A morte térmica é como se especula um possível estado final do universo, no qual ele "decairia" para um estado de nenhuma energia livre que pudesse sustentar movimento ou vida. O estado de morte térmica não implica uma temperatura absoluta em particular. Apenas requer que as diferenças de temperatura então existentes não poderiam ser utilizadas para realizar trabalho. Em termos físicos, a morte térmica significa que o universo terá alcançado entropia máxima.

A hipótese de uma morte térmica universal surgiu das ideias dos anos 1850 de William Thomson (Lord Kelvin), que extrapolou a visão da perda de energia mecânica na natureza da teoria do calor, como as englobadas nas primeiras duas leis da termodinâmica, a uma situação universal.

Origens da ideia

A ideia de morte térmica advém da segunda lei da termodinâmica, a qual estabelece que a entropia tende a aumentar em um sistema isolado. Se o universo durar por um tempo suficiente, ele irá assimptoticamente aproximar-se de uma estado onde toda a energia é uniformemente distribuída. Em outras palavras, na natureza há uma tendência para a dissipação (perda de energia) de energia mecânica (movimento); então, por extrapolação, existe a visão de que o movimento mecânico do universo decai no tempo devido à segunda lei. A ideia de morte térmica foi proposta em vagos termos primeiramente em 1851 por William Thomson, que teorizou adicionalmente sobre a perda de energia mecânica de Sadi Carnot (1824), James Joule (1843), e Rudolf Clausius (1850). As visões de Thomson foram então elaboradas mais detalhadamente na década seguinte por Hermann von Helmholtz e William Rankine.

História

A ideia da morte térmica do universo deriva da discussão da aplicação das primeiras duas leis da termodinâmica aos processos universais. Especificamente, em 1851 William Thomson esboçou a visão, baseado em experimentos sobre a teoria dinâmica do calor, que "calor não é uma substância, mas uma forma dinâmica de efeito mecânico, nós percebemos que esta deve ser uma equivalência entre trabalho mecânico e calor, como entre causa e efeito."[1]

Thumb
William Thomson (Lord Kelvin) - criador da ideia de morte térmica universal em 1852.

Em 1852, Thomson publicou Sobre uma Tendência Universal na Natureza para a Dissipação da Energia Mecânica (originalmente em inglês On a Universal Tendency in Nature to the Dissipation of Mechanical Energy) na qual ele esboçou os rudimentos da segunda lei da termodinâmica sumarizada pela visão que movimento mecânico e a energia usada para criar este movimento irá tender a dissipar-se ou decair, naturalmente.[2] As ideias neste artigo, em relação a sua aplicação à idade do Sol e a dinâmica da operação universal, atraíram as atenções de William Rankine e Hermann von Helmholtz. Os três disseram ter trocado ideias sobre este assunto.[3] Em 1862, Thomson publicou o artigo Sobre a idade do calor do sol (originalmente On the age of the sun’s heat) no qual ele reiterava suas crenças fundamentais na indestrutibilidade da energia (a primeira lei da termodinâmica) e a dissipação universal do calor(a segunda lei), conduzindo à difusão do calor, cessação do movimento, e exaustão da energia potencial através do universo material ao esclarecer seu ponto de vista das consequências para o universo como um todo. O parágrafo chave é:[4]

The result would inevitably be a state of universal rest and death, if the universe were finite and left to obey existing laws. But it is impossible to conceive a limit to the extent of matter in the universe; and therefore science points rather to an endless progress, through an endless space, of action involving the transformation of potential energy into palpable motion and hence into heat, than to a single finite mechanism, running down like a clock, and stopping for ever.
O resultado seria inevitavelmente um estado de repouso e morte universal, se o universo fosse finito e deixado a obedecer às leis existentes. Mas é impossível conceber um limite para a extensão da matéria no universo; e consequentemente a ciência aponta a um progresso infinito, através de um espaço infinito, da ação envolvendo a transformação da energia potencial no movimento palpável em calor, do que a um único mecanismo finito, funcionando decrescentemente como um relógio, e parando para sempre.

Aqui, percebe-se os paradigmas da Física do século XIX, em pensar o Universo como infinito em tamanho e de geometria de um espaço euclideano infinito, exatamente pois fundamentada ainda Mecânica Clássica de Newton, anterior ainda a Cosmologia consequente da Teoria Geral da Relatividade e suas implicações.

Nos anos que se seguiram tanto os artigos de Thomson em 1852 e 1865, tanto Helmholtz e Rankine creditaram a Thomson a ideia, mas leituras adicionais em seus artigos nas publicações estabelecem que Thomson afirmava que o universo iria terminar em uma "morte térmica" (Helmholtz) a qual iria ser o "fim de todos os fenômenos físicos" (Rankine).[3][5]

Ver também

Referências

  1. Thomson, William. (1951). "On the Dynamical Theory of Heat, with numerical results deduced from Mr Joule’s equivalent of a Thermal Unit, and M. Regnault’s Observations on Steam." Excerpts. [§§1-14 & §§99-100], Transactions of the Royal Society of Edinburgh, March, 1851; and Philosophical Magazine IV. 1852, [from Mathematical and Physical Papers, vol. i, art. XLVIII, pp. 174]
  2. Thomson, William (1952). "On a Universal Tendency in Nature to the Dissipation of Mechanical Energy" Proceedings of the Royal Society of Edinburgh for April 19, 1852, also Philosophical Magazine, Oct. 1852. [Esta sendo a versão de Mathematical and Physical Papers, vol. i, art. 59, pp. 511.]
  3. Smith, Crosbie & Wise, Matthew Norton. (1989). Energy and Empire: A Biographical Study of Lord Kelvin. (pg. 500). Cambridge University Press.
  4. Thomson, William. (1862). "On the age of the sun’s heat", Macmillan’s Mag., 5, 288-93; PL, 1, 394-68.
  5. Physics Timeline Arquivado em 22 de maio de 2011, no Wayback Machine. (Helmholtz and Heat Death, 1854)

Ligações externas

Wikiwand in your browser!

Seamless Wikipedia browsing. On steroids.

Every time you click a link to Wikipedia, Wiktionary or Wikiquote in your browser's search results, it will show the modern Wikiwand interface.

Wikiwand extension is a five stars, simple, with minimum permission required to keep your browsing private, safe and transparent.