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Monarquia na Eurásia e América, que durou de 1721 à 1917. Da Wikipédia, a enciclopédia livre
Império Russo (em russo: Росси́йская Импе́рия, grafado até 1918 como Pоссiйская Имперiя), também conhecido coloquialmente como Rússia Imperial ou Rússia Czarista, para diferenciá-la da Rússia Soviética e da Rússia moderna, foi um Estado que existiu desde 1721 até que foi derrubado pela Revolução de Fevereiro em 1917.[1] Um dos maiores impérios da história da humanidade, que se estendia por três continentes, o Império Russo foi superado em massa de terra apenas pelos impérios Britânico e Mongol. A ascensão do Império Russo aconteceu em associação ao declínio de potências vizinhas rivais: o Império Sueco, a Comunidade Polaco-Lituana, a Pérsia e o Império Otomano. Ele desempenhou um papel importante entre 1812 e 1814 ao derrotar as ambições de Napoleão de controlar a Europa e se expandiu para o oeste e sul.
Россійская Имперія Российская империя Rossiyskaya imperiya Império Russo | |||||
Estado extinto | |||||
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Lema nacional Съ нами Богъ! S nami Bog! (em português: "Deus Está Conosco!") | |||||
Hino nacional "Bozhe, Tsarya khrani!" "Боже, Царя храни!" (em português: "Deus Salve o Czar!")
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Todos os territórios que fizeram parte do Império Russo ou que estavam sob sua esfera de influência. | |||||
Continente | Eurásia e América | ||||
Região | Leste Europeu, Ásia Setentrional e Alasca | ||||
Capital | São Petersburgo | ||||
Língua oficial | Russo | ||||
Outros idiomas | Polonês, finlandês, sueco | ||||
Religião | Igreja Ortodoxa Russa | ||||
Governo | Monarquia — Absoluta (1721–1906) — Constitucional (1907–1917) | ||||
Czar | |||||
• 1721–1725 | Pedro I (primeiro) | ||||
• 1894–1917 | Nicolau II (último) | ||||
Presidente do Conselho de Ministros | |||||
• 1905–1906 | Serguei Witte (primeiro) | ||||
• 1917 | Nikolai Golitsyn (último) | ||||
Legislatura | Imperador exercia o poder legislativo em conjunto com o Conselho de Estado e a Duma Estatal | ||||
• Câmara alta | Conselho de Estado | ||||
• Câmara baixa | Duma Estatal | ||||
História | |||||
• 7 de maio de 1682 | Ascensão de Pedro I | ||||
• 22 de outubro de 1721 | Proclamação de Pedro I como imperador | ||||
• 26 de dezembro de 1825 | Revolta Dezembrista | ||||
• 3 de março de 1861 | Reforma Emancipadora | ||||
• 1905 | Revolução de 1905 | ||||
• 6 de maio de 1906 | Constituição | ||||
• 15 de março de 1917 | Revolução de Fevereiro | ||||
• 7 de novembro de 1917 | Revolução de Outubro | ||||
Área | |||||
• 1866 | 22 800 000 km2 | ||||
• 1916 | 21 799 825 km2 | ||||
População | |||||
• 1916 est. | 181 537 800 | ||||
Moeda | Rublo | ||||
Atualmente parte de | |||||
O Império Russo usou o calendário juliano até sua dissolução. Todas as datas apresentadas estão no calendário gregoriano |
A Dinastia Romanov governou o Império Russo desde 1721 até 1762, e seu ramo cadete com origem alemã, a Casa de Holstein-Gottorp-Romanov, governou a partir de 1762. No início do século XIX, o Império Russo se estendia do Oceano Ártico, no norte, até o Mar Negro, no sul, e do Mar Báltico, a oeste, até o Oceano Pacífico. Até 1867 o império também compreendia o Alasca na América do Norte[2] (América Russa). Com 125,6 milhões de indivíduos registrados pelo censo de 1897, tinha a terceira maior população do mundo na época, depois da China Qing e da Índia. Como todos os impérios, incluiu grandes disparidades econômicas, étnicas e religiosas. Houve numerosos elementos dissidentes, que lançaram numerosas rebeliões e tentativas de assassinato; eles eram observados de perto pela polícia secreta, sendo que milhares foram exilados para a Sibéria.
Economicamente, o império tinha uma base agrícola predominantemente, com baixa produtividade em grandes propriedades trabalhadas por servos (até que eles foram libertos em 1861). A economia lentamente industrializou-se com a ajuda de investimentos estrangeiros em ferrovias e fábricas. A terra era governada por uma nobreza (os boiardos) entre os séculos X e XVII e, posteriormente, por um imperador. O czar Ivan III (1462-1505) lançou as bases para o império que surgiu depois. Ele triplicou o território de seu Estado, acabou com o domínio da Horda de Ouro, renovou o Kremlin de Moscou e lançou as bases do Estado russo. O czar Pedro, o Grande (1682-1725) lutou inúmeras guerras e expandiu um já enorme império em uma grande potência europeia. Ele mudou a capital de Moscou para a nova cidade de São Petersburgo e liderou uma revolução cultural que substituiu alguns dos costumes sociais e políticos medievais e tradicionalistas por sistema moderno científico e racionalista.
Catarina, a Grande (1762-1796) governou durante uma era de ouro. Ela expandiu o Estado russo através da conquista, colonização e diplomacia, continuando a política de modernização iniciada por Pedro, o Grande. O czar Alexandre II (1855-1881) promoveu inúmeras reformas, principalmente a emancipação de todos os 23 milhões de servos em 1861. Sua política na Europa Oriental envolvia proteger os cristãos ortodoxos sob o domínio do Império Otomano. Essa conexão em 1914 levou à entrada da Rússia na Primeira Guerra Mundial ao lado de França, Reino Unido e Sérvia, contra os impérios Alemão, Austríaco e Otomano. O Império Russo funcionava como uma monarquia absoluta até à Revolução de 1905 e, em seguida, tornou-se uma monarquia constitucional. O império ruiu durante a Revolução de Fevereiro de 1917, em grande parte como resultado de falhas enormes na sua participação na Primeira Guerra Mundial.
Pedro I foi o primeiro imperador da Rússia e liderou o processo de modernização e ocidentalização do país.
Breve cronologia militar
Foi esposa de Pedro I, o grande. Permaneceu no poder de 1725 até 1727 quando morreu.
Em 1711, acompanhou o czar na campanha de Prut, contra o Império Otomano, e conta-se que salvou a vida de Pedro quando estava rodeado por um exército muito superior, sugerindo-lhe que se rendesse e utilizando as suas joias e as das suas damas para subornar o grão-vizir.
Pedro I premiou-a casando-se com ela, desta vez oficialmente, na Catedral de Santo Isaac, apesar de ele estar casado com Eudóxia Lopukhina, a quem havia encerrado num convento e com quem tinha um filho, Alexis Petrovich, que executou (diz-se que com as próprias mãos). Pedro I deu a Catarina o título de imperatriz, sendo a primeira mulher a ter este título: até então as esposas dos czares eram conhecidas como suas consortes. Em 1724, foi nomeada corregente.
Durante o reinado de Pedro I foi efetuada uma profunda reforma do exército, que permitiu a pessoas sem título nobiliárquico a possibilidade de aceder ao corpo de oficiais, acabando assim com o monopólio da nobreza nesses cargos, e nomeando-os também para cargos públicos, baseando-se na competência. Assim, ao morrer o rei em 1725 designado-a sucessora, teve que fazer frente à oposição do clero e dos boiardos, que estavam contra as reformas realizadas, e à do povo que apoiava os direitos do príncipe Pedro, filho do já falecido Alexei Petrovich. A nobreza nova do círculo de Pedro I, com Menshikov à cabeça, e os seus colaboradores burgueses apoiaram-na, e a guarda proclamou-a imperatriz. Foi o início de uma época da História da Rússia caracterizada por contínuos golpes de Estado e pelo governo de favoritos.
Pedro II foi o sucessor de Catarina I.
Durante o reinado de Catarina I, Pedro era muito ignorado, mas logo após a morte de Catarina, ficou claro para muitos que Pedro deveria subir ao trono o mais rápido possível. A maior parte da nação e três quartos da nobreza estavam do seu lado.
Outra pessoa também ambicionava o trono, o seu tio, imperador Carlos VI. Após um acordo entre Alexandre Danilovich Menshikov e o conde Andrei Osterman, em 18 de maio de 1727, Pedro II, de acordo com o desejo de Catarina I, foi proclamado soberano autocrata.
Com a morte de Pedro II, findaram-se os homens da dinastia Romanov. Com isso foi sucedido por Ana, sobrinha de Pedro, o grande e filha de Ivan V.
Ana foi a sucessora de Pedro II.
Com a morte de Pedro II da Rússia, o Conselho Privado Russo sob o comando do príncipe Dmitri Mikhailovitch Golitzin sagrou Anna imperatriz em 1730. O conselho acreditava que Anna seria grata aos nobres por terem feito a sua fortuna, acatando todas as decisões importantes e servindo como fantoche no trono. Tentando estabelecer uma monarquia constitucional na Rússia, os nobres convenceram-na a assinar vários papéis limitando os poderes do tzar.
Mesmo assim, essas limitações mostraram-se muito pouco eficazes quando Ana estabeleceu-se como uma tzarina autoritária, usando sua popularidade com os guardas imperiais e com a nobreza de segundo escalão.
Ivan VI sucedeu Ana no período de 1740-1741. Devido a sua pouca idade na época, Ernst Johann von Biron, duque da Curlândia, tornou-se regente. Com a queda de Biron (8 de Novembro), a regência passou para a sua mãe, embora tenha sido o vice-chanceler Andrei Osterman que conduzia o governo.
Isabel I sucedeu Ivan VI no período de 1740 até 1761. Subiu ao trono depois de uma revolta militar que derrubou Ivan VI.
Dentre os principais pontos de seu governo, podemos citar:
Pedro III foi o sucessor de Isabel em 1761. Era neto de Pedro I. Foi obrigado a abdicar seis meses após subir ao trono devido a uma conspiração tramada pelo amante de sua esposa, Catarina II.
Catarina II foi a sucessora de Pedro III. Foi imperatriz da Rússia de 1761 a 1796. Durante seu governo realizou uma ampla reforma na sociedade russa, modernizando-a. É considerada um exemplo de monarca do despotismo esclarecido. Graças a esta modernização a Rússia logrou obter grande desenvolvimento e a imperatriz, ainda que sendo da origem estrangeira, tornou-se muito popular. Sobre sua conturbada vida amorosa, teve três amantes (Poniatowski Estanislau II Augusto da Polônia, Orlov e Gregório Alexandrovich Potemkin durante seu governo, a princípio era viúva e nunca se casou seu marido foi morto estrangulado. No início de seu governo era conhecida como Regicida (Regicídio).[3] Foi assessorada pelo comandante Gregório Alexandrovich Potemkin ( que também era seu amante) a começar a intensificar o entrelaçamento entre russos e ortodoxo ( principalmente os gregos) nas terras turcas, feito inédito de um czar.[carece de fontes] Não era segredo que tinha vontade de reviver o Império Bizantino sob as ruínas do Império Otomano.[4].
Durante o reinado de Catarina II, ocorreu a Guerra Russo-Turca (1768–1774), como resultado da qual o Império Russo conquistou enormes terras no sul, incluindo a costa dos mares Negro e Azov, a Fortaleza de Santa Isabel desempenhou um papel fundamental nesta vitória.[5] Após a liquidação de Siche em 1775, o Gubernia da Nova Rússia foi criado nas antigas terras dos cossacos ucranianos, cujo centro administrativo foi Fortaleza de Santa Isabel em 1797—1801, famosos generais russos pararam frequentemente aqui. Bem como várias grandes cidades foram fundadas nos locais de antigos assentamentos cossacos : Ekaterinoslav, Isabelgrad (mais tarde, devido à perda de sua importância militar, a guarnição desta fortaleza foi dissolvida, e ela própria recebeu os direitos da cidade em 1784), Kherson, Mykolaiv e Odessa.[6][7][8][9] Outro destaque interessante é a criação da Frota do Mar Negro, porto de Sebastopol e o arsenal de Kherson.
Paulo I sucedeu Catarina II sua mãe. Seus atos enquanto governante eram conhecidos como obstinados e despóticos.
Sua condução independente dos assuntos externos da Rússia mergulhou o país primeiramente na segunda coalizão contra a França revolucionária quando em 1799 se alia com a Inglaterra e com a Áustria. Em 1801, a neutralidade armada contra a Inglaterra.
Durante o período em que esteve no poder, grande foi a insatisfação, incluindo os militares que estavam muito próximos dele no contato diário e na tomada de decisões. Por fim acabou morto numa conspiração planejada contra ele sob a liderança do general Bennigsen.
"Ele deriva acima de tudo o mais de seu desejo de desfazer o trabalho de Catarina, e de afirmar sua vontade mudando tudo, reformando tudo que ela estabelecera durante seu governo."
Nos últimos anos de sua administração foi cunhado de "O imperador demente".[10]
Dentre as suas principais medidas podemos destacar o direito a progenitura e a exclusão do direito de sucessão ao trono por parte de mulheres. Caracteriza-se, pois, como extremamente despótico e machista.
Com o sucessor de Paulo I, Alexandre I, a Rússia ocupou na Europa uma tal posição que o tzar atingira a função de chefe das guerras contra a Revolução Francesa e contra Napoleão Bonaparte. Todavia, dificilmente se poderá dizer que a luta exercida contra a hegemonia francesa fez efetivamente de Alexandre o primeiro dirigente da Europa.
Em aliança com a Áustria e a Prússia, declarou guerra à Napoleão. Napoleão por sua vez derrotou os russos e os austríacos, em Austerlitz, em 1805. Os conflitos porém duraram até 1807, quando os russos foram destroçados em Friedland. No mesmo ano pela paz de Tilsit, Alexandre abandonou a Prússia.
De 1808 a 1812 a França e o Império Russo permaneceram em paz. Em junho de 1812, os conflitos tiveram um novo início, e em 14 de setembro de 1812, o exército de Napoleão Bonaparte invadiu o Império Russo e chegou ao Kremlin.
Nicolau I foi o sucessor de Alexandre I, no período de 1825 a 1855. Durante seu governo tentou eliminar os movimentos nacionalistas, perpetuar os privilégios da aristocracia e impedir o avanço do liberalismo. Também reprimiu a insurreição decembrista em 1825 e apoiou a Áustria no controle da revolta húngara de 1848, o que lhe valeu o epíteto de "o guarda da Europa".
Alexandre II foi o sucessor de Nicolau I, no período de 1855 a 1881. É conhecido por suas reformas liberais e modernizantes, através das quais procurou renovar a cristalizada sociedade russa.
Podemos destacar também a decisão de em 19 de Fevereiro de 1861, de decretar o fim da servidão na Rússia. Foram libertados, ao todo, 22,5 milhões de camponeses servos — preservando-se, todavia, a propriedade dos latifúndios.
Alexandre III foi o sucessor de Alexandre II no período de 1881 a 1894. Após o assassinato de Alexandre II, que tinha introduzido reformas sociais e tinha tentado aproximar a Rússia das nações ocidentais, com parlamentos e constituições, Alexandre III e seu filho Nicolau II levaram o Império Russo num sentido diferente, mais autocrático, como que tentando regressar ao despotismo, desprezando o aparelho burocrático que em sua opinião os separava do povo.
Em 1882, foi responsável pela publicação das "Leis de Maio", proposta pelo conde/ministro Nikolay Pavlovich Ignatyev, que ditava a expulsão dos judeus dos povoados shtetl (permitido apenas nas colônias agrícolas judaicas, 1791-1917) e também restringiu as profissões que estes podiam exercer no Império Russo.[11][12]
Nicolau II foi o sucessor de Alexandre III no período de 1894 a 1917, sendo o último Czar da Rússia Imperial.
Na Primeira Guerra Mundial o Império Russo uniu-se à Tríplice Entente, junto com França e Reino Unido, contra a Tríplice Aliança, formada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Reino de Itália. A Rússia tinha interesse em obter um acesso ao mar Mediterrâneo e para isso pretendia anexar, sob a justificativa de proteger povos eslavos irmãos, a península balcânica e os estreitos de Bósforo e Dardanelos, então sob domínio do Império Otomano.
O prolongamento da guerra causou sérios problemas para o país: a perda de imensos territórios, a morte de metade dos efetivos militares e a paralisação da indústria. Diante da impossibilidade de adquirir produtos industrializados, os camponeses diminuíram a produção agrícola. Os gêneros alimentícios subiram de preço e as greves aumentaram. O sistema econômico emperrou em todos os setores.
A divisão existente entre os social-democratas (socialistas), desde 1903, acentuou-se com a guerra. Alguns mencheviques (como Plekhanov, fundador do partido) apoiavam a guerra, juntamente com políticos progressistas como Kerensky, membro do partido Socialista Revolucionário. Os mencheviques de esquerda, os bolcheviques e os anarquistas eram radicalmente contrários à guerra, que só favorecia os grandes capitalistas dos países imperialistas. Lenin, Stalin, Julius Martov e outros lideraram essa posição.
A participação desastrosa na 1º guerra mundial foi suspensa em 1917 com a assinatura do Tratado de Brest-Litovsk. Entretanto, os termos do Tratado de Brest-Litovski eram humilhantes. Através deste, a Rússia abria mão do controle sobre a Finlândia, Países Bálticos (Estônia, Letônia e Lituânia), Polônia, Bielorrússia e Ucrânia, bem como dos distritos turcos de Ardaham e Kars, e do distrito georgiano de Batumi, antes sob seu domínio. Estes territórios continham um terço da população da Rússia, metade de sua indústria e nove décimos de suas minas de carvão.
Devido ao autoritarismo do sistema czarista, a insatisfação popular tanto de burgueses (com a falta de autonomia política), quanto do restante da população (por estar em um estado de grande pobreza) foi criado no império o primeiro partido político baseado em ideais marxistas, em 1898: O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR). Já antes de 1905, o Império Russo passava por uma grave crise política. Desde a emancipação dos servos (1861), o país vivia uma rápida transição do feudalismo para o capitalismo. Os servos haviam sido libertados, mas permaneciam na mesma situação de miséria. A construção da Ferrovia Transiberiana e as mudanças econômicas atraíram o capital estrangeiro e estimularam uma rápida industrialização em Moscou, São Petersburgo, Baku, bem como na Ucrânia, suscitando a formação de um operariado urbano e o crescimento da classe média. Essas classes eram favoráveis a reformas democráticas no sistema político. Entretanto, a nobreza feudal e o próprio tzar procuraram manter o absolutismo russo e sua autocracia intactos a qualquer custo. O desempenho desastroso das forças armadas russas na Guerra Russo-Japonesa (1904–1905) intensificou essas contradições, sendo essa derrota considerada como causa imediata da Revolução de 1905.[13]
Em 1905, houve o chamado "ensaio-geral" da revolução, onde um milhão e meio de pessoas, liderados pelo padre ortodoxo e membro da Okhrana, Gregori Gapone, marcharam em direção ao Palácio de Inverno de Nicolau II, reivindicando reforma agrária, tolerância religiosa, fim da censura, a presença de representantes do povo no governo e melhores condições de vida.[14] Os piquetes do exército perto do palácio lançaram tiros de advertência e, em seguida, dispararam diretamente contra a multidão para dispersá-la. Esse episódio ficou conhecido como o Domingo Sangrento. Em resposta a esta ação repressiva contra operários desarmados, em toda a Rússia rebentaram greves políticas de massas e manifestações sob a palavra de ordem de "Abaixo a autocracia!". Os acontecimentos de 9 de janeiro deram início à revolução de 1905-1907.[15]
Com a entrada na Primeira Guerra Mundial o império passou a sofrer de forma intensa os problemas econômicos e sociais, havendo um aumento das manifestações contra o governo, que continuava a reprimir seus opositores. Integrantes dos diversos partidos políticos como o Partido Constitucional Democrata, Partido Socialista Revolucionário e o POSDR, ao participarem das manifestações, convenciam soldados e camponeses dos ideais revolucionários. Até que no dia 27 de fevereiro de 1917, soldados, operários e camponeses tomam as ruas e invadem o palácio do czar Nicolau II (a Revolução de Fevereiro). Inicia-se aí um processo revolucionário que levou à Revolução de Outubro de 1917, o primeiro regime socialista da História.
A Rússia Imperial, tendo sido o terceiro maior império do mundo em território (depois do britânico e do mongol), continha muitos estados e territórios. A capital do império era São Petersburgo, que em 1914 foi rebatizada de Petrogrado (traduzindo: Cidade de Pedro, remontando aos imperadores russos de nome Pedro). Ao final do século XIX o tamanho do império era de cerca de 22 400 000 quilômetros quadrados, abrangendo vastas áreas da Europa oriental e do norte e centro da Ásia. Seus limites eram o oceano Ártico ao norte, o Cáucaso e as fronteiras com a Pérsia e Afeganistão ao sul, o Oceano Pacífico e as fronteiras com a China, Coreia e Japão a leste e a oeste os montes Cárpatos, onde fazia fronteira com a Alemanha e a Áustria-Hungria. O Império Russo ainda chegou a contar com um território na América, o Alasca (ver: Colonização russa da América e Colonialismo russo), que foi em 1867 vendido aos Estados Unidos. Em seu apogeu, o Império Russo incluía, além do território russo atual, os estados bálticos (Lituânia, Letônia e Estônia), a Finlândia, Cáucaso, Ucrânia, Bielorrússia, boa parte da Polônia (antigo Reino da Polônia), Moldávia (Bessarábia) e quase toda a Ásia Central. Também contava com zonas de influência no Irã, Mongólia e norte da China. Em 1914, o Império Russo estava dividido em 81 províncias (guberniias) e vinte regiões (oblasts). Vassalos e protetorados do império incluíam os canatos de Khiva e Bukhara e, depois de 1914, Tuva.
Na sua maior expansão se estendia pela maior parte do norte da Eurásia. Continha quase todos os tipos de ecossistemas e uma grande variedade de paisagens e climas. A maior parte da paisagem era uma vasta planície, tanto na parte europeia quanto no lado asiático que são amplamente conhecidos como Sibéria e Turquestão. Estes são predominantemente planícies estepe no sul e densa floresta ao norte, a tundra, ao longo da costa norte. Há cadeias de montanhas ao longo da fronteira sul, tais como o Cáucaso, o Tian Shan (o ponto mais alto de todo o império com um tamanho médio de 7 100 metros) nos montes Altai, e na parte oriental, como a cordilheira Verjoyansk ou vulcões na península de Kamchatka, Alaska e cadeias de montanhas com os grandes gigantes monte McKinley. Notáveis são os Urais na parte central que é a principal divisão entre a Europa e a Ásia.
De acordo com o censo de 1897 sua população era próxima dos 128 200 000 habitantes, sendo que a maioria deles (93,4 milhões) vivia na Rússia Europeia. Como não poderia deixar de ser, havia grande diversidade étnica no Império Russo. Mais de 100 diferentes grupos étnicos viviam ao longo do território russo, sendo que a etnia russa compreendia cerca de 45% da população.
(Clique nos gráficos para ampliar)
Veja abaixo dados referentes ao ano de 1900:
População (milhões) | Área nacional (milhões de km²) | Exército regular (mil) | Produção de ferro e aço/ano (milhões de toneladas) | Comércio internacional (milhões de libras) |
---|---|---|---|---|
132,9 | 13 934,5 | 860 | 5 | 141,7 |
A religião do Estado imperial russo era o Cristianismo Ortodoxo. Porém assim como em todas as sociedades havia significativas parcelas da população que não seguiam a religião oficial, sendo desse modo adeptas de outras doutrinas. De modo geral todas as religiões podiam ser exercidas livremente, com exceção dos judeus que sofreram algumas restrições. Veja abaixo a tabela com o número de fiéis em cada religião:
Religião | Quantidade de fiéis[17] |
---|---|
Cristianismo Ortodoxo[nota 1] | 87 123 604 |
Islã | 13 906 972 |
Católicos romanos | 11 467 994 |
Judeus | 5 215 805 |
Luteranos[nota 2] | 3 572 653 |
Velhos crentes | 2 204 596 |
Apostólicos Armênios | 1 179 241 |
Budistas e lamaísmo | 433 863 |
Outras religiões não cristãs | 285 321 |
Reformados | 85 400 |
Menonitas | 66 564 |
Católicos Armênios | 38 840 |
Batistas | 38 139 |
Caraísmo | 12 894 |
Anglicanos | 4 183 |
Outras religiões cristãs | 3 952 |
Os clérigos paroquiais podiam se casar, porém, se eles morressem suas esposas não eram autorizadas a casar novamente.
O Império Russo era uma monarquia hereditária liderada por um imperador autocrático da dinastia Romanov. A religião oficial do Estado era o cristianismo ortodoxo, representado pela Igreja Ortodoxa Russa. Os sujeitos do império foram separados em estratos (classes) conhecidas como "dvoryanstvo" (nobreza), clero, comerciantes, cossacos e camponeses. Ainda os nativos da Sibéria e Ásia Central foram oficialmente registrados em uma classe chamada "inorodsty" (estrangeiros).
Em 18 de Outubro de 1805, foi criado um conselho de ministros, dirigido por um primeiro-ministro. O conselho era formado pelos seguintes ministérios:
A "ocidentalização" da Rússia, comumente associada a Pedro, o Grande, e Catarina, a Grande, coincide com uma reforma do alfabeto russo e o incremento da tolerância da ideia de usar linguagem popular para propósitos literários. Autores como Antioj Kantemir, Vasili Trediakovski, e Mijail Lomonosov, no século XVIII, prepararam o terreno para poetas como Derzhavin, autores como Sumarókov e Fonvizin, e escritores de prosa como Karamzín e Radíshchev.
O século XIX é tradicionalmente referido como a "Idade de Ouro" da literatura russa. O Romantismo permitiu o florescimento especialmente de um talento poético: Os nomes de Vasily Zhukovsky e Aleksandr Pushkin, seguidos de Mijaíl Lérmontov e Fiódor Tiútchev. O século XIX incluiu Iván Krylov o fabulista; escritores como Visarión Belinski e Aleksandr Gertsen; autores como Aleksandr Griboyédov e Aleksandr Ostrovski; poetas como Yevgeni Baratynski, Konstantín Bátiushkov, Nikolai Nekrásov, Alekséi Konstantínovich Tolstói, Fiódor Tiutchev, e Afanasi Fet; Kozmá Prutkov o satirista; e um grupo de reconhecidos novelistas como Nikolái Gógol, Lev Tolstói, Fiódor Dostoiévski, Nikolai Leskov, Iván Turgénev, Mijaíl Saltykov-Shchedrín e Ivan Goncharov.
Outros gêneros entraram em discussão com o início do século XX. Antón Chékhov foi excelente em escrever curtas histórias de drama, e Anna Ajmátova representou líricas inovadoras. O principio do século XX marca o princípio da Era de Prata russa.
A cozinha do Império Russo é derivada de um rico e variado caráter, fruto da grande extensão multicultural do império. As suas origens foram estabelecidas pelo hábito alimentar camponês, muitas vezes áspero, com uma combinação em abundância de peixes, aves, caça, cogumelos, trigo, cevada, milho e uma infinidade de ingredientes. Destaque em especial para a cerveja e a vodca. A gastronomia russa também recebeu significativa influência das regiões do Cáucaso, da Pérsia e do Império Otomano devido a proximidade com essas regiões.
Pelo menos para as zonas urbanas e aristocráticas provinciais, foram abertas as portas para a integração de novos hábitos criadores a partir da expansão do império que se deu entre os séculos XVI e XVIII, havendo assim uma junção de novas técnicas com os tradicionais pratos russos. O resultado foi extremamente variado, abrindo assim novas perspectivas para a culinária secular.
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