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Doméstico das escolas
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Doméstico das escolas (em grego: δομέστικος τῶν σχολῶν; romaniz.: domestikos tōn scholōn) foi um posto militar sênior do Império Bizantino, que existiu do século VIII até ao menos o século XIV. Originalmente simplesmente o comandante das escolas palatinas, os regimentos seniores dos tagmas, o doméstico rapidamente ascendeu em proeminência: por meados do século IX, seus titulares ocuparam essencialmente a posição de comandantes-em-chefe do exército bizantino, ao lado do imperador. O ofício foi suplantado no século XII com a elevação do grande doméstico, e durante a dinastia paleóloga (século XIII-XV) foi reduzido a uma dignidade de nível médio puramente honorífica.
O primeiro titular confirmado foi o oficial Antônio, mencionado na crônica de Teófanes, o Confessor, embora autores como J. B. Bury argumentem que o ofício já pudesse existir há muito mais tempo. Embora os oficiais em exercício fossem substituídos, em média, a cada três ou quatro anos, houve casos, como o de João Curcuas, em que os oficiais permaneceram por períodos muito mais longos no comando das tropas. Além disso, famílias militares fundiárias como a dos Focas por vezes tentaram monopolizar o ofício, de modo que os imperadores bizantinos, mesmo que legalmente impedidos, passaram a nomear eunucos para o posto. O último oficial conhecido foi Manuel Ducas Láscaris, mencionado em 1320.
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O primeiro titular do ofício de doméstico das escolas aparece pela primeira vez nas fontes (a crônica de Teófanes, o Confessor) no ano 767,[1] brevemente após a criação dos tagmas. Estes eram regimentos de cavalaria de elite estacionados na ou em torno da capital Constantinopla, comandados pelos oficiais intitulados "domésticos" (em grego: δομέστικοι; romaniz.: domestikoi), e distintos dos exércitos provinciais dos temas comandados pelos seus respectivos estrategos.[2] As "escolas" (em latim: scholae; em grego: σχολαὶ; romaniz.: scholai) foram uma tagma sênior, que se originaram das escolas palatinas estabelecidas por Constantino, o Grande (r. 306–337) e originalmente foram colocadas sob o comando do mestre dos ofícios.[3] O historiador J. B. Bury traçou a referência a um certo Ariano, "doméstico do mestre", na Crônica Pascoal para o ano 624, e considera este oficial como o predecessor do doméstico das escolas. Como o mestre dos ofícios foi gradualmente destituído de algumas de suas funções nos séculos VII–VIII, o doméstico aparentemente tornou-se um oficial independente.[1] [4][5]
No século IX, o ofício de doméstico (ou "domesticado"; em grego: δομεστικάτον; romaniz.: domestikaton) das escolas, subiu em importância e seus titulares foram frequentemente nomeados como chefes do exército na ausência do imperador. Contudo, esta função ainda não lhe era consagrada: dependia bastante das habilidades do doméstico em serviço e o comando supremo foi por vezes confiado a outros generais de nível inferior. O doméstico das escolas, no entanto, elevou-se para tal proeminência que as fontes frequentemente falam do ofício como "o doméstico" sem qualificação adicional, e devido ao poder e influência do posto ele foi frequentemente ocupado por pessoas intimamente relacionadas com o imperador. Da época de Miguel III, o Ébrio (r. 842–867) em diante, o doméstico foi classificado na hierarquia imperial acima de todos os outros comandantes militares, exceto o estratego do Tema da Anatólia. Na prática, rapidamente tornou-se superior até do último, como demonstrado pelo fato que líderes militares como Nicéforo Focas e João Tzimisces serem promovidos do generalato dos anatólios para o domesticado.[6][7]



No reinado de Romano II (r. 959–963) o posto foi dividido, sendo criado um "doméstico do Ocidente" (em grego: δομέστικος τῆς δύσεως; romaniz.: domestikos tēs dyseōs) para operações na Europa e um "doméstico do Oriente" (em grego: δομέστικος τῆς ἀνατολῆς; romaniz.: domestikos tēs anatolēs) para operações na Ásia.[4] [nt 1] A cerimônia da nomeação do doméstico é descrita no Sobre as Cerimônias (II.3);[9][10] a mesma obra descreve suas obrigações e papel nas cerimônias cortesãs.[11]
Com algumas exceções, mais notadamente a permanência incomparável de 22 anos de João Curcuas no ofício, ou em momentos de instabilidade interna, os domésticos eram substituídos, em média, a cada três ou quatro anos.[12] Durante o século X, o domesticado das escolas foi dominado pelos membros da família Focas, que produziram seis titulares do ofício.[13] A tentativa deles de monopolizar o ofício levou uma série de imperadores, preocupados com o poder da aristocracia militar, a confiarem o ofício potencialmente mais poderoso para oficiais cortesões não-militares, incluindo — especialmente na primeira metade do século XI, antes da aristocracia militar reafirmar sua autoridade — para eunucos,[14][15] embora isto fosse proibido em teoria, com o ofício alternativo de estratopedarca sendo criado para este propósito.[16][17]
Nos séculos X–XI, a variante "grande doméstico" (em grego: μέγας δομέστικος; romaniz.: megas domestikos) aparece esporadicamente, usada em paralelo com outras variantes tais como "grande doméstico das escolas" ou "grande doméstico do Oriente/Ocidente" para as mesmas pessoas.[18] O bizantinista Rodolphe Guilland considera muitas destas referências precoces como referências anacrônicas de escritores do século XII, ou simplesmente casos onde "grande" é usado como um prefixo honorífico, como foi a norma com outros ofícios seniores durante este período, como o drungário da guarda ou o doméstico dos excubitores. No entanto, Guilland argumenta que do tempo de Aleixo I Comneno (r. 1081–1118) em diante, o "grande doméstico" tornou-se um ofício separado, sênior ao "singelo" doméstico das escolas e de fato o novo comandante-em-chefe do exército ao lado do imperador. Contudo, o uso dos títulos não é consistente, e a divisão habitual do comando entre Oriente e Ocidente parece ter sido às vezes aplicado para o grande domesticado também durante o século XII, causando alguma confusão com a natureza do ofício e sua relação com o doméstico "singelo". No século XIII, porém, os dois títulos tornam-se claramente distintos: o grande doméstico foi o comandante-em-chefe do todo o exército e um dos mais altos oficiais do Estado, enquanto o doméstico das escolas foi relegado a uma simples dignidade sem obrigações, concedido para governadores provinciais e outros oficiais de nível médio.[19][20] Nas palavras do Livro dos Ofícios de Jorge Codino de meados do século XIV, "o doméstico das escolas teve em tempos um ofício similar ao do grande doméstico atualmente, mas agora detém nenhum".[21]
Na obra de Jorge Codino, o doméstico das escolas ocupa o trigésimo primeiro lugar na hierarquia imperial, entre o místico e o grande drungário da frota.[22] A vestimenta cortesã distintiva do doméstico, conforme relatado por Jorge Codino, consistia de um chapéu de brocado a ouro (esciádio), um cafetã de nome cabádio de seda plana e um bastão de prata (dicanício) com um botão no topo e outro no meio. Nas cerimônias e festivais, envergava um escarânico, um chapéu cerimonial em forma de cúpula, de seda amarela decorada com bordados de fios de ouro, com um retrato do imperador sentado no trono na frente e outro com o imperador a cavalo na parte de trás.[11] [23]
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Lista de titulares conhecidos
- Nota: a lista só inclui titulares conhecidos por outros meios de identificação além dos seus selos.
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Notas
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Domestic of the Schools», especificamente desta versão.
Referências
- Kazhdan 1991, p. 1851–1852.
- Oikonomides 1972, p. 329.
- Guilland 1967, p. 428.
- Guilland 1967, p. 428–429, 434, 445–446.
- Guilland 1967, p. 429–430.
- Guilland 1967, p. 431.
- Guilland 1967, p. 435.
- Guilland 1967, p. 431–432.
- Guilland 1967, p. 430.
- Guilland 1967, p. 430–431.
- Kazhdan 1991, p. 648.
- Oikonomides 1972, p. 334–335.
- Kazhdan 1991, p. 1967.
- Guilland 1967, p. 405ff..
- Guilland 1967, p. 414–415, 454–455.
- Kazhdan 1991, p. 648, 1329–1220.
- Verpeaux 1966, p. 179.
- Verpeaux 1966, p. 138.
- Verpeaux 1966, p. 160.
- Guilland 1967, p. 435–436.
- Guilland 1967, p. 436.
- Guilland 1967, p. 436–437.
- Kazhdan 1991, p. 1289.
- Guilland 1967, p. 437.
- Guilland 1967, p. 438.
- Guilland 1967, p. 438–439.
- Tougher 1997, p. 58, 204.
- Guilland 1967, p. 439.
- Tougher 1997, pp. 204–205.
- Guilland 1967, p. 440.
- Tougher 1997, p. 80–81, 85–86, 205.
- Kazhdan 1991, pp. 655–657.
- Guilland 1967, pp. 439–440.
- Tougher 1997, pp. 208–210.
- Guilland 1967, pp. 440–441.
- Guilland 1967, p. 441.
- Guilland 1967, pp. 442–443.
- Kazhdan 1991, p. 1157.
- Guilland 1967, pp. 441–442.
- Guilland 1967, p. 443.
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- Kazhdan 1991, pp. 1478–1479.
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- Guilland 1967, p. 448.
- Kazhdan 1991, pp. 1544–1545.
- Guilland 1967, p. 449.
- Guilland 1967, pp. 449–450.
- Guilland 1967, p. 450.
- Ringrose 2003, pp. 191–192.
- Garland 1999, pp. 143, 145.
- Guilland 1967, p. 451.
- Guilland 1967, pp. 452–453.
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- Guilland 1967, pp. 406, 454.
- Guilland 1967, pp. 407, 454.
- Guilland 1967, p. 407.
- Guilland 1967, pp. 408–409, 455.
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- Guilland 1967, pp. 455–456.
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