Trinta e Nove Artigos de Religião
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Os Trinta e Nove Artigos da Religião[1] foram estabelecidos em 1563, e então definindo a doutrina anglicana, em relação às controvérsias da Reforma Inglesa; especialmente na relação com a doutrina calvinista e católica romana, bem como as práticas da Igreja Anglicana. O nome é comumente abreviado para os Trinta e Nove Artigos ou os XXXIX Artigos.
No Concílio realizado em Londres no ano de 1562, para evitar diversidade de opiniões, e estabelecer o comum acordo no tocante à verdadeira Religião. (Livro de Oração Comum, publicado em português em 1866, pela Society for Promoting Christian Knowledge. p.432-444).
Após romper com a Igreja Católica Romana e ser excomungado, Henrique VIII iniciou a reforma da Igreja de Inglaterra, que seria chefiada pelo monarca e não mais pelo Papa. A partir de então, Henrique VIII e sua corte precisaram determinar as eventuais mudanças doutrinárias e litúrgicas com relação à Igreja romana e aos novos movimentos protestantes na Europa continental. Uma série de documentos teológicos foram produzidos e sucessivamente substituídos durante um período de trinta anos, à medida que a questão doutrinária e política evoluiu da excomunhão de Henrique VIII em 1533 para a excomunhão de Isabel I em 1570. A reforma teológica conduzida pelos ingleses teve início com os Dez Artigos de Fé de 1536 e chegou ao ápice com a publicação dos Trinta e Nove Artigos em 1571, que serviram para definir a doutrina da Igreja da Inglaterra em relação à doutrina calvinista e às práticas católicas.
Os Trinta e Nove Artigos passaram por, pelo menos, cinco grandes revisões antes de sua versão definitiva em 1571. A primeira tentativa resultou na publicação dos Dez Artigos em 1536, que já demonstrava tendências ligeiramente protestantes como consequência da intenção inglesa de uma aliança política com os príncipes alemães luteranos. Em 1539, outra revisão resultou nos Seis Artigos, que marcaram um afastamento doutrinário das tradições reformadas europeias. O Livro do Rei em 1543 restabeleceu a maioria das doutrinas católicas romanas anteriores. Durante o reinado de Eduardo VI, o Arcebispo da Cantuária Thomas Cranmer conduziu a proclamação dos Quarenta e Dois Artigos de Religião (1552), considerado o documento que formalizou a influência do pensamento calvinista na Igreja Anglicana. O documento, no entanto, nunca foi posto em prática devido à morte precoce de Eduardo VI e à consequente reversão doutrinária ao catolicismo romano promovido por sua meia-irmã e sucessora Maria I.
Finalmente, após a coroação de Isabel I e a nova separação da Igreja da Inglaterra da Igreja Católica Romana, os Trinta e Nove Artigos de Religião foram iniciados pela Convocação de 1563, sob a direção do Arcebispo Matthew Parker. Após concluídos, os Trinta e Nove Artigos foram incorporados ao Livro de Oração Comum.