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O golpe de Estado no Panamá em 1989 foi um fracassado golpe de Estado que ocorreu na Cidade do Panamá em 3 de outubro. A tentativa foi liderada pelo Major Moisés Giroldi, apoiado por um grupo de oficiais que haviam voltado de uma missão de paz das Nações Unidas na Namíbia.[1] Embora os conspiradores conseguissem capturar o ditador panamenho Manuel Noriega, o golpe foi rapidamente suprimido. Giroldi, juntamente com outros nove membros das Forças de Defesa do Panamá, foi executado nos dias 3 e 4 de outubro de 1989. Um décimo primeiro participante morreu na prisão depois de ser torturado. Esses eventos se tornaram conhecidos como o "massacre de Albrook".
As relações entre Estados Unidos e Panamá se deterioraram durante a década de 1980 devido às preocupações dos Estados Unidos sobre a segurança dos cidadãos estadunidenses no Panamá, o destino do estrategicamente importante Canal do Panamá e o suposto envolvimento de Noriega na facilitação do tráfico de drogas.[2] Sob o governo de Ronald Reagan, os Estados Unidos indiciaram Noriega por acusações de tráfico de drogas e introduziram sanções econômicas contra o Panamá, porém essas medidas não conseguiriam alcançar a renúncia de Noriega.[3]
Um golpe de Estado foi tentado em março de 1988, mas falhou,[4] e Giroldi foi um dos responsáveis por suprimi-lo.[5]
Dois dias antes do golpe, a esposa de Giroldi, Adela Bonilla de Giroldi, informou o Comando do Sul dos Estados Unidos que um golpe de Estado era iminente. Isso resultou em uma reunião entre Moisés Giroldi e dois agentes da CIA.[5] Os oficiais estadunidenses afirmaram que Goroldi só solicitou ajuda mínima: proteção para sua família e bloqueios de trânsito pelas tropas estadunidenses na Zona do Canal do Panamá em dois locais estratégicos para impedir que as tropas panamenhas chegassem ao resgate de Noriega.[5] O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Dick Cheney, afirmou posteriormente que o governo Bush desconfiava de Giroldi, temendo que estivessem sendo levados a uma armadilha concebida para embaraçar os Estados Unidos e também duvidava da capacidade de Giroldi de ter êxito e entregar Noriega às mãos dos Estados Unidos para ser julgado.[5] Em consequência, os Estados Unidos declinaram de assumir compromissos específicos em apoio ao golpe.[5]
Giroldi iniciou o golpe pouco antes das 8 da manhã[4] e conseguiu capturar o ditador panamenho Manuel Noriega. Os rebeldes debatiam entregar Noriega em mãos estadunidenses. Isso deu a Noriega uma oportunidade de telefonar para pedir por ajuda.[4] Embora as tropas dos Estados Unidos tivessem bloqueado duas estradas na Zona do Canal, os partidários de Noriega usaram o Aeroporto Internacional Tocumen para contornar isso e mover tropas por via aérea.[4] Seu contra-ataque levou os rebeldes a renderem-se.[6]
Os golpistas foram levados para um hangar de aeronaves em Albrook, onde foram interrogados e torturados por partidários de Noriega.[7] Oito deles foram então executados nos hangares de Albrook,[8] Giroldi e um sargento foram executados no quartel militar em San Miguelito,[1] enquanto um décimo primeiro participante morreu na prisão depois de ter sido torturado.[8] Esses eventos foram apelidados de "massacre de Albrook" pela mídia local e internacional.[1][9][10][11] 74 oficiais envolvidos no golpe foram enviados à prisão de Coiba.[12]
Os parentes dos executados afirmaram que membros da família foram sujeitos a perseguição por parte do governo, alegando que tiveram suas casas invadidas e saqueadas e receberam ordens de despejo.[11]
Adela Bonilla de Giroldi culpou o fracasso do golpe de Estado pela "traição" sofrida por seu marido por outro major que, segundo ela, havia inicialmente apoiado o movimento, mas mudou de lado no dia do golpe. Fontes norte-americanas consideraram que o fracasso do golpe ocorreu devido ao mau planejamento pelos rebeldes, à falta de comunicação entre eles e os Estados Unidos e à dúvida no lado estadunidense sobre os motivos e intenções dos conspiradores.[5] Alegaram que as razões para o insucesso foram a falha de Giroldi para lhes fornecer números de contato e a falha dos Estados Unidos em comunicar os desejos dos estadunidenses aos rebeldes.[5]
No Senado dos Estados Unidos, o governo Bush recebeu críticas bipartidárias pelo seu manejo e reação ao golpe. O senador democrata Sam Nunn, com outros senadores, acusou os oficiais do governo Bush de serem desonestos e reter informações do Senado.[13] O senador republicano Jesse Helms afirmou que os rebeldes se ofereceram para entregar Noriega às forças estadunidenses, porém essa oferta havia sido recusada.[13] As alegações de Helms foram negadas por Cheney.[13]
O fracasso do golpe incitou "uma reviravolta filosófica" dentro do Pentágono, quando os oficiais militares estadunidenses perceberam que Noriega provavelmente não seria removido internamente e que um envolvimento mais significativo dos Estados Unidos seria necessário para expulsá-lo do poder.[14] Isto levaria à invasão do Panamá pelos Estados Unidos dois meses mais tarde.[14]
Por sua parte na execução de Giroldi, Noriega e o capitão militar Heráclides Sucre Medina foram sentenciados a 20 anos de prisão e banidos do serviço público por 10 anos.[1] Evidelio Quiel Peralta, que havia fugido para a Costa Rica, foi julgado à revelia e condenado a 20 anos de prisão.[15]
Em 4 de outubro de 2015, o presidente panamenho Juan Carlos Varela anunciou a construção de um monólito em memória das vítimas.[9] O monólito e placa em memória dos 11 foram apresentados em 25 de outubro de 2016.[16]
Em maio de 2016, Gabriel Pinzón, diretor geral do sistema penitencial, confirmou que Noriega estava sendo detido até 2030 por sua participação no massacre de Albrook.[17]
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