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Afonso II de Aragão, o Casto ou o Trovador (Huesca entre 1 e 25 de Março de 1157[1] - Perpinhã, 25 de Abril de 1196) foi rei de Aragão (1163-1196), conde de Barcelona, Girona, Osona, Besalú, Cerdanha (1162-1196), conde da Provença (1167-1173) e conde de Rossilhão (1172-1196).
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Afonso II | |
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Conde de Barcelona Conde de Provença Conde de Rossilhão | |
Afonso II de Aragão por Manuel Aguirre y Monsalbe (1885) | |
Rei de Aragão | |
Reinado | 1162 – Abril de 1196 |
Consorte | Sancha de Castela |
Antecessor(a) | Petronila de Aragão |
Sucessor(a) | Pedro II de Aragão |
Nascimento | 1 e 25 de março de 1157 |
Huesca, Espanha | |
Morte | 25 de abril de 1196 (39 anos) |
Perpignan, França | |
Dinastia | Barcelona |
Pai | Raimundo Berengário IV de Barcelona |
Mãe | Petronila de Aragão |
Título(s) | Conde de Barcelona, Girona, Osona, Besalú, Cerdanha, Provença e Rossilhão |
Filho(s) | Pedro II de Aragão Constança de Aragão e Castela Afonso II da Provença Leonor de Aragão e Castela Sancha de Aragão Sancho de Aragão Raimundo Berengário de Aragão Fernando de Aragão Dulce de Aragão |
O seu nome de baptismo era Raimundo Berengário (Raimundo; do catalão Ramon Berenguer), filho mais velho de Raimundo Berengário IV, conde de Barcelona, e de Petronilha, rainha de Aragão. Contudo, reinou como Afonso em homenagem a Alfonso I, o Batalhador, seu tio-avô. O seu cognome vem do facto que, segundo os cronistas, "não se lhe conheciam filhos fora do matrimónio". Apesar disso, era conhecedor do amor cortês e escreveu poesia, trocando correspondência com importantes trovadores da época, como Giraut de Bornelh.
A 30 de Janeiro de 1159 foi acordado o casamento de Mafalda de Portugal, filha do rei Afonso I de Portugal. Mas com a morte prematura desta, a forma de estreitar os laços com o jovem país foi casar Dulce de Aragão, irmã de Afonso II de Aragão, com Sancho I de Portugal.
Com a morte e seu pai em 1162, herdou o condado de Barcelona, tomando posse em 24 de Fevereiro de 1163 como conde Afonso I. A 11 de Novembro do mesmo ano a sua mãe abdicou em seu favor do reino de Aragão. Isto fez com que ocorresse a união dinástica do reino de Aragão com o condado de Barcelona, que no século XIII constituiria a Coroa de Aragão. Os seus sucessores seriam por isso intitulados de condes-reis. Sendo menor de idade, os seus domínios foram governados por uma regência constituída por barões aragoneses e catalães até 1173, quando tomou as rédeas do governo.
Em 18 de Janeiro de 1174, Afonso casou-se com Sancha de Castela e Polónia (filha de Afonso VII de Castela), juntando as terras occitanas da Provença, Rossilhão e o Palácio de Jussà. Firmou o Tratado de Cazorla com o seu cunhado Afonso VIII de Castela em 1179, apesar de mais tarde, através do Tratado de Huesca (1191), se aliar com os monarcas de Leão, Portugal e Navarra contra a hegemonia castelhana.
Em 1166, Raimundo Berengário III, conde da Provença, morreu durante o cerco à cidade rebelde de Nice, deixando como única herdeira a sua filha Dulce. Alegando a falta de descendência masculina, a regência aragonesa conseguiu que o condado fosse entregue a Afonso o Casto, primo em primeiro grau do anterior conde.
Para conservar a Provença foi necessário combater a revolta dos partidários do futuro cruzado, conde Raimundo IV de Tolosa, na região da Camarga. Em 1167, contando com o apoio dos viscondes de Montpellier, do episcopado provençal e da Casa de Baus, os regentes conseguiram garantir o seu domínio sobre a Provença.
Entre 1168 e 1173, Afonso o Casto aproveitou o conflito entre Raimundo V de Tolosa e Henrique II da Inglaterra para, graças à sua condição de aliado do segundo, conseguir a vassalagem de numerosos senhores occitanos. Apesar disto, a casa de Tolosa continuou as suas pretensões pela força, até que em 1176 assinou a Paz de Tarascon com Raimundo V de Tolosa. Este acordo estabelecia que, em troca de trinta mil marcos de prata, Raimundo renunciava às suas pretensões sobre Provença, assim como das regiões de Gabaldá e Carladès. Afonso II fortalecia a sua posição na Occitânia.
Depois de firmada a Paz de Tarascon, Afonso II pôde dedicar-se a acabar com uma nova revolta em Nice e a impôr-se na região oriental da Provença. Ao dar conta que o condado era uma região afastada de Aragão e da Catalunha, rodeada por possessões do conde de Tolosa, entregou o governo da Provença ao seu irmão Raimundo Berengário, concedendo-lhe o título de conde. Afonso não renunciava assim aos seus direitos, já que Raimundo Berengário IV da Provença regia o condado unicamente como representante do seu irmão.
Uma vez asseguradas as suas possessões na Ocitânia, Afonso II tomou a decisão de anular a vassalagem da Provença ao imperador Frederico Barba Ruiva, aceite em 1162 por Raimundo Berengário III da Provença na assembleia imperial de Turim. Deste modo, nem Afonso sem o seu irmão Raimundo estiveram presentes no acto de coroação de Frederico como rei da Borgonha em 1178. E durante o cisma da Santa Sé, Afonso o Casto apoiou de forma inequívoca o papa Alexandre III contra os antipapas promovidos pela facção imperial.
Em 1181 a posição da Casa de Barcelona na Occitânia entrou em crise: o conde de Tolosa invadiu as terras do visconde de Narbona e Raimundo Berengário IV da Provença foi assassinado perto de Montpellier. Afonso II nomeou outro irmão seu, Sancho I da Provença, como conde, mas teve de destitui-lo em 1185 por ter realizado acordos ilegais com Tolosa e Génova.
No entanto, a situação voltou a ficar favorável aos interesses de Afonso. Por um lado, em 1189, o rei Ricardo Coração de Leão, filho e sucessor de Henrique II da Inglaterra, aliou-se com o conde de Toulose; por outro lado, Raimundo V não conseguiu vencer a revolta comunal de Tolosa, que se converteu em uma república municipal governada por cônsules.
Nesta conjuntura, o Casto pôde assinar uma paz com Raimundo, nos mesmos termos da de 1176, e consolidar o seu domínio desde Nice até ao Atlântico: as possessões de Provença, Millau, Gabaldá e Roerga; vassalagens dos marqueses de Busca em Piemonte e dos viscondes de Montpellier; e o reconhecimento por parte dos condes de Rasés, Carlat, Foix, Bigorre e dos viscondes de Nîmes, Béziers, Carcassonne e Bearn de ter os seus domínios sob o feudo do rei de Aragão.
Em 1192, depois de voltar da cruzada, Ricardo Coração de Leão aliou-se com Raimundo V de Tolosa contra Afonso II. Este conseguiu fortalecer a suas posições em Languedoc, ao combinar o casamento do seu filho Afonso II da Provença com Garsensa, filha de Guilherme VI de Forcalquier, antigo aliado de Raimundo. A paz de 1195, concertada entre Afonso e Raimundo VI de Tolosa, filho e sucessor de Raimundo V, pôs fim a este conflito sem alterar a correlação de forças entre os poderes constituídos na Occitânia.
A Península Ibérica ocupou uma posição política secundária em relação à Occitania durante o reinado de Afonso II. Envolveu-se no jogo político dos reinos cristãos para conseguir a reanexação de Navarra, separada de Aragão desde a morte de Afonso I de Aragão em 1134. Por outro lado, o Casto também dirigiu ataques à Al-Andalus, com o objetivo de obter tributos ou ganhos territoriais.
Em 1162 a regência aragonesa concertou uma aliança entre Afonso II e Fernando II de Leão para repartir Navarra. Mas em 1168 foi estabelecida uma trégua com Sancho VI de Navarra, e sem o conflito navarrês iniciou-se um ataque contra Castela. Com o fracasso deste, Afonso assinou a Paz Perpétua de Sahagún em 1170 com Afonso VIII de Castela. E, pondo em prática o Tratado de Tudellén de 1156, o rei de Aragão contraiu matrimónio com Sancha, tia de Afonso VIII.
O emir moçárabe ibne Mardanis da taifa de Valência, assediado pelos Cristãos e pelos Almóadas, convertera-se em tributário de Aragão. Apesar disso, em 1169 a regência iniciou a conquista de Matarranha seguida da ocupação dos territórios a sul de Aragão em 1171 e foi fundada Teruel, base para possíveis ataques contra Valência. Na Catalunha, entre 1169 e 1170 foi preciso reprimir uma revolta sarracena na Serra de Prades.
Depois da morte de ibne Mardanis, em 1172, Afonso II assediou Valência, de onde extraiu uma aliança com o novo emir sarraceno em troca de duplicar o tributo a pagar. Juntos atacaram Xàtiva e Múrcia, de onde retiraram devido a uma incursão de Navarra nas fronteiras de Aragão.
A paz de Sahagún de 1170 e a supremacia de Castela, subordinou a atuação peninsular de Afonso II aos desígnios de Afonso VIII. Colaborou na conquista e anexação de Cuenca a Castela (1177), o que bloqueava as possibilidades expansivas de Reconquista de Aragão. Em troca, Afonso II só obteve do rei castelhano a renúncia da vassalagem aragonesa para Saragoça, imposta por Afonso VII de Castela a Raimundo Berengário IV. E na negociação da futura expansão em Al-Andalus pelo Tratado de Cazorla (1179), Afonso II cedeu a conquista de Múrcia a Castela, em troca do fim da vassalagem relativa a Valência, depois de conquistada.
Entre 1181 e 1186, Afonso II concentrou todos os seus esforços na Provença e no Mediterrâneo onde, para além de negociar sem êxito com o rei da Sicília a organização de uma expedição contra Maiorca, ajudou a Casa de Baus a adquirir na Sardenha o domínio do juizado de Arborea.
Quando reiniciou a sua participação nos assuntos peninsulares, o rei de Aragão distanciou-se de Afonso VIII de Castela, que abandonara o acordo de repartir Navarra depois de anexar La Rioja. Também mantinha pretensões territoriais nas fronteiras aragonesas e tinha realizado acordos com Frederico Barbaruiva.
Por isso, em 1190, o Casto chegou a um entendimento com Navarra, Leão e Portugal, receosos de Castela. Depois da derrota de Afonso VIII na Batalha de Alarcos (1195), a consistência do avanço mouro como perigo comum a todos os reinos cristãos peninsulares, assim como a influência do Papa Celestino II, levaram Afonso II a negociar uma ação com Castela contra os Muçulmanos que, no entanto, nunca chegou a realizar-se.
No seu testamento, Afonso II dispôs que, quando da sua morte, ocorrida em Abril de 1196, os seus reinos seriam repartidos entre os dois filhos: Pedro que reinaria em Aragão e Afonso que seria Conde da Provença, Millau e Gabaldá.
Deste modo, para além de dotar um domínio ao seu filho mais novo, o rei sancionou a necessidade da Provença dispôr de um governante próprio. Em 1185 já tinha nomeado Afonso, menor de idade, como Conde da Provença, e entregue o governo provençal a procuradores como Roger Bernat de Foix e Lope Jiménez.
Do casamento de Afonso II de Aragão com Sancha de Castela, filha do rei Afonso VII de Leão e Castela e de sua segunda esposa Riquilda da Polônia, nasceram:
Precedido por: Petronila |
Rei de Aragão 1163 - 1196 |
Sucedido por: Pedro II |
Precedido por: Raimundo Berengário IV |
Conde de Barcelona 1162 - 1196 |
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