Os anos 1990 iniciaram com o colapso da União Soviética e o fim da Guerra Fria, sendo esses seguidos pela consolidação da democracia, globalização e capitalismo global. Fatos marcantes para a década foram a Guerra do Golfo e a popularização do computador pessoal e da Internet. A prosperidade econômica experimentada por muitos países durante a década de 1990 foi de natureza semelhante a que foi experimentada nas décadas de 1920 e 1950. Cada período de prosperidade foi o resultado de uma mudança de paradigma nos assuntos globais. As mudanças nas décadas de 1990 ocorreram em parte como resultado da conclusão da Guerra Fria.
Otimismo e esperança seguiram o colapso do Comunismo, mas os efeitos colaterais do fim da Guerra Fria estavam só começando, como o advento terrorista em regiões do Terceiro Mundo, especialmente na Ásia. O Primeiro Mundo experimentou crescimento econômico estável durante toda a década. O Reino Unido, depois de uma recessão em 1991-92 e a desvalorização da libra, conseguiu 51 bimestres seguidos de crescimento que se seguiram no novo século. Até nações com menor representatividade econômica como a Malásia tiveram aperfeiçoamentos gigantescos. Mas deve-se notar que a economia dos Estados Unidos permaneceu sem crescimento durante a primeira metade da década.
Muitos países, instituições, companhias e organizações consideraram os anos 1990 como "tempos prósperos".
Politicamente, os anos 1990 foram de democracia expansiva. Os antigos países do Pacto de Varsóvia logo saíram de regimes totalitários para governos eleitos. O mesmo ocorreu com países em desenvolvimento (Taiwan, Chile, África do Sul e Indonésia).
Apesar da prosperidade e democracia, houve um "lado maléfico" significativo. Na África, o aumento nos casos de AIDS e inúmeras guerras levaram á diminuição da expectativa de vida e nada de crescimento econômico. Em ex-nações soviéticas, havia fuga de capital e o PIB decrescente. Crises financeiras nos países em desenvolvimento foram comuns depois de 1994, apoiados pela globalização. E eventos trágicos como as guerras dos Bálcãs, genocídio de Ruanda, a Batalha de Mogadíscio e a primeira Guerra do Golfo, assim como o crescimento do terrorismo, levou à idealização do choque de civilizações. Mas esses fatos foram apenas relembrados com relevância na década de 2000.
A cultura jovem aceitou o Grunge como mídia e foi muito diversificada se ramificando em tribos num universo social muito diverso que foi desde o superficialismo e consumismo até a militância ambientalista e antiglobalizante. A expressão nas roupas e através de tatuagens e piercings também foi marcante, bem como o consumo de drogas com o surgimento do ecstasy ligado a cultura de música eletrônica o aumento no consumo de maconha na classe média. No Brasil o jovem se viu envolvido cada vez mais com sexo em idade precoce e também foi vítima do aumento da violência nos grandes centros urbanos. Começaram a serem exibidos diversos comerciais antidrogas com a frase final: "Drogas, nem morto"
No Brasil
Os anos 1990 começaram com instabilidade, com o confisco de poupanças do presidente Fernando Collor.[3][4] Os negócios escusos de Collor mais tarde levariam milhares de jovens (mobilizados por uma forte campanha de mídia) a criarem o movimento dos "caras-pintadas" e pedirem seu impeachment.[5]
No governo seguinte (Itamar Franco), o país experimentou estabilidade econômica e crescimento com o Plano Real (1994),[4] que igualava a paridade da moeda e do dólar por meio de uma banda cambial.[6] O Ministro da Fazenda que implementou o Real, Fernando Henrique Cardoso, se elegeria presidente por duas vezes seguidas naquela década, ganhando sua reeleição após mudar a Constituição.[7] O sistema de bandas cambiais mostrou fragilidades ao fim da década, tendo impactos no aumento da pobreza. Com as reservas cambiais comprometidas, a moeda tornou-se flutuante em janeiro de 1999, após não suportar as pressões especulativas junto à crise russa de 1998.[7] O presidente também trouxe a volta do Fusca, denominado Fusca Itamar. O Fiat Uno passou a ter a nomenclatura Mille.
A cultura brasileira tornou-se mais valorizada, com a ressurreição do cinema e a boa recepção de músicos brasileiros no exterior. O esporte também passou por bons momentos, com 25 medalhas olímpicas e títulos mundiais no futebol masculino e basquete feminino.
Arquitetura
Tem se destaque o surgimento da arquitetura neo moderna como uma forma dominante de arquitetura nesta última década do século XX, especialmente em escritórios corporativos. Edifícios neomodernistas, como os modernistas, são projetados para serem largamente monolíticos e funcionais. Ao lado deste tipo de arquitetura também há a presença da arquitetura high-tech (surgida na década de 1970);
Tecnologia
Os anos 1990 trouxeram um grande desenvolvimento tecnológico, tornando populares e aperfeiçoando tecnologias inventadas na década de 1980.
Benazir Bhutto foi duas vezes primeira-ministra do Paquistão, tornando-se a primeira mulher a ocupar um cargo de chefe de governo de um estado muçulmano moderno.
Fim da Guerra Civil de Moçambique, com a assinatura dos acordos de paz em Roma em 1992 entre o governo da FRELIMO e a RENAMO. A guerra levada a cabo pela Resistência Nacional de Moçambique com a intenção de introduzir o multipartidarismo e por de lado o socialismo, durou 16 anos. Mais de 1 milhão de moçambicanos foram mortos e mais de 3 milhões refugiados. A guerrilha da RENAMO tinha apoio da África do Sul (ainda sob o regime do Apartheid) e dos EUA.
Primeiras eleições em Moçambique 1994, onde Joaquim Alberto Chissano saiu vitorioso e Afonso Maceta DlhaKama em segundo lugar.
Mortes (controversa) de Kurt Cobain, vocalista da banda de Grunge, Nirvana, Stevie Ray Vaughan músico de blues e um dos maiores guitarristas da história.
Os atentados de Oklahoma City, no qual um terrorista americano explode prédios federais e mata 168.
O cantor e compositor Cazuza, símbolo da rebeldia da juventude dos anos 1980, morre no começo da década aos 32 anos em 7 de julho de 1990.
Crime nos EUA sobe em 1991, e começa a cair no ano seguinte. No Brasil, aumenta.
Os dois maiores astros da música pop vêm ao Brasil pela primeira vez: Michael Jackson em 1993 (em carreira solo, pois com o grupo Jackson Five veio ao país em 1974) e Madonna, no mesmo ano.
O surgimento do protesto em massa com o governo de Clinton e bandas antipolíticas como Rage Against The Machine mexem com o gosto da população e se torna mundialmente famosa pelas suas entrevistas pesadas na televisão mundial contra o governo.
Morre, aos 27 anos, o vocalista da banda Nirvana, Kurt Cobain, em abril de 1994. A banda estava no auge do sucesso e, até hoje, é uma das melhores bandas de grunge que já existiu.
O grupo Mamonas Assassinas se consolida como o maior fenômeno da música brasileira com o maior número de vendagem de discos em menos tempo no ano de 1995. No ano de 1996, o grupo sofre um acidente de avião que tirou a vida de todos os integrantes da banda.
O polêmico rapper Tupac Shakur é assassinado na cidade de Las Vegas em 1996.
Renato Russo, vocalista da banda Legião Urbana, morre em decorrência da AIDS no dia 11 de outubro de 1996, causando o fim da banda no mesmo ano.
Em julho de 1997, ocorre o suspeito assassinato do estilista Gianni Versace, baleado nos degraus de sua mansão em Miami Beach.
Princesa Diana morre em um acidente de carro (controverso) em 31 de agosto de 1997.
Em 1997 o golfista Tiger Woods vence o Torneio de Masters, sendo o mais jovem (21) e o primeiro negro a fazê-lo.
Um dos maiores nomes da música brasileira, Tim Maia, morre em 8 de março de 1998 aos 55 anos, após passar mal durante as gravações de um especial televisivo, devido a uma crise hipertensiva e um edema pulmonar.
Outro gênero de grande destaque foi o Rap americano, que passou a ganhar notoriedade mundial nessa década. Nomes como: 2Pac, Notorious B.I.G., Snoop Dogg, Puff Daddy, Wu-Tang Clan, Dr. Dre, Ice Cube e Cypress Hill explodiram de popularidade. Foi também ao final dessa época que DMX e Eminem ganharam popularidade.
Vale destacar também a ascensão da música eletrônica ao mainstream. Marginalizada até a década de '80 ela ganhou notoriedade após Madonna trabalhar com produtores de House no início dos anos 1990 em hits como "Vogue", remixes de seus singles e no álbum Erótica. Durante este período, músicas como "Pump Up the Jam" do Technotronic e "I've Got the Power" do Snap! explodiram em todas as rádios, dando início a novas tendências mundiais. Não demorou muito para outros estilos de Eletrônica aparecerem no mercado, como o nascimento do Drum 'N Bass e do surgimento do Techno, que foi o precedente de outras influências como o Trance e o Psy. Nomes como: The Prodigy, Moby, Fatboy Slim, Culture Beat, Daft Punk, 2 Unlimited, Rozalla, Gigi D'Agostino, entre outros... também fizeram enorme sucesso.
É importante frisar o sucesso do cantor Michael Jackson que teve seu álbum Dangerous o álbum de cantor masculino mais vendido da década de 1990. Fez mais sucesso ainda com a History World Tour, a turnê que mais arrecadou na década tendo hits apresentados como Billie Jean, Earth Song etc. Michael Jackson também foi o artista do ano de 1995, ano do lançamento de HIStory: Past, Present and Future, Book I, o álbum duplo mais vendido da história, sendo assim, Michael Jackson sendo o maior destaque da década de 1990'.
O conjunto musical Mamonas Assassinas foi destaque nacional vendendo em seu único disco mais de 1 milhão e 800 mil cópias, porém um ano após estourarem o conjunto inteiro morreu num acidente aéreo em São Paulo. No Rap nacional o grupo Racionais MC's fizeram enorme sucesso com seu discurso politizado e contundente. Na música eletrônica um nome relevante foi o de DJ Marky. Vindo da periferia de São Paulo ele foi o principal nome que introduziu o Drum 'N Bass no cenário musical brasileiro, criando tendências que marcaria a música Eletrônica no mundo inteiro.
Em 1990, é criada a MTV Brasil. E além da transmissão de videoclipes, a MTV internacional começa a exibir shows originais como: "The Real World" (dando partida a febre de Reality shows). A filial brasileira aproveita e faz o mesmo, com programas diversos, como o campeonato de futebol Rockgol.
De 1997 a 2000, a adaptação brasileira da novela Chiquititas, de Cris Morena, produzida pelo SBT em parceria com a emissora argentina Telefe, se torna o maior fenômeno infantil da década. Assim como a versão original, a trama foi extremamente lucrativa, rendendo mais de 36 milhões de reais em merchandising e produtos; além de 5 milhões de cópias vendidas dos 6 discos de sua trilha sonora, composta pela própria autora e traduzidas para o português por Caion Gadia. Músicas como: "Remexe"; Tudo, Tudo"; "Mentirinhas"; "Coração com Buraquinhos"; "Brinquedo Pra Montar"; "O Que Você Fez?"; "Viva A Vida"; "Só Por Uma Vez"; "Um Cantinho de Luz;"; "Mexe Já"; "Lu Lucita"; "Me Dá Um CH"; "Penso Em Ti"; "Sempre Chiquititas"; "Álbum da Vida" e "Adolescente"; marcaram as crianças e adolescentes da época, sendo tocadas em rádios, musicais e apresentações em TV do elenco.
Surge a 22 de setembro de 1994 a série de televisão Friends
Diversões eletrônicas e outras curiosidades
Os videogames se aperfeiçoam, com Sega e Nintendo brigando pelo mercado no começo da década com seus videogames Super Nintendo e Sega Mega Drive. Na metade da década ocorre a entrada da Sony com o PlayStation em 1995, o primeiro console a apostar maciçamente em gráficos 3D, forçando suas concorrentes a se adaptarem a nova tendência lançando consoles como o Nintendo 64 e o Sega Saturn. Com o fracasso do Sega Saturn, planejado inicialmente para rodar jogos 2D mas que de última hora foi adaptado para jogos 3D no final de seu processo de criação, em 1998 a Sega lança o primeiro videogame 128 bits do mundo, o Dreamcast, trazendo gráficos e mecânicas nunca vistos até então, devido ao maior grau de realismo em seus jogos (em comparação com os jogos lançados pelas suas concorrentes na época), antecipando a tendência da década seguinte de criar jogos mais realistas.
Douglas Coupand cunha o termo GeraçãoX, que passa a designar a geração nascida nos 60 e 70.
"Girl power", termo usado pelo girl groupSpice Girls, defendia a igualdade entre os sexos e o poderio feminino, além da força da amizade feminina, fazendo repressão ao machismo.
Durante a primeira metade da década, a moda continua similar a dos anos 1980, porém com alguns estilos em surgimento. O mais popular: grunge, dominaria o cenário mais à frente.
Com o grunge ganhando força, cabelos grandes e desarrumados, jeans oversized rasgados, bandanas, pochetes e jardineiras tornam-se uma marca, sendo usados por homens e mulheres, como uma espécie de "uniforme".
Preto se torna a cor predominante na moda.
Das ruas às passarelas, o estilo gótico, conhecido por abusar de cores escuras, e roupas de materiais pesados, fazem a cabeça dos jovens e torna-se um sucesso.
No público feminino, a moda passa por uma grande transformação na metade da década, ganhando referências de épocas anteriores. Dos anos 1960, as roupas com cores claras, tiaras, cabelos curtos, com franjas, e até o famoso corte "Joãozinho". Já dos anos 1970, foram os calçados desproporcionais: plataformas e tamancos fechados de couro sintético e madeira, vestidos longos e também as famosas gargantilhas e tatuagens temporárias.
No público Masculino, passa-se a usar mais as peças em jeans, mantendo a tendência que ganhou bastante força na década de 1980 e que prevaleceu também durante aquela fase. Com influências do grunge, os sucessos nos guarda-roupas dos homens eram camisas xadrez ou de flanela amarrada na cintura e camisetas estampadas com fotos de bandas famosas. Durante a metade da década, o armário masculino também recebe o acrescento do estilo hip-hop, famoso pelas calças "baggy" (mais largas), camisas de manga longa e jaquetas de times esportivos.
No Brasil e grande maioria do mundo, a moda da cintura para cima (acima do umbigo), usada principalmente entre o sexo feminino, começa a sair de moda a partir de 1997, dando lugar as calças ou shorts de cintura baixa (que mostram barriga e umbigo). Só a partir de 1998, as mulheres adultas começam a adotar o novo estilo. Em 1999, a cintura alta já era considerada "algo do passado" e havia sido praticamente extinta do guarda-roupa dos jovens e adultos modernos.
O estilo hippie também voltou durante o fim da década. Para as mulheres, foram as calças boca-de-sino que tiveram releitura. Para os homens adolescentes foram os cabelos longos e com dreads, moletons coloridos com calças largas, junto de roupas que chamavam a atenção para causas políticas ou à natureza.
No fim da década, bem como na de 2000, houve um resgate do estilo punk rock dos anos 1980. Repaginado com um visual mais moderno, foi repopularizado por bandas como blink-182 e Green Day. Este caracterizava-se por camisetas e moletons largos, bermudas e calças dickies, meias na altura da canela, toucas e capuzes, piercings, tatuagens e cabelos coloridos. O estilo punk 90's foi uma febre entre os jovens até os primeiros anos da década seguinte.
O corte "tigelinha", que atualmente é sucesso entre as crianças em idade pré-escolar, também foi o corte de cabelo de muitos adolescentes
ocorreu a primeira Copa do mundo de futebol feminino em 1991 na China.
Automobilismo: O Brasil conquista dois títulos mundiais de Fórmula 1, ambos com Ayrton Senna, em 1990 e 1991. Em 1994, Ayrton Senna morre após acidente no GP de San Marino, disputado no circuito italiano de Ímola. Nelson Piquet encerra sua carreira na Fórmula 1 em 1991 e no ano seguinte sofre grave acidente nos treinos para as 500 Milhas de Indianápolis. Posteriormente, Raul Boesel conquista uma segunda colocação nas 24 Horas de Le Mans, a maior colocação brasileira na corrida. E Emerson Fittipaldi vence pela segunda vez as 500 Milhas de Indianápolis em 1993 e em 1996, após grave acidente no GP de Michigan, válido pelo campeonato da CART, encerra sua carreira.