetivamente deter toda a invasão "no meio do salto".
No entanto, houve uma exceção: na noite de 25-26 de agosto, um grupo de sabotagem alemão que não tinha ouvido nada sobre o adiamento da invasão fez um ataque à estação ferroviária de Passo de Jablunkov e Mosty, na Silésia. Na manhã de 26 de agosto, esse grupo foi repelido pelas tropas polonesas. O lado alemão descreveu tudo isso como um incidente "causado por um indivíduo insano" (veja incidente de Jabłonków).
Em 26 de agosto, Hitler tentou dissuadir os britânicos e franceses de interferir no conflito que se aproximava, até mesmo prometendo que as forças da Wehrmacht que seriam colocadas à disposição do Império Britânico no futuro. As negociações convenceram Hitler de que havia pouca chance de os Aliados ocidentais declararem guerra à Alemanha e, mesmo que o fizessem, devido à falta de "garantias territoriais" para a Polônia, estariam dispostos a negociar um compromisso favorável à Alemanha após sua conquista da Polônia. Enquanto isso, o aumento do número de sobrevoos de aviões de reconhecimento de alta altitude e movimentos de tropas através da fronteira sinalizava que a guerra era iminente.
Em 29 de agosto, instigada pelos britânicos, a Alemanha fez uma última oferta diplomática, com Fall Weiss ainda a ser reprogramada. Naquela noite, o governo alemão respondeu em uma comunicação que visava não só a restauração de Danzigue, mas também o Corredor Polonês (que não fazia parte das demandas de Hitler), além da salvaguarda da minoria alemã na Polônia. Afirma que está disposto a iniciar negociações, mas indica que um representante polaco com poderes para assinar um acordo deverá chegar a Berlim no dia seguinte, enquanto entretanto elaborará um conjunto de propostas.[45] O Gabinete Britânico ficou satisfeito que as negociações tenham sido acordadas, mas, ciente de como Emil Hácha foi forçado a deixar seu país em circunstâncias semelhantes apenas alguns meses antes, considerou a necessidade de uma chegada imediata de um representante polonês com plenos poderes de assinatura como um ultimato inaceitável.[46][47] Na noite de 30/31 de agosto, o Ministro das Relações Exteriores alemão Joachim von Ribbentrop leu uma proposta alemã de 16 pontos ao embaixador britânico. Quando o embaixador solicitou uma cópia das propostas para transmissão ao governo polonês, Ribbentrop recusou, com base em que o representante polonês solicitado não tinha chegado à meia-noite.[48] Quando o embaixador polonês Józef Lipski foi ver Ribbentrop depois no dia 31 de agosto para indicar que a Polônia estava favoravelmente disposta a negociações, ele anunciou que não tinha o poder total para assinar, e Ribbentrop o despediu. Foi então transmitido que a Polônia havia rejeitado a oferta da Alemanha e as negociações com a Polônia chegaram ao fim. Hitler deu ordens para que a invasão começasse logo depois.
Em 29 de agosto, o Ministro das Relações Exteriores da Polônia, Józef Beck, ordenou a mobilização militar, mas sob a pressão do Reino Unido e da França, a mobilização foi cancelada. Quando a mobilização final começou, aumentou a confusão.[49]
Em 30 de agosto, a Marinha da Polônia enviou sua flotilha de contratorpedeiros para o Reino Unido, executando o Plano Peking. No mesmo dia, o marechal da Polônia Edward Rydz-Śmigły anunciou a mobilização das tropas polonesas. No entanto, ele foi pressionado a revogar a ordem pelos franceses, que aparentemente ainda esperavam por um acordo diplomático, sem perceber que os alemães estavam totalmente mobilizados e concentrados na fronteira polonesa.[50] Durante a noite de 31 de agosto, o Incidente de Gleiwitz, um ataque de bandeira falsa à estação de rádio, foi encenado perto da cidade fronteiriça de Gleiwitz na Alta Silésia por unidades alemãs se passando por tropas polonesas, como parte da Operação Himmler.[51] Em 31 de agosto, Hitler ordenou que as hostilidades contra a Polônia começassem às 4h45 da manhã seguinte. No entanto, em parte por causa da paralisação anterior, a Polônia finalmente conseguiu mobilizar apenas cerca de 70% de suas forças planejadas (apenas cerca de 900 000 dos 1 350 000 soldados planejados para se mobilizar em primeira ordem), e por causa disso muitas unidades ainda estavam se formando ou se movendo para seu posições designadas na linha de frente. A mobilização tardia reduziu a capacidade de combate do Exército Polonês em cerca de um terço.
Alemanha Nazista
A Alemanha Nazista tinha uma vantagem numérica substancial sobre a Polônia e havia desenvolvido um exército significativo antes do conflito. O Heer (exército) tinha 3.472 tanques em seu estoque, dos quais 2 859 estavam com o Exército de Campo e 408 com o Exército de Substituição.[52] 453 tanques foram atribuídos a quatro divisões leves, enquanto outros 225 tanques estavam em regimentos e companhias destacados.[53] Mais notavelmente, os alemães tinham sete divisões Panzer, com 2 009 tanques entre eles, usando uma nova doutrina operacional.[54] Sustentou que essas divisões deveriam agir em coordenação com outros elementos das forças armadas, abrindo buracos na linha inimiga e isolando unidades selecionadas, que seriam cercadas e destruídas. Isso seria seguido por infantaria mecanizada menos móvel e soldados de infantaria. A Luftwaffe (força aérea) forneceu poder aéreo tático e estratégico, particularmente bombardeiros de mergulho que interromperam as linhas de suprimento e comunicações. Juntos, os novos métodos foram apelidados de "Blitzkrieg" (guerra relâmpago). Enquanto o historiador Basil Liddell Hart afirmou que "a Polônia foi uma demonstração completa da teoria Blitzkrieg",[55] alguns outros historiadores discordam.[56]
Os aviões desempenharam um papel importante na campanha. Os bombardeiros também atacaram cidades, causando enormes perdas entre a população civil por meio de bombardeios terroristas e fuzilamento. As forças da Luftwaffe consistiam em 1 180 caças, 290 bombardeiros de mergulho Ju 87 Stuka, 1 100 bombardeiros convencionais (principalmente Heinkel He 111 e Dornier Do 17) e uma variedade de 550 aviões de transporte e 350 aviões de reconhecimento.[57][58] No total, a Alemanha possuía cerca de 4 000 aviões, a maioria eram modernos. Uma força de 2 315 aviões foi atribuída a Fall Weiss.[59] Devido à sua participação anterior na Guerra Civil Espanhola, a Luftwaffe foi provavelmente a força aérea mais experiente, mais bem treinada e mais bem equipada do mundo em 1939.[60]
Polônia
Surgindo em 1918 como um país independente após 123 anos após as Partições da Polônia, a Segunda República Polonesa, quando comparada com países como o Reino Unido ou a Alemanha, era um país relativamente indigente e principalmente agrícola. Os potências de partição não investiram no desenvolvimento da indústria, especialmente na indústria de armamentos em áreas etnicamente polonesas. Além disso, a Polônia teve que lidar com os danos causados pela Primeira Guerra Mundial. Isso resultou na necessidade de construir uma indústria de defesa do zero. Entre 1936 e 1939, a Polônia investiu pesadamente na recém-criada Região Industrial Central. Os preparativos para uma guerra defensiva com a Alemanha estavam em andamento por muitos anos, mas a maioria dos planos presumia que os combates não começariam antes de 1942. Para levantar fundos para o desenvolvimento industrial, a Polônia vendeu muitos dos equipamentos modernos que produziu.[61] Em 1936, um Fundo de Defesa Nacional foi criado para coletar os fundos necessários para o fortalecimento das Forças Armadas Polacas. O Exército Polonês tinha aproximadamente um milhão de soldados, mas nem todos foram mobilizados até 1 de setembro. Os retardatários sofreram baixas significativas quando o transporte público se tornou alvos da Luftwaffe. Os militares poloneses tinham menos forças blindadas do que os alemães, e essas unidades, dispersas dentro da infantaria, foram incapazes de enfrentar os alemães com eficácia.[62]
As experiências na Guerra Polaco-Soviética moldaram a doutrina organizacional e operacional do Exército Polonês. Ao contrário da guerra de trincheiras da Primeira Guerra Mundial, a Guerra Polaco-Soviética foi um conflito no qual a mobilidade da cavalaria desempenhou um papel decisivo.[63] A Polônia reconheceu os benefícios da mobilidade, mas não conseguiu investir pesadamente em muitas das invenções caras e não comprovadas desde então. Apesar disso, as brigadas de cavalaria polonesas foram usadas como infantaria montada móvel e tiveram alguns sucessos contra a infantaria e a cavalaria alemãs.[64]
Uma divisão de infantaria polonesa média consistia de 16 492 soldados e estava equipada com 326 canhões leves e médios, 132 canhões pesados, 92 rifles antitanque e várias dezenas de artilharia de campanha leve, média, pesada, antitanque e antiaéreo. Ao contrário dos 1 009 carros e caminhões e 4 842 cavalos na divisão de infantaria alemã média, a divisão de infantaria polonesa média tinha 76 carros e caminhões e 6 939 cavalos.[65]
A Força Aérea Polaca (Lotnictwo Wojskowe) estava em grave desvantagem contra a Luftwaffe alemã devido à inferioridade em números e à obsolescência de seus aviões de combate. No entanto, ao contrário da propaganda alemã, não foi destruído no solo; na verdade, foi disperso com sucesso antes do início do conflito e nenhum dos seus aviões de combate foi destruído no solo nos primeiros dias do conflito.[66] Na era do rápido progresso na aviação, a Força Aérea Polaca carecia de caças modernos, em grande parte devido ao cancelamento de muitos projetos avançados, como o PZL.38 Wilk e ao atraso na introdução de um caça polonês moderno completamente novo PZL.50 Jastrząb. No entanto, seus pilotos estavam entre os mais bem treinados do mundo, como comprovado um ano depois na Batalha da Grã-Bretanha, na qual os poloneses desempenharam um papel notável.[67]
No geral, os alemães desfrutaram de superioridade numérica e qualitativa em aviões. A Polônia tinha apenas cerca de 600 aviões, das quais apenas bombardeiros pesados PZL.37 Łoś eram modernos e comparáveis aos alemães. A Força Aérea Polaca tinha aproximadamente 185 PZL P.11 e cerca de 95 caças PZL P.7, 175 PZL.23 Karaś B, 35 Karaś como bombardeiros leves.[Nota 5] Porém, para a Campanha de Setembro, nem todos esses aviões foram mobilizados. Em 1 de setembro, de cerca de 120 bombardeiros pesados PZL.37 produzidos, apenas 36 PZL.37 foram implantados, o restante sendo principalmente de unidades de treinamento. Todos esses aviões eram de design polonês nativo, com os bombardeiros sendo mais modernos do que os caças, de acordo com o plano de expansão da força aérea de Ludomił Rayski, que contava com uma forte força de bombardeiros. A Força Aérea Polaca consistia em uma 'Brigada de Bombardeiros', 'Brigada de Perseguição' e aviões designados para os vários exércitos terrestres.[69] Os caças poloneses eram mais velhos do que os alemães; o caça PZL P.11, produzido no início dos anos 1930, tinha uma velocidade máxima de apenas 365 km/h, muito menos do que os bombardeiros alemães. Para compensar, os pilotos confiaram em sua manobrabilidade e alta velocidade de mergulho.[60] As decisões da Força Aérea Polaca de fortalecer seus recursos chegaram tarde demais, principalmente devido a limitações orçamentárias. Como um pedido de "última hora" no verão de 1939, a Polônia comprou 160 caças franceses Morane-Saulnier M.S.406 e 111 aviões ingleses (100 bombardeiros leves Fairey Battle, 10 Hawker Hurricane e 1 Supermarine Spitfire; a venda de 150 Spitfires solicitada pelo governo polonês foi rejeitada pelo Ministério da Aeronáutica).[70] Apesar do fato de alguns dos aviões terem sido embarcados para a Polônia (o primeiro transporte de aviões compradas no navio "Lassel" partiu de Liverpool em 28 de agosto),[71] nenhum deles participou do combate. No final de 1938, a Força Aérea Polaca também encomendou 300 bombardeiros leves PZL.46 Sum avançados, mas devido a um atraso no início da produção em massa, nenhum deles foi entregue antes de 1 de setembro.[72] Quando na primavera de 1939 descobriu-se que havia problemas com a implementação do novo caça PZL.50 Jastrząb, foi decidido implementar temporariamente a produção do caça PZL P.11.G Kobuz. No entanto, devido à eclosão da guerra, nenhum dos 90 aviões deste tipo encomendados foi entregue ao exército.[73]
A força de tanques consistia em duas brigadas blindadas, quatro batalhões de tanques independentes e cerca de 30 companhias de tanquetes TKS ligadas às divisões de infantaria e brigadas de cavalaria.[74] O tanque padrão do Exército Polonês durante a invasão de 1939 foi o tanque leve 7TP. Foi o primeiro tanque do mundo equipado com motor diesel e periscópio Gundlach 360°.[75] O 7TP estava significativamente melhor armado do que seus oponentes mais comuns, os Panzer I e II alemães, mas apenas 140 tanques foram produzidos entre 1935 e o início da guerra. A Polônia também tinha alguns projetos importados relativamente modernos, como 50 tanques Renault R35 e 38 tanques Vickers E.
A Marinha da Polônia era uma pequena frota de destróieres, submarinos e navios de apoio menores. A maioria das unidades de superfície polonesas seguiu a Operação Peking, deixando os portos poloneses em 20 de agosto e escapando pelo Mar do Norte para se juntar à Marinha Real Britânica. Forças submarinas participaram da Operação Worek, com o objetivo de envolver e prejudicar a navegação alemã no Mar Báltico, mas tiveram muito pouco sucesso. Além disso, muitos navios da marinha mercante se juntaram à frota mercante britânica e participaram de comboios de guerra.