Seca na Região Sudeste do Brasil em 2014–2017
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A seca na Região Sudeste do Brasil em 2014–2017 se refere ao evento de chuvas irregulares e pouco expressivas registrado na região brasileira supracitada em meio à década de 2010. Teve início no estado de São Paulo em outubro de 2013 e se estendeu aos demais estados do Sudeste ao longo de 2014 e 2015, mantendo-se em várias áreas dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo também em 2016 e 2017.
Seca na Região Sudeste do Brasil em 2014–2017 | |
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Duração | 2014–2017 (em maior gravidade) |
Danos | Crise hídrica; desabastecimento e racionamento de água; baixo nível de reservatórios de usinas hidrelétricas; baixo nível ou seca total de cursos hídricos; prejuízos na agricultura; queimadas; recordes de calor. |
Áreas afetadas | Região Sudeste do Brasil, restringindo-se a Minas Gerais e Espírito Santo após 2015 |
O principal fator responsável pela diminuição das precipitações é a intensa e frequente atuação em posição anormal da alta subtropical do Atlântico Sul (ASAS) sobre o continente, formando bloqueios atmosféricos que impedem a formação dos sistemas de umidade sobre o Sudeste brasileiro. Tal anomalia, por sua vez, é gerada por perturbações atmosféricas iniciadas no oceano Índico e que se transportam em direção leste até chegarem ao sul do oceano Atlântico, onde são notadas através do deslocamento da alta pressão em direção ao continente. Esse processo justifica os veranicos da estação chuvosa no Sudeste, que não são incomuns, mas têm sido cada vez mais constantes e duradouros desde meados da década de 1990.
Em decorrência da seca prolongada, associada a fatores ligados à poluição dos rios, ocupação desordenada dos mananciais, falta de planejamento e infraestrutura ineficiente, iniciou-se nas primeiras semanas de 2014 uma crise hídrica na Região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, e o volume do Sistema Cantareira, que abastece a capital paulista, registrou os menores valores de sua história. As chuvas voltaram ao normal na maior parte do Sudeste em 2015, mas a formação do fenômeno El Niño e a posição anormal da ASAS mantiveram e agravaram o quadro de seca no Espírito Santo e no leste e norte de Minas Gerais.
Em maio de 2016, o estado capixaba decretou estado de emergência por conta da seca e 14 municípios enfrentavam regime de racionamento. As chuvas continuaram irregulares na maior parte de Minas Gerais e Espírito Santo em 2017, sendo que 266 municípios mineiros estavam em situação de emergência em 2 de outubro de 2017. Com a acentuação do quadro de seca também observada nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, o país passou por sua "pior seca dos últimos 100 anos", segundo reportagem publicada pelo O Estado de S. Paulo em setembro de 2017. Entre o final de 2017 e os primeiros meses de 2018 as condições de seca foram atenuadas devido às chuvas acima da média na maior parte das áreas mais críticas. No entanto, as perturbações atmosféricas mantêm as condições para novos episódios de secas generalizadas e posterior crise hídrica.