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país na África Oriental Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Sudão do Sul (em inglês: South Sudan) ou Sudão Meridional,[8] oficialmente República do Sudão do Sul (em inglês: Republic of South Sudan)[9] é um país encravado localizado no nordeste da África. Tem esse nome devido à localização geográfica, ao sul do Sudão.[1]
O Sudão do Sul é a nação mais jovem do mundo. E o Sudão do Sul era parte do Sudão Anglo-Egípcio e tornou-se parte da República do Sudão, quando ocorreu a independência deste no ano de 1956. Após a Primeira Guerra Civil Sudanesa, o sul do Sudão tornou-se uma região autônoma em 1972. Esta autonomia durou até 1983. A Segunda Guerra Civil Sudanesa desenvolvida anos depois, resultou novamente na autonomia da região, através do Tratado de Naivasha, assinado em 9 de janeiro de 2005 no Quênia, com o Exército Popular de Libertação do Sudão (SPLA/M).[10] Em 9 de julho de 2011, o Sudão do Sul tornou-se um estado independente.[11][12] Em 14 de julho de 2011, o Sudão do Sul tornou-se um Estado-membro das Nações Unidas (ONU).[13][14] O país entrou para a União Africana em 28 de julho de 2011.[15]
Além da divisa com o Sudão ao norte, o Sudão do Sul faz fronteira a leste com a Etiópia, ao sul com o Quênia, Uganda e República Democrática do Congo e a oeste com a República Centro-Africana.
O Sudão do Sul, também chamado de Novo Sudão, possui quase todos os seus órgãos administrativos em Juba, a capital, que é também a maior cidade, considerando a população estimada. Há um projeto de transferir a capital sul-sudanesa para Ramciel.[16] Apesar de ser rico em petróleo, o Sudão do Sul é um dos países mais pobres do mundo, com altas taxas de mortalidade infantil,[17] e um sistema de saúde muito precário, considerado um dos piores do mundo. Em termos de educação somente 27% da população acima dos 15 anos sabe ler e escrever, chegando a 84% o índice de analfabetismo entre as mulheres e boa parte das crianças não frequentam unidades escolares.
No Sudão do Sul encontram-se 75% das reservas de petróleo do antigo Sudão, localizadas sobretudo na região de Abyei, que correspondem a 98% da receita do novo país. No norte também encontram-se os oleodutos[18] responsáveis pelo transporte do petróleo até o Mar Vermelho.
Os povos do Nilo — os dincas, nueres, shilluk, e outros — entraram pela primeira vez no Sudão do Sul em algum momento antes do século X. Durante o período que vai do século XV ao século XIX, as migrações tribais, em grande parte da área de Bar-El-Gazal, trouxeram esses povos aos seus locais atuais. O povo não nilótico zandes, que entrou no Sudão do Sul no século XVI, estabeleceu o maior estado da região. Os zandes são o terceiro maior grupo étnico do Sudão do Sul. Eles são encontrados na faixa de floresta tropical do estado de Equatória Ocidental e no estado de Bar-El-Gazal Ocidental.
No século XVIII, o povo Avungara entrou e rapidamente impôs sua autoridade sobre os zandes. O poder dos avungaras permaneceu praticamente sem contestação até a chegada dos ingleses no final do século XIX.[19] Barreiras geográficas impediram a propagação do Islã para os sulistas, permitindo-lhes manter a sua herança social e cultural, bem como suas instituições políticas e religiosas.
No século XVIII, os azandes tiveram relações difíceis com seus vizinhos, os povos Moru, Mundu, Pöjulu e pequenos grupos de Bar-El-Gazal, devido à política expansionista do rei destes, Gbudwe. No século XIX, os azandes lutaram contra os franceses, belgas e madistas para manter sua independência. O Egito, sob o governo do Quediva Ismail Paxá, tentou primeiro controlar a região na década de 1870, estabelecendo a província de Equatória na porção sul. O primeiro governador egípcio da província foi Samuel White Baker, comissionado em 1869, seguido por Charles George Gordon em 1874 e por Emin Paxá em 1878. A revolta Madista da década de 1880 desestabilizou a nova província e Equatória deixou de existir como posto avançado egípcio em 1889. Importantes assentamentos na Equatória incluíam: Lado, Gondokoro, Dufile e Wadelai. Em 1947, as esperanças britânicas de unir o sul do Sudão com Uganda foram frustradas pela Conferência de Juba, que unificou o norte e o sul do Sudão.
A Constituição Interina do Sudão do Sul foi assinada em 5 de dezembro de 2005,[20] e previu para 2011 a realização de um referendo quando o povo da região decidiria pela manutenção da autonomia regional estabelecida no tratado de Naivasha, da constituição interina do Sudão do Sul e da constituição nacional interina da República do Sudão de 2005, ou pela independência. O referendo foi realizado a partir do dia 7 de janeiro de 2011, e três dias antes do fim do prazo estabelecido para os sudaneses votarem, a participação dos eleitores era superior a 40%, anunciou Souad Ibrahim, porta-voz da Comissão Eleitoral. Este era a percentagem mínima exigida para que o referendo de independência do Sudão do Sul fosse validado.
Os resultados foram amplamente favoráveis à independência, com 98,81% dos votos a conduzir o país à independência.[21]
Até 2015 o Sudão do Sul estava dividido em dez estados, criados a partir das três regiões históricas do país: Bar-El-Gazal, Equatória e Grande Nilo Superior. Os estados eram subdivididos em 86 condados.
Nº | Estado | Nome em português | Área (km²) |
População Censo 2008[22][23] |
Capital | |
---|---|---|---|---|---|---|
1 | Gharb Bahr al-Ghazal | Bar-El-Gazal Ocidental | 93 900 | 333 431 | Wau | |
2 | Schamal Bahr al-Ghazal | Bar-El-Gazal do Norte | 33 558 | 720 898 | Aweil | |
3 | Al-Wahda | Unidade | 35 956 | 585 801 | Bentiu | |
4 | A'li an-Nil | Alto Nilo | 77 773 | 964 353 | Malakal | |
5 | Warab | Warab | 31 027 | 972 928 | Kuajok | |
6 | Junqali | Juncáli/Jonglei | 122 479 | 1 358 602 | Bor | |
7 | Al-Buhairat | Lagos | 40 235 | 695 730 | Rumbek | |
8 | Gharb al-Istiwa'iyya | Equatória Ocidental | 79 319 | 619 029 | Yambio | |
9 | Al-Istiwāʾiyya al-Wusṭā | Equatória Central | 22 956 | 1 103 592 | Juba | |
10 | Scharq al-Istiwa'iyya | Equatória Oriental | 82 542 | 906 126 | Torit | |
Total | 619 745 | 8 260 490 |
Em outubro de 2015, o presidente do Sudão do Sul Salva Kiir emitiu um decreto que estabeleceu 28 novos estados no lugar dos 10 estados constitucionalmente estabelecidos.[24] O decreto estabeleceu os novos estados, em grande parte seguindo as linhas étnicas. Uma série de partidos da oposição e da sociedade civil contestou a constitucionalidade desse decreto e Kiir mais tarde resolveu levá-la ao parlamento para aprovação como uma emenda constitucional[25] e, em novembro, o parlamento sul-sudanês autoriza o presidente Kiir a criar os novos estados.[26]
Os 28 novos estados do Sudão do Sul são:
Nº | Estado | Nome em português | Capital | |
---|---|---|---|---|
1 | Aweil | Aueil | Aueil | |
2 | Aweil East | Aueil Oriental | Wanjok | |
3 | Eastern Lake | Lagos Orientais | Yirol | |
4 | Gogrial | Gogrial | Kuajok | |
5 | Gok | Gok | Cueibet | |
6 | Lol | Lol | Raja | |
7 | Tonj | Tonj | Tonj | |
8 | Twic | Twic | Mayen Abun | |
9 | Wau | Wau | Wau | |
10 | Western Lakes | Lagos Ocidentais | Rumbek | |
11 | Amandi | Amandi | Mundri | |
12 | Gbudwe | Gbudwe | Yambio | |
13 | Imatong | Imatong | Torit | |
14 | Jubek | Jubek | Juba | |
15 | Maridi | Maridi | Maridi | |
16 | Namorunyang | Namorunyang | Kapoeta | |
17 | Terekeka | Terekeka | Terekeka | |
18 | Yei River | Rio Yei | Yei | |
19 | Boma | Boma | Pibor | |
20 | Eastern Bieh | Bieh Oriental | Akobo | |
21 | Eastern Nile | Nilo Oriental | Malakal | |
22 | Jonglei | Juncáli | Bor | |
23 | Latjoor | Latjoor | Nasir | |
24 | Northern Liech | Liech do Norte | Bentiu | |
25 | Ruweng | Ruweng | Pariang | |
26 | Southern Liech | Liech do Sul | Leer | |
27 | Western Bieh | Bieh Ocidental | Ayod | |
28 | Western Nile | Nilo Ocidental | Kodok | |
A área de Abyei, uma pequena região do Sudão na fronteira com Sudão do Sul, atualmente tem um estatuto administrativo especial no Sudão. As fronteira do Sudão e do Sudão do Sul nesta região ainda não foram definidas.
O censo realizado no Sudão em 2008 apurou 8 260 490 habitantes no Sudão do Sul, 21,1% do total do Sudão. Este resultado é rejeitado pelos legisladores do Sudão do Sul.[27][28] O censo apurou ainda que 4 287 300 habitantes são homens (51,9%) e 3 973 190 são mulheres (48,1%). Essa população se distribui entre mais de 50 diferentes grupos étnicos.[18]
O acordo de paz de Naivasha pôs fim à mais longa guerra civil da história do continente africano — a Segunda Guerra Civil Sudanesa (1983–2005), durante a qual dois milhões de pessoas morreram e quatro milhões foram deslocadas. Seis anos depois, o clima de medo e insegurança permanece, em razão de conflitos étnicos e da ação de milícias;[1] apenas em 2010, 900 pessoas morreram e 215 000 foram deslocadas. Como se não bastasse, o Sudão do Sul enfrenta a maior epidemia de leishmaniose em oito anos, 75% da população não tem acesso a serviços básicos de saúde e há enormes dificuldades para se obter água e alimentos.[18]
A população do país segue, majoritariamente, religiões indígenas tradicionais, o Cristianismo ou o Islamismo.[29][30] O último censo que identifica a religião dos sul-sudaneses remonta a 1956, quando o país ainda era parte do Sudão, onde mais da metade se identificava com seguidores de crenças tradicionais ou cristãos, enquanto 18% eram muçulmanos.[29] Universidades e o Departamento de Estado dos Estados Unidos afirmam que a maioria dos sul-sudaneses mantém a crença em religiões indígenas tradicionais (por vezes referindo-os como animistas) e no Cristianismo, o que tornaria o Sudão do Sul um dos poucos países no mundo onde a maioria dos habitantes seguem a religião indígena tradicional.[31][32][33] No entanto, de acordo com o Relatório sobre Liberdade Religiosa Internacional, do Departamento de Estado dos Estados Unidos de 2012, (citando o censo de 2008), a maioria da população é adepta do Cristianismo, enquanto estatísticas confiáveis sobre a crença animista e muçulmana não estão disponíveis.[34]
A Divisão da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos afirma que, no início da década de 1990, possivelmente menos de 10% da população do atual Sudão do Sul era cristã.[35] Registros oficiais do Sudão afirmam que, à época, sua população — e consequentemente a do Sudão do Sul — era composta por cerca de 25% de seguidores de religiões tradicionais e 5% de cristãos.[36] Todavia, algumas reportagens reivindicam uma maioria cristã.[37]
Conforme a Enciclopédia Cristã Mundial, a Igreja Católica é o maior corpo cristão no Sudão do Sul desde 1995, com aproximadamente 2,7 milhões de fiéis católicos.[38] Em 18 de dezembro de 2012, um relatório sobre religião e vida pública, de autoria do Pew Research Center (PRC), afirma que, em 2010, 60,5% da população do Sudão do Sul era cristã, 32,9% eram seguidores de religiões tradicionais africanas e 6,2% eram muçulmanos.[39]
Segundo a Santa Sé, o papa Francisco iria visitar o país em uma viagem apostólica no ano de 2017, mas os bispos locais informaram que o país não possui uma infraestrutura para receber o papa e sua delegação. Sendo assim, a visita papal foi adiada para uma data ainda não definida.
O papa Francisco lamentou profundamente ao saber que as irmãs Mary Abbud e Regina Roba, da Congregação do Sagrado Coração Jesus, sofreram uma emboscada por um grupo armado, ainda não identificado, e foram assassinadas junto com outras três pessoas no dia 15 de agosto de 2021, festa de Assunção de Nossa Senhora, na estrada que liga a capital do Sudão do Sul a Nimule, na fronteira com Uganda.[40][41][42][43]
O Sudão do Sul conquistou a independência em 9 de julho de 2011. De 2005 a 2011, foi uma região autônoma na República do Sudão. A constituição atual foi assinada em 7 de julho de 2011. A constituição estabeleceu um sistema presidencial. O Poder Executivo é representado pelo Presidente, Governador e Comandante Supremo das Forças Armadas. O Poder Legislativo é investido no Parlamento Nacional, organizado em duas câmaras: o Congresso Legislativo Nacional e o Conselho de Estados. Finalmente, a constituição estabelece um judiciário independente; O Supremo Tribunal é o seu corpo principal.[44]
John Garang foi o fundador e primeiro presidente da Região Autônoma do Sudão do Sul e, ao mesmo tempo, foi nomeado vice-presidente do Sudão. Alguns dias depois, Garang foi morto em um acidente de helicóptero em Uganda. Salva Kiir foi substituído por Mayardite e Rie Machar tornou-se vice-presidente. No dia em que o Sudão do Sul se tornou independente, Kiir Mayardit assumiu o cargo de presidente republicano.[45]
O sistema de televisão é de controle estatal mas existem diversas emissoras de rádio FM privadas e algumas empresas estrangeiras.
Código telefônico internacional: +211.
Somente 7% da população possui acesso à Internet. Domínios registrados para o Sudão do Sul utilizam o sufixo TLD .ss enquanto o Sudão mantém o TLD .sd.[46]
Quase não há eletricidade disponível, exceto para 5% da população. O fornecimento de água é administrado por empresas privadas por meio de caminhões tanque que percorrem a cidade enchendo reservatórios particulares. A água tratada atinge 55% da população e a rede de esgotos 20%.[47]
A mobilidade é outra das carências. Fora de Juba, que conta com poucas ruas pavimentadas, predominam as estradas de terra, existem apenas 60 km de estradas precariamente asfaltadas. Isso dificulta o trabalho das ONGs que atendem os povoados. O país possui 24 aeroportos, entretanto somente 2 possuem pista pavimentada.
A bandeira da nova nação sul-sudanesa, embora semelhante à do Sudão original, tem sua inspiração na bandeira do Quênia, nação vizinha e que deu suporte a criação do Sudão do Sul e também na da África do Sul. As semelhanças entre esta última e a do Sudão do Sul estão nas cores e na sua quantidade (6 cores, as duas únicas do continente com tantas cores) e ainda no seu design com um triângulo junto ao mastro e faixas horizontais.[48]
O retângulo na sua forma tem relação 2 (c) x 1 (h) nas dimensões. As cores têm os significados:
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