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Bundeswehr
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Bundeswehr (alemão: [ˈbʊndəsˌveːɐ̯] (ⓘ), Defesa Federal) são as Forças Armadas unificadas da Alemanha e sua administração civil e autoridades de aprovisionamento. Os estados da Alemanha não estão autorizados a manter forças armadas próprias, já que a Lei Fundamental da Alemanha estipula que as questões de defesa são de única responsabilidade do governo federal.[6]
A Bundeswehr está (em termos tecnológicos) entre os militares mais avançados e mais bem preparados de todo o mundo. E mesmo diante deste avanço, os gastos de manutenção desta organização representaram em 2011 apenas 1,3 % do PIB alemão,[7] sendo portanto, entre os forças armadas mundiais a mais econômica do globo, em termos de porcentagem do PIB.
Em abril de 2025, a Bundeswehr tinha uma força de cerca de 182.496 soldados[2], tornando-se a terceira maior força armada da União Europeia depois das Forças Armadas Polonesas e das Forças Armadas Francesas. Além disso, a Bundeswehr tem cerca de 34.600 reservistas ativos (2025)[8].
O atual lema das forças armadas alemãs é "Wir.Dienen.Deutschland" ("Nós. Servir. Alemanha"). O lema expressa a auto-imagem de todos os membros das forças armadas alemãs. Segundo o site oficial, o "Nós" refere-se à convivência camarada estabelecida na Bundeswehr e do lugar sólido de todos os seus membros militares e civis na sociedade. O "Servir" é o núcleo da autocompreensão da organização. O "Alemanha" representa os valores da Grundgesetz ("Lei Básica" - equivalente à constituição na Alemanha) e a proteção dos seus cidadãos.[9][10]
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Subdivisões
A Bundeswehr é dividida em uma parte militar (Streitkräfte) e uma parte civil, com as forças armadas de administração (Wehrverwaltung).[11]
- Exército (Heer);
- Marinha (Marine);
- Força aérea alemã (Deutsche Luftwaffe);
- Comando do Espaço Cibernético e de Informação (Kommando Cyber - und Informationsraum)
Ela emprega cerca de 182.496 soldados (em 30 de abril de 2025)[2]; o recrutamento foi suspenso em 2011. Em tempos de paz, a Bundeswehr é liderada pelo Ministro da Defesa. No caso de um ataque à Alemanha, o chanceler alemão torna-se comandante-chefe da Bundeswehr.
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História
Resumir
Perspectiva
Guerra fria: 1955–1990

Após a Segunda Guerra Mundial, a segurança da Alemanha ficou a cargo das forças de ocupação, liderados pelas quatro principais potências Aliadas: os Estados Unidos, o Reino Unido, a França e a União Soviética.[7] A nação ficou sem um exército permanente, desde que a Wehrmacht fora dissolvida em 1946. Quando a República Federal da Alemanha foi fundada em 1949, ela não tinha exército. O país ficou completamente desmilitarizado e planos para reconstruir suas forças armadas eram proibidos pela regulamentação aliada. Até mesmo a Polícia Federal, uma força móvel e levemente armada de 10 000 membros, só foi formada em 1951.[12]
Houve discussões no começo da década de 1950 entre o Reino Unido, os Estados Unidos e a França a respeito sobre rearmar ou não a Alemanha Ocidental. Em particular, a França era a principal força opositora contra reerguer o exército alemão (o país havia sido invadido por estes uma década antes e também na Primeira Grande Guerra e na guerra franco-prussiana no século anterior). Contudo, por pressão dos americanos, o governo francês concordou com o rearmamento da Alemanha e sua admissão na OTAN.[12]

Com o aumento das tensões entre a União Soviética e o Ocidente, especialmente após a Guerra da Coreia, os argumentos para rearmar o exército alemão ganharam força. Enquanto a República Democrática Alemã (Alemanha Oriental) já estava sendo secretamente armada pelos russos, o novo exército começou a ser criado, liderados pelo chanceler Konrad Adenauer. O nome da nova força de combate (Bundeswehr) foi ideia de Hasso von Manteuffel, um ex general da Wehrmacht e um político liberal. A assembleia do país aprovaria o nome.[13]
A Bundeswehr foi oficialmente criada em 12 de novembro de 1955, no aniversário de 200 anos de Gerhard von Scharnhorst. Um importante passo inicial para as novas Forças Armadas era educar o povo de que seus objetivos eram de "defender o Estado democrático", subordinada a liderança política do país.[14] Figuras chaves nesta reconstrução, como os generais Ulrich de Maizière, Graf von Kielmansegg e Graf von Baudissin, enfatizaram que o novo exército seria baseado em uma estrutura civil-militar.[15]

Após a assinatura da chamada 'Lei Fundamental da República Federal' em 1955, a Alemanha Ocidental se tornou oficialmente membro da OTAN.[16] Um grupo de conselheiros militares americanos ajudaram na reconstrução e rearmamento da Bundeswehr. Em 1956, a conscrição para homens de 18 a 45 foi reintroduzida. Em resposta, a Alemanha Oriental começou a reconstruir abertamente suas próprias forças armadas, a Nationale Volksarmee (NVA), em 1956, mas a conscrição por lá só foi aprovada em 1962. O Nationale Volksarmee foi oficialmente extinto com a reunificação da Alemanha em 1990. Em 2011, as lideranças do governo de coalizão da Alemanha concordaram em suspender o serviço militar obrigatório a partir de 1 de julho de 2011. A proposta do ministro da Defesa, Karl-Theodor zu Guttenberg, foi aceita durante as conversações realizadas, a portas fechadas, na noite do 9 de dezembro 2012 em Berlim.
Durante a Guerra Fria, a Bundeswehr foi a espinha dorsal da OTAN na Europa e era peça fundamental do planejamento de defesa da região central do continente. Sua força de combate era de 495 000 militares e 170 000 civis. Apesar do exército ter sido menor que o da França e dos Estados Unidos, o historiador John Lewis Gaddis afirmou que a Bundeswehr era "talvez o melhor exército do mundo".[17]
Durante este período, a Bundeswehr não participou de grandes operações de combate, mas sim, principalmente, missões de treinamento.[18]
Reunificação: 1990
Após a reunificação do país em 1990, a Bundeswehr foi reduzida de 370 000 militares e continuaria a ser reduzida com o tempo. O antigo Exército Nacional Popular (NVA) foi extinguido, com porções de seus militares e equipamentos sendo absorvido pela Bundeswehr.[19]
Cerca de 50 000 Volksarmee foram integrados a Bundeswehr em 2 de outubro de 1990. Alguns oficiais (menos generais e almirantes) receberam contratos e pagamentos limitados. Já o pessoal que servia na Bundeswehr receberam novos contratos e patentes, dependendo de suas qualificações e experiência. Em geral o processo de unificação (chamado "Armee der Einheit", ou "Exército da Unidade") foi considerado um sucesso.
A reunificação e o fim da Guerra Fria também significou uma redução na quantidade de combatentes e equipamentos das forças armadas alemãs. Muitos veículos e aviões (principalmente da Alemanha Oriental) foram jogados fora. Navios foram sucateados ou vendidos e muitos soldados dispensados.
Reorientação

Uma das mudanças mais recentes e significativas a respeito das políticas aos militares alemães foi a suspensão do serviço militar obrigatório[7] para homens em 2011. No ano seguinte, foi anunciado que uma reforma nas forças armadas começaria e acabaria por reduzir ainda mais os investimentos e a quantidade de soldados que servem no exército.[20] Em dezembro de 2012, o número de militares nas forças armadas alemãs havia sido reduzido para 191 mil (em comparação com os 370 mil duas décadas antes), que corresponde a uma média de 2,3 soldados para cada mil habitantes.[21] Os gastos com Defesa na Alemanha somaram € 31,55 bilhões em 2011, o que corresponde a 1,2% do PIB do país.[22]
Tanto o número de combatentes e de gastos militares é, em comparação, baixos em relação a outros países europeus como Reino Unido e França, considerando que o país tem uma população maior e ainda uma economia mais próspera. Esta postura é criticada por alguns aliados, como os Estados Unidos.[23][24][7]
Em 2015, em meio a tensões entre a OTAN e a Rússia na Europa, a Alemanha anunciou que expandiria seu orçamento militar. O aumento dos gastos seria de 6,2% ao longo de cinco anos, o que permitira o Ministério da Defesa melhorar suas forças armadas.[25] Entre os objetivos, estava o plano de expandir o inventário de tanques de guerra para 328, encomenda de mais de 131 veículos blindados Boxer MRAV, aumento da frota de submarinos e o desenvolvimento de um novo caça para substituir o Panavia Tornado.[26][27][28][29] O país também considerou aumentar o efetivo do seu exército,[30] e em maio de 2016 foi anunciado um plano para gastar € 130 bilhões em equipamentos novos até 2030 e um recrutamento de 7 000 soldados extras até 2023 na primeira expansão de efetivo do exército alemão desde o fim da Guerra Fria.[31][32] Em fevereiro de 2017, o governo alemão anunciou outra expansão para aumentar o número de soldados profissionais do exercito em 20 000 até 2024.[33]
À luz da invasão russa da Ucrânia, a Alemanha anunciou um novo aumento no seu orçamento militar em 2022. Este deverá incluir 100 bilhões de euros em novos investimentos, incluindo a modernização dos stocks existentes e a aquisição de novos equipamentos.[34] Em 3 de junho de 2022, o Fundo Especial da Bundeswehr foi aprovado. O fundo especial de 100 bilhões de euros tem um prazo máximo de cinco anos.[35] Como o futuro fundo especial ficaria isento do freio da dívida, a Lei Básica teve que ser alterada. Esta alteração entrou em vigor em 1 de julho de 2022.[36][37]
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Referências
- «Generalinspekteur der Bundeswehr». bundeswehr.de. Consultado em 4 de fevereiro de 2024
- «Personalzahlen». www.bundeswehr.de (em alemão). Consultado em 6 de junho de 2025
- «Auftrag der Reserve». Bundeswehr.de. Consultado em 4 de fevereiro de 2024
- «Verteidigungshaushalt 2024». bmvg.de. Consultado em 4 de fevereiro de 2024
- «Defence Expenditure of NATO Countries (2014-2024)» (PDF) (em inglês). nato.int. 17 de junho de 2024. Consultado em 18 de junho de 2024
- «Art 87a (1) Basic Law». Gesetze-im-internet.de. Consultado em 7 de junho de 2011
- Chris Bowlby (12 de junho de 2017). «Por que a Alemanha reluta em se tornar uma das grandes forças militares». BBC Radio 4 + BBC Brasil. Consultado em 18 de junho de 2017. Cópia arquivada em 18 de junho de 2017
- "Was ist das Selbstverständnis der Bundeswehr?.". Página acessada em 28 de março de 2020.
- «Wir. Dienen. Deutschland. Das Selbstverständnis der Bundeswehr.» (PDF). Bundesministerium der Verteidigung. Julho de 2011. Consultado em 17 de janeiro de 2022
- «Organisation». www.bundeswehr.de (em alemão). Consultado em 4 de novembro de 2024
- Searle, Alaric (2003). Wehrmacht Generals, West German Society, and the Debate on Rearmament, 1949-1959. Westport, CT: Praeger Pub.
- Aberheim, ‘The Citizen in Uniform: Reform and its Critics in the Bundeswehr,’ in Szabo, (ed.), The Bundeswehr and Western Security, St. Martin’s Press, New York, 1990, p.39.
- Fritz Erler, ‘Politik und nicht Prestige,’ in Erler and Jaeger, Sicherheit und Rustung, 1962, p.82-3, cited in Julian Lider, Origins and Development of West German Military Thought, Vol. I, 1949-1966, Gower Publishing Company Ltd, Aldershot/Brookfield VT, 1986, p.125
- Donald Aberheim, 1990, p.37; Donald Aberheim, ‘German Soldiers and German Unity: Political Foundations of the German Armed Forces,’ California Naval Postgraduate School, 1991, p.14, cited in Artur A Bogowicz, ‘Polish Armed Forces of 2000: Demands and Changes,’ NPGS Thesis, março de 2000, 13 de setembro de 2013.
- Large, David Clay Germans to the Front West German rearmament in the Adenauer era, University of North Carolina Press, 1996 pp244-5 ISBN 0-8078-4539-6
- John Lewis Gaddis, 'The Cold War - a New History', Penguin Books, London, 2005, p.220
- Large op.cit. pp263-4
- Stone, David J. Fighting for the Fatherland: The Story of the German Soldier from 1648 to the Present Day (2006)
- «Outlook: The Bundeswehr of the future». Ministério da Defesa (Alemanha). Consultado em 27 de dezembro de 2012
- «Die Stärke der Streitkräfte» (em alemão). Ministério da Defesa (Alemanha). Consultado em 28 de dezembro de 2012
- «Verteidigungshaushalt 2011» (em alemão). Ministério da Defesa (Alemanha). Consultado em 27 de dezembro de 2012
- Shanker, Thom (10 de junho de 2011). «Defense Secretary Warns NATO of "Dim" Future». New York Times. Consultado em 27 de dezembro de 2012
- «US Think Tank Slams Germany's NATO Role». Der Spiegel Online. Consultado em 27 de dezembro de 2012
- Reuters Editorial (17 de março de 2015). «Germany to boost mid-term defense spending». Reuters
- «Archived copy». Consultado em 28 de dezembro de 2015. Arquivado do original em 31 de dezembro de 2015
- «Germany's Army To Procure 131 New Boxer Armored Personnel carriers». Defense News. 17 de dezembro de 2015
- «Germany plans to develop new fighter jet to replace Tornado». Channel NewsAsia
- Madeline Chambers (3 de dezembro de 2015). «More assertive Germany considers bigger army as Syria vote looms». Reuters
- Smale, Alison (5 de junho de 2016). «In a Reversal, Germany's Military Growth Is Met With Western Relief». The New York Times. Consultado em 2 de março de 2017
- Tomkiw, Lydia (10 de maio de 2016). «Germany Announces First Military Expansion Since Cold War Amid Cyber Threats, US Pressure». International Business Times. Consultado em 2 de março de 2017
- «Germany to Expand Bundeswehr to Almost 200,000 Troops». Deutsche Welle. 21 de fevereiro de 2017. Consultado em 5 de março de 2018
- «Deutscher Bundestag - Bundeskanzler Olaf Scholz: Wir erleben eine Zeitenwende». Deutscher Bundestag (em alemão). Consultado em 6 de junho de 2025
- «Deutscher Bundestag - Grundgesetzänderung für ein „Sondervermögen Bundeswehr"». Deutscher Bundestag (em alemão). Consultado em 6 de junho de 2025
- «Bundesrat billigt Gesetzesänderung zum Sondervermögen für die Bundeswehr». www.bmvg.de (em alemão). 6 de junho de 2025. Consultado em 6 de junho de 2025
- «Bundesrat stimmt Sondervermögen für die Bundeswehr zu». bundesrat.de (em alemão). 30 de junho de 2022. Consultado em 6 de junho de 2025
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