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O Ano litúrgico é o período de doze meses, divididos em tempos litúrgicos, onde se celebram os mistérios de Cristo, assim como os Santos.
De necessidade de se organizar as comemorações religiosas, foi estabelecido um calendário de datas a serem seguidas, que ficou sendo denominado de “Ano Litúrgico” ou “Calendário Litúrgico”.
O Ano Civil começa em 1º de Janeiro e termina em 31 de Dezembro. Já o Ano Litúrgico começa no 1º Domingo do Advento (cerca de quatro semanas antes do Natal) e termina no sábado anterior a ele (após a solenidade de Cristo Rei do Universo). Podemos perceber, também, que o Ano Litúrgico está dividido em “Tempos Litúrgicos”, como veremos a seguir.
Antes, porém, vale a pena lembrar que o Ano Litúrgico é composto de dias, e que esses dias são santificados pelas celebrações litúrgicas do povo de Deus, principalmente pelo Sacrifício Eucarístico e pela Liturgia das Horas. Por esses dias serem santificados, eles passam a ser denominados dias litúrgicos. A celebração do Domingo e das Solenidades, porém, começa com as Vésperas (na parte da tarde) do dia anterior.
Dentre os Dias Litúrgicos da semana, no primeiro dia, ou seja, no Domingo (Dia do Senhor), a Igreja celebra o Mistério Pascal de Jesus, obedecendo à tradição dos Apóstolos. Por esse motivo, o Domingo deve ser tido como o principal dia de festa.
Cada rito litúrgico da Igreja Católica tem o seu Calendário Litúrgico próprio, com mais ou menos diferenças em relação ao Calendário Litúrgico do Rito romano, o mais conhecido. No entanto, para todos os ritos litúrgicos é idêntico o significado do Ano litúrgico, assim como a existência dos diversos tempos litúrgicos e das principais festas litúrgicas.
A Igreja estabeleceu, para o Rito romano, uma sequência de leituras bíblicas que se repetem a cada três anos, nos domingos e nas solenidades. As leituras desses dias são divididas em ano A, B e C. No ano A, leem-se as leituras do Evangelho de São Mateus; no ano B, o de São Marcos e no ano C, o de São Lucas. Já o Evangelho de São João é reservado para as ocasiões especiais, principalmente as grandes Festas e Solenidades.
Nos dias da semana do Tempo Comum, há leituras diferentes para os anos pares e para os anos ímpares, tirando o Evangelho, que se repete de ano a ano. Deste modo, os católicos, de três em três anos, se acompanharem a liturgia diária, terão lido quase toda a Bíblia.
O Ano Litúrgico da Igreja é assim dividido:
O Ano litúrgico da Igreja tem leituras bíblicas apropriadas para as celebrações de cada santo em particular. Aí estão as 15 solenidades e 25 festas, com leituras obrigatórias, as 64 memórias obrigatórias e 96 memórias facultativas, com leituras opcionais. O Calendário Litúrgico apresenta também 44 leituras referentes à ressurreição de Jesus Cristo, além de diversas leituras para os Santos, Doutores da Igreja, Mártires, Virgens, Pastores e a Virgem Maria.
Estes tempos litúrgicos existem em toda a Igreja Católica. Há apenas algumas diferenças entre os vários ritos, nomeadamente em relação à duração de cada um e à data e importância de determinadas festividades. A descrição que se segue corresponde ao Rito romano.
O Tempo do Advento possui dupla característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em que comemoramos a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um tempo em que, por meio desta lembrança, se voltam os corações para a expectativa da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos. Por esse duplo motivo, o tempo do Advento se apresenta como um tempo de piedosa expectativa da vinda do Messias, além de se apresentar como um tempo de purificação de vida. O tempo do Advento inicia-se quatro domingos antes do Natal e termina no dia 24 de Dezembro, desembocando na comemoração do nascimento de Cristo. É um tempo de festa, mas de alegria moderada.
No Advento a cor litúrgica é o roxo, sendo que no Domingo Gaudete pode-se usar o rosa.
Tempo de preparação para o Natal é o Advento que são quatro domingos, sendo o terceiro domingo do Advento, o Domingo Gaudete.
Após a celebração anual da Páscoa, a comemoração mais venerável para a Igreja é o Natal do Senhor e suas primeiras manifestações, pois o Natal é um tempo de fé, alegria e acolhimento do Filho de Deus que se fez Homem. O tempo do Natal vai da véspera do Natal de Nosso Senhor até o domingo depois da festa da aparição divina, em que se comemora o Batismo de Jesus. No ciclo do Natal são celebradas as festas da Sagrada Família, de Maria, mãe de Jesus, Epifania do Senhor e do Batismo de Jesus.
No Natal a cor é o branco, simbolizando a paz e a harmonia.
O Tempo da Quaresma é um tempo forte de conversão e penitência, jejum, caridade e oração. É um tempo de preparação para a Páscoa do Senhor, e dura quarenta dias. Neste período não se diz o Aleluia, nem se colocam flores na Igreja, as imagens ficam veladas com tecidos roxos, com exceção da cruz, que só é velada na Semana Santa, não devem ser usados muitos instrumentos e não se canta o Glória a Deus nas alturas, para que as manifestações de alegria sejam expressadas de forma mais intensa no tempo que se segue, a Páscoa. A Quaresma inicia-se na Quarta-feira de Cinzas, e termina na Quinta-Feira Santa antes da missa da Ceia do Senhor.
Na Quaresma a cor litúrgica é o roxo, sendo que no Domingo Laetare pode-se usar o rosa.
Tempo de preparação para a Páscoa é a Quaresma que é composta por cinco domingos, sendo o quarto domingo da Quaresma, o Domingo Laetare.
O Tríduo Pascal começa com a Missa da Santa Ceia do Senhor, na Quinta-Feira Santa. Neste dia, é celebrada a Instituição da Eucaristia e do Sacerdócio, e comemora-se o gesto de humildade de Jesus ao lavar os pés dos discípulos.
Na Sexta-Feira Santa celebra-se a Paixão e Morte de Jesus Cristo. É o único dia do ano que não tem Missa, acontece apenas uma Celebração da Palavra chamada de “Ação ou Ato Litúrgico”.
Durante o Sábado Santo, a Igreja não exerce qualquer ato litúrgico, permanecendo em contemplação de Jesus morto e sepultado.
Na noite de Sábado Santo, já pertencente ao Domingo de Páscoa, acontece a solene Vigília pascal. Conclui-se, então, o Tríduo Pascal, que compreende a Quinta-Feira, Sexta-Feira e o Sábado Santo, que prepara o ponto máximo da Páscoa: o Domingo da Ressurreição.
A Festa da Páscoa ou da Ressurreição do Senhor, se estende por cinquenta dias entre o domingo de Páscoa e o domingo de Pentecostes, comemorando a volta de Cristo ao Pai na Ascensão, e o envio do Espírito Santo. Estas sete semanas devem ser celebradas com alegria e exultação, como se fosse um só dia de festa, ou, melhor ainda, como se fossem um grande domingo, vivendo uma espiritualidade de alegria no Cristo Ressuscitado e crendo firmemente na vida eterna.
No Tempo de Páscoa a cor litúrgica é o branco, simbolizando a luz, tipificando a inocência e a pureza, a alegria e a glória.
Além dos tempos que têm características próprias, restam no ciclo anual trinta e três ou trinta e quatro semanas nas quais são celebrados, na sua globalidade os Mistérios de Cristo. Comemora-se o próprio Mistério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos. É um período sem grandes acontecimentos, mas que nos mostra que Deus se faz presente nas coisas mais simples. É um tempo de esperança acolhimento da Palavra de Deus. Este tempo é chamado de Tempo Comum, mas não tem nada de vazio. É o tempo da Igreja continuar a obra de Cristo nas lutas e no trabalho pelo Reino. O Tempo Comum é dividido em duas partes: a primeira fica compreendida entre os tempos do Natal e da Quaresma, e é um momento de esperança e de escuta da Palavra onde devemos anunciar o Reino de Deus; a segunda parte fica entre os tempos da Páscoa e do Advento, e é o momento do cristão colocar em prática a vivência do reino e ser sinal de Cristo no mundo, ou como o mesmo Jesus disse, ser sal da terra e luz do mundo.
O Tempo Comum é ainda tempo privilegiado para celebrar as memórias da Virgem Maria e dos Santos.
No Tempo Comum a cor litúrgica é o verde que simboliza esperança.
Baseando-se no terceiro mandamento da Lei de Deus (guardar os domingos e festas de guarda), a Igreja Católica estipula que todos os católicos devem ir à missa em todos os domingos e festas de guarda. Por isso, esta obrigação está também presente nos Cinco Mandamentos da Igreja Católica. A maior parte das festas de guarda caem sempre num domingo (ex: Domingo de Ramos, Pentecostes, domingo de Páscoa, Santíssima Trindade, etc.), que já é o dia semanal obrigatório de preceito ou guarda. Então, as festas de guarda que podem não ser no domingo são apenas dez:[1]
Porém, nem todos os países e dioceses festejam e guardam estes dez dias de preceito, porque, "com a prévia aprovação da Sé Apostólica, [...] a Conferência Episcopal pode suprimir algumas das festas de preceito ou transferi-los para um domingo".[1]
Observações: As festas e solenidades da Epifania do Senhor, Ascensão do Senhor, São Pedro e São Paulo, Assunção de Maria e Todos os Santos no Brasil foram transferidas para o domingo mais próximo. A CNBB no Brasil aboliu o preceito na festa de São José, permanecendo sua celebração litúrgica.
O Ano Litúrgico passa por três ciclos, também chamado de anos A, B, C.
A cada ano tem uma sequência de leituras próprias, ou seja, leituras para o ano A, ano B e para o ano C. A organização das leituras próprias para cada ano possibilita ao católico estudar toda a Bíblia, desde que participe de todas as missas diárias ou estude a Liturgia Diária nesse período de três anos. Para saber de que ciclo é um determinado ano, parte-se deste princípio: o ano que é múltiplo de 3 é do ciclo C.
Para saber se um número é múltiplo de 3, basta somar todos os algarismos, e se o resultado for múltiplo de 3, o número também o é.
Supondo que este seja o ano de 2021, fazemos 2 + 0 + 2 + 1 = 5. Como 5 tem resto 2 quando dividido por 3, estamos ano B (o ano litúrgico começa no advento do ano anterior, logo, o advento de 2020 é o início do ano litúrgico de 2021).
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