Orgônio
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Orgônio (português brasileiro) ou orgónio (português europeu) ou orgone é um conceito espiritual pseudocientífico descrito como uma energia esotérica ou como uma hipotética força vital universal.[1][2][3][4][5] Originalmente proposto nos anos 1930 por Wilhelm Reich e desenvolvido mais tarde por seu estudante Charles Kelley depois da morte de Reich em 1957, o orgônio foi concebido como o princípio antientrópico do universo.[6][7] Seria um substrato criativo subjacente a tudo na natureza, comparável ao magnetismo animal de Mesmer (1779), à força ódica de Carl Reichenbach (1845) e ao élan vital de Henri Bergson (1907).[8] O orgônio era visto como uma substância onipresente sem massa, similar ao éter luminífero, mas mais proximamente associado à energia vivente que com a matéria inerte. Supostamente este podia se acumular para criar organização em qualquer escala: desde as mais pequenas unidades microscópicas - chamadas "bions" na teoria orgônica - até em estruturas macroscópicas como organismos viventes, nuvens ou mesmo galáxias.[9]
Reich argumentava que as deficiências ou constrições no orgônio corporal eram a raiz de muitas doenças, da mesma forma em que os limitações na libido podiam produzir neurose na teoria freudiana. Reich fundou o "Instituto do Orgônio" em 1942 para pesquisar sobre a energia orgônica depois de emigrar para os Estados Unidos em 1939, e o utilizou para publicar literatura e distribuir material relacionado com o tema durante mais de uma década.[10] Reich projetou "acumuladores de orgônio" especiais (dispositivos que ostensivelmente coletam e armazenam energia orgônica do ambiente) para melhorar a saúde geral ou mesmo para controlar o clima.[2] Eventualmente, a agência americana FDA obteve uma ordem federal que proibia a distribuição interestatal de materiais relacionados com o orgônio, por considerar que Reich e seus sócios estavam fazendo afirmações enganosas, e mais tarde isto levou à prisão de Reich e à destruição de todos os materiais relacionados com o orgônio no instituto quando Reich violou a ordem judicial.[6] Finalmente Reich rescindiu a afirmação de que os acumuladores poderiam proporcionar potência orgástica, mas isto não foi suficiente para deter a ação judicial.[11]
Na Espanha, o Centro Nacional para a Saúde Complementar e Integral classifica o orgônio como um tipo de "energia putativa".[12] Após a morte de Reich, a pesquisa sobre o conceito do orgônio passou às mãos de alguns de seus estudantes, como Kelley, e mais tarde a uma nova geração de cientistas na Alemanha interessados em descobrir uma base empírica para a hipótese do orgônio (os primeiros resultados positivos foram supostamente fornecidos por Stefan Muschenich em 1989).[13] Não existe respaldo empírico para o conceito de orgônio na medicina ou nas ciências físicas, e a pesquisa sobre o conceito terminou junto com o Instituto.[2]