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Deusa-mãe

divindade que representa, ou é, uma personificação da natureza, maternidade, fertilidade, criação Da Wikipédia, a enciclopédia livre

Deusa-mãe
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Deusa-Mãe é o nome associado a Deusas que em muitas culturas matriarcais é vista como criadora de toda a vida. Por vezes associada à Mãe Terra, devido ao fato da terra ser vista como sagrada por gerar os alimentos (assim sendo, a que nutre). Também é associada a natureza, os mares e a fertilidade; geralmente sendo a generosa personificação da Terra. Conhecidas como qadesh (sagrado)[1] na maioria das civilizações pagãs as Deusas são criadoras do Universo, geram a vida, a cultura, a agricultura, a linguagem e a escrita, resultando numa complexa estrutura teológica, tais como: a Deusa hindu Sarasvati, honrada como inventora do alfabeto original; a Deusa celta da Irlanda, Brígida, honrada entre os celtas como Deusa da linguagem; Deusa Nidaba[2] da Suméria (civilização tradicionalmente definida como berço da cultura da escrita), como aquela que inicialmente inventou a escrita cuneiforme e a arte da escrita (a escriba oficial da Suméria também era uma mulher: Enheduana).

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Vênus de Willendorf, do Paleolítico Superior, estimada em ter sido produzida entre 24 000 e 22 000 a.C.
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Origem do termo

O termo refere-se a uma religião pagã universal[3] de divindade feminina e seu culto remonta ao início da história humana, como pode ser observado nas retratações de Vênus da Pré-história. O culto à Deusa ou Deusa-Mãe foi observado inicialmente na Pré-história[4] (Paleolítico[5] e Neolítico), aonde foram encontradas estatuetas de culto, estendendo-se ao Reino da Frígia,[4] aonde ficou mais conhecida como Cibele, e daí às civilizações grega, romana, egípcia e babilônia onde consolidou-se um enorme panteão de Deusas. A existência do culto em várias culturas não-frígias[6] evidencia no entanto que Cibele é tão-somente a manifestação local desta divindade, a qual era identificada, entre os gregos, à Deusa Reia.

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Perspectiva
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Escultura 'Mulher sentada de Çatalhöyük', atualmente no Museu das Civilizações de Anatólia, em Ankara, Turquia. Fotografia de Nevit Dilmen, em 2012.

As deidades que se encaixam na moderna concepção de Deusas Mães têm sido claramente adoradas em muitas sociedades até à actualidade. James Frazer (autor de A rama dourada) e aqueles a quem influenciou (como Robert Graves e Marija Gimbutas) avançaram a teoria de que todo o culto na Europa e Egeu que incluiu qualquer tipo de Deusa Mãe tinha origem nos matriarcados neolíticos pré-indo-europeus, e que as diferentes Deusas de localidades distintas eram equivalentes.

Ainda que esta ideia tenha tido boa aceitação como categoria útil para a mitografia, a ideia de que na antiguidade se cria que todas estas Deusas eram intercambiáveis, tem sido objecto de estudo de diversos autores,como James Frazer, J. J. Bachofen, Joseph Campbell, James Melaart, Merlin Stone, Jane Ellen Harrison, Marija Gimbutas, Walter Burkert, entre muitos outros.

Perspectiva segundo Joseph Campbell

A arqueologia pré-histórica, como por exemplo no sítio de Çatalhüyük e a mitologia pagã, registram esta origem do culto à Deusa Mãe e do ocre vermelho. As mais recentes descobertas de uma religião humana remontam, inicialmente, ao culto aos mortos (300 000 a.C.) e ao intenso culto da cor vermelha ou ocre associado ao sangue menstrual e ao poder de dar a vida. Na mitologia grega, a Mãe de todos os deuses, a Deusa Reia (ou Cibele, entre os romanos), exprime este culto na própria etimologia: Réia, significa: terra ou fluxo.[7] O acadêmico Joseph Campbell, argumenta que Adão—do hebraico אדם relacionado tanto a adamá ou solo vermelho ou do barro vermelho, quanto a adom ou vermelho, e dam, sangue— foi criado a partir do barro vermelho ou argila. A identidade da religião com a Mãe Terra, a fertilidade, a origem da vida e da manutenção da mesma com a mulher, seria, segundo Campbell, retratada também na Bíblia: ...a santidade da terra, em si, porque ela é o corpo da Deusa. Ao criar, Jeová cria o homem a partir da terra [da Deusa], do barro, e sopra vida no corpo já formado. Ele próprio não está ali, presente, nesta forma. Mas a Deusa está ali dentro, assim como continua aqui fora. O corpo de cada um é feito do corpo dela. Nas religiões pagãs dá se o reconhecimento dessa espécie de identidade universal.[8]

Da Deusa ao Deus

Diversos autores modernos analisam a história da criação do livro do Gênesis sob uma perspectiva não-cristã, a qual seria definir a Bíblia como uma narrativa alegórica sobre a divindade hebraica Yavé suplantando a Deusa Mãe, representada pela árvore da vida, e a religião hebraica suplantando este culto. Argumenta-se que a passagem do Gênesis sobre a origem do pecado,[9] em que o conhecimento proibido relaciona-se a sexo, sexualidade, e reprodução, especialmente o conhecimento de que os homens participam da reprodução e que a história descreve o processo pelo qual sociedades matriarcais tradicionais foram substituídas por sociedades patriarcais.[10]

Diversos autores discutem sobre várias religiões do Oriente Próximo, muitas das quais representavam a Deusa Mãe por uma serpente e outras por uma simbologia de comunhão realizada pelo ato de comer uma fruta de uma árvore que crescesse perto do altar dedicado à Deusa. Estas Deusas, nestas mitologia a primeira e única Deusa Criadora, também representava o conhecimento, a criatividade humana, sexo, sexualidade, reprodução, novos ciclos e/ou Destino.[11]

Gênesis e Enuma Elish

São várias as similaridades entre a história da criação no Enuma Elish e a história da criação no Livro do Gênesis. O Gênesis descreve seis dias de criação, seguido de um dia de descanso, enquanto que o Enuma Elish descreve a criação de seis deuses e um dia de descanso. Em ambos a criação é feita pela mesma ordem, começando na Luz e acabando no Homem. A Deusa Tiamat é comparável ao Oceano no Gênesis, sendo que a palavra hebraica para oceano tem a mesma raiz etimológica que Tiamat.[12]

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