Brasília
capital do Brasil Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Brasília (AFI: [bɾaˈzilja] ou AFI: [bɾaˈziʎa]) é a capital federal do Brasil e a sede de governo do Distrito Federal.[7] A capital está localizada na região Centro-Oeste do país, ao longo da região geográfica conhecida como Planalto Central. Segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)/2022, sua população é de 2 817 381 habitantes, sendo, então, a terceira cidade mais populosa do país, sem contar os da região metropolitana.[8][nota 1] Brasília é também a quinta concentração urbana mais populosa do Brasil. A capital brasileira é a maior cidade do mundo construída no século XX.[11]
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Capital do Brasil | ||
Eixo Monumental visto a partir da Torre de TV Vista panorâmica do Plano Piloto de Brasília |
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Símbolos | ||
Hino | ||
Lema | Venturis ventis (Latim: "Aos ventos que hão de vir") | |
Gentílico | brasiliense candango | |
Localização | ||
Localização de Brasília no Brasil | ||
Mapa de Brasília | ||
Coordenadas | 15° 47′ 38″ S, 47° 52′ 58″ O | |
País | Brasil | |
Unidade federativa | Distrito Federal | |
Região metropolitana | Distrito Federal e Entorno | |
Municípios limítrofes | Águas Lindas de Goiás, Cidade Ocidental, Cristalina, Formosa, Novo Gama, Santo Antônio do Descoberto, Padre Bernardo, Planaltina, Valparaíso de Goiás e Cabeceira Grande. | |
0 km | ||
História | ||
Fundação | 21 de abril de 1960 (64 anos) | |
Características geográficas | ||
Área total [1] | 5 760,784 km² | |
População total (estatísticas IBGE/2022[2]) | 2 817 381 hab. | |
• Posição | BR: 3º | |
Densidade | 489,1 hab./km² | |
Clima | Tropical (Aw)[3] | |
Altitude [4] | 1171 m | |
Fuso horário | Hora de Brasília (UTC−3) | |
Indicadores | ||
IDH (PNUD/2010[5]) | 0,824 — muito alto | |
• Posição | BR: 9º | |
PIB (IBGE/2020[6]) | R$ 265 847 334,00 mil | |
• Posição | BR: 3º | |
PIB per capita (IBGE/2020[6]) | R$ 87 016,16 | |
Sítio | www |
A cidade possui o maior produto interno bruto per capita em relação às capitais,[12] o quarto maior entre as principais cidades da América Latina e cerca de três vezes maior que a renda média brasileira.[13] Como capital nacional, Brasília abriga a sede dos três poderes da República (Executivo, Legislativo e Judiciário) e 127 embaixadas estrangeiras.[14] A política de planejamento da cidade, como a localização de prédios residenciais em grandes áreas urbanas, a construção de enormes avenidas que atravessam a cidade e a sua divisão em setores tem provocado debates sobre o estilo de vida nas grandes cidades no século XX. O projeto da cidade a divide em blocos numerados, além de setores para atividades pré-determinadas, como o Setor Hoteleiro, Bancário ou de Embaixadas.
O plano urbanístico original da capital, conhecido como "Plano Piloto" (nome que seria dado à região administrativa onde fica localizada), foi elaborado pelo urbanista e arquiteto Lúcio Costa, que, aproveitando o relevo da região, adequou-o ao projeto do lago Paranoá, concebido em 1893 pela Missão Cruls.[15] A cidade começou a ser planejada e desenvolvida em 1956 por Lúcio Costa, pelo também arquiteto Oscar Niemeyer e pelo engenheiro estrutural Joaquim Cardozo.[16][17] Inaugurada em 21 de abril de 1960, pelo então presidente Juscelino Kubitschek, Brasília tornou-se formalmente a terceira capital do Brasil, após Salvador e Rio de Janeiro. Vista de cima, a principal área da cidade é descrita frequentemente como tendo o formato de um avião, mas a proposta inicial de Lúcio Costa era de que se assemelhasse ao sinal da cruz, e um dos eixos foi depois arqueado para se adaptar ao relevo da região.[18][19][20]
A cidade tem um estatuto único no Brasil, já que é uma divisão administrativa distinta de um município legal, como outras cidades brasileiras, semelhante ao que acontece com Washington, D.C., nos Estados Unidos, e com Camberra, na Austrália. A cidade, comumente referida como "Capital Federal" ou "BSB", é considerada um Patrimônio Mundial pela UNESCO, desde 7 de dezembro de 1987,[21] devido ao seu conjunto arquitetônico e urbanístico[22] e possui a maior área tombada do mundo, com 112,5 quilômetros quadrados.[23][24]
"Brasiliense" é o nome que se dá a quem nasceu em Brasília. "Candango" é outro termo utilizado para designar os brasilienses, sendo, originalmente, usado para se referir aos trabalhadores que, em sua maioria provenientes da Região Nordeste do Brasil,[25] migravam à futura capital para trabalhar em sua construção. Uma das vertentes etimológicas diz que o termo "candango" vem do termo quimbundo kangundu, diminutivo de kingundu (ruim, ordinário, vilão). Era o termo usado pelos africanos para designar os portugueses.[26][27]
De acordo com o dicionário Michaelis, "candango" significa: "trabalhador, estudante vindo de fora da região para estabelecimento de residência. Nome com que se designam os trabalhadores comuns que colaboraram na construção de Brasília".[28]
Antes da chegada dos europeus ao continente americano, a porção central do Brasil era ocupada por indígenas do tronco linguístico macro-jê, como os acroás, os xacriabás, os xavantes, os caiapós, os javaés, etc.[29]
No século XVIII, a atual região ocupada pelo Distrito Federal brasileiro, próxima à linha do Tratado de Tordesilhas,[30] que dividia os domínios portugueses dos espanhóis, tornou-se rota de passagem para os garimpeiros de origem portuguesa em direção às minas de Mato Grosso e Goiás.[31] Data dessa época a fundação do povoado de São Sebastião de Mestre d'Armas (atual região administrativa de Planaltina, no Distrito Federal).[32]
Em 1761, o marquês de Pombal, então primeiro-ministro de Portugal, propôs mudar a capital do império português para o interior do Brasil Colônia.[33] O jornalista Hipólito José da Costa, fundador do Correio Braziliense, primeiro jornal brasileiro, editado em Londres, redigiu, em 1813, artigos em defesa da interiorização da capital do país para uma área "próxima às vertentes dos caudalosos rios que se dirigem para o norte, sul e nordeste". José Bonifácio, o Patriarca da Independência, foi a primeira pessoa a se referir à futura capital do Brasil, em 1823, como "Brasília".[34]
Desde a primeira constituição republicana, de 1891, havia um dispositivo que previa a mudança da Capital Federal do Rio de Janeiro para o interior do país, determinando como "pertencente à União, no Planalto Central da República, uma zona de 14 400 quilômetros quadrados, que será oportunamente demarcada, para nela estabelecer-se a futura Capital Federal".[35][36] Fato interessante dessa época foi o sonho premonitório do padre italiano São João Bosco, no qual disse ter visto uma terra de riquezas e prosperidade situada próxima a um lago e entre os paralelos 15 e 20 do Hemisfério Sul. Acredita-se que o sonho do padre tenha sido uma profecia sobre a futura capital brasileira, pelo qual o padre, posteriormente canonizado, tornou-se o padroeiro de Brasília.[34]
No ano de 1891, foi nomeada a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, liderada pelo astrônomo Luís Cruls e integrada por médicos, geólogos e botânicos, que fizeram um levantamento sobre a topografia, o clima, a geologia, a flora, a fauna e os recursos materiais da região do Planalto Central. A área ficou conhecida como Quadrilátero Cruls[37] e foi apresentada em 1894 ao governo republicano. A comissão designava Brasília com o nome de "Vera Cruz".[34]
Em 1922, no ano do Centenário da Independência do Brasil, o deputado Americano do Brasil apresentou um projeto à Câmara incluindo entre as comemorações a serem celebradas o lançamento da Pedra Fundamental da futura capital, no Planalto Central.[38][39] O então presidente da república, Epitácio Pessoa, baixou o Decreto 4 494, de 18 de janeiro de 1922, determinando o assentamento da pedra fundamental e designou, para a realização desta missão, o engenheiro Balduíno Ernesto de Almeida, diretor da estrada de ferro de Goiás, com sede em Araguari, em Minas Gerais. No dia 7 de setembro de 1922, com uma caravana composta por quarenta pessoas, foi assentada a pedra fundamental no Morro do Centenário, na Serra da Independência, situada a nove quilômetros de Planaltina.[32]
Em 1954, o marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque foi convidado pelo presidente Café Filho para ocupar a presidência da Comissão de Localização da Nova Capital Federal, encarregada de examinar as condições gerais de instalação da cidade a ser construída. Em seguida, Café Filho homologou a escolha do sítio da nova capital e delimitou a área do futuro Distrito Federal, determinando que a comissão encaminhasse o estudo de todos os problemas relacionados à mudança.[40] A Comissão de Planejamento e Localização da Nova Capital, sob a Presidência de José Pessoa, foi a responsável pela exata escolha do local onde hoje se ergue Brasília.[41]
A idealização do plano-piloto também foi obra da mesma comissão que, em robusto relatório, redigido pelo Marechal José Pessoa, de título "Nova Metrópole do Brasil" e entregue ao Presidente Café Filho, detalhando os pormenores do arrojado planejamento que se realizou.[42]
O marechal José Pessoa não imaginou o nome da capital como Brasília, mas sim Vera Cruz, de modo a caracterizar o sentimento de um povo que nasceu sob o signo da Cruz de Cristo e estabelecendo ligação com o primeiro nome dado pelos descobridores portugueses. O plano elaborado respeitava uma determinada interpretação da história e não descaracterizava as tradições brasileiras. Grandes avenidas chamar-se-iam "Independência", "Bandeirantes", etc., diferentes, portanto, das atuais siglas alfanuméricas de Brasília, como W3, SQS, SCS, SMU e outras.[43]
Por discordâncias com o presidente Juscelino Kubitschek, o marechal José Pessoa abandonou a presidência da comissão, tendo sido sucedido pelo coronel do exército Ernesto Silva, que era o secretário da comissão. Ernesto Silva, que também era médico, foi nomeado na sequência presidente da Comissão de Planejamento da Construção e da Mudança da Capital Federal (1956) e Diretor da Companhia Urbanizadora da Nova Capital – Novacap (1956/61), tendo assinado o Edital do Concurso do Plano Piloto, em 1956, publicado no Diário Oficial da União no dia 30 de setembro de 1956.[44]
No ano de 1955, durante um comício na cidade goiana de Jataí, o então candidato à presidência, Juscelino Kubitschek, foi questionado por um eleitor se respeitaria a constituição, interiorizando a capital federal, ao que Juscelino afirmou que transferiria a capital.[45] Eleito, Juscelino estabeleceu a construção de Brasília como "meta-síntese" de seu "Plano de Metas".[46]
O traçado de ruas de Brasília obedece ao plano piloto implantado pela empresa Novacap a partir de um anteprojeto do arquiteto Lúcio Costa, escolhido através de concurso público nacional. O arquiteto Oscar Niemeyer e o engenheiro estrutural Joaquim Cardozo projetaram os principais prédios públicos da cidade.[16] Para fazer a transferência simbólica da capital do Rio para Brasília, Juscelino fechou solenemente os portões do Palácio do Catete, então transformado em Museu da República, às 9 da manhã do dia 21 de abril de 1960, ao que a multidão reagiu com aplausos. A cidade de Brasília foi inaugurada no mesmo dia e mês em que ocorreu a execução de Joaquim José da Silva Xavier, líder da Inconfidência Mineira, e a fundação de Roma.[34]
O princípio básico das estratégias políticas de Juscelino Kubitschek, segundo o próprio, era apropriado do moralista francês Joseph Joubert, para quem "não devemos cortar o nó que podemos desatar". Com base nessa máxima, Kubitschek viabilizou a construção de Brasília, oferecendo várias benesses à oposição, criando fatos consumados e queimando etapas. Apesar de a cidade ter sido construída em tempo recorde, a transferência efetiva da infraestrutura governamental só ocorreu durante os governos militares, já na década de 1970. Todavia, ainda no século XXI, muitos órgãos do governo federal brasileiro continuam sediados na cidade do Rio de Janeiro.[47] O efeito provocado pelo modernismo da cidade recém-construída foi resumido pela declaração do cosmonauta Yuri Gagarin, primeiro homem a viajar para o espaço, ao visitá-la em 1961: "Tenho a impressão de que estou desembarcando num planeta diferente, não na Terra".[34]
Alguns dos fatores que mais influenciaram a transferência da capital foram a segurança nacional, pois acreditava-se que, com a capital no litoral, ela estava vulnerável a ataques estrangeiros (argumento militar-estratégico que teve como precursor Hipólito José da Costa), e uma interiorização do povoamento e do desenvolvimento e integração nacional, já que, devido a fatores econômicos e históricos, a população brasileira concentrou-se na faixa litorânea, ficando o interior do país pouco povoado. Assim, a transferência da capital para o interior forçaria o deslocamento de um contingente populacional e a abertura de rodovias, ligando a capital às diversas regiões do país, o que levaria a uma maior integração econômica. Planejada para ter uma população de 500 mil habitantes no ano 2000,[48] a população de Brasília já atingia 1,515 milhão de habitantes em 1991, considerando-se todo o Distrito Federal.[49] Brasília é hoje a terceira cidade mais populosa do Brasil, depois de São Paulo e Rio de Janeiro, além da quinta concentração urbana mais populosa do país, superada apenas por São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Recife.[50][51]
Brasília se localiza a altitudes entre 1 000 e 1 200 metros acima do nível do mar, no chamado Planalto Central, cujo relevo é, na maior parte, plano, apresentando algumas leves ondulações.[52] A flora corresponde à predominantemente típica do domínio do cerrado.[53]
A fim de aumentar a quantidade de água disponível para a região, foi realizado o represamento de um dos rios da região, o rio Paranoá, para a construção de um lago artificial, o Lago Paranoá.[54][55] O lago, com mais de cem quilômetros de extensão, faz Brasília ser um dos maiores polos náuticos do país e é frequentado por praticantes de wakeboard, remo e pesca profissional.[56]
De acordo com a divisão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vigente desde 2017,[57] Brasília pertence às regiões geográficas intermediária e imediata do Distrito Federal. Até então, com a vigência das divisões em microrregiões e mesorregiões, fazia parte da microrregião de Brasília, que por sua vez estava incluída na mesorregião do Distrito Federal.[58]
O clima de Brasília é considerado tropical com estação seca (do tipo Aw na classificação climática de Köppen-Geiger),[3] A temperatura média anual é de aproximadamente 21 °C; a estação com precipitação possui céu encoberto e a estação seca possui céu quase sem nuvens. Durante o ano inteiro o clima é morno. Ao longo do ano, normalmente, a temperatura mínima nos meses mais frios é de 14 °C e a temperatura máxima nos meses mais quentes é de 29 °C e raramente são inferiores a 10 °C ou superiores a 32 °C.[11]
No decorrer da estação chuvosa, que começa em outubro e termina em abril, as precipitações ocorrem sob a forma de chuva e, algumas vezes, de granizo,[59][60] podendo ainda virem acompanhadas de raios e trovoadas.[61] Durante a estação seca, entre maio e setembro, é comum que os níveis de umidade relativa do ar (URA) fiquem muitas vezes abaixo de 30%, bem abaixo do ideal considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de 60%.[62]
Maiores acumulados de precipitação em 24 horas registrados em Brasília por meses (INMET, 21/08/1961-presente)[63][64] | |||||
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Mês | Acumulado | Data | Mês | Acumulado | Data |
Janeiro | 99,6 mm | 20/01/2016 | Julho | 80,7 mm | 13/07/1990 |
Fevereiro | 110,7 mm | 28/02/2005 | Agosto | 68 mm | 29/08/1984 |
Março | 111,8 mm | 31/03/1964 | Setembro | 77,4 mm | 03/09/1970 |
Abril | 131 mm | 21/04/1992 | Outubro | 103,1 mm | 27/10/2006 |
Maio | 73,6 mm | 03/05/1969 | Novembro | 132,8 mm | 15/11/1963 |
Junho | 29,8 mm | 24/06/1965 | Dezembro | 106,8 mm | 22/12/1963 |
Segundo dados da estação convencional do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) de Brasília, instalada na sede do instituto (Sudoeste) desde 21 de agosto de 1961, a menor temperatura registrada foi de 1,6 °C em 18 de julho de 1975 e a maior atingiu 36,4 °C nos dias 18 de outubro de 2015 e 8 de outubro de 2020. O maior acumulado de precipitação em 24 horas foi de 132,8 mm em 15 de novembro de 1963.[63][64] O recorde de dias sem chuva ocorreu em 2024, com 167 dias consecutivos, sendo o recorde anterior de 1963,[65] com 163 dias.[66]
Outros acumulados iguais ou superiores a 100 mm foram: 131 mm em 21 de abril de 1992, 111,8 mm em 31 de março de 1964, 110,7 mm em 28 de fevereiro de 2005, 106,8 mm em 22 de dezembro de 1963, 103,1 mm em 27 de outubro de 2006 e 102,1 mm em 29 de outubro de 2000. Em janeiro de 1979, foram registrados 602,4 mm de precipitação, o maior acumulado mensal desde então, seguido por 526,4 mm em outubro de 2006.[63][64]
Desde maio de 2000, quando o INMET instalou uma estação meteorológica no mesmo lugar, o menor índice de URA foi de 10% em 7 de agosto de 2002, setembro de 2011 (nos dias 6 e 7), 4 de outubro de 2020 e 3 de setembro de 2024.[67] Por sua vez, a rajada de vento mais forte alcançou 26,4 m/s (95 km/h) na tarde de 1 de outubro de 2014,[67] dia em que também foi registrada pela primeira vez a formação de um tornado, na região do Aeroporto JK.[68] Ainda na história meteorológica de Brasília, houve geada em 10 de junho de 1985, quando a temperatura mínima chegou a 3,3 °C, a mais baixa registrada em um mês de junho.[69]
Dados climatológicos para Brasília (Sudoeste) | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima recorde (°C) | 32,6 | 32 | 32,1 | 31,6 | 31,6 | 31,6 | 30,8 | 33 | 35,8 | 36,4 | 34,9 | 33,7 | 36,4 |
Temperatura máxima média (°C) | 26,9 | 27,2 | 27 | 26,8 | 26 | 25,3 | 25,6 | 27,4 | 29,1 | 29 | 27 | 26,8 | 27 |
Temperatura média compensada (°C) | 21,9 | 21,9 | 21,8 | 21,6 | 20,3 | 19,3 | 19,3 | 21 | 22,8 | 23,1 | 21,7 | 21,7 | 21,4 |
Temperatura mínima média (°C) | 18,3 | 18,2 | 18,2 | 17,7 | 15,6 | 14,2 | 13,9 | 15,3 | 17,6 | 18,5 | 18,1 | 18,3 | 17 |
Temperatura mínima recorde (°C) | 12,2 | 11 | 14,5 | 10,7 | 3,2 | 3,3 | 1,6 | 5 | 9 | 10,2 | 11,4 | 13,5 | 1,6 |
Precipitação (mm) | 206 | 179,5 | 226 | 145,2 | 26,9 | 3,3 | 1,5 | 16,3 | 38,1 | 141,8 | 253,1 | 241,1 | 1 478,8 |
Dias com precipitação (≥ 1 mm) | 16 | 14 | 15 | 9 | 3 | 1 | 0 | 2 | 4 | 10 | 17 | 18 | 109 |
Umidade relativa compensada (%) | 74,7 | 74,2 | 76,1 | 72,2 | 65,4 | 58,8 | 51 | 43,5 | 46,4 | 58,8 | 74,5 | 76 | 64,3 |
Insolação (h) | 159,6 | 158,9 | 168,7 | 200,8 | 237,9 | 247,6 | 268,3 | 273,5 | 225,7 | 191,3 | 138,3 | 145 | 2 415,6 |
Fonte: INMET (normal climatológica de 1991-2020;[59] recordes de temperatura a partir de 21/08/1961)[63][64] |
O ritmo de crescimento populacional[71] na primeira década foi de 14,4% ao ano, com um aumento populacional de 285%. Na década de 1970, o crescimento médio anual foi de 8,1%, com um incremento total de 115,52%. A população total do Distrito Federal, que não deveria ultrapassar 500 000 habitantes em 2000, atingiu esta cota no início da década de 1970, e, entre 1980 e 1991, a população expandiu em mais 32,8%. O Plano Piloto, que, na inauguração, concentrava 48% da população do Distrito Federal, gradativamente perdeu importância relativa, chegando a 13,26% em 1991, passando o predomínio para as cidades-satélites.[48]
Em 2010, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indicou 2 570 160 habitantes em todo o Distrito Federal.[70] O Índice de Desenvolvimento Humano é de 0,824[5] e a taxa de analfabetismo de apenas 4,35%.[72] Brasília também caracteriza-se pela sua desigualdade social, sendo a quarta área metropolitana mais desigual do Brasil e a décima sexta do mundo, segundo um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas.[72]
A população brasiliense é formada por migrantes de todas as regiões brasileiras, sobretudo do Nordeste e do Sudeste,[73] além de estrangeiros que trabalham nas embaixadas espalhadas pela capital.[74] Dados de 2010 apontavam que quase metade da população não nasceu ali, sendo que 1 380 873 (53,73%) eram brasilienses e 1 189 287 (46,27%) de outros locais (incluindo 8 577 estrangeiros, ou 0,33% da população), principalmente de Goiás, Minas Gerais e Bahia.[73][75]
A região administrativa de Plano Piloto, composta em sua parte urbana pelos bairros residenciais Asa Norte, Asa Sul e Vila Planalto, conta com uma população de 209 855 habitantes (2010) e uma área de 472,12 km², sendo a terceira maior região administrativa do Distrito Federal em termos de população, atrás apenas de Ceilândia (com 402 729 habitantes) e Taguatinga (361 063).[76]
Conhecida como RIDE, a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno compreende o Distrito Federal mais os municípios goianos de Abadiânia, Água Fria de Goiás, Águas Lindas de Goiás, Alexânia, Alto Paraíso de Goiás, Alvorada do Norte, Barro Alto, Cabeceiras, Cavalcante, Cidade Ocidental, Cocalzinho de Goiás, Corumbá de Goiás, Cristalina, Flores de Goiás, Formosa, Goianésia, Luziânia, Mimoso de Goiás, Niquelândia, Novo Gama, Padre Bernardo, Pirenópolis, Planaltina, Santo Antônio do Descoberto, São João d'Aliança, Simolândia, Valparaíso de Goiás, Vila Boa e Vila Propício, e os municípios mineiros de Arinos, Buritis, Cabeceira Grande e Unaí.[77] Conta com 4 808 484 habitantes sendo a quarta mais populosa região metropolitana do Brasil. (IBGE/2021).[8]
Segundo a geógrafa Nelba Azevedo Penna, do Departamento de Geografia da Universidade de Brasília, "em consequência dos processos de ordenamento de seu território, ocorreu uma intensa expansão da urbanização para a periferia limítrofe ao Distrito Federal, que deu origem à formação da região metropolitana de Brasília (atualmente institucionalizada como Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno – RIDE)".[78]
Brasília possui a maior desigualdade de renda entre as capitais brasileiras,[79] mas, por outro lado, é das capitais em que menos se registram homicídios para cada cem mil habitantes no país.[80] Na região administrativa de Ceilândia está localizada a segunda mais populosa favela do Brasil, a comunidade do Sol Nascente,[81] com 61 mil habitantes[82] — segundo estimativas de lideranças locais, no entanto, a população seria de 100 mil pessoas, que superaria a da Rocinha, no Rio de Janeiro.[82]
Os índices de criminalidade são altos principalmente no Entorno do Distrito Federal.[83][84] Segundo sociólogos, a criminalidade no Distrito Federal, principalmente nas cidades-satélites, é uma herança do crescimento desordenado, ainda que assentado em núcleos urbanos planejados. Os níveis de criminalidade no DF estão entre os maiores do Brasil, chegando ao ponto de haver uma média de até dois assassinatos diários.[85] Em 2012, houve 1031 homicídios, com taxa de 38,9 por 100 mil habitantes, a 478º maior do país.[86] Existem diversas propostas para tentar diminuir a criminalidade na capital: entre elas, um maior policiamento, medida esta que, aplicada, tem levado a uma retração da violência.[84]
Brasília não possui prefeito e vereadores, pois o artigo 32 da Constituição Federal de 1988 proíbe expressamente que o Distrito Federal seja dividido em municípios, sendo considerado uno.[87][88]
O Distrito Federal é pessoa jurídica de direito público interno, ente da estrutura político-administrativa do Brasil de natureza sui generis, pois não é nem um estado nem um município, mas sim um ente especial que acumula as competências legislativas reservadas aos estados e aos municípios, conforme dispõe o art. 32, § 1º da CF, o que lhe dá uma natureza híbrida de estado e município.[87]
Historicamente o título do Chefe do Poder Executivo do Distrito Federal era "Prefeito do Distrito Federal", no período histórico que o Distrito Federal era sediado na cidade do Rio de Janeiro (1889-1960), e posteriormente em quase toda a primeira década de Brasília como capital federal (1960-1969). A partir do ano de 1969 o cargo foi renomeado como "Governador do Distrito Federal". Em virtude do caráter diferenciado dado pela Constituição ao Distrito Federal, o Governador do Distrito Federal atua como um misto de governador estadual e prefeito municipal, acumulando as competências executivas de estado e de município.[89][90]
O poder legislativo do Distrito Federal é representado pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, cuja nomenclatura representa uma mescla de assembleia legislativa (poder legislativo das demais unidades da federação) e de câmara municipal (legislativo dos município