Maomé II de Granada
De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Maomé II (Granada, c. 1235 – Granada, 7 de abril de 1302), nascido Abu Abedalá Maomé ibne Maomé (em árabe: أبو عبد الله محمد بن محمد; romaniz.:Abū ʿAbd Allāh Muḥammad ibn Muḥammad) e também conhecido pelo epíteto Alfaqui (lit. "jurisconsulto"), foi o segundo governante nacérida do Reino de Granada no Alandalus na Península Ibérica, sucedendo seu pai, Maomé I. Já com experiência em questões de estado quando subiu ao trono, continuou a política de seu pai de manter a independência diante dos vizinhos maiores de Granada, o reino cristão de Castela e o muçulmano Império Merínida de Marrocos, bem como uma rebelião interna dos ex-aliados de sua família, os Banu Asquilula.
Maomé II de Granada | |
---|---|
Emir de Granada | |
Reinado | 22 de janeiro de 1273 – 8 de abril de 1302 |
Antecessor(a) | Maomé I |
Sucessor(a) | Maomé III |
Nascimento | 1235 |
Granada | |
Morte | 7 de abril de 1302 (67 anos) |
Granada | |
Nome completo | Abu Abedalá Maomé ibne Maomé |
Pai | Maomé I |
Mãe | Aixa |
Filho(s) | |
Religião | Islamismo |
Depois de assumir o trono, negociou um tratado com Afonso X de Castela, no qual o reino católico concordou em encerrar o apoio aos Banu Asquilula em troca de pagamentos. Quando Castela pegou o dinheiro, mas manteve seu apoio ao clã rival, o emir voltou-se para Abu Iúçufe Iacube, dos merínidas. Estes enviaram uma expedição bem-sucedida contra Castela, mas as relações azedaram quando os merínidas trataram os Banu Asquilula como iguais a Maomé. Em 1279, através de manobras diplomáticas, recuperou Málaga, anteriormente o centro do poder dos Banu Asquilula. Em 1280, sua diplomacia saiu pela culatra quando Granada enfrentou ataques simultâneos de Castela, dos merínidas e dos Banu Asquilula. Atacado por seus vizinhos mais poderosos, o governante nacérida explorou a brecha entre Afonso e seu filho Sancho, além de receber ajuda de Voluntários da Fé, soldados recrutados do norte da África. A ameaça diminuiu quando Afonso morreu em 1284 e Abu Iúçufe Iacube em 1286; seus sucessores (Sancho e Abu Iacube Iúçufe Anácer, respectivamente) estavam preocupados com assuntos domésticos. Em 1288, os Banu Asquilula emigraram para o norte da África a convite de Abu Iacube, removendo a maior preocupação doméstica de Maomé. Em 1292, Granada ajudou Castela a tirar Tarifa dos merínidas, entendendo que a cidade seria negociada para Granada, mas Sancho renegou a promessa. O sultão nacérida mudou para o lado merínida, mas uma tentativa destes com os granadinos de retomar Tarifa em 1294 falhou. No ano seguinte, Sancho morreu e foi sucedido por Fernando IV, um menor. Granada aproveitou a realização de uma campanha bem-sucedida contra Castela, conquistando Quesada e Alcaudete. Maomé também planejou uma ofensiva conjunta com Aragão contra Castela, mas morreu em 1302 antes da operação.
Durante seus 25 anos de governo, consolidou o Estado fundado por seu pai e implementou reformas administrativas e militares. Instituiu o protocolo real nacérida e a chancelaria da corte, organizou os Voluntários da Fé – tropas recrutadas no norte da África – e aumentou a importância do cargo de vizir no governo. Também dirigiu a construção de uma série de fortalezas em posições estratégicas ao longo de suas fronteiras, que formaram a espinha dorsal das defesas nas fronteiras granadinas nos próximos séculos. Expandiu o palácio de Alhambra e o complexo da fortaleza e aumentou o comércio do reino com a Europa cristã, especialmente com comerciantes de Gênova e Pisa. Seu epíteto Alfaqui reflete sua educação superior e sua preferência por cercar-se de estudiosos e poetas.