Linchamento de Jesse Washington
Caso de linchamento / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
O linchamento de Jesse Washington (também conhecido como Horror de Waco) foi um linchamento ocorrido em 15 de maio de 1916 em Waco, Texas, Estados Unidos. Jesse Washington, um trabalhador agrícola afro-americano de dezessete anos de idade, foi acusado de estuprar e assassinar Lucy Fryer, esposa de seu empregador branco, na zona rural de Robinson. Nenhuma testemunha presenciou o crime, mas o jovem assinou uma confissão ao ser interrogado pelo xerife do Condado de McLennan e descreveu o local onde teria escondido a arma do crime.
Washington foi julgado em Waco, num tribunal repleto de pessoas furiosas. Ele declarou-se culpado e foi rapidamente sentenciado à morte. Após o pronunciamento da sentença, o jovem foi arrastado para fora do tribunal por populares e linchado em frente à prefeitura municipal. Cerca de dez mil pessoas, incluindo políticos e policiais, se reuniram para assistir ao ataque. A atmosfera era de comemoração, sendo que muitas crianças participaram do acontecimento durante o recreio. Os participantes do ataque ao jovem negro castraram-no, cortaram seus dedos e dependuraram-no sobre uma fogueira. Ele foi deixado sobre a fogueira por cerca de duas horas. Após o fogo ser extinto, seu torso carbonizado foi arrastado pela cidade e partes de seu corpo foram vendidas como lembranças. Um fotógrafo profissional registrou os acontecimentos, fornecendo a rara representação de um linchamento em progresso. As fotografias foram reveladas e vendidas como cartões-postais em Waco.
Apesar de o linchamento ter tido o apoio de boa parte dos habitantes de Waco, foi condenado por jornais de todos os Estados Unidos. A National Association for the Advancement of Colored People (Associação Nacional para o Progresso dos Negros – NAACP) contratou Elizabeth Freeman para investigar o ocorrido; ela conduziu uma investigação detalhada em Waco, apesar da relutância de muitos moradores em falar sobre o evento. Após receber o relatório de Freeman, o co-fundador da NAACP, W.E.B. Du Bois, publicou uma extensa reportagem com as fotos do corpo carbonizado de Washington em The Crisis, revista da associação, e a NAACP utilizou fatos do evento em sua campanha antilinchamento. Apesar de Waco ser, à época, considerada uma cidade moderna e progressista, o linchamento demonstrou que a violência racial ainda era tolerada no local. Os acontecimentos daquele dia foram apelidados de "o horror de Waco". A cidade ganhou a reputação de ser um local racista, mas líderes municipais posteriores impediram linchamentos nas décadas seguintes. Segundo os historiadores, a morte de Washington ajudou a colocar a opinião pública contra os linchamentos. A publicidade negativa que o ocorrido recebeu freou o apoio popular à prática, que passou a ser vista como uma barbárie ao invés de forma aceitável de justiça. Nas décadas de 1990 e 2000, alguns residentes de Waco fizeram uma campanha a favor de um monumento em memória à vítima do linchamento, ideia que não obteve o apoio da maioria dos habitantes.