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Dião Cássio
historiador romano de origem grega Da Wikipédia, a enciclopédia livre
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Dião Cássio (c. 165),[i] também conhecido como Cássio Dio, Lúcio Cássio Dião, ou Dio Cássio (em grego clássico: Δίων Κάσσιος), foi um senador e historiador romano de origem materna grega. É o autor de 80 volumes da história da Roma Antiga, começando com a chegada de Eneias na Itália e documento a subsequente fundação de Roma (753 a.C.), a formação da República (509 a.C.), e a criação do Império (27 a.C.) até 229 d.C., durante o reinado de Severo Alexandre. Escrita em grego coiné ao longo de 22 anos, a obra de Dião cobre aproximadamente mil anos de história.
Muitos de seus livros sobreviveram intactos, junto com resumos editados por autores posteriores como Xifilino, um monge bizantino do século XI, e Zonaras, um cronista bizantino do século XII.
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Biografia
Lúcio Cássio Dião[ii] era filho de Cássio Aproniano, um senador romano e membro da gens Cassia, que nasceu e foi criado em Niceia na Bitínia. A tradição bizantina sustenta que a mãe de Dião era filha ou irmã do orador e filósofo grego Dião Crisóstomo; no entanto, essa relação tem sido contestada. Embora Dião fosse um cidadão romano, ele escreveu em grego. Dião sempre manteve amor por sua cidade natal de Niceia, chamando-a de "minha casa", em oposição à sua descrição de sua vila em Cápua, Itália ("o lugar onde passo meu tempo sempre que estou na Itália").[4]
Durante a maior parte de sua vida, Dião foi membro do serviço público. Foi senador sob Cômodo e governador de Esmirna após a morte de Septímio Severo; tornou-se cônsul sufecto aproximadamente no ano 205. Dião também foi procônsul na África e Panônia. Severo Alexandre tinha Dião na mais alta estima e o renomeou para o cargo de cônsul em 229. Após seu segundo consulado, em seus últimos anos, Dião retornou à sua Bitínia natal, onde por fim morreu.[3][9]
Dião era avô ou bisavô de Cássio Dião, cônsul em 291.[10]
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História Romana
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Perspectiva
Dião publicou a História Romana (Ῥωμαϊκὴ Ἱστορία, Rhōmaïkḕ Historía) em 80 livros em grego, posteriormente traduzida para o latim. Sobre sua composição, ele escreve o seguinte: "Passei dez anos coletando todas as conquistas dos romanos desde o início até a morte de Severo [211 d.C.], e doze anos a mais compondo minha obra. Quanto aos eventos subsequentes, eles também serão registrados, até qualquer ponto que me seja permitido".[11][12]
Os livros cobrem um período de aproximadamente 1 400 anos, começando com os contos da mitologia romana da chegada do lendário Eneias na Itália (c. 1200 a.C.) e a fundação de Roma por seu descendente Rômulo (753 a.C.); bem como os eventos históricos das eras republicana e imperial até 229 d.C. A obra é uma das apenas três fontes romanas escritas que documentam a revolta britânica de 60–61 d.C. liderada por Boadicea. Até o primeiro século a.C., Dião fornece apenas um resumo dos eventos; após esse período, suas narrativas tornam-se mais detalhadas.[13]
A obra de Dião tem sido frequentemente depreciada como não confiável e carente de qualquer objetivo político geral.[14][15] Recentemente, no entanto, alguns estudiosos reavaliaram sua obra e destacaram sua complexidade e interpretações políticas e históricas sofisticadas.[16][17][18]
Levantamento dos livros e fragmentos sobreviventes
Os primeiros 21 livros foram parcialmente reconstruídos com base em fragmentos de outras obras, bem como o epítome do século XII de Joannes Zonaras que usou a História Romana de Dião como fonte principal. A erudição sobre esta parte da obra de Dião é escassa, mas a importância da República Primitiva e do período Régio para a obra geral de Dião foi recentemente sublinhada.[18] Os livros 22 a 35, que são apenas esparsamente cobertos por fragmentos, já estavam perdidos na época de Zonaras.[19]
Os livros que se seguem, livros 36 a 54, estão todos quase completos; eles cobrem o período de 65 a.C. a 12 a.C., ou da campanha oriental de Pompeu e a morte de Mitrídates até a morte de Marco Vipsânio Agripa. O livro 55 contém uma lacuna considerável, enquanto os livros 56 a 60 (que cobrem o período de 9–54 d.C.) estão completos e contêm eventos desde a derrota de Varo na Germânia até a morte de Cláudio.
Dos 20 livros subsequentes da série, restam apenas fragmentos e o parco compêndio de João Xifilino, um monge bizantino do século XI patrocinado pelo imperador Miguel VII Ducas. O compêndio de Xifilino, como agora existe, começa com o livro 35 e continua até o final do livro 80. O último livro cobre o período de 222 a 229 d.C. (a primeira metade do reinado de Alexandre Severo).[18]
Coleções de fragmentos de livros
Os fragmentos dos primeiros 36 livros foram coletados de quatro formas:
- Fragmenta Valesiana
- Fragmentos que foram dispersos por vários escritores, escoliastas, gramáticos e lexicógrafos, e foram coletados por Henri Valois
- Fragmenta Peiresciana
- Grandes extratos, encontrados na seção intitulada "Das Virtudes e Vícios", contidos na coleção, ou biblioteca portátil, compilada por ordem de Constantino VII Porfirogênito. O manuscrito deste pertencia a Nicolas-Claude Fabri de Peiresc.
- Fragmenta Ursiniana
- Os fragmentos dos primeiros 34 livros, preservados na segunda seção da mesma obra de Constantino, intitulada "Das Embaixadas". Estes são conhecidos sob o nome de Fragmenta Ursiniana, já que o manuscrito no qual estão contidos foi encontrado na Sicília por Fulvio Orsini.
- Excerpta Vaticana
- Excerpta Vaticana por Angelo Mai contém fragmentos dos livros 1 a 35 e 61 a 80. Adicionalmente, fragmentos de um continuador desconhecido de Dião (Anonymus post Dionem), geralmente identificado com o historiador do século VI d.C. Pedro o Patrício, estão incluídos; estes datam da época de Constantino. Outros fragmentos de Dião que estão principalmente associados aos primeiros 34 livros foram encontrados por Mai em dois manuscritos do Vaticano; estes contêm uma coleção que foi compilada por Máximo Planudes. Os anais de Joannes Zonaras também contêm numerosos extratos de Dião.
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Publicações
Livros da História Romana
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Notas
- Ele foi nomeado pretor por Pertinax (r. 194 d.C.) e assumiu o cargo em 195 d.C. Dado que a idade mínima para tal cargo era 30 anos, sua data de nascimento é dada como 165, 164 ou 163 d.C.[1][2][3][4] Alguns autores argumentam que ele nasceu mais cedo, por volta de 155 d.C., mas isso geralmente não é aceito.[5] Ele provavelmente morreu alguns anos antes da morte de Alexandre Severo em 235, mas não há como determinar isso.[1]
- O nome "Lúcio" é atestado por AE 1985, 821. Outra inscrição (AE 1971, 430) atestigua "Cl(áudio) Cássio Dião", mas a letra extra é provavelmente um erro do cortador de pedra.[6][7] Dião também supostamente tinha o cognome "Coceiano", mas Alain Gowing argumenta que a evidência para isso é insuficiente, e a atribuição é uma confusão bizantina com Dião Crisóstomo, que Plínio mostra ser chamado Coceiano.[8]
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Referências
- Swan, Peter Michael (2004). The Augustan Succession: An Historical Commentary on Cassius Dio's Roman History, Books 55-56. [S.l.]: Oxford University Press. p. 1. ISBN 978-0-19-516774-0. Consultado em 2 de junho de 2023. Cópia arquivada em 2 de junho de 2023
- Millar, Fergus (1964). Study of Cassius Dio. [S.l.]: Oxford University Press. p. 250. ISBN 0-19-814336-2
- Scott, Andrew G. (2018). Emperors and Usurpers: An Historical Commentary on Cassius Dio's Roman History. [S.l.]: Oxford University Press. p. 1. ISBN 978-0-19-087959-4. Consultado em 2 de junho de 2023. Cópia arquivada em 2 de junho de 2023
- Potter, David Stone (2004). The Roman Empire at Bay, AD 180-395. [S.l.]: Psychology Press. p. 72. ISBN 978-0-415-10057-1. Consultado em 2 de junho de 2023. Cópia arquivada em 2 de junho de 2023
- Riesner, Rainer (1998). «Cassius Dio». Paul's Early Period: Chronology, Mission Strategy, Theology. [S.l.]: Wm. B. Eerdmans Publishing. pp. 167–174. ISBN 978-0-8028-4166-7. Consultado em 2 de junho de 2023. Cópia arquivada em 2 de junho de 2023
- Oxford Classical Dictionary, "Cassius Dio". Arquivado em 2021-07-09 no Wayback Machine
- Nome de Dião: L'Année épigraphique 1971, 430 = Κλ΄ Κάσσιος Δίων. Roman Military Diplomas, Roxan, 133 = L. Cassius Dio.
- Gowing, Alain (janeiro de 1990), «Dio's Name», Classical Philology, 85 (1): 49–54, JSTOR 269480, doi:10.1086/367176
- Carter, John (1987). The Reign of Augustus. London: Penguin Books. pp. 1. ISBN 978-0-14-044448-3
- Martindale, John Robert; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, J., eds. (1971). «Cassius Dio». Prosopography of the Later Roman Empire. I. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 253. ISBN 978-0-521-20159-9
- Veja também Kemezis, Adam M. (2014). «The date of composition of Dio's history». Greek Narratives of the Roman Empire under the Severans. [S.l.]: Cambridge University Press. pp. 282–293. ISBN 978-1-107-06272-6. Consultado em 2 de junho de 2023. Cópia arquivada em 2 de junho de 2023
- Frénée-Hutchins, Samantha (2016). Boudica's Odyssey in Early Modern England. [S.l.]: Routledge. p. 22. ISBN 978-1-317-17296-3. Consultado em 2 de junho de 2023. Cópia arquivada em 2 de junho de 2023
- Millar, Fergus (1964). A Study of Cassius Dio. Oxford: Oxford University Press
- Lintott, A. (1997). «Cassius Dio and the history of the late Roman republic». Aufstieg und Niedergang der Römischen Welt. 34 (3): 2497–2523
- Lange, Carsten Hjort; Madsen, Jesper Majbom, eds. (2016). Cassius Dio: Greek intellectual and Roman politician. [S.l.]: Brill. ISBN 978-90-04-33531-8. OCLC 964448138
- Fromentin, Valérie; Bertrand, Estelle; Coltelloni-Trannoy, Michèle; Molin, Michel; Urso, Gianpaolo, eds. (2016). Cassius Dion: nouvelles lectures. Bordeaux: Ausonius
- Burden-Strevens, C.; Lindholmer, M.O. (2018). Burden-Strevens, Christopher; Lindholmer, Mads, eds. Cassius Dio's Forgotten History of Early Rome (PDF). [S.l.]: Brill. ISBN 978-90-04-38455-2. doi:10.1163/9789004384552. Consultado em 10 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 12 de abril de 2022
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Leitura adicional
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