Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade
perturbação do neurodesenvolvimento / De Wikipedia, a enciclopédia encyclopedia
Perturbação de hiperatividade com défice de atenção (PHDA) (português europeu) ou transtorno do déficit de atenção / hiperatividade (TDAH) (português brasileiro) é uma perturbação do neurodesenvolvimento[13][14] caracterizada por desatenção e/ou hiperatividade e impulsividade em graus inconsistentes com o nível de desenvolvimento do indivíduo.[1][2] Os critérios de diagnóstico requerem que os sintomas se comecem a manifestar antes dos doze anos de idade, que estejam presentes durante mais de seis meses e que causem problemas em pelo menos dois cenários diferentes, como na escola e em casa, por exemplo.[3][15] Em crianças, a desatenção é muitas vezes a causa de maus resultados escolares.[1] Embora cause dificuldades, sobretudo na sociedade contemporânea, muitas crianças com PHDA conseguem se concentrar em tarefas que consideram interessantes.[16]
Perturbação de hiperatividade com défice de atenção | |
---|---|
As crianças com PHDA podem ter dificuldades em concentrar-se e concluir os trabalhos escolares | |
Sinónimos | Perturbação do défice de atenção, perturbação hipercinética, perturbação de hiperatividade e défice de atenção, transtorno de déficit de atenção, distúrbio de déficit de atenção |
Especialidade | Psiquiatria |
Sintomas | Desatenção, hiperatividade, impulsividade[1][2] |
Início habitual | Antes dos 6–12 anos[3] |
Duração | > 6 meses[3] |
Causas | Desconhecidas[4] |
Método de diagnóstico | Baseado nos sintomas depois de descartar outras potenciais causas[1] |
Condições semelhantes | Criança normalmente ativa, desvio de conduta, perturbação de oposição e desafio, perturbação de aprendizagem, perturbação bipolar[5] |
Tratamento | Aconselhamento psiquiátrico, alterações no estilo de vida, medicação[1] |
Medicação | Estimulantes (metilfenidato, lisdexanfetamina), atomoxetina, guanfacina[6][7], bupropiona (off-label)[8][9], modafinil (off-label)[10][11] |
Frequência | 51,1 milhões (2015)[12] |
Classificação e recursos externos | |
CID-10 | F90 |
CID-9 | 314.00, 314.01 |
CID-11 | 821852937 |
OMIM | 143465 |
DiseasesDB | 6158 |
MedlinePlus | 001551 |
eMedicine | med/3103 ped/177 |
MeSH | D001289 |
Leia o aviso médico |
Apesar de ser o transtorno neuropsiquiátrico mais estudado e diagnosticado em crianças e adolescentes, na maioria dos casos desconhece-se a causa exata.[4] Quando diagnosticada pelos critérios DSM-IV, a doença afeta entre 5 e 7% das crianças.[17][2] Quando diagnosticada pelos critérios da CID-10 afeta entre 1 e 2%.[18] Estima-se que em 2015 afetasse cerca de 5,1 milhões de pessoas.[12] A prevalência é muito semelhante entre países. As aparentes diferenças de valores são resultado de diferentes critérios de diagnóstico usados em cada país.[19] O diagnóstico de PHDA é cerca de três vezes mais comum em rapazes do que em raparigas, embora a perturbação seja muitas vezes negligenciada em raparigas devido ao facto dos sintomas serem diferentes.[20][21][22] Entre 30 e 50% das pessoas diagnosticadas com a condição em criança continuam a manifestar sintomas em idade adulta e entre 2 e 5% de todos os adutos têm a condição.[23][24][25] É difícil distinguir a PHDA de outras perturbações e de níveis de atividade elevados, mas ainda assim consistentes com a idade.[15]
As recomendações de tratamento para a PHDA são diferentes de país para país, embora na generalidade dos casos esteja recomendada uma combinação de psicoterapia, alterações no estilo de vida e medicação.[1] As recomendações britânicas recomendam usar medicação como tratamento de primeira linha apenas em crianças com sintomas graves ou em adultos e que em crianças com sintomas moderados só seja considerada medicação nos casos em que não haja melhorias com aconselhamento.[26] Por outro lado, as recomendações canadianas e norte-americanas recomendam que medicação e terapia comportamental sejam usados em conjunto como tratamento de primeira linha, exceto nas crianças em idade pré-escolar.[27][28] Nenhuma das diretrizes recomenda a prescrição de medicamentos estimulantes como tratamento de primeira linha em crianças em idade pré-escolar.[26][28]
O tratamento com estimulantes é eficaz por, pelo menos, 14 meses, havendo menos consenso quanto à eficácia a partir daí.[29][30][31][32] Tal fato se deve, em parte, ao possível declínio relacionado à idade nos sintomas de TDAH;[30] um outro fator é a menor quantidade de estudos de acompanhamento por períodos maiores que 24 meses. Também é conjecturado que os efeitos (benéficos) de longo prazo das medicações estimulantes, em termos de neuroplasticidade — em particular no córtex cingulado anterior, núcleo caudado e núcleos da base — acabem tornando o efeito da medicação menos prominente com o passar do tempo, e por consequência, o seu uso menos necessário[33][34][35]
Tanto adolescentes como adultos com a condição tendem a desenvolver mecanismos de enfrentamento que podem compensar todas ou algumas das suas dificuldades.[36]
A descrição de sintomas semelhantes à PHDA na literatura médica remonta ao século XIX.[37] Desde a década de 1970 que a classificação, diagnóstico e tratamento da PHDA tem sido foco de controvérsias[38] entre profissionais de saúde, professores, legisladores, pais e a comunicação social. As questões mais debatidas dizem respeito às causas de PHDA e ao tratamento com recurso a estimulantes.[39] A maioria dos prestadores de cuidados de saúde considera a PHDA uma perturbação legítima em crianças e adultos. O debate entre a comunidade científica foca-se nos critérios de diagnóstico e tratamento.[40][41][42] Entre 1980 e 1997 a condição era denominada "perturbação por défice de atenção" e, antes disso, por "reação hipercinética infantil".[43][44]