Meditações sobre Filosofia Primeira
livro escrito por René Descartes em 1641 / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Meditações sobre Filosofia Primeira, ou Meditações Metafísicas, (originalmente em latim, Meditationes de prima philosophia, in qua Dei existentia et animæ immortalitas demonstratur)[1] é um livro escrito por René Descartes em 1641.[2] Trata-se de um aprofundamento da filosofia elaborada nas Regras para a orientação do espírito (1627?) e no Discurso sobre o método (1637).
Meditações compõe-se de primariamete de seis meditações ou partes, nas quais Descartes tenta estabelecer o que podemos conhecer com segurança.[3] Além das seis meditações há um conjunto de sete objeções e respostas.
Na primeira meditação encontram-se quatro situações que podem confundir suficientemente a percepção, a ponto de invalidarem, seguramente, uma série de enunciados sobre o conhecimento. O principal destes quatro argumentos é o do gênio[desambiguação necessária] maligno que tem a capacidade de confundir a percepção e plantar dúvidas sobre tudo o que podemos conhecer acerca do mundo e suas propriedades. Porém, mesmo podendo falsear a percepção, não pode falsear a crença nas percepções - ou seja, ele pode contra-argumentar contra a percepção mas não contra a crença que incide sobre as percepções. Descartes também conclui que o poder de pensar e existir não podem ser corrompidos pelo gênio maligno.
Na Segunda Meditação encontra-se o argumento de Descartes acerca da certeza da própria existência, certeza que prevalece sobre qualquer dúvida:
- Convenci-me de que não existe nada no mundo, nem céu, nem terra, nem mente, nem corpo. Isto implica que também eu não exista? Não: se existe algo de que eu esteja realmente convencido é de minha própria existência. Mas existe um enganador de poder e astúcia supremos, que está deliberada e constantemente me confundindo. Neste caso, e mesmo que o enganador me confunda, sem dúvida eu também devo existir… a proposição "eu sou", "eu existo", deve ser necessariamente verdadeira para que eu possa expressá-la, ou para que algo confunda minha mente.
Em outras palavras, a consciência implica a existência, logo nesse instante ocorre a descoberta do Cogito (ser pensante) – em uma das réplicas às objeções que faz no livro, Descartes resumiu a passagem acima em sua hoje famosa sentença: penso, logo, existo (em latim: cogito, ergo sum) –, essa é a primeira certeza, segundo Descartes,clara e distinta que o permitirá seguir adiante, todavia mesmo encontrando essa certeza, aparece o problema do solipsismo, o qual se emerge no instante em que a única certeza real que Descartes possui é o ser pensante, logo ele se encontra só e toda realidade exterior, em um primeiro instante, poder-se-ia considerar ilusória – mas no entanto não é pois Descartes prova a veracidade do mundo exterior a partir do argumento ontológico de Deus.