Suposta confederação marítima de invasores na Antiguidade, de origem desconhecida Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Os povos do mar são uma suposta confederação de povos marinheiros que atacaram o Egito Antigo e outras importantes localidades no mar Mediterrâneo antes do Colapso da Idade do Bronze.[1][2] Após a criação do conceito no século XIX, tornou-se um dos capítulos mais famosos da história egípcia, dada a sua ligação com, nas palavras do orientalista estadunidense Wilhelm Max Müller: "as questões mais importantes da etnografia e a história primitiva das nações clássicas".[3][4]
O egiptólogo francês Emmanuel de Rougé usou pela primeira vez o termo "peuples de la mer" em 1855, numa descrição dos relevos do Segundo Pilar de Medinet Habu, que documenta o Ano 8 de Ramessés III.[7][8]Gaston Maspero, sucessor de Rougé no Collège de France, posteriormente popularizou o termo "povos do mar" - e uma teoria da migração associada - no final do século XIX.[9] Desde o início dos anos 1990, a teoria foi posta em questão por vários estudiosos.[1][9][10][11]
As hipóteses sobre a origem dos vários grupos identificados como povos do mar continua a ser a fonte de muita especulação.[12] Essas teorias propõem como origem várias tribos do Egeu, incursores da Europa Central, soldados dispersos que se voltaram para a pirataria ou que se tornaram refugiados e ligados a desastres naturais, como terremotos ou mudanças climáticas.
Alguns dos grupos que invadiram por mar a Anatólia Oriental, Síria, Palestina, Chipre, e Egito no fim da idade do bronze, no século XIII a.C. São tidos como os responsáveis pela destruição dos sistemas políticos de civilizações do Oriente Próximo, como o Império Hitita, e mesmo do Mediterrâneo Ocidental, como os palácios micênicos. Por causa da ruptura abrupta nos registos antigos do Oriente Próximo, em consequência das invasões, a extensão e a origem precisa dessas convulsões permanecem incertas.[13]
A principal, porém simples, de todas as evidências para os povos do mar está baseada em textos e em ilustrações egípcias; a outra informação importante vem de fontes hititas e de dados arqueológicos.
Os egípcios empreenderam duas guerras de encontro aos povos do mar: a primeira, no quinto ano do rei Merneptá (1236-23 a.C.); a segunda, no reino de RamessésIII (C. 1198-66 a.C.). As tentativas de identificação dos povos do mar listadas em documentos egípcios são como seguem: Ecues (Ekwesh), um grupo de gregos da Idade da Bronze (Aqueus; Aiaua em textos hititas); Teres (Teresh), Tirrênios (Tyrsenoi), conhecidos dos gregos como marinheiros e piratas da Anatólia, antepassados dos etruscos; Luca (Luka), um povo litorâneo da Anatólia Ocidental, conhecido também das fontes hititas; Serdém (Sherden), provavelmente sardenhos (os Serdem agiram como mercenários egípcios na Batalha de Cadexe, em 1 299 a.C.); Seceles (Shekelesh), provavelmente idênticos com a tribo siciliana chamada Sículos; Pelesete, designado para identificar os filisteus, que talvez tenham chegado de Creta e foi o único grupo dos povos do mar a se estabelecer permanentemente em Palestina.[14] Identificações mais adicionais de outros povos do mar mencionados nos originais são muito mais incertas.
Brugsch, Heinrich Karl (1858). Geographische Inschriften altägyptischer Denkmäler[Geographical inscriptions of ancient Egyptian monuments] (em German). [S.l.: s.n.: Volume 1, Volume 2, Volume 3 !CS1 manut: Língua não reconhecida (link)
Müller, Wilhelm Max (1888). «Notes on the "peoples of the sea" of Merenptah». Proceedings of the Society of Biblical Archæology. x: 147–154 and 287–289
Breasted, J.H. (1906). Ancient Records of Egypt: historical documents from the earliest times to the Persian conquest. Chicago: The University of Chicago Press Volume II on the 19th Dynasty is available for download from Google Books.
Bryce, Trevor (1998). The Kingdom of the Hittites. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN978-0-19-924010-4
D'Amato R., Salimbeti A. (2015). The Sea Peoples of the Mediterranean Bronze Age 1450–1100 BC. London: Osprey
Dothan, Trude & Moshe (1992). People of the Sea: The search for the Philistines. New York: Scribner
Dothan, Trude K. (1982). The Philistines and Their Material Culture. Jerusalem: Israel Exploration Society
Drews, Robert (1995). The End of the Bronze Age: Changes in Warfare and the Catastrophe of ca. 1200 B.C. Princeton, New Jersey: Princeton University Press. ISBN0-691-04811-8
Drews, Robert (1992), «Herodotus 1.94, the Drought ca. 1200 B.C., and the Origin of the Etruscans», Franz Steiner Verlag, Zeitschrift für Alte Geschichte, 41: 14–39, JSTOR4436222
Finley, M.I. (1981). Early Greece:The Bronze and Archaic Ages:New and Revised Edition. New York, London: W.W. Norton & Co. ISBN0-393-01569-6
Gardiner, Alan H. (1947). Ancient Egyptian Onomastica. London: Oxford University Press 3 vols.
Grant, Michael (1969). The Ancient Mediterranean. New York: Charles Scribner's Sons
Grimal, Nicolas (1992). A History of Ancient Egypt. Oxford: Blackwell
Hasel, Michael G. (1998). Domination and Resistance: Egyptian Military Activity in the Southern Levant, ca. 1300–1185 B.C. [S.l.]: Brill Academic Publishers. ISBN90-04-10041-5
Kitchen, K.A. (2003). On the Reliability of the Old Testament. [S.l.]: William B. Eerdsman Publishing Co
Manassa, Colleen (2003). The Great Karnak Inscription of Merneptah: Grand Strategy in the Thirteenth Century BC. New Haven: Yale Egyptological Seminar, Department of Near Eastern Languages and Civilizations, Yale University. ISBN0-9740025-0-X
Silberman, Neil A. (1998), Seymour Gitin, Amichai Mazar, and Ephraim Stern, eds., «The Sea Peoples, the Victorians, and Us», Israel Exploration Society, Mediterranean Peoples in Transition: Essays in Honor of Trude Dothan, pp.268–275 !CS1 manut: Usa parâmetro editores (link)