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político americano, 43º presidente dos Estados Unidos (de 2001 a 2009) Da Wikipédia, a enciclopédia livre
George Walker Bush (pronúncia em inglês: [ˈdʒɔrdʒ ˈwɔːkər ˈbʊʃ] (ⓘ) (New Haven, 6 de julho de 1946) é um político estadunidense que serviu como o 43.º Presidente dos Estados Unidos, de 2001 a 2009, e como o 46.º Governador do Texas, entre 1995 a 2000. Bush faz parte de uma proeminente família política dos Estados Unidos. É o filho mais velho de George H. W. Bush, o 41.º presidente dos Estados Unidos, e de Barbara Bush, fazendo-o um dos apenas dois presidentes norte-americanos a serem filhos de um presidente anterior. Seu irmão, Jeb Bush, foi Governador da Flórida e candidato à nomeação republicana para a eleição presidencial de 2016. Seu avô paterno, Prescott Bush, foi Senador dos Estados Unidos por Connecticut.
George W. Bush | |
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Retrato oficial, 2003 | |
43.º Presidente dos Estados Unidos | |
Período | 20 de janeiro de 2001 até 20 de janeiro de 2009 |
Vice-presidente | Dick Cheney |
Antecessor(a) | Bill Clinton |
Sucessor(a) | Barack Obama |
46.º Governador do Texas | |
Período | 17 de janeiro de 1995 até 21 de dezembro de 2000 |
Vice-governador | Bob Bullock (1995–1999) Rick Perry (1999–2000) |
Antecessor(a) | Ann Richards |
Sucessor(a) | Rick Perry |
Dados pessoais | |
Nome completo | George Walker Bush |
Nascimento | 6 de julho de 1946 (78 anos) New Haven, Connecticut, Estados Unidos |
Progenitores | Mãe: Barbara Pierce Pai: George H. W. Bush |
Alma mater | Universidade Yale Universidade Harvard |
Esposa | Laura Welch (1977-presente) |
Filhos(as) | Barbara Pierce Bush Jenna Welch Bush |
Partido | Republicano |
Religião | Episcopal (até 1977) Metodista (desde 1977) |
Assinatura | |
Website | Página oficial |
Serviço militar | |
Serviço/ramo | Guarda Nacional Aérea do Texas Guarda Nacional Aérea do Alabama |
Anos de serviço | 1968–1974 |
Graduação | Primeiro-tenente |
Unidade | 147ª Ala de Reconhecimento 187ª Ala de Caças |
Condecorações | Emblema de Piloto Prêmio de Unidade Excepcional Medalha de Serviço Nacional de Defesa Fita de Pontaria |
Depois de graduar-se pela Universidade de Yale em 1968 e pela Escola de Negócios de Harvard em 1975, Bush trabalhou na indústria do petróleo. Casou-se com Laura Welch em 1977 e concorreu, sem sucesso, para a Câmara dos Representantes pouco depois. Mais tarde, tornou-se sócio da equipe de baseball Texas Rangers e, em 1994, elegeu-se Governador do Texas após derrotar a Governadora Ann Richards. Bush foi eleito Presidente em 2000 depois de uma eleição acirrada e controversa sobre o rival democrata Al Gore, tornando-se o quarto Presidente a ser eleito com menos votos populares do que seu oponente.
Os ataques terroristas de 11 de setembro ocorreram oito meses após o início de seu primeiro mandato. Bush respondeu ao ataque com o que se tornou conhecido como a Doutrina Bush: lançou uma "Guerra ao Terror", e uma campanha militar internacional que incluiu a Guerra no Afeganistão em 2001 e a Guerra do Iraque em 2003. Também promoveu políticas relacionadas a economia, saúde, educação, reforma da Previdência Social, uma alteração da Constituição para proibir o casamento entre pessoas do mesmo sexo, e sancionou leis que resultaram em amplos cortes de impostos, além de promulgar o Ato Patriota.
Na eleição presidencial de 2004, Bush derrotou o Senador democrata John Kerry em outra eleição relativamente acirrada. Em seu segundo mandato, recebeu críticas cada vez mais fervorosas de todo o espectro político devido a sua atuação na Guerra do Iraque, no Furacão Katrina, e em outros assuntos. Com isso, o Partido Democrata recuperou o controle do Congresso nas eleições de 2006. Em dezembro de 2007, o país entrou em sua maior recessão pós-Segunda Guerra Mundial, muitas vezes referida como a "Grande Recessão", levando o governo Bush a obter a aprovação pelo Congresso de múltiplos programas econômicos destinados a preservar o sistema financeiro do país. Em 2009, foi sucedido pelo democrata Barack Obama. Desde então, retornou ao Texas, onde comprou uma casa em Dallas. Em 2010, publicou seu livro de memórias, Decision Points. Sua presidência tem sido classificada como uma das piores da história dos Estados Unidos, mas, como muitos ex-presidentes, sua popularidade entre o povo tem melhorado desde que deixou o cargo.
George Walker Bush nasceu em 6 de julho de 1946 no Hospital Grace-New Haven (atualmente Hospital Yale–New Haven) em New Haven, Connecticut,[1] sendo o primeiro filho de George Herbert Walker Bush e de sua esposa Barbara Bush. Foi criado em Midland e Houston, ambas cidades do Texas, com seus quatro irmãos: Jeb, Neil, Marvin e Dorothy. Outra irmã mais nova, Robin, morreu de leucemia aos três anos de idade em 1953.[2] Seu pai, George H. W. Bush, foi Vice-presidente de Ronald Reagan de 1981 a 1989 e o 41.º Presidente dos Estados Unidos de 1989 a 1993. Seu avô, Prescott Bush, foi Senador dos Estados Unidos por Connecticut.[3] Bush tem algumas ascendências inglesas e alemãs, juntamente com raízes mais distantes holandesas, galesas, irlandesas, francesas e escocesas.[4]
Bush frequentou escolas públicas em Midland até sua família mudar-se para Houston depois de completar a sétima série. Durante dois anos, frequentou a Escola Kinkaid, uma escola preparatória.[5] Bush estudou o ensino médio na Academia Phillips, um internato, na época destinado a homens, em Andover, Massachusetts, onde jogou beisebol e foi líder de torcida durante seu último ano.[6][7]
De 1964 a 1968, estudou na Universidade Yale, onde graduou-se com um diploma de Bacharelado de Artes em história.[8] Durante esse período, foi um líder de torcida e integrou a fraternidade Delta Kappa Epsilon, presidindo-a em seu último ano.[9][10] Também foi membro da sociedade secreta Crânio e Ossos e jogador de rugby.[11][12] Bush caracterizou-se como um aluno mediano.[13] A partir do outono de 1973, passou a estudar na Escola de Negócios de Harvard. Graduou-se em 1975 com um Mestrado em Administração de Empresas (MBA). É o único Presidente dos Estados Unidos que obteve um MBA.[14][15]
Em um churrasco de quintal em 1977, amigos apresentaram-o a Laura Welch, uma professora e bibliotecária. Após um namoro de três meses, Laura aceitou sua proposta de casamento e eles se casaram no dia 5 de novembro daquele mesmo ano.[16] O casal se estabeleceu em Midland, Texas. Bush deixou a Igreja Episcopal de sua família para juntar-se à Igreja Metodista Unida de sua esposa.[17] Em 25 de novembro de 1981, Laura Bush deu à luz filhas gêmeas fraternas, Barbara e Jenna.[16]
Antes de seu casamento, Bush teve vários episódios de consumo abusivo de álcool.[18] Em um desses casos, em 4 de setembro de 1976, foi preso perto da residência de verão de sua família em Kennebunkport, Maine, por dirigir sob a influência de álcool. Declarou-se culpado, foi multado em 150 dólares e teve sua carteira de motorista de Maine brevemente suspensa.[19][20] Bush afirmou que Laura teve um efeito estabilizador em sua vida,[16] e atribuiu sua decisão de 1986 de afastar-se do álcool graças a influência de sua esposa.[21]
Bush tem sido um ávido leitor ao longo de sua vida adulta, preferindo biografias e histórias.[22] Enquanto Presidente, lia a Bíblia todos os dias.[23] Também leu catorze biografias de Abraham Lincoln e, nos últimos três anos de sua presidência, leu 186 livros. Walt Harrington, jornalista, lembrou-se de ver "livros de John Fowles, F. Scott Fitzgerald, James Joyce e Gore Vidal, sobre biografias de Willa Cather e a Rainha Vitória" na casa de Bush na época em que era um produtor de petróleo. Outras atividades incluem fumar charuto e golfe.[24]
Em maio de 1968, Bush foi comissionado pela Guarda Nacional Aérea do Texas.[25] Depois de dois anos de serviço ativo para treinamento,[26] foi designado para Houston, pilotando jatos Convair F-102.[25][27] Os críticos, incluindo o ex-presidente do Comitê Nacional do Partido Democrata, Terry McAuliffe, alegaram que Bush foi tratado favoravelmente devido à posição política de seu pai, que na época era Membro da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos pelo Texas, citando sua seleção como piloto apesar de seus baixos resultados no teste de aptidão para pilotos e sua presença irregular.[25] Em junho de 2005, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos divulgou todos os registros do trabalho de Bush na Guarda Nacional Aérea de Texas, que permanecem em seus arquivos oficiais.[28]
No final de 1972 e início de 1973, recebeu autorização para transferir-se para a Guarda Aérea Nacional do Alabama. Mudou-se para Montgomery, Alabama, para trabalhar na malsucedida campanha do republicano Winton M. Blount ao Senado dos Estados Unidos.[29][30] Em 1972, Bush foi suspenso de voar por ter faltado a um exame físico agendado.[31] Foi honrosamente dispensado da Reserva da Força Aérea em 21 de novembro de 1974.[32]
Em 1977, Bush estabeleceu a Arbusto Energy, uma pequena empresa de exploração de petróleo, embora não tenha começado as operações até o ano seguinte.[33] Mais tarde, mudou o nome da empresa para Bush Exploration. Em 1984, a Bush Exploration se fundiu com a Spectrum 7, e Bush tornou-se presidente.[34] A empresa foi prejudicada pela queda nos preços do petróleo, e Bush vendeu-a para a HKN, Inc.[34][35] De acordo com as condições de venda, Bush tornou-se membro do conselho de administração da Spectrum 7.[34] Questões de possíveis informações privilegiadas envolvendo a HKN surgiram, mas uma investigação da Comissão de Títulos e Câmbio dos Estados Unidos (SEC) concluiu que a informação que Bush tinha no momento da sua venda de ações não era suficiente para constituir uma informação privilegiada.[34][36]
Em abril de 1989, Bush convidou um grupo de investidores para comprar uma participação majoritária na franquia de baseball Texas Rangers por 89 milhões e, no início, investiu 500 mil dólares, atuando como sócio-gerente geral por cinco anos.[37] Liderou ativamente os projetos da equipe e assistiu regularmente seus jogos, muitas vezes escolhendo se sentar nas arquibancadas abertas com os torcedores.[38] Investiu 800 mil na franquia e, em 1988, a venda de suas ações rendeu-lhe mais de 15 milhões.[39]
Em 1978, Bush concorreu para a Câmara dos Representantes pelo 19.º distrito Congressional do Texas. O democrata George H. Mahon representou o distrito desde 1935, sendo o Decano da Câmara, e estava se aposentando. Na campanha, Bush enfatizou suas credenciais no setor energético e seus princípios conservadores. Seu oponente democrata, Kent Hance, no entanto, também tinha muitos pontos de vista conservadores, opondo-se ao controle de armas e a regulamentação rigorosa; Hence retratou, com êxito, Bush como sendo fora de contato com os texanos do interior. Hence acabou elegendo-se Representante com 53,2% dos votos, contra 46,8% de Bush.[40]
Bush e sua família mudaram-se para Washington, D.C em 1988 para trabalharem na campanha de seu pai à presidência.[41][42] Bush atuou como conselheiro de campanha e de ligação com a mídia, e ajudou seu pai fazendo campanha em todo o país.[34] Em dezembro de 1991, foi uma das sete pessoas nomeadas para dirigir a campanha à reeleição de Bush pai em 1992, trabalhando como "conselheiro de campanha".[43] No mês anterior, seu pai pediu-lhe para dizer ao Chefe de Gabinete, John H. Sununu, que ele deveria renunciar.[44]
Bush declarou sua candidatura para a eleição ao Governo do Texas em 1994 ao mesmo tempo em que seu irmão Jeb concorreu ao Governo da Flórida. A campanha de Bush centrou-se em quatro temas: reforma no bem-estar social, reforma nos delitos civis, redução do crime e melhoria da educação.[34] Seus assessores de campanha foram Karen Hughes, Joe Allbaugh e Karl Rove.[45] Depois de ganhar facilmente a primária republicana, Bush enfrentou a Governadora democrata Ann Richards.[34][46] No decorrer da campanha, Bush prometeu sancionar um projeto de lei que permitiria aos texanos obter permissões para transportar armas escondidas. Richards vetou o projeto de lei, mas Bush o sancionou depois de se tornar governador.[47] A The Atlantic Monthly noticiou que eleição conteve um boato de que a Governadora era lésbica e, além da revista, outros meios conectaram tal informação a Karl Rove, que negou ter se envolvido nesta questão.[48][49][50] Bush foi eleito para o cargo com 2 350 825 votos (53,5%), contra 2 015 321 (45,9%) de Richards.[51]
Bush usou um superávit orçamentário para impulsionar o maior corte de impostos do Texas, de dois bilhões de dólares.[45] Ampliou o financiamento governamental para organizações que forneciam educação sobre os perigos do uso e abuso de álcool e drogas e que ajudavam a reduzir a violência doméstica.[52] Os críticos alegaram que, durante seu mandato, o Texas ficou perto das últimas colocações nas avaliações ambientais. Os apoiadores apontaram seus esforços para aumentar os salários dos professores e melhorar os resultados dos exames educacionais.[34]
Em 1998, Bush foi reeleito com 69% dos votos, um recorde.[34][53] Tornou-se o primeiro Governador na história do Texas a ser eleito para dois mandatos consecutivos de quatro anos.[34][54] Em seu segundo mandato, Bush promoveu organizações religiosas e desfrutou de altos índices de aprovação.[34] Em 1999, sancionou um projeto de lei que exigiu que os retalhistas elétricos comprassem uma certa quantidade de energia gerada por fontes renováveis, o que ajudou o Texas a eventualmente se tornar o principal produtor de energia eólica nos Estados Unidos.[55][56][57] Também proclamou o dia 10 de junho de 2000 como sendo o Dia de Jesus no Texas, um dia em que "exortou [a todos] os texanos a atender o chamado para ajudar os necessitados".[58]
Com a ajuda do assessor político Karl Rove, Bush começou a se preparar para uma campanha presidencial em 2000 logo após sua vitória na eleição para Governador do Texas em 1994. Após a derrota do candidato republicano Bob Dole na eleição presidencial de 1996, Bush foi amplamente visto como um dos principais candidatos à nomeação republicana de 2000. Depois de sua sólida reeleição como Governador em 1998, Bush tomou a dianteira na disputa pela indicação. Desanimados com a popularidade de Bush e a forte captação de recursos, potenciais candidatos republicanos como Jack Kemp e Colin Powell recusaram-se a entrar na disputa. Nos anos anteriores à eleição de 2000, Bush constituiu uma sólida equipe de conselheiros, com seus conselheiros econômicos sendo liderados pelo defensor da economia pelo lado da oferta Lawrence B. Lindsey, e sua equipe de política externa liderada por Condoleezza Rice. Embora vários republicanos tenham desistido de concorrer contra Bush, o Senador pelo Arizona, John McCain, lançou sua candidatura e recebeu o apoio de muitos moderados e falcões da guerra. A derrota de McCain na Carolina do Sul efetivamente encerrou as primárias republicanas de 2000, e Bush foi oficialmente nomeado para representar o partido na disputa presidencial na Convenção Nacional Republicana de 2000. Bush selecionou o ex-secretário de Defesa Dick Cheney como seu companheiro de chapa; embora Cheney oferecesse pouco apelo eleitoral e tinha problemas de saúde, Bush pensou que a extensa experiência de Cheney o tornaria um valioso parceiro no governo.[59]
Com o Presidente Bill Clinton encerrando seu segundo mandato, os democratas nomearam o Vice-presidente Al Gore. A campanha de Bush enfatizou seu caráter em contraste com o de Clinton, que esteve envolvido no escândalo Lewinsky durante grande parte do segundo mandato. Nos debates presidenciais, Bush excedeu as expectativas de muitos ao defender suas posições contra Gore, e Bush manteve uma liderança substancial em várias pesquisas realizadas após o debate final em outubro. No entanto, a descoberta de sua prisão em 1976 prejudicou o impulso de Bush e, à medida que a noite das eleições se aproximava, a eleição era amplamente considerada como muito próxima. Na noite da eleição, várias redes de televisão anunciaram a vitória de Gore com base em pesquisas de boca de urna e resultados iniciais, mas, na medida que a apuração continuava, as redes reverteram seus prognósticos iniciais e declararam Bush como o vitorioso. A Flórida surgiu como o estado-chave nas eleições, pois quem vencesse no Estado ganharia a Presidência. Os números oficiais mostraram Bush na liderança, mas com menos de dois mil votos de um total de 5,9 milhões de votos, e ambas as campanhas despacharam advogados para se envolverem na batalha legal sobre a subsequente recontagem. A Suprema Corte da Flórida ordenou uma recontagem, o que foi anulado pela Suprema Corte no caso de Bush v. Gore. Bush acabou vencendo a eleição com 271 votos no Colégio Eleitoral em comparação com os 266 de Gore. Nos votos populares, Gore obteve 51 milhões de votos, contra 50,4 milhões de Bush, fazendo com que se tornasse o quarto Presidente norte-americano a ser eleito apesar de ter recebido menos votos populares. Nas eleições simultâneas para o Congresso, os republicanos mantiveram uma estreita vitória na Câmara, mas perderam cinco cadeiras no Senado, que ficou composto por cinquenta democratas e cinquenta republicanos.[60][61]
Bush e sua equipe de campanha aproveitaram a ideia de Bush como sendo um "forte líder em tempo de guerra", embora isso tenha sido prejudicado pela cada vez mais impopular Guerra do Iraque.[62] A plataforma republicana enfatizou um forte compromisso com as guerras no Iraque e no Afeganistão, apoio ao Ato Patriota, mudanças na Constituição que proibiriam o aborto e o casamento entre pessoas do mesmo sexo, uma reforma na Segurança Social, a oposição aos controles obrigatórios das emissões de carbono, entre outros.[63][64] Com medo de que pudesse prejudicar as chances de reeleição de Bush, Cheney ofereceu se retirar da chapa, mas Bush recusou esta proposta, e os dois foram novamente indicados, de forma unânime, pela Convenção Nacional Republicana de 2004.[65]
Nas primárias democratas de 2004, o Senador John Kerry, de Massachusetts, derrotou vários outros candidatos, incluindo John Edwards, Howard Dean e Wesley Clark, ganhando efetivamente a indicação em 2 de março. Kerry procurou convencer o Senador republicano John McCain a ser seu Vice-presidente, mas escolheu para a função o Senador John Edwards, da Carolina do Norte, depois que McCain rejeitou a proposta.[66] Um veterano da Guerra do Vietnã, Kerry votou para autorizar a Guerra do Iraque, mas mudou de opinião e passou a rejeitá-la.[67] A campanha de Bush procurou definir as opiniões de Kerry como "inconsistentes" devido ao seu voto favorável ao projeto de lei que financiou as guerras do Afeganistão e do Iraque, e o retratou como um liberal que aumentaria os impostos e o tamanho do governo.[68][69][70] Kerry e outros democratas atacaram Bush devido a Guerra do Iraque e o acusaram de não estimular a economia e a geração de empregos.[34]
A eleição de 2004 viu um salto importante na participação do eleitorado; enquanto 105 milhões de pessoas votaram em 2000, 123 milhões votaram em 2004. Bush recebeu 50,7% dos votos populares, tornando-o o primeiro indivíduo a ganhar a maioria dos votos populares desde a eleição de 1988, enquanto Kerry conquistou 48,3% do eleitorado. Com 286 votos no Colégio Eleitoral, Bush reelegeu-se Presidente, vencendo em Iowa, Novo México e todos os estados que ganhou em 2000, exceto em Nova Hampshire.[71] Os republicanos mantiveram o controle de ambas as casas do Congresso, elegendo 55 senadores (de cem) e 231 representantes (de 435).[72]
Bush originalmente delineou uma ambiciosa agenda para a política interna, mas suas prioridades foram significativamente alteradas após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.[73] Guerras foram travadas no Afeganistão e no Iraque, e houve significativos debates nos Estados Unidos sobre imigração, saúde, segurança social, política econômica e tratamento dos terroristas detidos. Ao longo de seus oito anos na Presidência, Bush possuiu altos índices de aprovação,[74] que diminuíram constantemente, enquanto a desaprovação aumentou significativamente.[75] Em 2007, os Estados Unidos entraram na maior recessão pós-Segunda Guerra Mundial.[76]
Bush assumiu o cargo durante um período de recessão econômica na sequência do estouro da bolha da Internet.[77] Os ataques terroristas também impactaram a economia. Bush aumentou as despesas do governo federal de 1,789 trilhões para 2,983 trilhões de dólares, correspondente a 60%, enquanto as receitas aumentaram de 2,025 trilhões de dólares para 2,524 trilhões de dólares. As receitas fiscais de renda individual aumentaram 14% e as receitas fiscais das empresas em 50%. As despesas discricionárias de defesa cresceram 107%, as despesas discricionárias domésticas em 62%, os gastos com Medicare em 131%, a segurança social em 51% e as despesas com segurança de renda em 130%. Ciclicamente ajustadas, as receitas aumentaram 35% e as despesas em 65%.[78] O aumento das despesas foi o maior desde o governo de Lyndon B. Johnson.[79]
O superávit no ano fiscal de 2000 foi de 37 bilhões de dólares, o terceiro superávit consecutivo e o maior de sempre.[80] Em 2001, o orçamento de Bush estimou que haveria um superávit de 5,6 trilhões de dólares nos próximos dez anos.[81] Diante da oposição do Congresso, Bush realizou reuniões semelhantes às das câmaras municipais em todo o país a fim de aumentar o apoio público ao seu plano para um programa de corte de impostos de 1,35 trilhão—um dos maiores cortes de impostos na história dos Estados Unidos. Bush argumentou que os fundos governamentais não utilizados deveriam ser devolvidos aos contribuintes, dizendo que "o superávit não é o dinheiro do governo. O superávit é o dinheiro das pessoas".[34] O Presidente da Reserva Federal, Alan Greenspan, alegou que o corte de impostos poderia impulsionar a economia em recessão e Bush declarou que a medida estimularia a economia e criaria empregos.[82][83] O Secretário do Tesouro, Paul H. O'Neill, opôs-se a algumas das reduções de impostos argumentando que contribuiriam para déficits orçamentários e prejudicariam a segurança social.[84] O'Neill, demitido em dezembro de 2002, contestou a afirmação, feita por Bush em seu livro Decision Points, de que ele nunca discordou abertamente com o Presidente sobre os cortes de impostos planejados.[85] Em 2003, a economia mostrou sinais de melhora, embora o crescimento de empregos permanecesse estagnado.[34] Naquele ano, outro programa de redução de impostos foi aprovado pelo Congresso e sancionado por Bush.[86]
Durante os anos de 2001 a 2008, o Produto Interno Bruto cresceu a uma taxa média anual de 2,25%, menor do que nos ciclos econômicos anteriores.[87][88] Bush iniciou seu primeiro mandato com o Dow Jones Industrial Average em 10 587 pontos, e o valor médio foi registrado em outubro de 2007, com mais de 14 000. Quando deixou o cargo, a média era de 7 949, um dos níveis mais baixos de sua presidência.[89] O desemprego aumentou originalmente de 4,2% em janeiro de 2001 para 6,3% em junho de 2003, mas posteriormente caiu para 4,5% em julho de 2007, subindo para 7,2% no final de seu segundo mandato.[90][91] Ajustada pela inflação, a renda média familiar caiu em 1.175 entre 2000 e 2007.[92] A taxa de pobreza aumentou de 11,3% em 2000 para 12,3% em 2006, depois de atingir 12,7% em 2004.[93] Em outubro de 2008, devido ao aumento das despesas, a dívida nacional atingiu 11,3 trilhões de dólares, um crescimento de mais de 100% em relação a 2000, quando a dívida era de 5,6 trilhões de dólares.[94][95][96] A maior parte da dívida foi acumulada como resultado do que se tornou conhecido como "cortes nos impostos de Bush" e aumento das despesas de segurança nacional.[97]
Em dezembro de 2007, os Estados Unidos entraram na maior recessão pós-Segunda Guerra Mundial, que incluiu uma correção do mercado imobiliário, uma crise das hipotecas subprime, o aumento dos preços do petróleo e uma desvalorização do dólar.[76][98] Em fevereiro de 2008, 63 mil empregos foram perdidos, um recorde de cinco anos.[99] Bush sancionou um pacote de estímulo econômico de 170 bilhões de dólares que visava melhorar a situação econômica, enviando cheques de desconto fiscal a muitos norte-americanos e oferecendo incentivos fiscais para empresas em dificuldades.[100] Em setembro de 2008, a crise tornou-se muito mais séria, começando com a aquisição pelo governo da Fannie Mae e da Freddie Mac, seguida do colapso do banco Lehman Brothers e um resgate federal de 85 bilhões para a seguradora American International Group.[101][102][103] Muitos economistas e governos mundiais consideraram que a situação se tornou a pior crise financeira desde a Grande Depressão.[104][105] Em novembro de 2008, mais de quinhentos mil empregos foram perdidos, o que marcou a maior perda de empregos nos Estados Unidos em 34 anos.[106] No final de 2008, os Estados Unidos perderam um total de 2,6 milhões de empregos.[107]
Juntamente com cortes de impostos, a outra grande iniciativa política de Bush ao assumir o cargo foi a reforma educacional. Embora alguns republicanos do Congresso tenham pedido a abolição do Departamento de Educação, a exitosa campanha de Bush para a reforma educacional convenceu muitos republicanos, como o Representante John Boehner de Ohio, de que um projeto de reforma educacional aumentando o financiamento federal seria politicamente popular.[108] Na busca de elaborar uma lei bipartidária, Bush buscou o auxílio do Senador democrata Ted Kennedy, um importante Senador liberal. Bush propôs o Ato Nenhuma Criança Deixada para Trás, que exigia extensivos testes para garantir que as escolas atendessem a padrões uniformes para habilidades como leitura e matemática, com o objetivo de "diminuir o abismo entre crianças com desempenho alto e baixo, especialmente o abismo existente entre estudantes de minorias e estudantes que não são de minorias".[109] Bush esperava que os testes tornassem as escolas mais responsáveis por seu desempenho e permitissem aos pais mais informações na escolha das escolas que seus filhos estudariam. Kennedy compartilhou a preocupação de Bush com a educação de crianças empobrecidas e esperava aumentar o financiamento federal para a educação, mas ele se opôs fortemente aos cheques escolares propostos por Bush, o que permitiria que os pais usassem financiamento federal para pagar escolas privadas. Bush e Kennedy cooperaram para aprovar o Ato Nenhuma Criança Deixada para Trás, que não incluiu os cheques escolares, mas estabeleceu a ideia de Bush de testes nacionais. Ambas as casas do Congresso registraram uma aprovação esmagadora para a versão final do projeto de lei, que Bush sancionou em janeiro de 2002.[110] No entanto, mais tarde, Kennedy criticou implementação do ato, argumentando que Bush havia prometido um grande financiamento federal para a educação.[111]
Em dezembro de 2003, Bush sancionou um programa de benefícios de medicamentos do Medicare que, de acordo com Jan Crawford, resultou na "maior expansão no Estado de bem-estar dos Estados Unidos em quarenta anos"; os custos dessa legislação chegaram a 7 trilhões.[112][113] Em 2007, Bush se opôs e vetou a legislação do Programa de Seguro de Saúde do Estado (SCHIP), que foi adicionada pelos democratas a uma lei de financiamento da guerra e aprovada pelo Congresso. A legislação do SCHIP teria ampliado significativamente os benefícios de assistência médica financiados pelo governo federal para crianças de algumas famílias de baixa renda, totalizando cerca de seis a dez milhões de crianças; seria financiado por um aumento no imposto sobre cigarros.[114] Bush considerou a legislação como um movimento em direção à assistência médica socializada, e afirmou que o programa poderia beneficiar as famílias que recebiam até 83 mil dólares por ano, e que não precisavam da ajuda.[115]
Após os esforços dos republicanos para aprovar o Ato do Medicare de 2003, Bush sancionou o projeto de lei, que incluiu mudanças importantes no programa Medicare, proporcionando assistência aos beneficiários para pagar medicamentos prescritos.[116] O grupo de lobby dos aposentados, o AARP, trabalhou com o governo Bush no programa e deu seu aval. Bush afirmou que a lei, estimada em 400 bilhões de dólares nos primeiros dez anos, proporcionaria aos idosos "melhores escolhas e mais controle sobre sua assistência médica".[117]
Bush iniciou seu segundo mandato delineando uma importante iniciativa para "reformar" a Previdência Social, que enfrentava projeções recordes de déficit a partir de 2005. Bush tornou o assunto uma peça central de seu governo, apesar da oposição de alguns congressistas. No discurso de 2005 do Estado da União, abordou a potencial falência iminente do programa e delineou seu novo programa, que abrangeria a privatização parcial do sistema—algo que os democratas se opuseram.[118] Na tentativa de obter apoio político, Bush embarcou em uma turnê de sessenta dias, fazendo campanha por sua iniciativa em eventos midiáticos conhecidos como "Conversas sobre Segurança Social".[119] No entanto, o apoio do público à proposta diminuiu e as lideranças republicanas da Câmara decidiram não colocar a reforma da Segurança Social na lista de prioridades para o restante da agenda legislativa de 2005.[120] As perspectivas legislativas da proposta foram ainda mais diminuídas pelas consequências políticas do Furacão Katrina, ocorrido no outono de 2005—a proposta não foi aprovada no restante do mandato de Bush pelo Congresso, onde os democratas ganharam o controle de ambas as câmaras como resultado das eleições de meio de mandato de 2006.[121][122]
Como candidato à Presidência, Bush prometeu limpar as usinas e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Em um discurso em 29 de setembro de 2000, prometeu comprometer dois bilhões de dólares para o financiamento da pesquisa para o desenvolvimento do carvão limpo. No mesmo discurso, também prometeu trabalhar com o Congresso, grupos ambientais e o setor de energia para exigir uma redução das emissões de dióxido de enxofre, óxido de nitrogênio, mercúrio e dióxido de carbono no ambiente dentro de um "período de tempo razoável". Posteriormente, reverteu sua posição sobre essa promessa de campanha específica em março de 2001 em uma carta a Chuck Hagel, Senador por Nebraska, declarando que o dióxido de carbono não era considerado um poluente de acordo com o Ato do Ar Limpo, e que restringir as emissões de dióxido de carbono levaria a preços mais elevados da energia.[123]
Em março de 2001, o governo Bush anunciou que não implementaria o Protocolo de Quioto, um tratado internacional assinado em 1997 que exigiria que as nações reduzissem suas emissões de gases de efeito estufa. O governo argumentou que a ratificação do tratado restringiria indevidamente o crescimento do país, ao mesmo tempo em que não limitava as emissões dos países em desenvolvimento.[124] Em fevereiro de 2002, Bush anunciou sua alternativa ao Protocolo de Quioto: um plano para reduzir a intensidade de gases de efeito estufa em 18% ao longo de dez anos.[125] Bush acreditava que o aquecimento global era real e um sério problema, mas afirmou que existia um "debate sobre se é feito pelo homem ou causado pela natureza".[126][127] Em janeiro de 2009, nos últimos dias de seu segundo mandato, designou a maior área marítima protegida do mundo, do tamanho da Espanha, e que abrangia partes das Ilhas Marianas, o Atol Rosa e um arquipélago do Pacífico.[128] A postura de seu governo sobre o aquecimento global permaneceu controversa nas comunidades científicas e ambientais. Os críticos alegaram que o governo Bush desinformou o público e não fez o suficiente para reduzir as emissões de carbono e deter o aquecimento global.[129][130]
Quase oito milhões de imigrantes foram para os Estados Unidos de 2000 a 2005, mais do que em qualquer outro período de cinco anos na história do país.[131] Deste total, quase metade entrou ilegalmente.[132] Em 2006, Bush instou o Congresso a permitir que mais de doze milhões de imigrantes ilegais trabalhassem nos Estados Unidos com a criação de um "programa temporário de trabalhadores convidados". O Presidente Bush também exortou o Congresso a fornecer fundos adicionais para a segurança das fronteiras e comprometeu-se a implementar seis mil soldados da Guarda Nacional dos Estados Unidos na fronteira entre Estados Unidos e México.[133]
De maio a junho de 2007, Bush apoiou firmemente um projeto de lei relacionado à imigração, que foi redigido por um grupo bipartidário de senadores com a participação ativa de seu governo.[134] O projeto previa um programa de legalização para imigrantes ilegais, com um eventual caminho para a cidadania; estabelecia um programa de oferta de empregos; uma série de reforço na aplicação da lei na fronteira e locais de trabalho; uma reforma no processo de inscrição do cartão verde com a introdução de um sistema de "mérito" baseado em pontos; entre outros. Bush argumentou que a falta de status legal negava as proteções das leis americanas a milhões de pessoas que enfrentavam riscos de pobreza e exploração, e penalizava os empregadores apesar da demanda por mão de obra imigrante.[135] Bush alegou que o projeto de lei não era uma anistia.[136] Seguiu-se um debate público acalorado, que resultou em uma divergência substancial dentro do Partido Republicano, enquanto a maioria dos conservadores se opôs por causa de suas cláusulas de legalização ou anistia.[137] O projeto de lei foi eventualmente derrotado no Senado em 28 de junho de 2007, quando apenas 46 senadores votaram pelo encerramento dos debates e o posterior avanço para a etapa de votação sobre o projeto; eram necessários sessenta votos favoráveis.[138] Bush expressou sua decepção com a derrota de uma de suas iniciativas internas.[139] Mais tarde, seu governo propôs uma série de medidas de aplicação na imigração que não requeriam alteração na lei, o que incluiu um aumento da vigilância na fronteira.[140]
O Furacão Katrina, um dos desastres naturais mais prejudiciais da história dos Estados Unidos, atingiu o país no início do segundo mandato de Bush. O Katrina se formou no final de agosto durante a temporada de furacões do Atlântico de 2005 e devastou grande parte da região norte-central da Costa do Golfo, particularmente Nova Orleães.[141] Bush declarou Estado de emergência na Louisiana em 27 de agosto e no Mississippi e Alabama no dia seguinte.[142][143] O Presidente autorizou o Departamento de Segurança Interna e a Agência Federal de Gestão de Emergências a gerenciar o desastre, mas seu anúncio não estimulou essas agências a agir.[144] O olho do furacão atingiu a terra em 29 de agosto, e Nova Orleães começou a inundar devido a brechas em diques; naquele dia, Bush declarou que um grande desastre existia na Louisiana, oficialmente autorizando a FEMA a começar a usar fundos federais para ajudar nos esforços de recuperação.[145]
Em 30 de agosto, o Secretário do DHS, Michael Chertoff, declarou o ocorrido como "um incidente de importância nacional", desencadeando o primeiro uso do recém-criado Plano Nacional de Resposta.[146] Três dias depois, em 2 de setembro, as tropas da Guarda Nacional entraram pela primeira vez na cidade de Nova Orleães.[147] No mesmo dia, Bush visitou partes da Louisiana, Mississippi e Alabama e declarou que o sucesso dos esforços de recuperação até aquele momento não eram "suficientes".[148] Na medida que o desastre em Nova Orleães se intensificou, os críticos acusaram que Bush estava desvirtuando o papel de seu governo no que eles viam como uma resposta falha ao incidente. Líderes atacaram Bush por ter designado pessoas aparentemente incompetentes para cargos de chefia na FEMA, notadamente Michael D. Brown;[149] também foi argumentado que a resposta federal estava limitada como resultado do Iraque e o próprio Bush não agiu apesar das advertências de inundações.[150][151] Mais de mil pessoas morreram como resultado do furacão, e Bush foi amplamente criticado por sua lenta resposta ao desastre.[152] Bush respondeu às crescentes críticas aceitando a total responsabilidade pelas falhas do governo federal na administração da emergência.[147] Seus índices de aprovação caíram para menos de 40% e, até o final de seu mandato, nunca se recuperaram.[152]
Cheney e Harriet Miers foram encarregados de encontrar uma substituição adequada para William Rehnquist, pois havia rumores de que iria se aposentar como Chefe de Justiça. Eles escolheram John Roberts e Michael Luttig, ambos conservadores amplamente respeitados, como finalistas. Em junho de 2005, a Juíza Sandra Day O'Connor anunciou inesperadamente que renunciaria, e Bush nomeou Roberts para substitui-la. Depois que Rehnquist morreu em setembro, Bush considerou brevemente promover Antonin Scalia, mas preferiu nomear Roberts para o cargo. Roberts ganhou a confirmação do Senado por 78-22. Para substituir O'Connor, Bush queria encontrar uma candidata mulher, mas não estava satisfeito com as opções convencionais. O Presidente escolheu Miers, mas a nomeação imediatamente recebeu a oposição dos conservadores que temiam sua ideologia não comprovada e falta de experiência. Depois que o Líder da Maioria, Bill Frist, informou Bush que Miers não tinha os votos necessários para ganhar a confirmação, Miers desistiu. Bush então nomeou Samuel Alito, que recebeu forte apoio dos conservadores e oposição dos democratas, sendo confirmado por 58-42 em janeiro de 2006.[153]
Além de suas duas nomeações para a Suprema Corte, Bush nomeou 61 juízes para as Cortes de Apelação e 261 juízes para as Cortes Distritais. Até deixar o cargo, Bush era o terceiro Presidente com o maior número de nomeações judiciais, sendo superado apenas por Ronald Reagan e Bill Clinton.[154][155]
Durante o segundo mandato de Bush, surgiu uma controvérsia sobre a demissão de procuradores federais.[156] A Casa Branca sustentou que os procuradores foram demitidos por mau desempenho.[157] O Procurador-geral Alberto Gonzales renunciou em meio a controvérsia, juntamente com outros membros seniores do Departamento de Justiça.[158] O Comitê Judiciário da Câmara dos Representantes intimou os conselheiros Harriet Miers e Josh Bolten a testemunharem sobre esse assunto, mas Bush ordenou que Miers e Bolten não cumprissem essas intimações, invocando seu direito de privilégio executivo. O Departamento de Justiça determinou que a ordem do Presidente era legal, mas um juiz de uma Corte Distrital decidiu que os conselheiros não estavam imunes a testemunharem perante o Congresso.[159] Embora as investigações do Congresso tenham focado se o Departamento de Justiça e a Casa Branca estavam usando os procuradores para obterem vantagem política, nenhuma descoberta foi divulgada.[160] Em 2010, o investigador do Departamento de Justiça concluiu que, embora as considerações políticas tenham influenciado na demissão de quatro procuradores, as demissões eram "inapropriadas politicamente", mas não criminosas. De acordo com os promotores, não havia provas suficientes para sustentar uma acusação criminal.[161]
Antes de assumir a Presidência, Bush tinha pouca experiência com a política externa, e suas decisões foram orientadas por seus conselheiros. Bush aderiu às opiniões de seu Vice-presidente Dick Cheney e outros neoconservadores, que defendiam a difusão da democracia, usando a força se fosse preciso. Eles também enfatizavam a importância do multilateralismo, argumentando que, como a superpotência solitária do mundo, os Estados Unidos poderiam agir unilateralmente, se necessário. Embora em seus primeiros meses de mandato tenha se concentrado em questões internas, Bush retirou os Estados Unidos de vários acordos multilaterais existentes ou propostos, incluindo o Tratado de Kyoto, o Tratado sobre Mísseis Antibalísticos e a Corte Penal Internacional.[162]
Em 2002, durante seu Discurso sobre o Estado da União, Bush estabeleceu o que se tornou conhecido como a Doutrina Bush. Embora esta doutrina tenha sido tecnicamente utilizada para justificar a invasão do Afeganistão, não foi claramente mencionada como uma questão de política até este discurso. Devido a possibilidade de novos ataques terroristas maciços orquestrados por organizações que existiam em múltiplos lugares em todo o mundo, Bush afirmou que os Estados Unidos implementariam uma política de ataques militares preventivos contra nações que hospedavam ou ajudavam uma organização terrorista hostil ao país. Bush descreveu o que chamou de "Eixo do mal", composto por três nações (Iraque, Coreia do Norte e Irã) que, segundo ele, representavam a maior ameaça para a paz mundial devido a busca por armas de destruição em massa e potencial para ajudar terroristas. O Iraque se tornou cada vez mais o objeto da atenção do governo Bush e a invasão do Iraque em 2003 e suas consequências se tornaram a questão central da política externa de sua Presidência.[163]
Em 11 de setembro de 2001, terroristas da Al-Qaeda sequestraram quatro aviões e colidiram dois deles contra as torres gêmeas do World Trade Center, na cidade de Nova Iorque, destruindo os dois arranha-céus de 110 andares. Outro avião caiu no Pentágono, enquanto o quarto avião foi derrubado na Pensilvânia após uma luta entre os terroristas e os passageiros da aeronave. Bush apareceu em rede nacional de televisão naquela noite, e prometeu punir aqueles que ajudaram a realizar os ataques, afirmando: "Não faremos distinção entre os terroristas que cometem esses atos e aqueles que os abrigam". Nos dias seguintes, Bush instou o público a repudiar os crimes de ódio e discriminação contra muçulmanos-americanos e árabes-americanos.[164] Também declarou uma "Guerra ao Terror", instituindo novas políticas nacionais e estrangeiras em um esforço para prevenir futuros ataques terroristas.[165]
Após o 11 de setembro, o governo Bush decidiu realizar uma ação militar decisiva para punir o governo do Afeganistão, que abrigava os líderes da Al Qaeda. A política externa de Bush concluiu que o lançamento de ataques contra as bases da Al Qaeda não impediria ataques futuros, e o Presidente decidiu autorizar uma invasão do Afeganistão. Seus principais objetivos era derrubar o governo Talibã, expulsar a Al Qaeda do Afeganistão e capturar líderes importantes do grupo terrorista. Em 14 de setembro, o Congresso aprovou uma resolução chamada Autorização para o Uso de Força Militar contraterroristas, autorizando o Presidente a usar os militares contra os responsáveis pelos ataques. Em 6 de outubro de 2001, Bush autorizou a invasão do Afeganistão.