Gramática descritiva

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Chama-se gramática descritiva ou sincrônica (do grego syn- 'reunião', chrónos 'tempo') a gramática que busca descrever o mecanismo pelo qual uma dada língua funciona, num dado momento, como meio de comunicação entre os seus falantes, e da analisar a estrutura, ou configuração formal, que nesse momento a caracteriza.[1] A gramática descritiva propõe-se a descrever as regras da língua falada, as quais independem do que a gramática normativa prescreve como "correto";[2] Segundo Possenti, "é a que orienta, o trabalho dos linguistas cuja preocupação é descrever e/ou explicar as línguas tais como elas são faladas."[3] Assim, diferentemente da gramática normativa, na gramática descritiva, as regras formuladas derivam estritamente do uso da língua.[4]

A partir da constatação de que a gramática normativa não era capaz de dar conta do uso real da língua por seus falantes, surgiram outras concepções e, consequentemente, outras acepções de gramática. TRAVAGLIA[5] cita três tipos de gramática: normativa (também chamada tradicional), descritiva e internalizada ou implícita.

A gramática descritiva está ligada a uma determinada comunidade linguística e reúne as formas gramaticais aceitas por estas comunidades. Como a língua sofre mudanças, frequentemente muito do que é prescrito na gramática normativa já não é mais usado pelos falantes de uma língua. A gramática descritiva não tem o objetivo de apontar erros, mas sim identificar todas as formas de expressão existentes e verificar quando e por quem são produzidas.

Enquanto a gramática normativa considera como erro o uso de formas diferentes da norma culta da língua (tornada oficial), na perspectiva da gramática descritiva, o erro gramatical não existe, ou, explicando melhor: ao adotar um critério social, não linguístico, de correção, a gramática descritiva considera erradas apenas as formas ou estruturas gramaticais não presentes regularmente nas variedades linguísticas reconhecidas pelos falantes de uma língua.[3]

Ver também

Referências

  1. POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado das Letras, 1996, apud "Crenças de professores de Português sobre o papel da gramática no ensino de Língua Portuguesa", por Fabio Madeira. Linguagem & Ensino, Vol. 8, n°. 2, 2005 (17-38)
  2. Kazimierz Polański (1999). Encyklopedia językoznawstwa ogólnego. Breslávia: Ossolineum. p. 215. ISBN 83-04-04445-5
  3. TRAVAGLIA, L.C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez,2002, apud Fabio Madeira, op.cit..

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