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idioma semítico Da Wikipédia, a enciclopédia livre
O tigrinha ou tigrínia (ትግርኛ, transl. tigriññā) é uma língua semítica etiópica falada pelo povo tigrínio, da região homônima do norte da Etiópia e da Eritreia, onde é a língua nacional, e entre emigrantes destas regiões residentes em Israel (os Beta Israel).
Tigrínia ትግርኛ | ||
---|---|---|
Pronúncia: | /tɨg.rɨ.ɲo/ | |
Falado(a) em: | Eritreia, Etiópia, Israel | |
Total de falantes: | 6,75 milhões | |
Família: | Afro-asiática Semítica Semítica meridional Etiópica Etiópica setentrional Tigrínia | |
Estatuto oficial | ||
Língua oficial de: | Eritreia | |
Regulado por: | sem regulação oficial | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | ti | |
ISO 639-2: | tir | |
ISO 639-3: | tir
|
O mais antigo exemplo escrito do tigrínia é um texto sobre legislação local no distrito de Logosarda, no sul da Eritreia, que data do século XIII.[1]
Na mesma Eritreia, durante o domínio britânico, o Ministro da Informação mandou publicar um jornal semanal em tigrínia, vendendo 5 mil cópias por semana - primeiro periódico impresso no idioma.[2]
Até antes do curto tempo em que a Eritreia formou uma federação com a Etiópia, a língua tigrínia, junto com o árabe, foi a língua oficial do país. Em 1958, antes da anexação, foi substituída pelo amárico. Desde a independência da Eritreia em 1993, o tigrínia mantém-se com o status de "língua de trabalho" dessa nação, sendo o único estado onde é reconhecida num nível nacional.
Não há uma denominação definida para os falantes do tigrínia. Um nativo da Região Tigré do norte da Etiópia é referido em tigrínia como tigrāwāy ("homem"), tigrāweytī ("mulher"), tigrāwōt, tegaru (plural).
Na Eritreia, os falantes do tigrínia são oficialmente conhecidos como Bihér-Tigrigna, cujo significado é "nação dos falantes de tigrínia", sendo que Bihér a rigor significa "nação" no sentido étnico, tanto no tigrínia quanto nas línguas tigré, amárica, e ge'ez, originadas do tigrínia. Os muçulmanos que são falantes nativos do tigrínia são chamados de Jeberti, uma palavra de origem árabe para africanos convertidos ao Islão e é também usado para um sub-clã somali.
Na Etiópia, o tigrínia é a terceira língua mais falada, depois do amárico e do oromo. É a língua mais falada na Eritreia, sendo falada também em comunidades de emigrantes noutros países, tais como o Sudão, Arábia Saudita, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Reino Unido, Canadá e Suécia.
Os diversos dialetos do tigrínia apresentam variações fonéticas, léxicas e gramaticais.[3] Nenhum dialeto é aceito como sendo o padrão.
A escrita tigrínia é derivada da escrita ge'ez, tendo aparecido pela primeira vez escrita no século XIII.[4]
É um abugida, onde cada uma das 37 consoantes sofrem pequenas modificações no seu símbolo para indicar cada uma das possíveis 7 vogais associadas (E, U, I longo, A, IE, O, "I" quase mudo, curto). Quatro das consoantes (kwa, qwa, kxwa, khwa) não se associam com as vogais U ou O). A consoante kwa não se associa com U, O ou I curto.
Há caracteres para cinco diferentes pontuações: a vírgula, o ponto final e três tipos de dois pontos. O ponto de interrogação tinha um símbolo próprio, que não é mais usado. Existem símbolos próprios para os numerais de 1 até 10 e para as dezenas inteiras de 20 até 100.
O tigrínia tem um significativo número de fonemas para uma língua semítica etiópicas. Apresenta diversas consoantes ejetivas.
São sete os seus fonemas vocálicos. Diferentemente das línguas semíticas etiópicas modernas, o tigrínia apresenta duas consoante faringais, que aparentemente vieram da antiga língua ge'ez. Outra diferença do tigrínia para as demais línguas correlatas (como o amárico) é a consoante [x'], velar ou uvular ejetiva fricativa (a língua tigré, no entanto, também mantém as consoantes faringeais).
As tabelas abaixo mostram os fonemas do tigrínia: A consoante /v/ aparece entre parênteses, pois ocorre somente nas palavras recentemente vindas de línguas europeias. As consoantes fricativas [x], [xʷ], [x'], [xʷ'] ocorrem como alofones.
Bilabial/ Labiodental |
Dental | Palato-alveolar/ Palatal |
Velar | Faringal | Glotal | |||
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Simples | Labialização | |||||||
Nasal | m | n | ñ [ɲ] | |||||
Consoante oclusiva | Surda | p | t | č [tʃ] | k | kʷ | ’ [ʔ] | |
Sonora | b | d | ǧ [dʒ] | g | g | |||
Ejetiva | pʼ | tʼ | č' [tʃʼ] | k' | kʷ' | |||
Fricativa | Surda | f | s | š [ʃ] | (x) | (xʷ) | ḥ [ħ] | h |
Sonora | (v) | z | ž [ʒ] | ‘ [ʕ] | ||||
Ejetiva | sʼ | (x') | (xʷʼ) | |||||
Aproximante | l | y [j] | w | |||||
Rótica | r |
A geminação (extensão) das consoantes, o fato de dobrar o som das mesmas, é bem significativo no tigrínia por alterar o significado de palavras. Essa geminação é muito importante na morfologia dos verbos, sendo também acompanhada de outras marcas. São poucos os pares de palavras diferenciadas entre si pela geminação. Exemplo: /kʼɐrrɐbɐ/, ("produzir", "causar"); /kʼɐrɐbɐ/, ("aproximar"). Todas as consoantes, com exceção das faringais e glotais, podem apresentar geminação.[5]
As consoantes velares /k/ e /kʼ/ são pronunciadas de forma diferente quando aparecem imediatamente após uma vogal e não são geminadas. Desse modo, a vogal /k/ é pronunciada como uma velar fricativa. Já /kʼ/ é pronunciada como africativa às vezes; essas fricativas ou africativas são pronunciadas mais de forma posterior, na localização uvular de articulação (embora seja representada aqui como [xʼ]). Todas essas possíveis percepções (velar ejetiva fricativa, uvular ejetiva fricativa, velar ejetiva africativa e uvular ejetiva africativa) são sons muito raros na forma translinguística.
Como esses dois sons são inteiramente condicionados nos seus ambientes, podem ser ainda considerados como alofones de /k/ e /kʼ/. Isso fica especialmente claro nas raízes de verbos nas quais uma consoante é percebida como um ou outro alofone, dependendo do que precede a mesma. Como exemplo, o verbo que significa "chorar", que tem uma raiz de três consoantes, |bky|, pode assumir formas como /məbkaj/ ("chorar") e /bɐxɐjɐ/ ("ele chorou"). Para o verbo que significa "roubar", que tem também uma raiz tricosonontal, srkʼ, existem formas como /jəsɐrkʼu/ ("eles roubam") e /jəsɐrrəxʼ/ ("ele rouba").
O que é especialmente marcante sobre esses pares de fonemas é que eles quase não são diferenciados na grafia do tigrínia. Como esses alofones são totalmente previsíveis e conhecidos, os mesmos não são usualmente expressos com símbolos diferentes na forma escrita da língua.
As sílabas no tigrínia são formadas por consoante-vogal ou por consoante-vogal-consoante. Quando três consoantes (ou uma consoante geminada e uma simples) aparecem juntas numa palavra, esse conjunto consonantal é "quebrado" pela introdução de uma vogal (epêntese) /ə/. Quando duas constantes (ou uma geminada) ficam no fim de uma palavra, a vogal /i/ aparece depois dessas duas consoantes; quando isso mesmo ocorre devido à presença de um sufixo, ə é introduzido antes do sufixo.
Exemplos:
A tonicidade não é nem contrastiva, nem particularmente especial, no tigrínia; parece depender da geminação, mas isso ainda não foi investigado sistematicamente.
Gramaticalmente, é tipicamente uma língua semítica etiópica em vários aspectos:
A língua tigrínia difere das demais semíticas etiópicas em vários aspectos:
Bəmäns̤ər kəbrən mäsälen kulom säbat əntəwläṣu näs̤an maʿərän əyom. Məstəwʿalen ḥəlenan zətäʿadälom bəməxʷanom bəḥəwnätawi mänfäs kətäḥalaläyu aläwom.
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São providos de razão e consciência e devem agir uns em relação aos outros num espírito de fraternidade. (artigo 1 da Declaração Universal dos Direitos do Homem)
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