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Afro (cabelo)

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Afro (cabelo)
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 Nota: Para outros significados de Afro, veja Afro (desambiguação).

Cabelo black power,[1] ou simplesmente afro, é um penteado associado principalmente a pessoas negras, popularizado nas décadas de 1960 e 1970.[2]

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Cantora Esperanza Spalding usando um penteado afro.

O afro é um estilo de cabelo criado a partir do crescimento natural do cabelo crespo, diferente do "fro", que pode ser estilizado em diferentes tipos de cabelo com auxílio de ferramentas ou produtos. O penteado pode ser moldado penteando o cabelo para longe do couro cabeludo, formando um volume arredondado. Para pessoas com cabelos ondulados ou lisos, o visual pode ser obtido por meio de cremes, géis permanentes ou outros produtos que alteram temporariamente a textura capilar. O pente de dentes largos é uma ferramenta comum para a modelagem e manutenção do estilo.

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Etimologia

"Afro" é derivado de termos como afrodescendente ou afro-americano.

Significado sociocultural e resistência

Resumir
Perspectiva

A adoção do cabelo afro ganhou forte simbolismo político e identitário, especialmente no Brasil, a partir das décadas de 1970 e 1980. Em um contexto de afirmação da identidade negra, o cabelo crespo deixou de ser tratado como símbolo de inferioridade e passou a representar resistência ao racismo estrutural, orgulho étnico e empoderamento pessoal — sobretudo entre mulheres negras.[3]

O crescimento do orgulho racial influenciou também a criação de um mercado específico de cosméticos afro, voltado para cuidados com cabelos crespos e cacheados, contribuindo para maior visibilidade e aceitação dessa estética.[4]

A relação entre estética e política se fortaleceu, e o uso do cabelo afro passou a ser também uma forma de enfrentamento ao chamado "mito da democracia racial", segundo o qual não haveria racismo no Brasil.[5]

No Brasil, o termo "cabelo bombril", historicamente utilizado de forma pejorativa para descrever cabelos crespos, reflete um discurso racista que associa o cabelo negro à desvalorização estética e social. Expressões como essa foram amplamente reproduzidas em mídias digitais, brinquedos infantis e na fala cotidiana, contribuindo para a manutenção de um padrão de beleza eurocêntrico e excludente. Entretanto, essas mesmas mídias têm sido palco de resistência e ressignificação, por meio de movimentos como a Marcha do Orgulho Crespo, realizada anualmente desde 2015 em diversas cidades brasileiras. Esses eventos representam o enfrentamento ao racismo simbólico e a afirmação da beleza e identidade negra.

A frase “Cabelo crespo não é moda, é DNA”, utilizada em cartazes e redes sociais durante as marchas, simboliza essa ruptura discursiva com o passado de estigmatização e projeta o cabelo afro como um marcador de orgulho, identidade e luta contra o racismo.

Além disso, o cabelo afro tornou-se meio de expressão cultural por meio de penteados criativos, estilizações e acessórios que exaltam a diversidade dos fios crespos e sua representatividade histórica.

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Referências

  1. Martha Mendonça (14 de outubro de 2009). «A volta do cabelo crespo». Época. Consultado em 16 de julho de 2010
  2. Gomes, Cláudia Ferreira Alexandre; Duque-Arrazola; Laura Susana (2019). «Consumo e identidade: o cabelo afro como símbolo de resistência». Revista da ABPN. 11 (27): 184–205. doi:10.31418/2177-2770.2019.v11.n.27.p184-205. Consultado em 30 de junho de 2025
  3. Verena Alberti; Amilcar Araujo Pereira (2005). «Movimento negro e "democracia racial" no Brasil: entrevistas com lideranças do movimento negro». Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC/FGV). Consultado em 30 de junho de 2025
  4. Cortes, Gerenice Ribeiro de Oliveira (2020). «De cabelos "bombril" ao orgulho crespo: memória, acontecimento discursivo e resistência nas mídias digitais». Anais do Congresso Internacional da Associação Latino-Americana de Estudos do Discurso (ALAED). 2: 899–904. Consultado em 30 de junho de 2025

Ligações externas

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