Parque de ciência e tecnologia
área destinada a promover o desenvolvimento de negócios de ciência ou tecnologia / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Um parque de ciência e tecnologia, por vezes designado como parque de ciência, parque de tecnologia ou tecnopolo, é um centro tecnológico que reúne, num mesmo lugar, diversas atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em áreas de alta tecnologia, como institutos, centros de pesquisa, empresas e universidades, o que facilita os contatos pessoais e institucionais entre esses meios, produzindo uma economia de aglomeração ou de concentração espacial do desenvolvimento tecnológico. O efeito de sinergia facilita o desenvolvimento de inovações técnicas, novos processos e novas ideias. Os tecnopolos, geralmente, concentram grande quantidade de mão de obra altamente qualificada, como pesquisadores e professores universitários, geralmente com pós-graduação de alto nível (doutorado ou pós-doutorado), assim como mercado consumidor.
Ligados à chamada "Terceira Revolução Industrial", os tecnopolos representam, hoje, o que as grandes regiões industriais representavam na primeira revolução industrial.
Os primeiros espaços deste tipo foram criados nos Estados Unidos, quando a Intel, juntamente com a universidade de Stanford, na Califórnia e a UCLA, criaram um polo de desenvolvimento tecnológico na área de computação e informática que ficou conhecido como Vale do Silício (Silicon Valley). A construção do Stanford Industrial Park agregou novos elementos à longa tradição da região em pesquisas militares voltadas para o setor aeronáutico e de comunicações, que incluíam instalações da NACA (posteriormente NASA), laboratórios da Bell (Bell-Lab), a Lockheed e a Fairchild Semiconductor. A interação entre instituições de pesquisa civis e militares, universidades e empresas foi decisiva para aglutinar os esforços empresariais de criação de um polo de alta tecnologia na Califórnia. Dentre as empresas mais importantes da região, destacam-se a Intel, IBM, Apple Inc., Cisco, Microsoft, AMD, Xerox, Lockheed, Boeing, dentre outras empresas de informática, computação, robótica, de material bélico e aeroespaciais.
Nas décadas seguintes, diversos polos semelhantes foram instalados em outros lugares do mundo, especialmente Europa e Japão, geralmente apoiados pelos governos locais e pelo governo federal destes países.
Alguns tecnopolos acabaram se especializando em modalidades específicas de pesquisa, como o Vale do Silício, na Califórnia (que é um polo na área de computação e informática) e o Research Triangle Park, na Carolina do Norte (que é um polo especializado em biotecnologia).
Em muitos países, os tecnopolos foram planejados por governos, incluindo vários centros de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias de ponta em áreas distintas, como é o caso do principal tecnopolo japonês: Tsukuba, que reúne, na mesma cidade, a agência Nacional Espacial do Japão (Nasda), o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Industrial Avançada (AIST) e a universidade de Tsukuba.
Na Europa, destacam-se os tecnopolos existentes na França, como o Sophia Antipolis, criado próximo a Nice, a partir da década de 1970, ou o tecnopolo de Edimburgo, ligado à universidade de Edimburgo, na Escócia.
Em Portugal, destaca-se o Tecnopolo da Madeira, que reúne centros de pesquisa em biotecnologia e nanotecnologia e o TagusPark, voltado para a área de tecnologia de computação e informática.
Devido ao alto custo e à necessidade de infraestrutura específica e à necessidade da proximidade de centros de pesquisa, os tecnopolos geralmente se organizam ao redor de universidades, que recebem subsídios do governo e de companhias privadas. Junto das universidades, surgem centros de pesquisas (sejam eles particulares ou governamentais), assim como novas empresas e indústrias de ponta.
Uma lógica semelhante à dos modernos tecnopolos foi desenvolvida na ex-URSS, quando o governo soviético passou a reunir nos mesmos centros de pesquisa e desenvolvimento cientistas e indústrias, para gerar simultaneamente economia de escala e de aglomeração. Estes polos tecnológicos tinham objetivos prioritariamente militares ou aeroespaciais, reunindo pesquisadores de OKBs e envolveu os principais centros de desenvolvimento de tecnologia de ponta na ex-URSS, os chamados OKBs (em russo: Опытное конструкторское бюроe) e os institutos de Pesquisa e Desenvolvimento soviéticos (NII's, em inglês Scientific-Research Institutes, ou em russo: аучно-исследовательский институт). A principal diferença desses centros de pesquisa e desenvolvimento soviéticos para os tecnopolos típicos existentes em outros países é que, geralmente, os polos tecnológicos soviéticos eram altamente especializados em um único tipo de tecnologia, produto ou serviço, tinham baixo grau de integração com outros centros (eram relativamente isolados) e, geralmente, produziam os protótipos dos produtos no mesmo laboratório ou centro em que este era desenvolvido. Um dos OKBs mais famosos é o OKB-51, onde o cientista e projetista Pavel Sukhoi liderou um grupo de cientistas no desenvolvimento da linhagem de aviões Sukhoi, hoje transformada em uma empresa.