Partido Socialismo e Liberdade
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O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) é um partido político brasileiro fundado em junho de 2004. Obteve registro definitivo na Justiça Eleitoral no dia 15 de setembro de 2005. Seu número eleitoral é o 50,[1] suas cores são o vermelho, o amarelo e o laranja e tem, como logotipo principal, um sol sorridente desenhado pelo cartunista Ziraldo. O espectro político do PSOL é definido como de esquerda à extrema-esquerda.[6] Defendendo o socialismo democrático, é considerado um partido de esquerda ampla, pois, não funcionando por centralismo democrático, agrega diversas correntes internas desde reformistas até revolucionárias.[6]
Partido Socialismo e Liberdade | |
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Número eleitoral | 50[1] |
Presidente | Paula Coradi[2] |
Fundação | 6 de junho de 2004 (19 anos) |
Registro | 15 de setembro de 2005 (18 anos)[1] |
Sede | Brasília, DF |
Ideologia | • Socialismo democrático[3] • Ecossocialismo[3] • Feminismo[3] • Anticapitalismo[3] • Anti-imperialismo[3] |
Espectro político | Esquerda[4][5] a Extrema-esquerda[6] |
Think tank | Fundação Lauro Campos e Marielle Franco |
Ala verde | PSOL Ecossocialista |
Ala feminina | Mulheres do PSOL |
Ala negra | PSOL Negras e Negros |
Dividiu-se de | PT |
Membros (2024) | 287.286 filiados[7] |
Afiliação nacional | Federação PSOL REDE[8] |
Governadores (2024)[9] | 0000000000000000 0 / 27 |
Prefeitos (2020)[10] | 0000000000000003 3 / 5 570 |
Senadores (2024)[11] | 0000000000000000 0 / 81 |
Deputados federais (2024)[12] | 0000000000000013 13 / 513 |
Deputados estaduais (2022) | 0000000000000022 22 / 1 024 |
Vereadores (2020)[14] | 0000000000000092 92 / 56 810 |
Parlamento do Mercosul (2022)[15] | 0000000000000002 2 / 138 |
Cores | Amarelo Vermelho Roxo |
Sigla | PSOL |
Símbolo eleitoral | |
Bandeira do partido | |
Página oficial | |
psol50 | |
Política do Brasil |
Sua criação foi impulsionada por dissidências do Partido dos Trabalhadores (PT)[16][17] que alegavam discordar das políticas do partido.[18] Já no primeiro ano do Governo Lula, Luciana Genro, Heloísa Helena, Babá e João Fontes vinham descumprindo as orientações da bancada do PT nas votações no Congresso e, por votarem contra a reforma da previdência do governo Lula, acabaram expulsos pelo diretório nacional do Partido dos Trabalhadores.[19]
Dentre os destaques na atuação do partido, Marcelo Freixo presidiu na ALERJ a CPI das Milícias, a qual ganhou repercussão nacional, chamando para depor políticos suspeitos de envolvimento com milícias.[20][21] Impulsionou o Movimento Ficha Limpa, em que o partido participou de atos favoráveis ao projeto de Lei da Ficha Limpa e trabalhou no Congresso pela sua aprovação.[22]
Após as candidaturas presidenciais de Heloísa Helena (2006), Plínio de Arruda Sampaio (2010) e Luciana Genro (2014), Guilherme Boulos foi lançado candidato ao Planalto pelo partido em 2018.[23][24] Desde a eleição de 2014, o PSOL foi o terceiro partido que mais cresceu em número de filiados.[25] Através das diversas eleições, dos parlamentares do partido e dos movimentos onde atua, este faz oposição aos governos e à maior parte das políticas que se manifestam no Congresso Nacional do Brasil e nos parlamentos estaduais e municipais.[26] Em janeiro de 2024 o partido possuía 287.286 filiados.[7]
Fundação
O PSOL foi fundado em 6 de junho de 2004, após a expulsão[27] dos parlamentares Heloísa Helena,[28][29] Babá,[30] João Fontes e Luciana Genro do Partido dos Trabalhadores (PT).[31] Recebeu apoio de intelectuais socialistas famosos, como Fabio Konder Comparato, do geógrafo Aziz Ab'Saber, do jornalista e ex-deputado Milton Temer, dos sociólogos Francisco de Oliveira e Ricardo Antunes, do economista João Machado, da economista Leda Paulani, dos filósofos Leandro Konder e Paulo Arantes[32] e do cientista político Carlos Nelson Coutinho.[33]
Buscando obter registro permanente na Justiça Eleitoral, o partido obteve quase 700 mil assinaturas a favor de sua fundação, mas os cartórios eleitorais só concederam certidões a 450 mil dessas assinaturas.[34][35] Uma nova tentativa de apresentar assinaturas válidas foi realizada pelos organizadores do partido em 1 de setembro de 2005. Em 15 de setembro, o registro definitivo foi obtido, e o número eleitoral adotado foi o 50.
Crescimento do partido em 2005
O partido ganhou novas adesões a partir de setembro de 2005,[36] resultado da crise política causada pelas denúncias do escândalo do mensalão.[37] Ingressaram no PSOL, ainda: militantes petistas oriundos de movimentos sociais, como a dirigente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) Lujan Miranda e o Secretário Nacional de Movimentos Populares do PT, Jorge Almeida; o então vereador Clécio Luis, que sete anos depois viria a se tornar o primeiro prefeito do PSOL em uma Capital de Estado; Edmilson Rodrigues, ex-prefeito de Belém do Pará e deputado federal pela sigla; os senadores Randolfe Rodrigues, na época deputado estadual; Marinor Brito, até então vereadora de Belém; José Nery, que migrou para o PSOL ainda como vereador belenense; o senador Geraldo Mesquita Júnior, oriundo do PSB; Marcelo Freixo; e os deputados federais Ivan Valente (São Paulo), Maninha (Distrito Federal), Chico Alencar (Rio de Janeiro),[38][39] João Alfredo (Ceará) e Orlando Fantazzini (São Paulo).
Conferência Nacional de 2006
Por decisão do Diretório Nacional tomada em abril de 2006, foi realizada uma Conferência Nacional do partido entre os dias 26 e 28 de maio daquele mesmo ano. Durante esta Conferência, foi oficializada a candidatura da então senadora Heloísa Helena à Presidência da República e de seu vice, o economista carioca César Benjamin, nas eleições brasileiras de 2006.[40] Foi também oficializada a formação da Frente de Esquerda com o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) e o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
O Primeiro Congresso do partido, no qual foram definidas as linhas programáticas, aconteceu no primeiro semestre de 2007.[41]
Eleições 2006
Heloísa Helena, senadora eleita em 1998 pelo PT de Alagoas, disputou o cargo de presidente da república em 2006. A candidata, que havia aberto mão de concorrer novamente ao cargo de senadora, não aceitou o apoio financeiro de empresários, pois de acordo com ela, esta seria a origem da corrupção dos candidatos depois de eleitos.
Durante a candidatura de Heloísa Helena, o partido obteve o apoio de personalidades como o cartunista Ziraldo (criador do slogan e do símbolo do partido). A candidatura foi apoiada também por um grupo de mais de 250 intelectuais do mundo inteiro, entre os quais o linguista estadunidense Noam Chomsky, o sociólogo franco-brasileiro Michael Löwy, o cineasta britânico Ken Loach e o filósofo esloveno Slavoj Zizek.[42]
Heloísa Helena terminou as eleições presidenciais de 2006 em terceiro lugar. Obteve 6,5 milhões de votos (6,85% do total),[43][44] ficando à frente de Cristovam Buarque, candidato do tradicional Partido Democrático Trabalhista (PDT). Ao término de seu mandato como senadora, reassumiu profissão como professora de enfermagem na Universidade Federal de Alagoas (UFAL) até ser eleita vereadora de Maceió dois anos mais tarde.[45]
Eleições 2008
Nas eleições municipais de 2008, o PSOL repetiu a Frente de Esquerda com o PSTU e/ou o PCB em onze capitais. O melhor desempenho da Frente em capitais se deu em Fortaleza, onde o candidato Renato Roseno de Oliveira obteve mais de 67 mil votos (5,7% do total).[46] O segundo melhor desempenho foi do deputado federal Chico Alencar no Rio de Janeiro, obtendo quase 60 mil votos (1,8% do total).[46] Em Salvador, o candidato da Frente Esquerda Socialista (PSOL/PSTU/PCB) Hilton Coelho obteve 51 196 votos, alcançando 3% dos votos no Município.[47]
O melhor desempenho do PSOL fora da Frente se deu em Porto Alegre, onde a deputada federal Luciana Genro obteve quase 73 mil votos (9,2% do total).[46] Em Macapá, o PSOL foi para o segundo turno com Randolfe Rodrigues, candidato a vice de Camilo Capiberibe do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Entretanto, Capiberibe perdeu para Roberto Góes do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Em Santa Maria, 5ª maior cidade do Rio Grande do Sul, a candidata Sandra Feltrin obteve 10 360 votos, ficando com mais de 6% dos votos válidos.
Na eleição municipal de São Paulo, o PSOL teve Ivan Valente como candidato a prefeito.[48] O deputado obteve 42 616 votos (0,67% dos válidos), ficando em sexto lugar.[49] Em Sorocaba, no interior de São Paulo, o PSOL também obteve um resultado expressivo. O candidato do partido, o deputado estadual Raul Marcelo, obteve mais de 24 mil votos (quase 8% do total).[46] Na Capital, o deputado federal Ivan Valente, um dos mais atuantes do Congresso, teve considerável número de votos. Foram 42 mil (0,62% do total). Mas o PSOL não conseguiu eleger um vereador. Isto se deveu, principalmente, ao pouco tempo de propaganda no rádio e TV.
O partido obteve pouco mais de 795 mil votos e conseguiu eleger 30 vereadores em diversas cidades brasileiras e em algumas capitais. O partido obteve ainda os vereadores mais votados de Maceió e Fortaleza: Heloísa Helena (que, com quase trinta mil votos, se tornou a vereadora mais votada da história de Alagoas)[46][50] e João Alfredo (com quase quinze mil votos), respectivamente. O PSOL também elegeu um vice-prefeito: Messias Furtado, em Manacapuru (Amazonas), assumiu no início de 2010, após o afastamento do prefeito eleito no pleito de 2008, Edson Bessa.
Eleições 2010
O PSOL apresentou Plínio de Arruda Sampaio como candidato a presidente.[51][52] Plínio teve como vice o pedagogo Hamilton Assis, do PSOL baiano.[53] A demora na definição de seu nome para a candidatura à presidência, porém, dificultou a formação da Frente de Esquerda entre PSOL, PSTU e PCB, cada um dos partidos lançando seus próprios nomes para as eleições presidenciais.[54]
Durante a campanha, o PSOL defendeu os seguintes temas: auditoria da dívida pública, financiamento público de campanhas,[55] reforma agrária e reforma urbana.
Já na campanha eleitoral, o candidato à presidência pelo partido, Plínio de Arruda Sampaio, obteve destaque na imprensa e na rede social Twitter por conta de seu desempenho no primeiro debate eleitoral entre os postulantes à cadeira de Lula, realizado pela TV Bandeirantes em 5 de agosto de 2010.[56][57] Fora do debate promovido em 18 de agosto de 2010 pela Folha/UOL, Plínio convocou um "tuitaço" e chegou pela segunda vez ao trending topics, expressão usada para classificar o número um do ranking da rede Twitter.[58]
Em 12 de agosto, durante entrevista concedida ao Jornal Nacional,[59] Plínio de Arruda Sampaio foi interrompido em sua fala após fazer um protesto sobre o tempo que lhe foi oferecido de participação.[60] O presidenciável reclamou do tempo de três minutos dado a ele, enquanto Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PV) e José Serra (PSDB) tiveram 12 minutos, durante a resposta da primeira pergunta. Plínio contou que "sempre viajou de classe econômica e nunca viu problema nisso", mas não aceitava que a emissora "criasse uma classe executiva para os candidatos chapa branca" ("chapa branca" refere-se à cor branca das placas de veículos governamentais no Brasil).[61] Pela crítica, Plínio foi impedido de participar de entrevistas de outros telejornais da Rede Globo como Bom Dia Brasil, o que reacendeu a polêmica sobre a censura no país e várias teorias sobre esse tipo de ação dentro das Organizações Globo ao longo da história.[62][63]
Em São Paulo, o PSOL veiculou o primeiro beijo homossexual da história do horário eleitoral gratuito brasileiro.[64] No segundo turno das eleições, Plínio de Arruda Sampaio[65] e Heloisa Helena declararam voto nulo.[66]
Plínio[67][ligação inativa] foi o quarto candidato à presidência mais votado, tendo recebido 886 800 votos (0,87% dos votos válidos). Diante da popularidade do presidenciável, a legenda se mobilizou para 2012.[68]
Toninho do PSOL foi o candidato melhor sucedido no âmbito do Executivo; obteve cerca de 200 mil votos (14% dos votos válidos) na disputa para o governo distrital, na qual terminou em terceiro lugar.[69]
Randolfe foi o senador mais votado do estado do Amapá, com 203 259 votos, tornando-se o mais jovem integrante do Senado Federal da sua legislatura. No primeiro dia como senador, concorreu ao cargo de presidente do Senado contra o atual presidente José Sarney e foi derrotado por 70 votos a 8, com dois votos em branco e um nulo.[70][71][72]
Marinor Brito foi eleita senadora pelo Pará, com mais de 727 mil votos (27% dos votos válidos). Ela ocupou a cadeira no Congresso que foi de seu correligionário, o ex-senador José Nery, que não disputou reeleição ao senado federal[73] até 23 de março de 2011, após a decisão em que o Supremo Tribunal Federal (STF) jogou para 2012 a aplicação da Lei da Ficha Limpa. A decisão da não aplicação da lei beneficiou diretamente vários candidatos cuja elegibilidade havia sido barrada por causa de processos na Justiça, como João Capiberibe e Jader Barbalho.[74] A Lei da Ficha Limpa passou a valer apenas a partir das eleições municipais de 2012,[75] o que gerou protestos por parte da sociedade e de alguns políticos, como as senadoras Marinor Brito[76] e Heloísa Helena[77] e o senador Pedro Simon.[78][79]
No dia 14 de dezembro de 2011, com o voto de Minerva do presidente do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso,[80] o candidato barrado pela lei da Ficha Limpa Jader Barbalho obteve o direito de assumir o mandato. Ele foi empossado como senador da república em 28 de dezembro de 2011, em uma cerimônia discreta.
Para a Câmara dos Deputados, foram reeleitos Chico Alencar, pelo Rio de Janeiro e Ivan Valente, por São Paulo. Ivan recebeu cerca de 189 mil votos,[81] os quais, somados aos demais votos em candidatos e na legenda, atingiram 319 mil votos, ultrapassando o quociente eleitoral de 315 mil votos.[82] Jean Wyllys também foi eleito deputado pelo Rio de Janeiro, ajudado pelos 240 mil votos de Chico Alencar.[83]
Eleições 2012
Nas eleições municipais de 2012, o PSOL teve candidaturas de destaque em pelo menos cem cidades brasileiras. Em 2012, o PSOL foi o partido com maior número de candidatos a prefeito nas capitais brasileiras.[84]
Em duas outras capitais, Macapá (AP) e Belém (PA), Edmilson Rodrigues[85] e Clécio Luis[86] chegaram, respectivamente, a 32% e 27% dos votos e disputaram o segundo turno. Elegeu Gelsimar Gonzaga, primeiro prefeito do partido, na cidade de Itaocara[87][88] e Clécio Luis em Macapá com 50,59% dos votos válidos, tornando-se o primeiro prefeito da história do PSOL em uma capital.[89][90]
O PSOL de João Pessoa (PB) apresentou como candidato o professor Renan Palmeira, homossexual e militante LGBT. João Pessoa foi a primeira capital brasileira com um candidato a prefeito militante dos grupos de defesa de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgêneros (LGBT).[91]
Na cidade de São Paulo, o PSOL elegeu seu primeiro vereador: Toninho Vespoli, que obteve 0,15% do total de votos, expressivos 8 722 votos.[92] Em Salvador, o PSOL também elegeu seu primeiro vereador: Hilton Coelho, que foi o segundo mais votado, com 16 408 votos.[93] Em Fortaleza, no Ceará, o PSOL também elegeu o segundo mais votado: João Alfredo, que reelegeu-se vereador da capital cearense. O PSOL contabilizou 49 vereadores eleitos no Brasil, 21 deles em capitais.[94][95] E elegeu os vereadores mais votados em Belém-PA,[96] Maceió-AL[97] e Porto Alegre.[98][99]
Eleições 2014
Em 1° de dezembro de 2013, o Partido Socialismo e Liberdade havia escolhido o senador pelo Amapá,[100] Randolfe Rodrigues,[101] como candidato do partido para a presidência.[102] Ele havia derrotado a pré-candidata Luciana Genro em votação promovida no 4° Congresso Nacional do partido.[102] Porém, em 13 de junho de 2014, o PSOL anunciou que o senador desistiu da candidatura a presidente pelo partido e que ele seria substituído por Genro.[103][104]
O PSOL decidiu, em convenção realizada no dia 22 de junho de 2014, lançar Luciana Genro, como candidata do partido para a Presidência da República na eleição presidencial em 2014.[105] O partido lançou também o nome de Jorge Paz, membro da diretoria paulista do PSOL,[106] para concorrer como vice-presidente na chapa de Luciana.
Entre suas propostas apresentadas em campanha, estavam a auditoria da dívida pública e a reforma do sistema tributário, além de temas considerados polêmicos e evitados pelos principais candidatos, tais como: descriminalização da maconha, garantia dos direitos LGBT[107] e legalização do aborto como política pública de saúde.[108] Dispôs de 51 segundos na propaganda eleitoral gratuita de rádio e televisão.[109]
O PSOL elegeu 5 deputados federais[110] e 12 deputados estaduais.[111] Marcelo Freixo (RJ) recebeu a maior votação de um deputado estadual no Brasil, com 350 408 votos. Carlos Giannazi[112] foi o 12º deputado estadual mais votado em São Paulo, com 164 929 votos.
No debate eleitoral promovido pela Rede Record[113] no dia 29 de setembro entre os presidenciáveis de 2014, ao ser questionado pela candidata Luciana Genro (PSOL) sobre por que a "defesa da família" não inclui aquelas formadas por pessoas do mesmo sexo, Levy Fidelix (PRTB) proferiu uma fala[114][115] e que foi classificada por diversas entidades, entre elas a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), como um discurso de ódio.[116][117]
Luciana perguntou: "Por que as pessoas que defendem tanto a família se recusam a defender como família um casal do mesmo sexo?" Em resposta, Fidelix disse: "[...] Pelo que eu vi na vida, dois iguais não fazem filho [...] aparelho excretor não reproduz".[118][119] Ao prosseguir, Fidelix fez uma associação entre homossexualidade e pedofilia ao dizer que "vi agora o [...] o papa expurgar – fez muito bem – do Vaticano um pedófilo. Está certo. Nós tratamos a vida toda com a religiosidade para que nossos filhos possam encontrar realmente um bom caminho familiar." Ao encerrar a declaração, disse para que os homossexuais "façam um bom proveito se querem continuar como estão", mas que jamais "estimularia" a união homoafetiva.[118]
Houve forte comoção nas redes sociais sobre o assunto.[120] No Twitter, a hashtag #LevyVoceENojento chegou ao topo dos Trending Topics do Brasil.[121] Houve inclusive repercussão internacional, quando o jornal britânico The Guardian também criticou, em uma reportagem, as afirmações do candidato sobre os homossexuais durante o debate.[122][123]
No segundo turno das eleições, não apoiaram nenhum dos candidatos, mas repudiaram o voto a Aécio Neves, e sugeriram, à militância, votar branco, nulo, ou em Dilma Rousseff (PT).[124] Um ano e meio após a reeleição de Dilma, enquanto estava sendo votado no Congresso Nacional um pedido de impedimento contra seu mandato, o PSOL se posicionou contra o afastamento de Dilma.[125][126] Foi do PSOL também o deputado estadual mais votado do Brasil: Marcelo Freixo, pré-candidato a prefeitura do Rio de Janeiro.[127]
Em setembro de 2015, o deputado federal fluminense Glauber Braga deixou o PSB e se filiou ao PSOL.[128] Em março de 2016, foi a vez de a ex-prefeita de São Paulo e atual deputada federal Luiza Erundina migrar para o partido, tendo sido a candidata do PSOL à prefeitura de São Paulo em 2016.[129][130][131][132][133]
Eleições 2016
Nas eleições municipais de 2016, o PSOL teve candidaturas de destaque em diversos municípios brasileiros. Em 2016, o PSOL elegeu dois prefeitos dos municípios de Janduís, que teve José Bezerra como o chefe do Poder Executivo local, e Jaçanã, que teve Oton Mário como o chefe do Poder Executivo local, ambos situados no interior do estado do Rio Grande do Norte,[134][135][136] disputou o segundo turno em três municípios importantes do país: Rio de Janeiro (RJ), com Marcelo Freixo; Belém (PA), com Edmílson Rodrigues; e Sorocaba (SP), com Raul Marcelo;[137] porém, não conseguiu eleger nenhum de seus três candidatos no segundo turno.[135]
Na eleição de representantes para o Poder Legislativo, o PSOL elegeu 53 vereadores e vereadoras em importantes municípios como as capitais São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Florianópolis, Belém, Salvador, Recife, Natal, entre outras cidades. Dentre os vereadores eleitos, destacaram-se as então vereadoras Sâmia Bonfim, em São Paulo (SP), Marielle Franco, no Rio de Janeiro (RJ), Áurea Carolina, em Belo Horizonte (MG), Fernanda Melchionna, em Porto Alegre (RS) e o vereador Hilton Coelho, em Salvador (BA)[134][136][138]
Eleições 2018
Em março de 2018, Guilherme Boulos ingressou no PSOL como pré-candidato à Presidência da República, com Sônia Guajajara como vice, líderes do MTST e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), respectivamente, formaram a chapa que o partido apresentou nas urnas.[139][140] Houve polêmicas quanto a sua candidatura, especialmente devido ao fato da ausência de debate entre os candidatos e a um vídeo gravado por Lula, o qual diz que "seria a última pessoa do mundo a pedir para que Boulos não seja candidato".[141]
A candidatura de Boulos foi proposta na convenção nacional do partido.[142] Em 20 de julho, um dia antes da convenção, o Partido Comunista Brasileiro (PCB) confirmou apoio ao PSOL, na eleição presidencial.[143] Sua candidatura foi sustentada em uma Frente de Esquerda Socialista, com bases no PSOL, no PCB, no movimento dos sem teto e movimento indígena.[144] Boulos e Sônia fizeram pouco mais de 617 mil votos, terminando na 10ª colocação, a pior posição do partido desde sua fundação.[145]
O partido não conquistou nenhum governo estadual e não elegeu nenhum Senador da República, embora as pesquisa de intenção de voto tivesse apontado chances com as candidaturas de Chico Alencar (RJ), Úrsula Vidal (PA) e Procurador Mauro (MT). Na disputa pela Câmara dos Deputados, o partido elegeu 10 parlamentares, ultrapassando a cláusula de barreira. Foram reeleitos, Luiza Erundina e Ivan Valente por São Paulo, Glauber Braga e Jean Wyllys no Rio de Janeiro e Edmilson Rodrigues no Pará. Para exercer o primeiro mandato em Brasília, foram eleitos Áurea Carolina, a quinta mais votada em Minas, Fernanda Melchionna (RS), Marcelo Freixo (RJ), o segundo mais votado no estado, Talíria Petrone (RJ), a nona mais votada, e Sâmia Bomfim (SP), eleita com mais 249 mil votos.[146] Nas Assembleias Legislativas, o partido elegeu ao todo 18 deputados, distribuídos nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Amapá, Pará, Distrito Federal, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Bahia.[147]
Na disputa do 2º turno presidencial entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT), o partido manifestou apoio a candidatura petista para derrotar Bolsonaro, para "garantir a soberania nacional e reunir condições para seguir defendendo as conquistas democráticas frente ao autoritarismo" afirmou em nota. Orientou sua militância na organização de comitês #EleNão.[148] Haddad incorporou ao plano de governo quatro pontos defendidos por Boulos: punição para empresas que paguem salário menor para mulheres; combate aos privilégios; moradia digna; e demarcação de terras indígenas e quilombolas.[149]
Eleições 2020
Nas eleições municipais de 2020, o partido elegeu cinco prefeitos e oitenta e nove vereadores, incluindo uma vitória na capital Belém, onde Edmilson Rodrigues foi eleito. A última vez que o partido havia eleito um prefeito em uma capital tinha sido em 2012, com o êxito de Clécio Luis em Macapá[150][carece de fontes?]
Em São Paulo, o PSOL chegou pela primeira vez ao segundo turno da disputa pela prefeitura tendo Guilherme Boulos como candidato, mas perdeu a eleição para Bruno Covas, do PSDB.[151]
A ideologia do partido varia da esquerda, centro-esquerda e extrema-esquerda. Os elementos programáticos encontrados no partido relacionam-se ao socialismo democrático e ao anti-imperialismo, além de tendências social-democratas, marxistas, trotskistas, ecossocialistas e sindicalistas atuando dentro do partido. Seu programa partidário cita como objetivos a redução da jornada de trabalho, reforma agrária e urbana, maior investimento em saúde, educação e infraestrutura, ruptura com o Fundo Monetário Internacional, além de outros.[3] Também ingressou com ações judiciais com o objetivo de descriminalizar o aborto nas primeiras doze semanas de gravidez.[152]
Embora seja um partido formado por tendências que possuem o espectro político de esquerda em comum, elas representam distintas divisões em questão de origem, localização geográfica e composição de suas lideranças. A formação de tendências é prevista no estatuto do partido podem se organizar livremente sem interferência direta das instâncias dirigentes do partido, permitindo autonomia dos grupos intra partidários, desde que obedeçam as prerrogativas políticas do estatuto e do programa do partido.[3]